TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOÃO ALVES DA SILVA DECISÃO MONOCRÁTICA APELAÇÃO CÍVEL N. 048.2009.000261-8/001 RELATOR : Desembargador João Alves da Silva APELANTE : Sérgio Pia dos Santos (Adv. Cláudio Galdino da Cunha) APELADO : Município de Cuitegi (Adv. Carlos Alberto Silva de Melo) APELAÇÃO CÍVEL. DANO MORAL. DEMISSÃO ILEGAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. APLICAÇÃO DO ART. 1 DO DECRETO 20.910/32. TERMO INICIAL. A PARTIR DO FATO DANOSO. APLICAÇÃO DO ART. 557, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. SEGUIMENTO NEGADO AO RECURSO Nas ações do administrado contra o Poder Público, o prazo de prescrição é quinquenal, nos termos do art. 1 a o Decreto 20.910/32, sendo irrelevante se o direito pretendi" baseia-se em nulidade do ato administrativo. Considerando que demissão se deu no ano de 2003 (fato danoso) e que a presente demanda somente foi ajuizada em 2009, conclui-se que transcorreu o quinquídio previsto no art. 1.Q do Decreto 20.910/32, devendo, por tal motivo, ser mantida a sentença de primeiro grau em todos os seus termos. Trata-se de apelação cível interposta por Sérgio Pia dos Santos contra sentença proferida pelo MM. Juízo de Direito da Vara Única da Comarca de Pilões que, nos autos da ação de reparação por danos morais por ele ajuizada em face do Município de Cuitegi, extinguiu o processo com resolução do mérito, por entender que fluiu o prazo prescricional de 03 (cinco) anos. Alega o apelante, em suma, que o prazo para o exercício da pretensão começa a fluir a partir do momento em que se torna exigível a obrigação ou do conhecimento da lesão do direito, ou seja, o prazo prescricional não começa a fluir do ato de demissão arbitrária, mas da sentença que o considerou nulo. Intimada, a parte contrária apresentou contrarrazões (fls.
232/236), suscitando a improcedência do recurso apelatório. A douta Procuradoria de Justiça se absteve de opinar. É o breve relatório. Decido. Colhe-se dos autos que o apelante aforou a presente demanda em abril de 2009, objetivando obter a a indenização por danos morais, por ter sido demitido ilegalmente em julho de 2003. O feito teve seu trâmite regular, sobrevindo a sentença ora guerreada que, conforme relatado, reconheceu a fluência da prescrição trienal. É contra essa decisão que se funda a presente insurreição. De início, esclareço que o Superior Tribunal de Justiça se manifestou, em algumas oportunidades, no sentido de que as ações de indenização por danos morais ajuizadas contra a Fazenda Pública estão sujeitas ao art. 206, 3 2, V, do Código Civil. É verdade, todavia, que aquela Corte reviu esse posicionamento, voltando a entender que as demandas dessa natureza estão sujeitas ao Decreto nq 20.910/1932, cuja regra estabelece que a prescrição do direito de pedir indenização e quinquenal. tema: Sobre o tema, confiram-se os julgados mais recentes sobre o "Trata-se de ação de indenização por dano moral proposta por pessoa acusada de infundado crime de desobediência.2. É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que a prescrição contra a Fazenda Pública, mesmo em ações indenizatórias, rege-se pelo Decreto 20.910/1932, que disciplina que o direito à reparação econômica prescreve em cinco anos da data da lesão ao patrimônio material ou imaterial. Precedentes: REsp 1.197.876/RR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, Me 02/3/2011; AgRg no Ag 1.349.907/MS, Rel. Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, Me 23/212011; e REsp 1.100.7611RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, Dje 23/03/2009. 3. Agravo regimental não provido". 1 "PROCESSUAL CIVIL. ERRO MÉDICO QUE VITIMOU RECÉM-NASCIDO. DANOS MORAIS. PEDIDO FORMULADO EM DESFAVOR DA FAZENDA PÚBLICA. STJ - AgRg no AREsp 7.385/SE - Rel. Min. Benedito Gonçalves Ti j. 16/08/2011 - DJe 19/08/2011.
PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL. ALEGA DA SUSPENSÃO EM FACE DA EXISTÊNCIA DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO INSTAURADO NO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. ART. 4Q DO DECRETO 20.910/32. INAPLICABILIDADE. 1. A existência de procedimento administrativo no Ministério Público Estadual visando assegurar a menor impúbere equipamentos de apoio à sua sobrevivência não configura causa suspensiva da prescrição prevista no artigo 4Q do Decreto 20.910/32 quanto à pretensão de indenização por danos morais movida pela mãe do menor, em face do posterior falecimento deste. 2. Recurso especial a que se nega provimento". 2 "AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. FAZENDA PÚBLICA. DECRETO N. 20.910/32. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. PRECEDENTES DO STJ. - Subsistentes os fundamentos do decisório agravado, nega-se provimento a agravo". 3 "É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que a prescrição contra a Fazenda Pública, mesmo em ações indenizatórias, rege-se pelo Decreto 20.910/1932, que disciplina que o direito à reparação econômica prescreve em cinco anos da data da lesão ao patrimônio material ou imaterial. Precedentes: REsp 1.197.876/RR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda, Turma, DJe 02/3/2011; AgRg no Ag 1.349.907/MS, Rel. Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 23/2/2011; e REsp 1.100.7611RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, Me 23/03/2009". 4 Assim, tendo em vista o entendimento que emana da Corte, Superior, a quem cabe a missão de uniformizar a interpretação da lei federal, entendo que o prazo prescricional a ser aplicado ao caso em comento é o de 5 (cinco) anos. Entretanto, a prescrição continua configurada, já que o termo inicial é a partir do fato danoso, ou seja, começa a contar o prazo prescricional desde o ato de demissão, que se deu em julho de 2003, conforme preceitua o art. 189, do Código Civil, in verbis: "Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os 2 STJ - REsp 1068792/R5 - Rel. Min. Teori Albino Zavascici Ti j. 21/06/2011 - DJe 30/06/2011. 3 STJ - AgRg no Ag 1368353/PR - Rel. Min. César Asfor Rocha T2 - j. 02/06/2011 - DJe 16/06/2011. 4 STI - AgRg no REsp 1106715/PR - Rel. Min. Benedito Gonçalves Ti j. 03/05/2011 - DJe 10/05/2011.
arts. 205 e 206." A jurisprudência também entende no mesmo sentido: "É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de 'que a prescrição contra a Fazenda Pública, mesmo em ações indenizatórias, rege-se pelo Decreto 20.910/1932, que disciplina que o direito à reparação econômica prescreve em cinco anos da data da lesão ao patrimônio material ou imaterial. Precedentes: REsp 1.197.876/RR, Rel. Minis tro Herman Benjamin, Segunda Turma, Ene 02/3/2011; AgRg no Ag 1.349.907/MS, Rel. Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 23/212011; e REsp 1.100.761/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, Dje 23/03/2009". 5 "AÇÃO DE COBRANÇA Servidores Públicos Municipais Retenção de salários referentes ao mês de dezembro de 2004 e parcelas do 13Q salários do período correspondente Demanda ajuizada após o decurso do prazo de 05 (cinco) ano Pretensão abarcada pela prescrição Reforma da sentença Improcedência da ação Aplicação do art.557, parágrafo 1 9, do CPC Provimento monocrático do recurso. "As dividas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem"(art.1q do Decreto W.20.910/32). Vistos, etc. Por todo o exposto, estando a pretensão autoral abarcada pela prescrição, MONOCRATICAMENTE, com fulcro no art.557, 1 do Código de Processo Civil, DOU PROVIMENTO ao recurso apelatório para, reformando a sentença impugnada, julgar improcedente a pretensão autoral, extinguindo o feito com julgamento do mérito."' "APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PRESCRIÇÃO TRIENAL PARA EXERCÍCIO DO DIREITO DE AÇÃO RECONHECIDA DE OFÍCIO PELO JUÍZO SINGULAR. POSSIBILIDADE. INICIO DA CONTAGEM A PARTIR DO EVENTO DANOSO. CASO CONCRETO. APELAÇÃO 5 STJ - AgRg no REsp 1106715/PR - Rel. MM. Benedito Gonçalves Ti j. 03/05/2011 - DJe 10/05/2011. 6 I J.1 B AC 107.2010.000019-21001 Rel. Dr. Ricardo Vital de Almeida (Juiz convocado para substituir o Des. Manoel Soa res Monteiro) DJ 17/01/2011.
DESPROVIDA. UNÂNIME."' Dessa maneira, considerando que a demissão se deu em julho de 2003 e que a presente demanda somente foi ajuizada em abril de 2009, conclui-se que transcorreu o quinquídio previsto no art. 1 do Decreto 20.910/32, devendo, por tal motivo, ser mantida a sentença de primeiro grau em todos os seus termos. Ante o exposto, levando em conta a jurisprudência dominante do STJ e deste Tribunal, com fulcro no caput do art. 557 do Código de Ritos, nego seguimento ao recurso. Publique-se. Intime-se. João Pessoa, 17 de jan o de 2012. P Desembargad.a Alves da Silva 7 Apelação Cível N 70029329919, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leo Romi Pilau Júnior, Julgado em 15/12/2011