SENTENÇA. CONCLUSÃO Aos 28 de novembro de 2013, faço estes autos Conclusos à MM. Juiz (a) de Direito: Dr. Nestor Gabriel da Silva Escrivão Judicial II

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1 fls. 1 SENTENÇA Processo nº: Classe - Assunto Procedimento Ordinário - Obrigação de Fazer / Não Fazer Requerente: Patrick Sampaio Requerido: Unimed Taubaté Cooperativa de Trabalho Médico CONCLUSÃO Aos 28 de novembro de 2013, faço estes autos Conclusos à MM. Juiz (a) de Direito: Dr. (a). DENISE VIEIRA MOREIRA. Nestor Gabriel da Silva Escrivão Judicial II Vistos PATRICK SAMPAIO ajuizou ação de obrigação de fazer cumulada com pedido liminar contra UNIMED TAUBATÉ COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO. Em síntese, alega o autor que: a) em maio de 2010, o autor sofreu um acidente automobilístico, ocasionando fratura no quadril direito, femoro acetabular, com sequelas descritas nos laudos; b) inicialmente, o requerente procurou o plano de saúde para obter auxílio em seu tratamento e em sua cirurgia; c) a funcionária da empresa requerida solicitou um laudo médico, porém a consulta como seu médico, seria de 20 a 30 dias após o contato e quando, o requerente obteve o laudo, fora informado que seu pedido fora cancelado; d) a empresa requerida alegou que o pedido foi indeferido, porque o material utilizado era importado e fora sugerido o material nacional e, após esta proposta, o pedido foi indeferido, pois o requerente não retornou o contato; e) a versão diversa da alegada pela ré, pois o requerente precisa com urgência deste deferimento, mas os contatos com a lauda 1

2 fls. 2 empresa foram frustrados, sem resposta e, em nenhum deles, a empresa forneceu um protocolo de atendimento. Pleiteou a concessão da tutela e ao final a procedência da demanda, para tornar definitiva a antecipação da tutela concedida, declarando a obrigação da ré em autorizar a cirurgia e fornecer o material requerido pelo Médico. Requereu ainda, a condenação em honorários de sucumbência de 20% e os benefícios da justiça gratuita. Juntou procuração e documentos (fls.14/26). Comprovantes de rendimentos (fls. 31/37). A decisão de fls.38 deferiu benefícios da justiça gratuita ao autor, bem como determinou que o mesmo apresentasse relatório médico a fim de atestar a necessidade da realização da cirurgia. Citada, a ré ofertou contestação (fls. 45/70), alegando preliminarmente: a) a ilegitimidade da parte passiva, uma vez que inexiste da relação jurídica contratual entre as partes. Não obstante, o contrato foi celebrado entre o autor e a Federação das Unimeds do Estado de São Paulo, devendo esta ultima estar no polo passivo da demanda; b) requereu ainda, a denunciação da lide, a fim de que Federação das Unimeds do Estado de São Paulo passe a compor o polo passivo; c) caso haja entendimento diverso, que seja deferido o chamamento ao processo. No mérito, alegou que: a) os beneficiários do sistema Unimed podem fazer uso da rede de atendimento cooperada, credenciada ou própria de outra cooperativa do sistema; b) contudo, esta permissibilidade visa tão somente favorecer o beneficiário pela segurança de atendimento nacional, não podendo responsabilizar-se pelo vínculo contratual com a Unimed prestadora de serviço e o beneficiário; c) utilizando esse intercâmbio existente entre as Unimeds, o autor procurou a Unimed de Taubaté em 26/07/2012 para solicitar autorização para cirurgia; d) a solicitação foi encaminhada a Unimed FESP para que essa autorizasse o pedido do autor; e) em 26/08/2012 a Unimed FESP autorizou o procedimento com a seguinte observação Favorável ao procedimento e materiais autorizados serão faturados direto entre a FESP e o fornecedor Cortical (01 Prótese de quadril Nacional 01 Dreno p/ Sucção ANVISA , 01 Aspirador ANVISA , 01 Steridrape ) Desfavorável ao iobam visto que há material nacional similar ; e) diante da autorização da Unimed FESP, entrou em contato com o usuário, ora autor e o informou, sendo solicitado nova analise do procedimento pelo lauda 2

