PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL (PET) Tutor do Grupo PET: Prof. Vinicius Del Colle ENSINO PESQUISA EXTENSÃO
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1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL (PET) Tutor do Grupo PET: Prof. Vinicius Del Colle ENSINO PESQUISA EXTENSÃO
2 Universidade Federal de Alagoas Campus Arapiraca Laboratório de Educação Química e Divulgação Científica LEQUIDICI Wilmo Ernesto Francisco Junior UFAL/Arapiraca Erasmo Moisés dos Santos Silva UFAL/Arapiraca Miyuki Yamashita UNIR
3 Art 26-A - Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro- Brasileira. 1 o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
4 As relações de desigualdade e dominação... O seu surgimento pode ser associado a: I-Relações interculturais e raciais frutos dos fluxos migratórios; II- Movimentos ideológicos: Mestiçagem e Branqueamento; III- Desenvolvimentos de estudos que objetivaram justificar a superioridade da raça branca atribuindo, por exemplo, certas características psicológicas aos negros. Tais fatos fundamentam a instauração da situação opressora no nosso país e emergem a necessidade de discussões do gênero nos cursos de formação de professores.
5 A pesquisa Trabalho realizado com um grupo de estudantes de química licenciatura da Universidade Federal de Alagoas; Questão norteadora: Quais as interações discursivas produzidas e como estas se relacionam no processo de percepção e construção de significados relacionados a questões étnicos-raciais?
6 Lágrimas de Preta Rômulo de Carvalho Encontrei uma preta que estava a chorar, pedi-lhe uma lágrima para a analisar. Recolhi a lágrima com todo o cuidado num tubo de ensaio bem esterilizado. Olhei-a de um lado, do outro e de frente: tinha um ar de gota muito transparente. Mandei vir os ácidos, as bases e os sais, as drogas usadas em casos que tais. Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu-me o que é costume: Nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. Água (quase tudo) e cloreto de sódio. Figura 2: Rómulo de Cavalho. ( ) Fonte: http :// rvalho.net/poemas/poema s
7 Desenvolvimento da pesquisa As interações discursivas foram investigadas a partir de uma ferramenta analítica desenvolvida por Mortimer e Scott (2003) I. Foco do ensino 1. Intenções do professor 2. Conteúdo I. Abordagem 3. Abordagem comunicativa I. Ações 4. Padrões de interação 5. Intervenções do Professor Quadro 1: Aspectos da análise: A estrutura analítica, uma ferramenta para analisar as interações e a produção de significados em salas de aula de ciências
8 Iniciando o debate 1. P: Então de início eu gostaria que vocês dissessem, vocês estão com a letra em mãos, o que acharam da letra, dúvidas, perguntas, palavras que vocês desconhecem. Alguém quer perguntar alguma coisa? Ninguém? Intenção do professor: Abordagem comunicativa: Formas de Intervenção: Quadro 2: Iniciando o debate Explorar as ideias dos estudantes Dialógica/não interativa Selecionar as ideias dos estudantes
9 Por que lágrimas de preta? 2. P: Por que o título do poema é chamado Lágrimas de Preta? 4. Aluna C: Eu acho que o autor está falando sobre o racismo! 5. P: (...) Alguém complementa? Vocês acham que o tema principal seria o racismo? 17. Aluno D: Não, uma forma carinhosa, tipo, você tem uma namorada e chama de minha Aluno E: Eu também não consigo identificar/ 19. Aluno D: Eu acho que não tem nada há ver com o racismo não. Intenção do professor: Abordagem comunicativa: Formas de Intervenção: Padrões de interação: Explorar as ideias dos estudantes Dialógica/interativa Selecionar as ideias dos estudantes I-R-E-R-E Quadro 3: Por que lágrimas de preta?
