RELAÇÃO DA MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEM NO ÊXITO ESCOLAR
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- Luiz Gustavo Castelo Espírito Santo
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1 RELAÇÃO DA MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEM NO ÊXITO ESCOLAR Andréa Carolina Alvarenga Leite Universidade Federal do Piauí andreakarol18@hotmail.com Eliana Lúcia de Oliveira Universidade Federal do Piauí eliana-1001@hotmail.com Denise de Brito Oliveira Universidade Federal do Piauí denisebritosilva@gmail.com RESUMO Os estudos relacionados ao processo de motivação no âmbito escolar especificamente na aprendizagem do aluno é contemporâneo, já que, a princípio, estavam ligados ao desempenho profissional em especial nas grandes corporações empresariais. Quanto ao aspecto educacional à motivação na aprendizagem era vista como uma pré-condição, intrínseca ao aluno. Os estudos mais recentes apontam a importância da motivação para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno, tendo como base seu aspecto intrínseco e extrínseco, sendo este ligado ao papel do professor e, sobretudo da família. Considerando a necessidade de investigar a relação entre a motivação e o processo de ensino-aprendizagem que leve ao sucesso escolar do aluno, o objetivo deste artigoé apresentar alguns elementos teóricos que possam contribuir para a discussão sobre arelevância da motivação no processo de ensino e aprendizagem do aluno, tendo em vista o contexto socioeducacional, visando o desempenho escolar significativo. Palavras-chave: Motivação. Família-escola. Aprendizagem. INTRODUÇÃO O processo de motivação no contexto escolar pode ser considerado como determinante do nível e da qualidade da aprendizagem e do desempenho do aluno. Percebe-se que o estudante motivado demonstra um melhor envolvimento no processo de aprendizagem, participando das tarefas que lhes são propostas, dedicando esforços através de estratégias adequadas, e, desta forma, pode desenvolver novas habilidades de compreensão e de domínio do conhecimento, assim como um pensamento critico sobre as atividades desenvolvidas. Segundo Guimarães e Boruchovitch (2004) o estudante motivado apresenta entusiasmo na execução das tarefas e orgulho acerca dos resultados de seus desempenhos, podendo superar previsões baseadas em suas habilidades ou conhecimentos prévios. É importante entender que a motivação pode ser intrínseca, ou seja, interna que é própria do sujeito ou extrínseca, externa ao sujeito em resposta à tarefa ou atividade, como para a obtenção de reconhecimento, recompensas materiais ou sociais. 1
2 Com isso, destaca-se a importância da metodologia do professor e da participação da família como suporte motivacional indispensável para o desenvolvimento do processo de ensinoaprendizagem do aluno. Envolvidos nesta temática o presente artigo busca discutir a importância da motivação no processo de ensino e aprendizagem do aluno levando em conta os aspectos do contexto escolar e familiar, tendo em vista alcançar o sucesso escolar. Para efetuar a referida pesquisa, foi realizado o levantamento de questões importantes acerca da temática da motivação, buscando compreender a relação da mesma com o processo de ensino/aprendizagem do aluno. Além disso, procurou-se relacionar o estilo motivacional da família e a motivação extrínseca e intrínseca do aluno. MOTIVAÇÃO: CONCEITOS E SÍNTESES DAS PRINCIPAIS ABORDAGENS A motivação no contexto escolar tem sido avaliada como um determinante crítico do nível e da qualidade da aprendizagem e do desempenho. Um estudante motivado mostra-se ativamente envolvido no processo de aprendizagem, engajando-se e persistindo em tarefas desafiadoras, despendendo esforços, usando estratégias adequadas, buscando desenvolver novas habilidades de compreensão e de domínio. Apresenta entusiasmo na execução das tarefas e orgulho acerca dos resultados de seus desempenhos, podendo superar previsões baseadas em suas habilidades ou conhecimentos prévios (GUIMARÃES; BORUCHOVITH, 2004). Segundo Genari (2006 citado por BZUNECK, 2001), uma noção inicial de motivação, aplicável a todo tipo de atividade humana, é fornecida pela origem etimológica da palavra, que deriva do verbo latino movere, cujo tempo supino motume do substantivo motivum do latim tardio, delimitaram a palavra semanticamente aproximada a motivo. Usualmente, um motivo divide-se em dois