- A PBPREV é autarquia previdenciária estadual

Transcrição

1 AC no /001 1 Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL No /001 - CAPITAL RELATOR: Juiz Marcos William de Oliveira, convocado, em substituição à Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira APELANTE: Estado da Paraíba, representado por seu Procurador, Paulo Barbosa de Almeida Filho APELADA: Ana Lúcia de Figueiredo Guilherme ADVOGADO: Júlio César da Silva Batista APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRELIMINAR. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DO ESTADO DA PARAÍBA. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. - A PBPREV é autarquia previdenciária estadual criada por lei específica, responsável pelo gerenciamento do regime próprio dos servidores públicos do Estado da Paraíba, incluindo os descontos previdenciários. Assim, tendo essa autarquia legitimidade para figurar no polo passivo da demanda, há de ser excluído da lide o Estado da Paraíba, que possui personalidade jurídica distinta do ente autárquico. - Preliminar acolhida para declarar-se a ilegitimidade passiva do Estado da Paraíba, excluindo-o do litígio. Por conseguinte, resta prejudicada a análise das demais questões de mérito suscitadas na apelação.

2 AC no /001 2 VISTOS, relatados e discutidos estes autos. ACORDA a Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, por maioria, acolher a preliminar de ilegitimidade passiva do Estado da Paraíba, restando prejudicado o mérito recursal. Trata-se de apelação cível interposta pelo ESTADO DA PARAíBA contra sentença prolatada pelo Juízo de Direito da 6a Vara da Fazenda Pública da Capital que, nos autos da ação ordinária de restituição de contribuição previdenciária movida por ANA LÚCIA DE FIGUEIREDO GUILHERME em face da PBPREV e do apelante, julgou procedente em parte o pedido, para condenar os réus a restituir os valores recolhidos a título de contribuição previdenciária incidente sobre o terço de férias, referentes ao quinquênio anterior à data do ajuizamento da ação. O apelante arguiu, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva, pois a PBPREV é quem seria a responsável por gerir o sistema previdenciário dos servidores do Estado da Paraíba. Como prejudicial de mérito aduziu a prescrição bienal do art. 206, 2 0 do Código Civil. No mérito, alegou que, diante do caráter remuneratório do adicional de férias, e dos princípios da solidariedade e da contributividade da previdência, há normal incidência da contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias (fls ). O apelado apresentou contrarrazões, pugnando pelo desprovimento do recurso (fls ). A Procuradoria de Justiça, instada a manifestar-se, opinou peio provimento do recurso, para reconhecer-se a ilegitimidade do Estado da Paraíba, excluindo-o da lide (fls ). É o relatório.

3 AC no /001 3 VOTO: Juiz MARCOS WILLIAM DE OLIVEIRA Relator O Estado da Paraíba suscita, em preliminar, sua ilegitimidade passiva ad causam, prefaciai que deve ser acolhida. Entendo que a PBPREV é a única parte legítima para ocupar o polo passivo da demanda, pois é autarquia previdenciária estadual, criada por lei específica, responsável pelo gerenciamento do regime próprio dos servidores públicos do Estado da Paraíba. Sendo a referida autarquia integrante da Administração Pública Indireta, possui personalidade jurídica própria e distinta do Estado da Paraíba, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Sua função precípua é gerir o sistema previdenciário estadual. Portanto, possui uma relação jurídica com os servidores públicos do Estado, estando apta a figurar como parte em juízo, discutindo o direito material objeto da relação, até porque somente ela é capaz de restituir os valores descontados indevidamente a título de contribuição previdenciária, já que é quem gerencia esses montantes a serem revertidos em benefícios previdenciários. Desse modo, a PBPREV possui legitimidade para figurar no polo passivo da presente lide, não existindo a obrigatoriedade de o Estado da Paraíba integrar o feito, pois se trata de ente público com personalidade distinta de sua autarquia, como já afirmado. Nesse ínterim, sobre a autarquia ré é que recaem os encargos relativos aos descontos previdenciários dos servidores estaduais. O STJ já reconheceu a legitimidade passiva dos institutos de previdência para figurarem nas ações deste tipo, em razão da autonomia administrativa e financeira, conforme se observa dos seguintes julgados: TRIBUTÁRIO CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA INATIVOS DESCONTO DE PROVENTOS MANDADO DE SEGURANÇA AUTORIDADE COATORA GOVERNADOR DE ESTADO ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. [...] 2. De acordo com entendimento do Min. Castro Meira, no julgamento do REsp /BA, o Estado da Bahia

4 AC no /001 4 seguiu a orientação que tem sido comum nas diversas unidades federativas, ao descentralizar o serviço previdenciário dos servidores sob o regime fundacional ou autárquico, o que afasta a legitimidade passiva do Governador do Estado para responder pela prática de atos relativos às contribuições previdenciárias. Agravo regimental improvido. 1 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA. IPESC. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SERVIDORES ESTADUAIS INATIVOS. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO SECRETÁRIO DE ESTADO DA FAZENDA. [...] 3. O Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina IPESC, constitui autarquia estadual, criada pela a Lei Estadual 3.138/62 com capacidade tributária ativa, capacidade processual própria e legitimidade ad causam para figurar no pólo passivo das ações que tem por objeto os descontos na folha de pagamento de servidores inativos daquele Estado, decorrente da incidência de contribuição previdenci ária, restando inadmissível qualquer pleito dessa natureza direcionado aos Secretários de Estado ou Governador. 2 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. GOVERNADOR DO ESTADO E SECRETÁRIO DE ESTADO. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. 1. O Governo do Estado e seus órgãos centralizados não possuem legitimidade para figurar no pólo passivo da ação ajuizada contra ato de cobrança de contribuição previdenciária, de atribuição do Instituto de Previdência do Estado, autarquia dotada de personalidade jurídica própria, capacidade processual, autonomia administrativa, econômica e financeira.' Ante o exposto, acolho a preliminar de ilegitimidade passiva ad causam, para excluir o Estado da Paraíba da demanda, AgRg no REsp /BA, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 04/08/2009, DJe 17/08/ EREsp /SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Corte Especial, julgado em 20/05/2009, DJe 08/06/ EREsp /SC, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Corte Especial, julgado em 15/10/2008, D3e 13/11/2008.

5 AC no /001 prosseguindo esta apenas em face da PBPREV, restando prejudicado o mérito recursal. 5 É como voto. Presidiu a Sessão o Excelentíssimo Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE, julgamento com que participou do ESTE RELATOR (Juiz de Direito Convocado, em substituição à Excelentíssima Desembargadora MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA) e com a Excelentíssima Juíza de Direito DAS GRAÇAS MORAIS GUEDES MARIA (Revisora, convocada, em substituição à Excelentíssima Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI). Presente à Sessão a Excelentíssima Doutora FÁTIMA MAIA DE FARIAS, Procuradora de Justiça. LÚCIA DE Sala de Sessões da Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da par íba, em João Pessoa/PB, 06 de março de Juiz MARQWfçl N DE OLIVEIRA Re tor

6 TRIBUNAL DE JUSTIÇA Diretoria Jud'ciária Registrado em 2.