EDUARDO DOS SANTOS PEIXOTO

Transcrição

1 COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA 1ª VARA Rua Roberto Xavier da Luz, 6 Processo nº: 065/ (CNJ: ) Natureza: Cobrança Autor: Eduardo dos Santos Peixoto Réu: Bradesco Seguro Juiz Prolator: Juíza de Direito - Dra. Sandra Regina Moreira Data: 15/09/2015 Vistos. EDUARDO DOS SANTOS PEIXOTO ajuizou a presente ação de cobrança contra BRADESCO SEGURO (seguradora integrante do Convênio DPVAT), aduzindo que foi vítima de acidente de trânsito ocorrido em 19/04/2006, o que resultou em sequelas permanentes, fazendo jus a respectiva indenização, nos termos da Lei nº 6.194/74. Requereu a condenação do demandado ao pagamento do valor de R$ ,00 a título de indenização do seguro DPVAT. Pleiteou a AJG. Juntou documentos. Concedida a AJG (fl. 53). Citado, o requerido contestou (fls. 30/35), alegando preliminarmente a inclusão da seguradora Líder no polo passivo da demanda, na condição de litisconsorte, por apresentar interesse jurídico na demanda. No mérito, sustentou que não há prova da invalidez mencionada, requerendo, assim, a 1

2 improcedência dos pedidos. Houve réplica (fls. 100/104). às fls. 124/125. Determinada a realização de perícia, o laudo pericial foi acostado Vieram os autos conclusos para sentença. É o sucinto relatório. Passo a decidir. Trata-se de ação de cobrança de indenização a título de seguro DPVAT em razão de acidente automobilístico em que a parte autora alega invalidez permanente. De plano, rejeito a preliminar, uma vez que a presença da seguradora Líder no polo passivo da demanda não é obrigatória, pois o seguro é de responsabilidade do convênio das seguradoras, podendo o beneficiário escolher demandar contra qualquer seguradora dele integrante. Neste sentido o TJ/RS: Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGUROS. DPVAT. COMPLEMENTAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. INVALIDEZ PERMANENTE. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. 1. Legitimidade passiva da Bradesco Seguros S/A. Aplicação da teoria da aparência 2. A presença da Seguradora Líder no polo passivo da demanda não é obrigatória, sendo permitido à vítima do 2

3 sinistro escolher qualquer seguradora que faça parte do consórcio de seguro obrigatório para responder pelo pagamento deste. 3. Graduação da invalidez. Mostra-se necessária a graduação da invalidez para fins de cobrança do seguro obrigatório DPVAT. Questão pacificada em razão do advento da Súmula 474 do STJ. Sentença desconstituída, para realização da prova pericial requerida pela parte. PRELIMINARES DESACOLHIDAS. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA E APELO PREJUDICADO, EM JUÍZO DE RETRATAÇÃO. (Apelação e Reexame Necessário Nº , Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Isabel Dias Almeida, Julgado em 27/05/2015). (Grifei). Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGUROS. DPVAT. PERÍCIA MÉDICA. INCLUSÃO DA SEGURADORA LÍDER NO PÓLO PASSIVO DA DEMANDA. DESNECESSIDADE. HONORÁRIOS PERICIAIS. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DOS TERMOS DE COOPERAÇÃO Nº 103/2012-DEC E SEUS ADITIVOS, FIRMADO ENTRE A SEGURADORA LÍDER E O PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Considerando que o seguro DPVAT é de responsabilidade do convênio de seguradoras, e podendo o beneficiário demandar com qualquer seguradora dele integrante, não há falar em obrigação legal que obrigue a inclusão da Seguradora Líder no pólo passivo da demanda. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº , Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rinez da Trindade, Julgado em 11/09/2015). (Grifei). No mérito, reza o art. 3º, da Lei nº 6.194/74, que dispõe sobre Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por veículos automotores de via terrestre: Art.3 : Os danos pessoais cobertos pelo seguro estab elecido no art. 2 o desta Lei 3