importantes componentes. O primeiro refere-se ao termo impulso, que é um processo interno que incita uma pessoa à ação. Embora o impulso seja interno, ele pode ser influenciado pelo ambiente externo, como por exemplo, pela temperatura. O segundo componente, postula que um motivo termina ao ser atingido um objetivo ou obtida uma recompensa. Dessa forma, depois de alcançar um objetivo ou ser suficientemente recompensado, o motivo deixa de orientar o comportamento por um período de tempo. Motivar crianças e adolescentes para os estudos tem sido considerado tarefa particularmente desafiadora para professores e educadores, dadas as condições contextuais e as características dos próprios alunos. 2
3 Para Martinelli e Genari (2006) entre os vários estudos sobre motivação, realizados nos últimos anos, destacam-se os de orientação sociocognitiva que têm demonstrado a existência de duas orientações motivacionais: a intrínseca e a extrínseca. Harter (1981) conceitualizou a motivação intrínseca como um interesse intrínseco na aprendizagem e no conhecimento, curiosidade, preferência por desafios. Em contraste, alunos que possuem orientação motivacional extrínseca buscam obter aprovação do professor e/ou promoções. Contudo, ainda que pesquisas demonstrem diferenças individuais nas orientações motivacionais intrínsecas e extrínsecas tem-se admitido o caráter adaptativo de ambas, demonstrando que elas se relacionam e se completam. Harter (1981) buscou verificar se a motivação da criança em sala de aula é determinada por interesses intrínsecos como a curiosidade e o desafio ou por interesses extrínsecos, como asnotas e aprovação dos professores. Para Genari (2006) a motivação não é algo que possa ser diretamente observado, inferimos a sua existência observando o comportamento dos indivíduos. Um comportamento motivado caracteriza-se pela energia relativamente forte nele despendida e por estar dirigido para um objetivo ou meta. Uma pessoa é motivada por uma variedade de fatores internos e externos. A força de cada motivo e o padrão de motivos influem na maneira como o indivíduo vê o mundo, nas coisas em que pensa e nas ações em que se empenha. Assim, o pressuposto básico das teorias que procuram explicar o processo de motivação é o de que deve existir alguma coisa, algum motivo que desencadeia uma ação, que lhe dá direção para atingir um objetivo e a finaliza. De acordo com Murray (1986 citado por GENARI, 2006), para sabermos quando uma pessoa está motivada e por que motivo faz-se uso de dois métodos gerais - medir certas condições externas que se julga produzirem um impulso e medir certos aspectos do comportamento da pessoa, que refletem seus motivos. As condições externas de impulso para medir a motivação são aplicadas em laboratórios, já um impulso de realização pode ser despertado por instruções que sugerem ser uma determinada tarefa uma medida de inteligência. Em geral, os principais meios de suscitar experimentalmente um impulso são a privação, estimulação e as instruções verbais. Entretanto, essas condições geradoras de impulsos não são a mesma coisa que o impulso, pois mesmo que o produzam com bastante freqüência, não podem garantir que ele sempre aconteça, assim como as instruções sobre uma tarefa podem suscitar a sua realização por parte de algumas pessoas, mas não de outras. 3
4 Um dos principais efeitos do impulso sobre o comportamento é influenciar a seleção de objetivos ou metas. De modo geral, a existência de um motivo é inferida dos objetivos que uma pessoa escolhe e das recompensas que são efetivas. Vernon (1973) define a motivação como uma espécie de força interna que emerge, regula e sustenta todas as nossas ações mais importantes. Sendo uma experiência interna, sua existência e sua natureza são deduzidas a partir da observação e experiência de comportamento. Assim, o comportamento é impulsivo, possivelmente irracional, não-intencional ou sem clareza de qualquer objetivo particular, ou ainda, o comportamento pode surgir como uma súbita manifestação de atividade estimulada pela percepção de certos acontecimentos e pode desaparecer assim que a situação se modificar, ou seja, assim que o impulso tenha sido satisfeito. No pólo oposto, o comportamento do indivíduo apresenta perfeita consciência de um fim ou objetivo definido por ações consistentes, persistentes e eficazmente dirigido. Segundo Vernon (1973), o primeiro tipo de comportamento motivado parece