Vistos. Em sua contestação (fls. 108/138), a ré requer, preliminarmente, extinção do lauda 1

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1 fls. 224 SENTENÇA Processo Digital nº: Classe - Assunto Procedimento Comum - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro Requerente: Cezar Augusto Nakano e outro Requerido: Esser Vancouver Empreendimentos Imobiliários Ltda. Juiz(a) de Direito: Dr(a). Tonia Yuka Kôroku Vistos. CEZAR AUGUSTO NAKANO E ANA PATRÍCIA FEBRAIO NAKANO moveram a presente ação de rescisão contratual em face de ESSER VANCOUVER EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA. alegando, em suma, que compareceram a um stand de vendas da requerida para aquisição de um imóvel, oportunidade na qual tiveram de pagar taxa de corretagem e taxa SATI, no valor de R$ ,00 e R$ 6.160,00, respectivamente, para que o contrato de compra e venda do imóvel fosse realizado. Além disso, informaram que realizaram o pagamento do valor de R$ ,82 a título das parcelas do preço do imóvel. Assim, em razão da impossibilidade financeira dos autores e pela negativa da ré em rescindir o contrato, ajuizaram a presente ação para requerer a rescisão do referido contrato com a restituição, em parcela única, de 90% do valor já pago a título do preço do imóvel e a devolução do valor pago a título de taxa de corretagem e taxa SATI, em dobro e também em parcela única (fls. 01/25). Apresentou documentos de fls. 27/86. Citada, a ré apresentou reconvenção para requerer a declaração da rescisão contratual por culta exclusiva dos reconvindos, limitado eventual restituição de valores a 60% do montante pago, sob o fundamento de previsão contratual nesse sentido. Alternativamente, pugna pelo arbitramento de outro percentual de retenção a título de ressarcimento (fls. 100/106). Em sua contestação (fls. 108/138), a ré requer, preliminarmente, extinção do lauda 1

2 fls. 225 feito sem resolução do mérito por ilegitimidade para figurar como ré, tendo em vista que o contrato foi firmado com a empresa Esser Empreendimentos e pela falta de interesse de agir dos autores. No mérito, pugnou pela improcedência da ação com condenação dos autores ao pagamento das custas e honorários advocatícios, sob os seguintes fundamentos: a) haveria ocorrido a prescrição da pretensão à restituição dos valores pagos a título de taxa de corretagem e taxa SATI; b) em razão da desistência dos autores em relação ao contrato firmado, deveria ser aplicada a cláusula segundo a qual a restituição dos valores limitar-seia a 60% do montante pago; c) os juros de mora só seriam devidos, no caso de condenação da ré, a partir do trânsito em julgado da sentença; d) os valores pagos a título de taxa de corretagem e taxa SATI foi feito à empresa Esser Empreendimentos e Participações Ltda., sendo que não seria devida a restituição desses valores ante a efetiva realização da intermediação; e) inexistiria venda casada ante a legalidade da contratação dos serviços de corretagem com o pagamento das respectivas taxas. Apresentou documentos às fls. 139/169. Os autores apresentaram contestação à reconvenção para requerer, preliminarmente, sua extinção sem resolução de mérito em razão da ausência de interesse processual e, no mérito, a condenação da reconvinda à restituição, em única parcela, de 90% dos valores pagos e a integralidade dos valores pagos a título de taxa de corretagem e de taxa SATI (fls. 171/188). Réplica às fls. 189/218. É o relatório. DECIDO. Sendo a questão de fato e de direito, e as provas produzidas suficientes ao seu desate, a lide comporta julgamento antecipado, nos termos do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil. Rejeito a preliminar de ilegitimidade da ré em figurar no polo passivo, tendo em vista que os documentos de fls. 28/31 comprovam que a ré Esser Vancouver lauda 2

3 fls. 226 Empreendimentos Imobiliários Ltda. possui os mesmos sócios da empresa Esser Empreendimentos e Participações. Ou seja, trata-se de mesmo grupo econômico e, ante o fato de se tratar de relação consumerista, há responsabilidade de todos que participam da cadeia de prestação do serviço. Afasto também as preliminares de falta de interesse de agir apresentadas pelos autores e pela ré em sua reconvenção, pois a matéria se confunde com o mérito. No mérito, a ação é parcialmente procedente. Perdendo o interesse na manutenção do contrato, é direito líquido e certo do comprador da unidade em empreendimento requerer a rescisão deste, bem como a devolução dos valores pagos. O contrato entabulado entre as partes estipula em sua cláusula (fl. 49) que seria devolvido 60% dos valores pagos. No entanto, observa-se que a ré impõe um verdadeiro contrato de adesão às partes, às quais não resta escolha senão aceitar todas as cláusulas. A retenção dos valores pagos, em verdade, acaba por ser uma cláusula penal, a qual deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante for manifestamente abusivo (artigo 413 do Código Civil). A jurisprudência tem se firmado, com relação a estes casos, no sentido de que há possibilidade da retenção de apenas 10% (dez por cento) do valor pago, além de que deve haver a correção monetária dos valores e a devolução em uma única parcela. RESCISÃO DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA C.C. RESTITUIÇÃO DE VALORES. PEDIDO DO PROMITENTE COMPRADOR COM BASE NA INSUPORTABILIDADE DO PAGAMENTO DAS PRESTAÇÕES. CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO IMPEDE A DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS, SOB PENA DE OFENSA AO ART. 53 DO CDC. HIPÓTESE EM QUE NÃO HOUVE USO DO IMÓVEL. RETENÇÃO EM PERCENTUAL ÚNICO DE 10% DOS VALORES PAGOS PARA DESPESAS GERAIS COM O NEGÓCIO. DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS QUE DEVE SER IMEDIATA E DE UMA SÓ VEZ, SOB PENA DE lauda 3