3 fls. 3 autor em 26/09/2012; f) encaminhou a Unimed FESP o pedido de reanalise do procedimento que, após analise, manteve o parecer anterior; h) novamente entrou em contato com o autor, que informou que providenciaria o relatório somente após o dia 10/11/2012; i) desta forma, como não houve qualquer retorno do autor, o pedido de autorização foi cancelado pela Unimed FESP por falta de retorno. Pleiteou o acolhimento das preliminares de ilegitimidade arguidas com a extinção do processo, sem julgamento do mérito ou que seja deferida a denunciação da lide ou ainda seu chamamento ao processo. Requereu ainda, total improcedência aos pedidos formulados e condenação do autor ao pagamento das custas processuais, honorários advocatícios e demais verbas oriundas da sucumbência. Juntou documentos (fls. 71/119). A Unimed do Estado de São Paulo Federação Estadual das Cooperativas Médicas ingressou voluntariamente aos autos e apresentou contestação alegando que: a) cada Unimed constitui uma cooperativa médica autônoma, tendo pessoalidade jurídica própria; b) cada cooperativa é responsável pelo cumprimento das obrigações assumidas em contrato celebrados com seus usuários e consumidores; c) no caso dos autos, o autor pertence ao quadro de usuário da Unimed do Estado de São Paulo, contrato de prestação de serviço que é mantido entre as Casas Bahia Comercial LTDA e a Unimed do estado de São Paulo; d) o contrato celebrado não prevê a cobertura de materiais importados e, havendo materiais similares nacionais, não há que se falar em cobertura para os importados. Pleiteou a improcedência da demanda. Juntou documentos (fls. 133/153). Nova juntada de documentos pelo requerente (fls. 154/166 e 170/171). Anoto a presença de réplica (fls. 172/174). A decisão de f. 175v concedeu a tutela antecipada bem como determinou que as partes especificassem provas. A requerida Unimed Taubaté informou que foi emitida a autorização para realização da cirurgia de artroplastia total do quadril (fls. 178/182). Instadas as partes a especificarem provas, o autor requereu produção de prova pericial e realização de audiência de conciliação (fls. 186) e as requeridas Unimed Taubaté e a Unimed FESP manifestaram no sentido não terem mais provas a produzir (fls. 188/189 e 190/192) lauda 3

4 fls. 4 É o relatório. Fundamento e decido. Passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do artigo 330, inciso I, do Código de Processo Civil, pois se trata de matéria de direito e de fato e o feito já reúne elementos documentais suficientes à apreciação do mérito. Preliminarmente, reconheço a ilegitimidade passiva da Unimed Taubaté, tendo em vista que o contrato de prestação de serviços médicos, na qual o autor esta incluído, é mantido entre as Casas Bahia Comercial LTDA e a Unimed do Estado de São Paulo Federação Estadual das Cooperativas Médicas, e não a Unimed Taubaté. Neste sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO PLANO DE SAÚDE PRELIMINAR ILEGITIMIDADE PASSIVA DA AGRAVANTE RECONHECIMENTO Unimed de Ribeirão Preto que não pode ser demandada por inexecução contratual Vínculo estabelecido com a Central Nacional Unimed Pessoas jurídicas distintas Ilegitimidade passiva reconhecida Preliminar acolhida Agravo provido (Agravo de Instrumento , Rel. Percival Nogueira, 6ª Câmara de Direito Privado, Data do julgamento: 13/02/2014). Contudo, diante do ingresso voluntário da Unimed do Estado de São Paulo nos autos, legitimada no polo passivo, deve ser operada a substituição processual. Assim, retifique a serventia a autuação e os registros para que neles passem a constar como requerida Unimed do Estado de São Paulo Federação Estadual das Cooperativas Médicas. No mérito, julgo procedente o pedido inicial. Trata-se de ação de obrigação de fazer em que o Autor pleiteia que seja a ré obrigada a fornecer o material solicitado pelo médico, para cirurgia de artroplastia total do quadril no autor, o que lhe teria sido negado. Alega a Ré que não houve negativa com relação ao procedimento cirúrgico e que ela apenas não teria sido favorável à utilização do material pedido por ser ele importado, podendo ser utilizada material nacional similar. Assim, indiretamente, a Ré admitiu os fatos deduzidos na inicial, qual lauda 4