ocorrer com mais freqüência na criança ou no adulto imaturo e primário, enquanto que o segundo aparecerá após o desenvolvimento de certo grau de maturidade. Todavia, existe ainda uma série de comportamentos intermediários, nos quais o impulsivo é modificado pelo aprendizado até se aproximar do intencional. MOTIVAÇÃO E O PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM No contexto educacional a motivação dos alunos é um importante desafio com que nos devemos confrontar, pois tem implicações diretas na qualidade do envolvimento do aluno com o processo de ensino e aprendizagem (LOURENÇO; PAIVA, 2010). Tapia e Fita (1999, p.77) destacam que [...] a motivação é um conjunto de variáveis que ativam a conduta e a orientam em determinado sentindo para poder alcançar um objetivo.os autores completam sua exposição mostrando que, estudar a motivação consiste em analisar fatores que fazem as pessoas empreenderem determinadas ações dirigidas a alcançar objetivos. Genari (2006) partilha da ideia de que a motivação é um fator interno, e apresenta em suas discussões aimportânciadesse tema para os estudos relacionados à eficácia do aprendizado e o desempenho acadêmico do aluno. Atualmente, as pesquisas demonstram que um aluno motivado apresenta melhor desempenho se comparado aos demais, isso se deve ao empenho subjetivo durante as tarefas que realizam. 4
5 O interesse pelos aspectos motivacionais na aprendizagem é contemporâneo, as teorias remotas acerca da aprendizagem restringiam a motivação a uma pré-condição importante. O aluno já possuía essa característica motivacional internalizada, ou seja, era própria de si (LOURENÇO; PAIVA, 2010). Hoje em dia as investigações permitem concluir que a relação entre a aprendizagem e a motivação vai além destapré-condição; é possível observar uma reciprocidade, a motivação pode interferir na aprendizagem e no desempenho, bem como a aprendizagempode produzir um efeito na motivação (MITCHELL JR, 1992; PFROMM, 1987; SCHUNK, 1991 citado por LOURENÇO; PAIVA, 2010). Esse fato assinala a importância da diversificação nos estímulos nas aulas, visando aumentar o interesse do aluno. A variação metodológica é um recurso profícuo nesse sentido, mobilizando os motivos do aprendiz. No caso das disciplinas escolares o potencial para ações didáticas motivadoras é elevado. É necessário ir além da mera exposição oral sem maiores implicações no aprendizado, aproveitando toda uma série de métodos e ferramentas disponíveis para seduzir e envolver o aluno, fazendo com que aumente sua participação na aula e interaja mais no processo de ensinoaprendizagem. Segundo Zanella (1997), existem algumas condições para que a aprendizagem ocorra, dentre tais, as psicológicas que se referem à motivação do sujeito, isto é, a forma como o indivíduo se mobiliza e direciona sua ação para a aprendizagem. Para Bzuneck (2001) em sala de aula, os efeitos imediatos da motivação do aluno consistem em ele se envolver ativamente nas tarefas pertinentes ao processo de aprendizagem. Constata-se que o aluno motivado procura novos conhecimentos e oportunidades, confirmando envolvimento com o processo de aprendizagem, participa nas tarefas com entusiasmo e revela disposição para novos desafios (ALCARÁ; GUIMARÃES, 2007). Faz-se notório a relevânciadamotivação do aluno durante o processo de ensino/aprendizagem, de forma que orendimento escolar não pode ser explicado exclusivamentepor conceitos atrelados à inteligência, contexto familiar e a condição socioeconômica (LOURENÇO; PAIVA, 2010). Assim, a ausência de motivação nos alunos favorece ao pouco ou nenhum envolvimento durante os estudos. Normalmente, no contexto escolar, o interesse dos alunos pela aprendizagem não é satisfeito, já que não correspondem as 5
6 suas motivações internas. As atividades desenvolvidas em sala de aula são na sua maioria motivadas pelo meio externo (GENARI, 2006). De maneira geral, as tarefas e atividades vivenciadas na escola estão sempre associadasaprocessos cognitivos, nomeadamente com a capacidade de atenção, de concentração, de processamento de informações, de raciocínios e de resolução de problemas (LOURENÇO; PAIVA, 2010). A motivação para a aprendizagem é necessária quando se pretende atingir uma determinada meta. Autores sublinham que através da motivação, consegue-se que o aluno encontre razões para aprender, para melhorar e para descobrir. Para que a aprendizagem motivada aconteça e seja