4 compreendem as indenizações por morte, por invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas de assistência médica e suplementares, nos valores e conforme as regras que se seguem, por pessoa vitimada: I - R$ ,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de morte; II - até R$ ,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez permanente; e ; III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas. Para a análise do pedido, imprescindível a realização de prova pericial, a qual foi produzida no curso da instrução, sobrevindo laudo médico, acostado às fls. 124/125, no qual o expert concluiu que não há incapacidade laboral, conforme abaixo transcrito: Atualmente as lesões do autor estão consolidadas, não restando nenhuma sequela funcional no membro superior esquerdo que o impeça de exercer seu labor habitual. Não restaram sequelas funcionais de origem ortopédica, nos segmentos lesionados por ocasião do referido acidente. As conclusões a que chegou o sr. perito judicial, profissional devidamente habilitado e competente para exarar pareceres acerca de matéria médica, e considerando que atua de forma equidistante do litígio instalado pelas partes, tornam seu laudo praticamente irrefutável, devendo, por isso, ser integralmente acolhido o conteúdo do parecer. É cediço que o seguro obrigatório foi criado para indenizar as vítimas de sequelas permanentes ocasionadas em acidente de trânsito, e, no caso 4

5 concreto, verifica-se que não houve invalidez permanente a ensejar a concessão do pedido. Grande do Sul: Nesse sentido, jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. DPVAT. AÇÃO DE COBRANÇA. INVALIDEZ PERMANENTE. COMPLEMENTAÇÃO DE INDENIZAÇÃO INDEVIDA. GRADUAÇÃO DA INVALIDEZ. 1. Demonstrada a ocorrência do acidente e da invalidez permanente da parte autora, nos termos do art. 5º, caput, da Lei n 6.194/74, é devida a indenização securitária. 2. Graduação da invalidez. Mostra-se necessária a graduação da invalidez para fins de cobrança do seguro obrigatório DPVAT. Questão pacificada em razão do julgamento do REsp , submetido ao regime dos Recursos Repetitivos (art. 543-C do Código de Processo Civil) e Súmula 474 do STJ. 3. Complementação indevida. Não tendo a parte autora comprovado o fato constitutivo do seu direito, qual seja, a incapacidade permanente em grau superior ao constatado no procedimento administrativo, ônus que lhe competia, impõe-se o julgamento de improcedência da ação. Laudo médico particular que não se revela suficiente para fins de comprovação e graduação da invalidez. Sentença mantida RECURSO COM SEGUIMENTO NEGADO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (Apelação Cível Nº , Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Isabel Dias Almeida, Julgado em 24/06/2015). (Grifei). TJRS. APELAÇÃO CÍVEL. DPVAT. INVALIDEZ PERMANENTE NÃO COMPROVADA. LAUDO MÉDICO. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. SENTENÇA MODIFICADA. O seguro obrigatório foi criado para indenizar as vítimas de sequelas permanentes ocasionadas em acidente de trânsito. A prova produzida nos autos não demonstra a alegada invalidez de caráter permanente da vítima a justificar o reconhecimento da indenização decorrente do seguro obrigatório. Indenização indevida. O Laudo Médico particular é dotado de unilateralidade, não servindo para o fim de comprovar a permanência da incapacidade, quando desacompanhada de contexto probatório a complementá-lo. Sentença modificada. Sucumbência redimensionada. APELO PROVIDO. (Apelação Cível Nº , Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Romeu Marques Ribeiro 5

6 Filho, Julgado em 15/09/2010). (Grifei). ANTE O EXPOSTO, julgo improcedente o pedido deduzido por EDUARDO DOS SANTOS PEIXOTO contra BRADESCO SEGUROS, condenando o autor ao pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios, que fixo em R$ 600,00 (seiscentos reais), com base no artigo 20, 4º, do CPC, atento ao trabalho desenvolvido pelo profissional e à importância da causa. Verbas suspensas em razão da AJG. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Com o trânsito, arquivem-se. Santo Antônio da Patrulha, 15 de setembro de SANDRA REGINA MOREIRA Juíza de Direito 6