5 fls. 5 seja, que negou a concessão do material por achar que este não seria indispensável, devendo o médico utilizar-se do material nacional na cirurgia. Não assiste qualquer razão à ré quanto à negativa no fornecimento de qualquer material. Com efeito, em nosso entendimento, cabe ao médico cirurgião decidir qual o melhor tratamento ou cirurgia indicada ao paciente, bem como qual medicamento ou instrumento utilizado na cirurgia trará maior êxito e conforto ao paciente e segurança ao procedimento. Lembre-se de que a cirurgia em si não é das mais simples, tratando-se de procedimento artroplastia total do quadril no autor, daí porque essencial a utilização dos materiais solicitados pelo médico, conforme consta do relatório médico de fls Assim, não há como o plano de saúde decidir qual será a técnica, instrumento ou mesmo a medicação que o médico utilizará, embora tenha médico entre seus auditores, deverá ser ouvido o médico do paciente e, havendo possibilidade de cobertura pelo plano, como é o caso, há de ser deferido o pedido. Neste sentido: PLANO DE SAÚDE - Realização de cirurgia de artroplastia total de quadril esquerdo, com determinação médica de utilização de prótese importada - Recusa de cobertura da prótese, com insistência na utilização de prótese nacional Abusividade - Não cabe ao paciente escolher o tipo de prótese a ser implantada, ficando a decisão a cargo do médico responsável pelo tratamento - Aplicabilidade do CDC e Lei 9.656/98 à espécie - Previsão legal de exclusão de despesas com fornecimento de próteses não ligadas ao ato cirúrgico e de medicamentos importados não nacionalizados, o que não é o caso dos autos - Ação procedente Sentença mantida - Recurso improvido. (TJSP, Apelação Cível nº , Campinas, 1ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Paulo Eduardo Razuk, j ). O C. Superior Tribunal de Justiça também já se posicionou a esse respeito, entendendo indevida a recusa de fornecimento de instrumental cirúrgico ou fisioterápico, quando este se encontrar proporcionalmente interligado à prestação contratada, como é o caso de próteses essenciais ao sucesso das cirurgias ou tratamento lauda 5

6 fls. 6 hospitalar decorrente da própria intervenção cirúrgica (AgRg no Ag /SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, j. 05/04/2011, DJe 12/04/2011), bem como que é abusiva a cláusula restritiva de direito que exclui do plano de saúde o custeio de prótese em procedimento cirúrgico coberto pelo plano e necessária ao pleno restabelecimento da saúde do segurado, sendo indiferente, para tanto, se referido material é ou não importado (AgRg no Ag /SC, Rel. Ministro João Octavio de Noronha, 4ª Turma, j. 27/04/2010, DJe 10/05/2010). Dessa forma, é patente o direito do Autor no tratamento médico que pleiteou, sendo procedente o pedido. Dispositivo Ante o exposto, JULGO: (1) extinto o processo sem resolução do mérito, por ilegitimidade de parte, em relação à requerida UNIMED TAUBATÉ COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO, com fundamento no artigo 267, inciso VI, do Código de Processo Civil; (2) PROCEDENTE o pedido de obrigação de fazer formulado para o fim de condenar a ré UNIMED DO ESTADO DE SÃO PAULO FEDERAÇÃO ESTADUAL DAS COOPERATIVAS MÉDICAS a autorizar a cirurgia e fornecer os materiais solicitados pelo médico do autor (fls. 16) para a realização de procedimento cirúrgico no autor de artroplastia total do quadril, sob pena de multa diária de R$1.000,00, tornando definitiva a tutela antecipada antes concedida. Assim, extingo a fase de conhecimento deste processo, nesta parte, com resolução do mérito, com fundamento no artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil. Outrossim, dada a sucumbência, o autor arcará com o reembolso de eventuais despesas processuais da requerida UNIMED TAUBATÉ COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO e honorários advocatícios que fixo em 10% do valor atualizado da causa, observada a gratuidade concedida. Diante da sucumbência da requerida UNIMED DO ESTADO DE SÃO PAULO FEDERAÇÃO ESTADUAL DAS COOPERATIVAS MÉDICAS, condeno-a ao pagamento das custas e despesas processuais desembolsadas pelo autor, bem como honorários advocatícios que fixo em 10% sobre o valor atualizado da causa. Com o trânsito em julgado desta sentença, o prazo para pagamento lauda 6

7 fls. 7 previsto no artigo 475-J passará a fluir independente de nova intimação. Retifique a serventia a autuação e os registros para que neles passem a constar como requerida Unimed do Estado de São Paulo Cooperativas Médicas. não dei causa. P.R.I.C. Aparecida, 28 de fevereiro de DENISE VIEIRA MOREIRA JUÍZA DE DIREITO Federação Estadual das E.T.: Somente hoje em virtude de invencível acúmulo de serviço a que DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI /2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA lauda 7