ACÓRDÃO. -náj~ AC no /001

Transcrição

1 -náj~ -,7,7 g5 Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL No /001 - CAMPINA GRANDE RELATOR: Juiz Ricardo Vital de Almeida, convocado, em substituição à Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira APELANTE: Raquel dos Santos Silva ADVOGADAS: Olinda Sammara de Lima Aguiar e Gilvânia Maciel Virginio APELADA: BCP S/A (Claro Celular) ADVOGADOS: Rossana Bitencourt Dantas e outros APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO. SERVIÇO DE TELEFONIA MÓVEL. HABILITAÇÃO E POSTERIOR MUDANÇA DE PREFIXO. COBRANÇA SOBRE PREFIXO NÃO HABILITADO NA PRIMEIRA FATURA. CORREÇÃO POSTERIOR. PAGAMENTOS ATRASADOS APÓS O FECHAMENTO DAS FATURAS. COBRANÇA DÚPLICE. VICIO DO SERVIÇO INEXISTENTE. CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR. DESPROVIMENTO. - A responsabilidade do fornecedor de serviços é objetiva, mas ele não será responsabilizado quando for comprovado que os eventuais danos resultaram de culpa exclusiva do consumidor, nos termos do art. 14, 3, II do CDC. - Demonstrado que o corte no fornecimento do serviço de telefonia móvel ocorreu por causa de atrasos da consumidora, que não pagou em tempo hábil as respectivas faturas, não existe obrigação

2 2 indenização por parte da empresa operadora, tampouco a repetição de indébito. VISTOS, relatados e discutidos estes autos. ACORDA a Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, negar provimento à apelação. Trata-se de recurso apelatório interposto por RAQUEL DOS SANTOS SILVA contra sentença proferida pelo Juízo de Direito da 8a Vara Cível de Campina Grande que, nos autos da ação de repetição do indébito c/c indenização, movida em face da BCP S/A (CLARO), julgou improcedente o pedido formulado na exordial. Nas suas razões recursais (fls ), a apelante aduz que: a) o atraso no pagamento das faturas do serviço de telefonia móvel deu-se pelo fato de ter constatado divergência de valores e cobrança em duplicidade; b) apesar de a operadora suspender os serviços, continuou com as cobranças, provocando-lhe constrangimentos; c) utilizava a linha telefônica no seu trabalho, de modo que com a interrupção do serviço ficou incomunicável. A apelada apresentou contrarrazões (fls ), pugnando pelo desprovimento do recurso. Neste grau de jurisdição, instada a manifestar-se, a Procuradoria de Justiça opinou pelo desprovimento do apelo (fls ). É o relatório. VOTO: Juiz Ricardo Vital de Almeida RELATOR Os autos historiam que a recorrente celebrou contrato com a recorrida para a aquisição de uma linha telefônica e um aparelho celular, sob

3 3 número , sendo que, após essa compra, foi informada de que não havia sido possível habilitar-se a linha, motivo pelo qual trocou o número para Alega que, posteriormente, recebeu a primeira fatura para pagamento, referente ao número , e, por isso, entrou em contato com a operadora para informar o erro, sendo alertada de que deveria pagar a conta e, na fatura do mês seguinte, o número seria trocado. Porém, em abril de 2005, recebeu indevidamente duas faturas no número e, em julho de 2007, teve seu telefone abruptamente coitado. Já em meados de 2006, voltaram a ser cobrados valores que não são da conta da apelante, seguidos de advertências de que, se não houvesse pagamento, seu nome seria lançado no cadastro de restrição ao crédito, o que a levou a proceder ao pagamento das faturas dúplices. Sustenta que tal fato se repetiu outras vezes. Pois bem, da leitura que se faz dos autos, depreende-se que' não assiste razão alguma à recorrente, de modo que a sentença hostilizada não merece reparos. Ao consumidor que contrata com empresa de telefonia deve ser dispensado um serviço de qualidade, sem defeitos, e que não lhe acarrete prejuízos, sob pena de o fornecedor responder objetivamente pelos prejuízos causados, nos termos dos arts. 14 e 20 do CDC, In verbis. Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: [...]. Por outro lado, o mesmo CDC dispõe que o fornecedor só não será responsabilizado pelo defeito do serviço se: a) o suposto defeito inexiste; b) for provocado por culpa exclusiva da vítima ou de terceiro

