ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos os autos.

Transcrição

1 Apelação cível. Seguros. DPVAT. Invalidez permanente oriunda de acidente de trânsito. Correção monetária. Termo inicial alterado. Data do pagamento parcial. Juros de mora. Termo inicial inallterado. Data da citação. Apelo parcialmente provido. APELAÇÃO CÍVEL Nº (Nº CNJ: ) MARIO ANDRE VOLMER SEGURADORA LIDER CONSORCIOS SEGURO DPVAT S A SEXTA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE CANDELÁRIA APELANTE APELADO ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, dar parcial provimento ao apelo. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA (PRESIDENTE) E DES.ª ELISA CARPIM CORRÊA. Porto Alegre, 29 de setembro de DES. NEY WIEDEMANN NETO, Relator. RELATÓRIO DES. NEY WIEDEMANN NETO (RELATOR) 1

2 transcrever: Adoto o relatório da sentença, fls. 130/131, que passo a MÁRIO ANDRÉ VOLMER ajuizou ação de cobrança contra SEGURADORA LÍDER DOS CONSÓRCIOS DO SEGURO DPVAT, ambos qualificados à fl. 02, da inicial. Aduziu o autor que, em face de invalidez, advinda de acidente de moto, recebeu indenização parcial de seguro DPVAT. No entanto, foi pago valor inferior ao previsto em lei, que é equivalente a R$13.500,00. Postulou, assim, a condenação da seguradora ré à complementação do valor da indenização. Citada, a ré apresentou contestação, às fls. 53/61, suscitando, preliminarmente, a falta de interesse de agir. No mérito, impugnou o Boletim de Ocorrência juntado à inicial, afirmando ter caráter unilateral, não podendo, assim, ser utilizado como prova cabal do acidente. Arguiu, ainda, a ausência de laudo médico comprovando a invalidez do autor. Alternativamente, requereu seja aplicado entendimento jurisprudencial que admite a graduação da invalidez. Postulou, enfim, pela improcedência da demanda. Houve réplica, às fls. 77/80. Sobreveio laudo pericial, às fls. 112/114, e laudo complementar, às fls. 120 e 122. Nesses termos, vieram os autos conclusos para sentença. É o relatório. A sentença apresentou o seguinte dispositivo: DIANTE DO EXPOSTO, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, julgo parcialmente procedente o pedido deduzido na presente ação ajuizada por Mário André Volmer contra Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S.A., condenando a ré a pagar ao autor indenização complementar, referente ao seguro DPVAT, no valor de R$502.94, corrigido monetariamente desde a data 2

3 do primeiro laudo, acrescendo-se juros legais moratórios de 12% ao ano, a contar da citação. Em face da recíproca sucumbência, as partes dividirão as custas do processo, arcando com honorários recíprocos fixados em 15% sobre o valor da condenação, em conformidade com o artigo 20, 3º e 4º, do Código de Processo Civil. Suspendo, no entanto, a cobrança das verbas da sucumbência em relação ao autor, pois litiga ao abrigo da Assistência Judiciária Gratuita, o que, no entanto, não impede a compensação dos honorários. A parte autora apelou, fls. 136/138, insurgindo-se contra o termo inicial da correção monetária e dos juros de mora. Requereu a reforma da sentença. Contra-razões, fls. 144/147. Registro, por fim, que tendo em vista a adoção do sistema informatizado, os procedimentos para observância dos ditames dos arts. 931 e 934, do Código de Processo Civil/2015 foram simplificados, mas observados na sua integralidade. É o relatório. DES. NEY WIEDEMANN NETO (RELATOR) VOTOS Estou em dar parcial provimento ao apelo. Para início, sinalo que merece reparo a sentença no que atine ao termo inicial da correção monetária. Com efeito, a correção monetária não é um acréscimo, nada verdadeiramente ganhando quem a recebe e, no fundo, nada perdendo quem a paga, de sorte que a sua incidência atende a um princípio de justiça, de restabelecer a igualdade na relação negocial entre aquele que a paga e aquele que a recebe. Nesses termos, na esteira do entendimento consolidado por esta Câmara, tenho que a correção monetária deve incidir desde a data do pagamento 3

4 parcial, momento em que os valores remanescentes teriam ingressado no patrimônio da vítima, caso houvesse acontecido o correto adimplemento. Sigo, agora, com o exame da questão atinente ao termo inicial dos juros de mora. Em momento anterior, já possuía o entendimento que o termo inicial dos juros de mora, nas demandas relativas ao seguro DPVAT, seria a citação. Inobstante referida situação, meu entendimento foi reforçado com o julgamento do REsp , ora transcrito. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. JULGAMENTO NOS MOLDES DO ARTIGO 543-C DO CPC. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO DE DANOS PESSOAIS CAUSADOS POR VEÍCULOS AUTOMOTORES DE VIA TERRESTRE - DPVAT. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. CITAÇÃO. 1. Para efeitos do artigo 543-C do CPC: 1.1. Em ação de cobrança objetivando indenização decorrente de seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre - DPVAT, os juros de mora são devidos a partir da citação, por se tratar de responsabilidade contratual e obrigação ilíquida. 2. Aplicação ao caso concreto: 2.1. Recurso especial provido. (REsp / PR, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, julgado em , Segunda Seção) Referido julgamento deixou caracterizado, para efeitos do artigo 543-C do Código de Processo Civil que "em ação de cobrança objetivando indenização decorrente de seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre - DPVAT, os juros de mora são devidos a partir da citação, por se tratar de responsabilidade contratual e obrigação ilíquida". Isso posto, estou em dar parcial provimento ao apelo para o efeito de apenas alterar o termo inicial da correção monetária. 4

5 Para fins de prequestionamento, observo que a solução da lide não passa necessariamente pela restante legislação invocada e não declinada, seja especificamente, seja pelo exame do respectivo conteúdo. Equivale a dizer que se entende estar dando a adequada interpretação à legislação invocada pelas partes. Não se faz necessária a menção explícita de dispositivos, consoante entendimento consagrado no Eg. Superior Tribunal de Justiça, nem o Tribunal é órgão de consulta, que deva elaborar parecer sobre a implicação de cada dispositivo legal que a parte pretende mencionar na solução da lide. Oportuno salientar que a apresentação de questões para fins de prequestionamento não induz à resposta de todos os artigos referidos pela parte, mormente porque foram analisadas todas as questões que entendeu o julgador pertinentes para solucionar a controvérsia. O art. 489, 1º, do Código de Processo Civil/2015 define que não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. Ainda que não deixe de aplicar o supracitado diploma legal, entendo que o juiz não é obrigado a responder a todos os argumentos da parte, mas apenas motivar adequadamente a decisão. Ademais, não é porque determinados argumentos não tenham sido especificamente citados no acórdão que eles não tenham sido analisados. Os autos foram inteiramente examinados. Foram explicitadas, no entanto, somente as questões necessárias para 5

6 fundamentar a decisão. De acordo com a sistemática, é preciso examinar todos os argumentos colocados pelas partes que, em tese, possam infirmar aquela adotada pelo julgador. Aqui é preciso uma especial atenção, porque esta regra não impõe o exame de todas as teses apresentadas, mas apenas daquelas que não possam ser consideradas como prejudicadas, frontalmente colidentes ou abrangidas pelos fundamentos da decisão tomada pelo órgão judicial. VOTO PELO PARCIAL PROVIMENTO DO APELO. DES.ª ELISA CARPIM CORRÊA - De acordo com o(a) Relator(a). DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA - Presidente - Apelação Cível nº , Comarca de Candelária: "DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: CELSO ROBERTO MERNAK FIALHO FAGUNDES 6