efetiva, o educando precisa se defrontar com atividades desafiadoras, na qual realize com empenho e perseverança (GENARI, 2006). Por isso, é pertinente que o professor seja criativo, incremente e incorpore práticas pedagógicas significativa capazes de otimizar a motivação do aluno. Que planeje seu trabalho, que pesquise em diversas fontes a fim de ter em mãos um material escolar de elevado potencial educativo. Nas aulas, por exemplo, pode se valer de todo um repertório de dinâmicas, contando com a participação ativa dos estudantes. Entre os vários estudos realizados nos últimos anos, por educadores e psicólogos, sobre a motivação no contexto escolar, destaca-se neste trabalho: A abordagem sócio-cognitivista da motivação, que tem demonstrado a existência de duas orientações motivacionais, a intrínseca e a extrínseca. Afirma-se que um aluno é intrinsecamente motivado quando se mantém na tarefa pelo interesse que ela desperta. Em contrapartida, alunos que possuem orientação motivacional extrínseca buscam tarefas nas quais o reconhecimento e a recompensa são salientes (GENARI, p. 15, 2006). Boruchovitch (2009) aborda a motivação intrínseca e a extrínseca, e aponta que aluno intrinsecamente motivado realiza a tarefa pelo prazer, porque se interessa por ela e se satisfaz genuinamente com a atividade em si. O aluno extrinsecamente motivado cumpre as atividades devido a causas externas, principalmente por receio a punições, odesejo de reconhecimento e de obtenção de compensações, ou ainda por reconhecê-la como necessária, embora não seja do seu agrado. Apesar disso, ainda que pesquisas demonstrem diferenças individuais nas orientações motivacionais intrínsecas e extrínsecas, diversos autores (RIGBY; DECI; PATRICK et. al, 1992 citado por GENARI, 2006), têm admitido o caráter adaptativo de ambas, demonstrando que elas se associam e integram. 6
7 A questão motivacional talvez esclareça a razão de alguns estudantes gostarem de aproveitar a vida escolar, revelando comportamentos adequados, alcançando novas capacidades e desenvolvendo todo o seu potencial. Em contraponto, outros demonstram pouco interesse durante as atividades, geralmente acabam executando-as por obrigação, sem comprometimento, e em determinadas situações, desconsideram a vivência escolar (LOURENÇO; PAIVA, 2010). Dessa forma, no estudo de determinados conteúdos geográficos é fundamental que o aluno articule interligue saberes, que relacione o que é estudado com o espaço geográfico vivenciado, encontrando significado no que faz ao exercitar a relação teoria-prática. A geografia é uma disciplina que pode contribuir significativamente para a compreensão da realidade a partir da mobilização do seu aparato conceitual e metodológico. Boruchovitch (2009) enfatiza que é essencial que na sala de aula o aluno tenha um sentimento de pertencimento. O professor tem um papel importante na construção de um ambiente onde o aluno se sinta integrado, e tenha as suas dúvidas e os pedidos de ajuda solucionados. Dessa forma, depreende-se que na escola o professor deve ser fonte de estímulo aos alunos, e seu desafio seria o de criar ações concretas e desafiadoras que incentivem os alunos a buscar e realizá-las (OLIVEIRA; ALVES, 2005). De modo geral, a motivação não deve ser encarada como atributo específico do aluno, pode ser também mediado pelo professor, pelo ambiente de sala de aula, entre outros. Boruchovitch (2009) completa sua análise mostrando que, diante das diferentes maneiras de promover a motivação, a central é que o próprio professor seja um modelo de indivíduo motivado. ESTILO FAMILIAR E A MOTIVAÇÃO DO ALUNO Dentro da discussão acerca da importância do processo motivacional para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno a participação da família aparece como elemento indispensável. Uma vez que o estilo motivacional e a participação da família na vida escolar do aluno vão interferir significativamente no desenvolvimento da aprendizagem dos mesmos. Para Veiga e Antunes (2005) o apoio e o envolvimento da família contribuem para o desenvolvimento da autonomia do aluno na realização de suas atividades acadêmicas e funcionam como um reforço positivo na realização e no sentimento de competência. Os autores 7
