TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ACRE. Acórdão n. : Classe : Apelação Cível (Sumário) n Origem : Rio Branco. Órgão : Câmara Cível

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ACRE Acórdão n. : Classe : Apelação Cível (Sumário) n Origem : Rio Branco Órgão : Câmara Cível Relator : Des. Adair Longuini Apelante : Mapfre Vera Cruz Seguradora S/A Advogada : Maria Helena Teixeira (2406/AC) Apelados : Airton Flores e outros Advogado : João Paulo Feliciano Furtado (2914/AC) 1 / 7

2 Objeto da ação : Civil. Cobrança. Acidente de Trânsito. Seguro Obrigatório. COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT). MORTE. INDENIZAÇÃO FIXADA COM BASE NA LEI /2007. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. JUROS MORATÓRIOS. O valor indenizatório introduzido pela lei nº /07 deve sofrer atualização monetária a partir de sua entrada em vigor (data de sua publicação). Inexistindo prova nos autos da notificação da seguradora, a incidência de juros de mora dar-se-á a partir da citação (art. 219, do CPC). Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível (Sumário) n , ACORDAM os Senhores Desembargadores da Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Acre, à unanimidade, rejeitar a preliminar de ilegitimidade ativa e, no mérito, dar provimento parcial à Apelação Cível, nos termos do voto do relator e das notas taquigráficas arquivadas. Rio Branco, 16 de dezembro de Des. Samoel Evangelista Presidente Des. Adair Longuini Relator 2 / 7

3 RELATÓRIO O Excelentíssimo Senhor Des. Adair Longuini, Relator: Trata-se de Recurso de Apelação interposto por MAPFRE VERA CRUZ SEGURADORA S/A contra sentença proferida nos autos nº , pela Juíza da 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco, que julgou procedente o pedido formulado por Jandira Souza Flores, Lauri de Souza Flores, Valdir de Souza Flores e Airton Flores e condenou a Seguradora-Apelante ao pagamento de R$ ,00 (treze mil e quinhentos reais), acrescido de correção monetária a partir do ajuizamento da ação, pelo INPC, até o efetivo pagamento e juros de mora contados a partir da notificação da seguradora. A sentença apelada condenou ainda a Apelante ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Nas razões do recurso (fls. 37/48), a Apelante propugna pela retificação do pólo passivo para constar a SEGURADORA LIDER DOS CONSÓRCIOS DE SEGURO DPVAT S/A, inscrita no CNPJ sob o nº /0001-4, eis que é ilegitima para figurar no pólo passivo da ação. No mérito aduz que o valor máximo indenizável é de R$13.500,00 (treze mil e quinhentos reais).por fim, ponderou que os juros moratórios sejam computados a partir da citação. À luz de tudo isso, a Apelante pleiteou o provimento do recurso, para reformar a sentença aplicando-se o limite máximo indenizável para o evento morte. Contra-razões às fls. 82/84. É o relatório. VOTO O Excelentíssimo Senhor Des. Adair Longuini, Relator: Eis que estão satisfeitos os 3 / 7

4 pressupostos de admissibilidade recursal, conheço da apelação interposta. A matéria devolvida a este Tribunal já é de há muito debatida nos pretórios de todo o território brasileiro. Diz respeito ao pagamento de indenização relacionada ao seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre ou por sua carga, disciplinado pela Lei 6.194/74. Pleiteia a seguradora apelante a retificação do pólo passivo da ação para incluir a SEGURADORA LIDER DOS CONSÓRCIOS DE SEGURO DPVAT S/A. Razão não assiste à seguradora apelante. Consoante a Lei nº 6.194/74, com redação dada pela Lei nº 8.441/92, todas as sociedades seguradoras pertencentes ao consórcio respondem, de forma solidária, pelo adimplemento do valor indenizatório do seguro DPVAT, mesmo que, administrativamente, tenha havido pagamento parcial por outra seguradora, que não a demandada. A matéria é pacífica nos Tribunais. TJES ) APELAÇÃO CÍVEL - SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT - PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE - REJEITADA - INDENIZAÇÃO EM VIRTUDE DE FALECIMENTO CAUSADO POR ACIDENTE DE TRÂNSITO - SINISTRO OCORRIDO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI 8.441/92 - NÃO COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO DO PRÊMIO EM DIA - IRRELEVÂNCIA - PRECEDENTES DO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - RECURSO NÃO PROVIDO - PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE. Ainda que não tenha havido contratação direta da seguradora apelante com a parte apelada, o pagamento pode ser realizado por qualquer outra seguradora integrante do consórcio DPVAT. MÉRITO. 1. Consoante entendimento adotado no Superior Tribunal de Justiça, "mesmo nos 4 / 7