4 4 É nesse sentido a redação dos incisos I e II do 3 0 do art. 14 do citado Códex. Vejamos: Art. 14. [...] 3 0 O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. O inciso II do. 3 do citado art. 14 encaixa-se perfeitamente no caso dos autos, uma vez que os danos que a apelante aduz ter sofrido decorreram exclusivamente de culpa sua, como bem ressaltou a sentença recorrida. Analisando o caderno processual, observa-se que a apelante pagou algumas de suas faturas com atraso e restou inadimplente em relação a outras, o que ocasionou o corte no fornecimento do serviço de telefonia. Portanto, não realizando o pagamento das faturas no prazo certo, ocasionou as cobranças dúplices, pois o pagamento das faturas anteriores se dava após o fechamento do ciclo de cobrança. A apelante costumava pagar suas faturas fora do prazo, conforme se constata às fls , o que dava margem para a operadora apelada emitir a fatura do mês seguinte com a cobrança dúplice, haja vista a impossibilidade de conhecer do pagamento com retardo, em razão de realizar-se após o fechamento da fatura seguinte. Além disso, as faturas anexadas às fls , que cobram em duplicidade, nem sequer foram pagas, pois não há qualquer autenticação ou documento emitido pelo caixa eletrônico do banco revelando sua quitação. Portanto, não há como a apelante pleitear a repetição do indébito se não existe prova do pagamento. Por sua vez, às fls. 27, existe a fatura cobrando um valor de R$ 108,36 (cento e oito reais e trinta e seis centavos), mas esta quantia refere-se ao período de 03/12/2006 a 02/01/2007. Às fls. 26, existe também outra fatura, sem comprovação de pagamento, referente ao período de 03/11/2006 a 02/12/2006.

5 5 A única fatura que apresenta quantia superior à da assinatura é a de fls. 27, no valor de R$ 108,36, conforme dito. Mas isso está justificado, pois não há nos autos prova do pagamento da fatura referente ao período anterior a 03/12/2006, com vencimento em 20/11/2006. Sendo assim, a cobrança da conta de fls. 27 é devida, em razão da falta de pagamento da fatura antecedente, não havendo que se falar em repetição do indébito. No que diz respeito à responsabilidade civil da apelada pelo dano moral, em razão do corte no fornecimento dos serviços, também não merece reforma a sentença, diante da ausência de conduta ilícita da recorrida. A Constituição Federal de 1988, no artigo 5, inciso X, assegura o direito à indenização pelo dano moral decorrente de violação à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas. Eis a acepção de dano moral na jurisprudência pátria: Entende-se por dano moral a lesão a um bem jurídico integrante de própria personalidade da vítima, como a sua honra, imagem, saúde, integridade psicológica, causando dor, tristeza, vexame e humilhação à vítima.' Estou persuadido de que, no presente caso, não existiu dano moral, uma vez que não houve mácula à honra, à imagem e, sobretudo, à tranquilidade da ora apelante em decorrência de conduta da apelada, que agiu no exercício regular de um direito, pois, diante da inadimplência da consumidora, teve de proceder ao corte no fornecimento do serviço de telefonia. Ante o exposto, nego provimento à apelação, mantendo incólume a sentença vergastada. É como voto. Presidiu a Sessão a Excelentíssima Desembargadora MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA. Participaram do julgamento ESTE RELATOR (Juiz de Direito convocado, com jurisdição limitada, para substituir a Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira), o Excelentíssimo Juiz ALEXANDRE TARGINO GOMES FALCÃO (Revisor, convocado para substituir a Excelentíssima Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI) e a Excelentíssima Juíza VANDA ELIZABETH MARINHO I TRF 2a Região 5a Turma; Apelação Cível no /RJ Rel. Desembargadora Federal Tanyra Varga \ ; ç '-'sçc)

6 6 (convocada para substituir o Excelentíssimo Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE). Presente ao julgamento o Excelentíssimo Doutor FRANCISCO SAGRES MACEDO VIEIRA, Procurador de Justiça. Sala de Sessões da SginiTmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em J o Pessoa/P, 04 de outubro de Juiz Ricardo Vital de RELATOR eida

7 (7- segtypwrir s o iro.zlilfi :ttf