8 defendem ainda que a motivação geral dos alunos, sobretudo o empenho dedicado na realização de tarefas e napercepção da competência, é maior nos alunos com maior autoconceito familiar, ou seja, alunos que dispõe de um apoio dos pais, o que segundo Veiga e Antunes (2005) faz avançar a ideia de que o fundamental para os alunos é a percepção da família como fonte de apoio. Ao pesquisar a influencia da família para o processo motivacional do aluno observa-se que muitos estudos dedicam-se a trabalhar a relação do nível socioeconômico da família com desempenho escolar e a aprendizagem dos filhos: Estudos concentrados na influência do contexto familiar sobre o resultadodos estudantes enfatizam, primeiramente, a relação entre o nível socioeconômico da família e o desempenho escolar dos filhos. Adotando o nível socioeconômico como um agregado de variáveis que inclui, por exemplo, educação materna, renda familiar e status da ocupação paterna, vários autores (Baker & Stevenson, 1986; Benson et. Al., 1980; Eagle, 189; Sates, 1985) apontam para uma óbvia correlação positiva entre nível socioeconômico e resultados escolares (ALVES, p ). No entanto com base nas indicações de Alves (1999) pode se afirmar que independente do nível socioeconômico, um dos fatores mais associados ao bom desempenho escolar do aluno é o envolvimento da família na educação dos filhos a participação ativa e o engajamento dos pais no processo educativo dos filhos. Lahire (2008) afirma que não se pode entender as posições escolaresdos alunos como reprodução necessária e direta das condições sociais, econômicas eculturais de suas famílias. Nem tampouco as situações estudadas encontram explicaçãovia transmissão da herança cultural familiar. A lógica reprodutivista e a noção de"transmissão" não refletem o trabalho ativo e complexo de apropriação e construção,pelos indivíduos, de grande variedade de fatores e que redunda na diversidade dosperfis apresentados. Desta forma, o encorajamento,a motivação e sua participação efetiva nas atividades escolares e no dia a dia do aluno se mostram mais significativos que o nível socioeconômico da família. Bourdieu (1998 citado por PIOTTO, 2009) diz que O rendimentoescolar da ação escolar depende do capital cultural previamente investido pela família". O capital cultural do qual se refere o autor é composto por um conjunto de estratégias, valores e disposições oferecidos, sobretudo pela família, pela escola, e outros agentessocializadores, que contribuem para que o indivíduo desenvolva uma disposição em desenvolver as tarefas oferecidas e se encaminhe a práticas educativas. 8
9 Lahire (2008) discute a relação entre as configurações familiares de cada criança e o mundo escolar. Algumas histórias de "sucessos" escolaresimprováveis encontradas podem ser explicadas por meio das práticas de leitura,escrita ou de organização das atividades domésticas das famílias, assim o autor procuranas relações entre pais e filhos o sucesso nas atividades escolares. Assim, para Lahire, são as características da organização familiar que explicamtrajetórias escolares bem-sucedidas na inexistência total ou parcial de capitalcultural. E mesmo quando esse capital existir, para sua apropriaçãosão necessáriasinterações efetivas e afetivas. Isto é, não basta à escolarização do pai ou da mãe, épreciso que o detentor desse capital escolar esteja disponível, tanto objetiva quantosubjetivamente, de forma a possibilitar as adequadas condições para que o capital possaser herdado. Desta forma, entende-se que a instituição escolar, nos seus esforços de procurar remediar os problemas da falta de motivação dos alunos, e assim alcançar uma efetiva aprendizagem dos mesmos deverá contar com a contribuição das famílias, ou seja a participação da família na vida escolar do aluno e o engajamento dos pais na aprendizagem dos filhos. A família juntamente com a escola pode fornecer motivos externos como o reconhecimento, por exemplo, para que o aluno sinta-se motivado a realizar as tarefas que lhes são propostas e assim buscar sua aprendizagem. A importância da família no processo motivacional dos filhos-alunos vai além de fatores externos a mesma pode contribuir com um ambiente seguro e confortável que permita a este aluno desenvolver sua motivação intrínseca compreendida como sendo uma propensão inata e natural dos seres humanos para envolver o interesse individual e exercitar suas capacidades, buscando e alcançando desafios ótimos e proporciona a sensibilidade no aluno de que a participação na tarefa é a principal recompensa, não sendo necessárias pressões externas, internas ou prêmios por seu cumprimento. CONCLUSÃO De acordo com a literatura sobre a motivação no contexto escolar tem se destacado a importância de avaliar se a motivação do aluno é determinada por interesses intrínsecos ou extrínsecos que vão refletir na maneira como o individuo ver o mundo, nas coisas que pensam e nas ações em que se empenham assim o pressuposto básico das teorias abordadas procuram 9