5 acidentes ocorridos anteriormente à modificação da Lei 6.194/74 pela Lei 8.441/92, a falta de pagamento do prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) não é motivo para a recusa do pagamento de indenização". 2. O valor da cobertura do seguro obrigatório em caso de morte é de quarenta salários mínimos, assim fixado consoante a Lei 6.194/74, não havendo incompatibilidade entre a norma especial da referida lei e aquelas que vedam o uso do salário mínimo como Índice de Correção Monetária. 3. Recurso não provido. (Apelação Cível nº , 3ª Câmara Cível do TJES, Vitória, Rel. José Luiz Barreto Vivas. j , unânime, Publ ). Desta forma, não se justifica a necessidade imprescindível de retificação do pólo passivo sugerida pela Apelante. No caso em análise, o irmão dos Apelados foi vítima de acidente de trânsito ocorrido no dia 21 de janeiro de 2006, conforme afirmado na petição inicial. Para comprovar o sinistro, os Recorridos juntaram aos autos Registro Civil referente ao óbito e Boletim de ocorrência do acidente, este lavrado pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal (fls. 12/13). A documentação apresentada pelos Apelados é a exigida pela Lei 6.194/74 (art. 5.º, 1, "a"). A indenização foi corretamente fixada nos moldes da Lei nº /07. 5 / 7

6 Insurge-se a Apelante quanto ao dies a quo para contagem dos juros moratórios. A incidência de juros de mora deve ser a partir da citação se não houve notificação do sinistro à seguradora (caso dos autos). Embora a Apelante não tenha suscitado qualquer alteração em relação a incidência de correção monetária é necessário esclarecer que a Lei nº /07 ao incluir o inciso II, no art. 3º, da Lei nº 6.194/74, introduziu valores fixos, expressos em reais, para a indenização do seguro DPVAT. Desta forma, é certo que a correção monetária tem como objeto a reposição do valor da moeda, logo sua incidência, deve se dar a partir da entrada em vigor da lei nº /07, que coincide com a data de sua publicação, consoante expressa previsão no art. 24, inc. III, e não a partir do ajuizamento da ação como determinado na sentença apelada, providência que esta Relatoria adota ex offcio com base em remansosa jurisprudência (matéria de ordem pública) [1] Diante do exposto, provejo parcialmente à apelação para determinar a incidência de juros de mora a partir da citação e a correção monetária a partir da entrada em vigor da lei nº /07, ou seja 31 de maio de Custas recursais pela apelante. É o relatório. decisão Conforme consta da Certidão de Julgamento, a decisão foi a seguinte: Decide a Câmara Cível, à unanimidade, rejeitar a preliminar de ilegitimidade ativa e, no mérito, dar provimento parcial à Apelação Cível. Julgamento presidido pelo Desembargador Samoel Evangelista, Presidente. 6 / 7

7 Participaram do julgamento, além do Presidente com voto, os Desembargadores Adair Longuini RELATOR e Miracele Lopes. Belª. Valéria Helena Castro Fernandes de Almeida Silva Secretária [1] Ação Rescisória nº , 1ª Câmara de Direito Comercial do TJSC, Rel. Marli Mosimann Vargas. Unânime, DJ / 7