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1 COMARCA DE PORTO ALEGRE 6ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL Rua Manoelito de Ornellas, 50 Processo nº: 001/ (CNJ: ) Natureza: Cobrança Autor: Fabio Freitas Fonseca Réu: Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S/A Juiz Prolator: Juíza de Direito - Dra. Fabiana Zaffari Lacerda Data: 13/09/2016 Vistos, Fabio Freitas Fonseca ajuizou ação de cobrança securitária em face de Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S/A, ambos qualificados. Narrou que, em 27/03/2015, foi vítima de acidente de trânsito, situação da qual suportou lesão no membro superior direito. Alegou que por decorrência do acidente, procurou a seguradora ré para receber a quantia que lhe fazia jus, referente ao seguro obrigatório DPVAT, ocasião que receber a quantia de R$ 1.678,50, a qual considerou em dissonância com o dispositivo legal. Falou da necessidade de indenização conforme graduação da lesão. Requereu a procedência da ação, com a condenação da requerida ao pagamento de indenização referente à diferença do seguro obrigatório DPVAT, em valor a ser arbitrado em pericial médica judicial. Pediu AJG. Juntou procuração e documentos (fls ). Determinada a citação (fl. 33). Devidamente citada, a seguradora ré apresentou contestação. Discorreu sobre o caráter eminentemente social do seguro obrigatório DPVAT. Arguiu sobre o correto pagamento efetuado, uma vez que foi efetuado de acordo com a legislação vigente à época do pedido administrativo. Ressaltou a necessidade de realização de pericia médica, uma vez que se é necessária apurar a graduação da lesão para fins indenizatórios. Requereu a improcedência da ação. Juntou procuração e documentos (fls ). 1

2 Houve apresentação de réplica (fls ). Foi determinada a realização de perícia médica (fl. 61). Manifestouse a requerida, apresentando quesitos a serem respondidos na perícia médica (fls ). Manifestou-se o Sr. Perito, informando o não comparecimento do autor na perícia médica (fl. 75). Restou intimado, o autor, para esclarecer o motivo de sua ausência na perícia designada (fl. 76). Manifestou-se o requerente, pugnando pela designação de nova data para realização da perícia médica (fl. 78). Foi declarada a perda da prova (fl. 79). Manifestou-se o requerente, pugnando pelo julgamento antecipado da lide (fl. 81). Nada mais requerido, vieram conclusos para prolação de sentença. É O RELATÓRIO. PASSO A DECIDIR. A) FUNDAMENTAÇÃO. Trata-se de ação de cobrança securitária que Fabio Freitas Fonseca move em face de Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S/A, objetivando a condenação da requerida ao pagamento de indenização, a título complementar, do seguro obrigatório DPVAT. Não havendo questões preliminares, passo ao exame do mérito. B) MÉRITO No mérito, tenho que não merece prosperar a pretensão inicial. 2

3 Inicialmente, quanto à necessidade de graduação da invalidez da vítima de acidente de trânsito, verifica-se que foi introduzida pela Medida Provisória n.º 451/2008, posteriormente convertida na Lei n.º /2009, que atualmente regula a matéria em seus artigos 30 a 32. Assim, a graduação em comento era admitida tão-somente para os acidentes ocorridos a partir da entrada em vigor da referida Medida Provisória, ou seja, a partir de 16/12/2008. Todavia, considerando o advento da Súmula nº 474 do STJ, passou a ser necessária a graduação independentemente da data do sinistro: A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será paga de forma proporcional ao grau de invalidez. (Súmula 474, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/06/2012, DJE 19/06/2012). Deste modo, a apuração do grau da invalidez mostra-se indispensável, independentemente da data do sinistro, nos termos do artigo 3º, 1º, da Lei n.º 6.194/74: Art. 3 o Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2 o desta Lei compreendem as indenizações por morte, por invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas de assistência médica e suplementares, nos valores e conforme as regras que se seguem, por pessoa vitimada: (Redação dada pela Lei nº , de 2009). (...) 1 o No caso da cobertura de que trata o inciso II do caput deste artigo, deverão ser enquadradas na tabela anexa a esta Lei as lesões diretamente decorrentes de acidente e que não sejam suscetíveis de amenização proporcionada por qualquer medida terapêutica, classificando-se a invalidez permanente como total ou parcial, subdividindo-se a invalidez permanente parcial em completa e incompleta, conforme a extensão das perdas anatômicas ou funcionais, observado o disposto abaixo: ( ) Ocorre que, oportunizada a prova pericial, a parte autora não compareceu à mesma, impossibilitando a realização da perícia. Importante ressaltar que é imprescindível a perícia médica para que haja a indenização, pois não há juntada de laudo médico pela autora, apenas a juntada de um boletim de atendimento que, contudo, não serve como prova, haja vista que é documento 3

4 produzido de forma unilateral. Neste sentido, já se manifestou nosso Tribunal de Justiça: APELAÇÃO CÍVEL. DPVAT. INVALIDEZ PERMANENTE NÃO COMPROVADA. LAUDO MÉDICO UNILATERAL E LAUDO PERICIAL JUDICIAL. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. SENTENÇA MANTIDA. O seguro obrigatório foi criado para indenizar as vítimas de sequelas permanentes ocasionadas em acidente de trânsito. Em tendo a perícia judicial constatado a ausência de invalidez de caráter permanente da vítima, não há como ser modificada a sentença que atribuiu juízo de improcedência ao pedido indenizatório, ainda que tenha ocorrido pagamento a menor na esfera administrativa. Indenização indevida. O Laudo Médico particular é dotado de unilateralidade, não servindo para o fim de comprovar a permanência da incapacidade, quando desacompanhada de contexto probatório a complementá-lo. Sentença mantida. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível nº , 5ª Câmara Cível, TJERGS, Rel. Des. Romeu Marques Ribeiro Filho, julgado em ). Assim, conforme fundamentação acima, ante a não realização da perícia médica, não foi possível apurar se a autora restou com sequelas que ensejariam pagamento da diferença do seguro DPVAT, sendo, portanto, a improcedência do feito medida que se impõe. C) DISPOSITIVO Isso posto, com fulcro no art. 487, I, do CPC, JULGO IMPROCEDENTE o pedido da presente ação de cobrança securitária intentada por Fabio Freitas Fonseca em face de Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S/A, nos termos da fundamentação acima. Em razão da sucumbência, condeno a demandante ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios ao procurador da ré, os quais fixo em R$ 500,00, considerando o trabalho desenvolvido e a natureza da causa, ficando suspensa a exigibilidade, ante a concessão da AJG. Tendo em vista a nova sistemática do Código de Processo Civil e, diante da inexistência de juízo de admissibilidade, conforme dispõe o artigo 1.010, 3º, do NCPC, em caso de interposição de recurso de apelação, proceda-se na 4

5 intimação da parte apelada para que apresente contrarrazões, querendo, no prazo de 15 dias. Decorrido o prazo, subam os autos ao egrégio TJRS. Com o trânsito em julgado, não sendo nada requerido no prazo de 5 (cinco) dias, e satisfeitas eventuais custas pendentes, arquive-se com baixa. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Porto Alegre, 13 de setembro de Fabiana Zaffari Lacerda, Juíza de Direito 5