10 explicar o processo de motivação é o de que deve existir um motivo que desencadeia uma ação, que lhe da direção para atingir um objetivo. Nos dias atuais tem-se propagado a importância de estudos voltados à compreender o processo de motivação no contexto escolar, tendo em vista a considerável relevância da mesma para o ensino/aprendizagem do aluno. Diante disso, a ambiência da sala de aula e as ações planejadas desenvolvidas pelo professor contribuem significativamente para desencadear o processo motivacional de cada educando no estudo das disciplinares escolares, dentre elas, a geografia. O apoio e o envolvimento da família contribuem para o desenvolvimento da autonomia do aluno na realização de suas atividades acadêmicas e funcionam como um reforço positivo na realização e no sentimento de competência. Neste sentido não podemos discutir a motivação do aluno e sua aprendizagem sem considerar o papel da família. Uma vez que o estilo motivacional e a participação da mesma na vida escolar do aluno vão interferir significativamente no desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes. Entende-se que esta pesquisa não possui um caráter conclusivo já que a temática deixa alguns questionamentos em aberto como: O sistema escolar tem proporcionado uma situação de aprendizagem que leve em consideração os elementos promotores da motivação intrínseca? Há uma supervalorização das recompensas extrínsecas? O ambiente escolar realiza atividades que promovem a motivação do aluno para aprender? E principalmente qual a postura das famílias no processo de motivação do aluno? Portanto espera-se que as futuras investigações sobre a temática da motivação possam contribuir para melhor compreender o papel da escola e a importância da família na construção de uma aprendizagem efetiva. REFERÊNCIAS ALCARÁ, A. R.; GUIMARÃES, S. E. R. A Instrumentalidade como uma estratégia motivacional. Psicologia Escolar Educacional, v. 11, n.1, p , ALVES, I. P. Escola, família e o aluno trabalhador: a descontinuidade do processo educativo. Revista da FAEEBA, Salvador, n. 11, jan./jun., BORUCHOVITCH, E. A motivação do aluno. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes,
11 BZUNECK, J. A. A motivação do aluno: aspectos introdutórios. In: BORUCHOVITCH, E.; BZUNECK, J. A. (Org.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea Petrópolis: Vozes, 2001, p GENARI, C. H. M. Motivação no contexto escolar e desempenho acadêmico f. Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de educação. Campinas, SP, GUIMARÃES, S. É.; BORUCHOVITCH, E. O estilo motivacional do professor e a motivação intrínseca dos estudantes: uma perspectiva da Teoria da Autodeterminação. Reflexão e Crítica, 2004, p LAHIRE, B. Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável. São Paulo: Ática, LOCATELLI, A. C. D.; BZUNECK,J. A.; GUIMARÃES, S. É. A Motivação de Adolescentes em Relação com a Perspectiva de Tempo Futuro. Paraná, Disponível em: Acesso em: 30 jul LOURENÇO, A. F.; PAIVA, M. O A. de. A motivação escolar e o processo de aprendizagem. Ciências & Cognição, v. 15. Centro de Investigação em Psicologia e Educação (CIPE), Escola Secundária Alexandre Herculano, Porto, Portugal, MARTINELLI, S. de C.; GENARI,C. M. Relações entre desempenho escolar e orientações motivacionais, Disponível em: Acesso em: 30 jul OLIVEIRA, C. B. E. de; ALVES, P. B. Ensino fundamental: papel do professor, motivação e estimulação no contexto escolar. Paidéia, v. 15, n. 31, p , PIOTTO. D. C. A escola e o sucesso escolar: algumas reflexões à luz de Pierre Bourdieu Edição nº 33. UFSJ. Disponível em: Acesso em: 20 de jul TAPIA, J. A.; FITA, E. C. A motivação em sala de aula. O que é como se faz. São Paulo: Edições Loyola, VEIGA, F. H.; ANTUNES, J. Motivação escolar em função da família na adolescência. Revista Galaico-Portuguesa de Psicopedagogia, ZANELLA, L. Aprendizagem: uma introdução. In: LA ROSA, J. (Org.). Psicologia e Educação: o significado do aprender. Porto Alegre: EIPUCRS, 1997, p
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