10 Estudantes brancos de 15 a 17 anos no ensino médio: 60%. Estudantes negros de 15 a 17 anos no ensino médio: 32% mesma faixa etária estavam no Ensino Médio. 84% dos jovens negros de 18 a 23 anos de idade não haviam completado o Ensino Médio, contra 63% dos jovens brancos. Quanto ao Ensino Superior, na faixa de 20 a 24 anos, 53,6% de estudantes brancos encontravam-se na universidade. Já para os negros esse número correspondia a 15,8%
11 Do que se trata o poema? 24. P: Qual seria então o tema principal? (...) 25. Aluno D: Retratar uma análise química através de uma poesia 28. P- (Professor destaca trechos relacionados ao sofrimento da negra) 30. Aluno G: Ele quis mostrar que somos todos iguais independentes da cor. 32. Aluno D: Não há como dizer (...) Intenções do professor Conteúdos Abordagem comunicativa Padrões de interação Compartilhar a ideia de preconceito racial contida na poesia Descrição das possíveis interpretações da letra Autoritário-interativo I-R-A-R-A-R-A Formas de intervenção Destacar interpretações relacionadas ao racismo Quadro 4: Do que se trata o poema?
12 É uma interpretação possível P: Mas aí eu pergunto para vocês, o que tem a ver esses sinais de negro e vestígios de ódio? 39. Aluna G: Pode ser relacionado com a exploração dos negros (pausa). E mesmo com essa exploração ela não tem no texto nenhum vestígio de ódio. 42. P: Seria uma hipótese coerente com a poesia, não seria? 43. Aluno D: É uma interpretação. 44. P- (Professor apresentar dados históricos e científicos relacionados ao preconceito e ao fato de sermos iguais independente do fenótipo) Intenções do professor Conteúdos Abordagem comunicativa Padrões de interação Formas de intervenção Compartilhar a ideia de preconceito racial contida na poesia preparando o ambiente e inserindo novas informações que corroborem com a ideia. Descrição das possíveis interpretações da letra e de dados históricos e científicos Autoritário-interativo/não interativo I-R-A-R-A-R-A Quadro 5: É uma interpretação possível... Fundamentar-se em dados científicos e históricos
13 Considerações finais A partir do movimento discursivo notou-se que apenas uma das participantes interpretou o racismo como temática da poesia; A abordagem empregada pelo professor possibilitou a apropriação desses significados; Os resultados mostram potencialidade da abordagem empregada para um dos fatores essenciais: conhecer para depois reconhecer.
14 A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. Nelson Mandela
15 Referências -FRANCISCO JUNIOR, W. E. Opressores-oprimidos: um diálogo para além da questão étnicoracial. Química Nova na Escola, n. 26, p , FRANCISCO JUNIOR, W. E. Educação anti-racista: reflexões e contribuições possíveis do ensino de ciências e de alguns pensadores. Ciência & Educação, v. 14, p , FREIRE, P. Pedagogia da Tolerância. São Paulo: UNESP, FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, MOREIRA, P. F. S.; RODRIGUES FILHO, G.; FUSCONI, R.; JACOBUCCI, D. F. A bioquímica do candomblé - Possibilidades didáticas de aplicação da lei federal /03. Química Nova na Escola, v. 33, p , MORTIMER, E. F.; SCOTT, P. H. Meaning making in secondary science classrooms. Buckingham: Open University Press/ McGraw Hill, p. -PINHEIRO, J. S.; SILVA, R. M. G. Aprendizagem de um grupo de futuros professores de Química na elaboração de conteúdos pedagógicos digitais no contexto da obrigatoriedade do ensino da cultura e História afro-brasileira e a africana estabelecida pela Lei Federal /03. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 10, p. 1-14, SANTOS, A. O.; SCHUCMAN, L. V.; MARTINS, H. V. Breve histórico do pensamento psicológico brasileiro sobre relações étnico-raciais. Psicologia: Ciência e Profissão. v. 32, num esp., p , SILVA, C. S. Poesia de António Gedeão e a formação de professores de química. Química Nova na Escola, v. 33, p , THEODORO, M.; JACCOUD, L. Raça e educação: os limites das políticas universalistas. Em: SANTOS, S. A. (Org.). Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas. Brasília: MEC-SECAD, 2005.
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