4 fls. 227 ONEROSIDADE EXCESSIVA DO CONSUMIDOR. INTELIGÊNCIA DO ART. 51, IV, Io, III, DO CDC. ENTENDIMENTOS PACIFICADOS POR SÚMULAS DESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. CORREÇÃO MONETÁRIA A SER CONTADA A PARTIR DE CADA DESEMBOLSO E JUROS DE MORA DESDE A CITAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ARBITRADOS EM CONSONÂNCIA COM O XRj. 20, 3º DO CPC - SENTENÇA REFORJMADA - AÇÃO PROCEDENTE. RECURSO PROVIDO (TJ-SP - APL: SP , Relator: Neves Amorim, Data de Julgamento: 17/05/2011, 2ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 30/05/2011) Portanto, a ré deve devolver os valores pagos pelos autores a título do pagamento do preço do imóvel, limitada a retenção a 10% (dez por cento) do montante pago. Ressalte-se que, nos termos da Súmula nº 02 deste Tribunal de Justiça, a devolução das quantias pagas em contrato de compromisso de compra e venda de imóvel deve ser feita de uma só vez, não se sujeitando à forma de parcelamento prevista para a aquisição.. Quanto aos valores pagos pelos autores a título de corretagem, a restituição não é devida em razão da prescrição da respectiva pretensão. Os autores efetivaram o contrato de promessa de compra e venda em 20/05/2012, data na qual efetivaram o pagamento das taxas de corretagem e SATI (fls. 60/62). Ademais, os autores não alegam a inexistência da contratação, mas a ilicitude no pagamento das referidas taxas. Portanto, em razão do pedido dos autores se fundar no ressarcimento dos referidos valores pagos, entendo que o prazo prescricional é o previsto no artigo 206, 3º, IV, Código de Processo Civil. Nesse sentido: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL COMISSÃO DE CORRETAGEM E SERVIÇO DE ASSESSORIA TÉCNICO-IMOBILIÁRIA (SATI) PEDIDO DE REPETIÇÃO DAS QUANTIAS PAGAS - ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA PRESCRIÇÃO TRIENAL RECONHECIDA ART. 206, 3º, IV, CC PRECEDENTES SENTENÇA REFORMADA. 1. Em se tratando de restituição de valores pago a título de comissão de corretagem e de assessoria técnica documental, aplicável o prazo prescricional lauda 4

5 fls. 228 trienal, previsto no art. 206, 3º, inciso IV, do Código Civil, para a pretensão por enriquecimento sem causa. 2. No caso dos autos, o termo inicial do prazo prescricional é , sendo certo que esta demanda foi ajuizada em , portanto, quando já expirado o prazo trienal. 3. Recurso provido. (TJSP, Apelação Cível nº Rel. Des. Arthur Marques. 35ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo. j. 27/01/2014). No caso dos autos, o contrato foi pactuado em 20/05/2012 e a presente ação foi distribuída em 19/10/2015. Logo, ocorreu a prescrição da pretensão dos autores na restituição dos valores pagos a título de taxa de corretagem e taxa SATI. Isto posto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a presente ação para declarar a rescisão do contrato de promessa de compra e venda firmado pelas partes e para condenar a ré à devolução, em uma única parcela, dos valores pagos a título do preço do imóvel, limitada a retenção em 10% (dez por cento) do valor pago, com juros de 1% ao mês a partir da data da citação e correção monetária pela tabela prática do TJSP desde a data do efetivo desembolso. Ainda, IMPROCEDENTE a reconvenção, já que a reconvinte deverá restituir os valores já pagos pelos reconvindos a título do preço do imóvel, em uma única parcela, limitada a retenção a 10% do total. Em razão da sucumbência recíproca, arcará cada uma das partes com metade das custas e despesas processuais, e, nos termos do artigo 85, 1º e 2º, fixo os honorários advocatícios sucumbenciais do advogado dos autores em R$ ,00 e do advogado do réu em R$ 3.000,00. Fixo em tais montantes tendo em vista o valor do proveito econômico de cada uma das partes em razão do parcial provimento da pretensão autoral. Em 16 de dezembro de 2015 foi determinada a suspensão em todo país, inclusive em primeiro grau, de todas as ações em trâmite nas quais se discutam as questões de direito que foram objeto da afetação no REsp n.º /SP, quais sejam, (i) prescrição da pretensão de restituição das parcelas pagas a título de comissão de corretagem e de assessoria imobiliária, sob o fundamento da abusividade da transferência desses lauda 5

6 fls. 229 encargos ao consumidor ; e da (ii) validade da cláusula contratual que transfere ao consumidor a obrigação de pagar comissão de corretagem e taxa de assessoria técnicoimobiliária (SATI). Assim, considerando que o caso em testilha cuida justamente da hipótese acima narrada e que ainda não houve solução definitiva, obstada está a prática de quaisquer atos processuais até o julgamento do recurso repetitivo. Portanto, em obediência à decisão do Exmo. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, declaro suspenso os efeitos da presente sentença até o julgamento do Recurso Repetitivo no que tange à devolução da taxa de corretagem e da taxa de assessoria técnico-imobiliária (SATI). P.R.I. São Paulo, 31 de maio de DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI /2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA lauda 6