TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA - TRUJ

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1 Página 1 de 8 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL - 5a. REGIÃO Cais do Apolo, s/n - Edifício Ministro Djaci Falcão, 15o. Andar - Bairro do Recife - Recife - PE TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA - TRUJ Imprimir INFORMACÕES SOBRE ESTE DOCUMENTO Nr. do Processo RecorrenteRAIMUNDO LUIZ DOS SANTOS INSS - INSTITUTO NACIONAL DO Data da Inclusão 02/12/ :17:22 Recorrido SEGURO SOCIAL (Juazeiro) Usuário que Anexou Wesley Lavoisier de Barros Nascimento - TR/SE (Servidor) Juiz(a) que validou Juiz Federal Carlos Rebêlo Júnior EMENTA: SEGURIDADE SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO IDOSO. INAPLICABILIDADE DO DECRETO /32. PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS. Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal pelo Instituto Nacional da Seguridade Social contra acórdão da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará. O Juiz sentenciante concedeu o benefício de amparo social ao portador de deficiência física desde a data do requerimento

2 Página 2 de 8 VOTO administrativo, 06 (seis) de abril de A ação foi ajuizada em 09 (nove) de agosto de Sustenta o INSS que se deveria reconhecer a prescrição do fundo do direito, pois a ação foi ajuizada 23/08/ mais de cinco após o indeferimento administrativo 24/06/2004 portanto, dever-seia aplicar o prazo de 5 (cinco) expresso no decreto /32. Aos benefícios assistenciais de prestação continuada e de natureza alimentícia, não se aplica a prescrição de fundo de direito, em razão de haver sido ou não negado o direito na via administrativa. Há a prescrição apenas das parcelas anteriores a 5 (cinco) anos da data do ajuizamento da ação. Pedido de Uniformização indeferido.

3 Página 3 de 8 I. Relatório Trata-se de Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal dirigido à Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais da 5ª Região, proposto pelo Instituto Nacional da Seguridade Social contra acórdão da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará. O Juiz sentenciante concedeu o benefício de amparo social ao portador de deficiência física desde a data do requerimento administrativo, 06 (seis) de abril de 20004, sentença mantida pela 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Ceará. A ação foi ajuizada em 09 (nove) de agosto de Sustenta o INSS que se deveria reconhecer a prescrição do fundo do direito, pois a ação foi ajuizada 23/08/ mais de cinco após o indeferimento administrativo 24/06/2004 portanto, dever-se-ia aplicar o prazo de 5 (cinco) expresso no decreto /32. O laudo pericial, em âmbito judicial, informa que à época do pedido administrativo (2004), já existia a incapacidade (início em 1998). Fls. 08. II. Fundamentação É de observar-se que as ações pessoais movidas pelos particulares contra as pessoas jurídicas de direito público estão sujeitas às determinações da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça que possui a seguinte redação: Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição

4 Página 4 de 8 atinge apenas as prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação. A Súmula nº 85, acima transcrita, relativiza, sem qualquer dúvida, o rigor do artigo 1º do Decreto nº /32, permitindo que esse atinja, apenas, as prestações já vencidas há mais de cinco anos, mantendo, intacto, o fundo de direito, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado. Ressalte-se que quando o INSS se rejeitou o pedido administrativo, não negou o próprio direito do requerente, mas apenas, disse que ele não preenchia os requisitos para a concessão do benefício assistencial, são duas situações diferentes. Diferentemente ocorreu no presente caso, a negativa não foi do direito. Esse existia, o que não existiu, segundo o INSS, é o preenchimento da condição para a concessão do benefício assistencial. Nesse caso, o INSS não poderá argüir, quando do novo requerimento administrativo, que tal matéria já fora apreciada, anteriormente, até porque é uma situação rebus sic stantibus, que pode se alterar diante das mudanças fáticas. É o que acontece, similarmente, com a ação de alimentos, onde a própria lei diz que a decisão não transita em julgado, por não existir a negativa do direito, mas apenas, o não preenchimento das condições para a concessão ou revisão dos alimentos. Outro detalhe importante a ser ressaltado no que se refere à Súmula nº 85 do Superior Tribunal de Justiça é que essa possui aplicabilidade, apenas, nas ações pessoais de trato sucessivo, ou seja, àquelas em que as obrigações da Fazenda Pública se vençam periodicamente, como ocorre nos casos de revisão de remunerações, aposentadorias ou pensões. Portanto, não se pode falar em prescrição de fundo de direito. Permanecerá viva a pretensão para requerer o mesmo

5 Página 5 de 8 benefício que lhe fora negado, anteriormente. Ou seja, sequer haverá a prescrição da pretensão do direito, pois essa subsistirá. Portando, o que haverá, tão somente, é a prescrição das parcelas. Entendo ser inaplicável aos benefícios de trato sucessivo o art. 1º do Decreto /32, devendo prescrever apenas as parcelas vencidas no prazo de 5 (cinco) anteriores ao ajuizamento da ação. DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. REINÍCIO DO PRAZO A PARTIR DA DATA EM QUE A ADMINISTRAÇÃO NEGOU O PEDIDO. PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AO QÜINQÜÊNIO QUE ANTECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. OCORRÊNCIA. SÚMULA 85/STJ. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. 1. O requerimento administrativo suspende o prazo prescricional, nos termos do art. 4º do Decreto /32, reiniciando-se a contagem do prazo na data da negativa do pedido. Precedentes. 2. Hipótese em que, ainda que não computado o período em que o prazo prescricional esteve suspenso, entre 11/5/97 (data da interposição do

6 Página 6 de 8 requerimento administrativo formulado pelos recorridos) e 14/7/98 (data em que houve indeferimento do pedido pela Administração), é de rigor reconhecer a ocorrência da prescrição das parcelas pleiteadas, uma vez que houve o transcurso de prazo superior a 5 (cinco) anos, nos termos dos arts. 1º, 2º e 3º do Decreto /32 e da Súmula 85/STJ. 3. Recurso especial conhecido e provido. (g.n) (STJ. Resp Rel. DJ 02/06/2008. Arnaldo Esteves Lima). EMENTA PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. AMPARO SOCIAL. PRESCRIÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PRESTAÇÃO CONTINUADA. NATUREZA ALIMENTÍCIA. NÃO APLICÁVEL A PRESCRIÇÃO DE FUNDO DE DIREITO. PARCELAS DEVIDAS E NÃO QUITADAS NO QÜINQÜENIO ANTERIOR AO AJUIZAMENTO DA DEMANDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO RECURSO. 1. A decisão recorrida, ao conjurar prefacial de prescrição de fundo de direito, contraria a Súmula nº 85 do Superior Tribunal de Justiça, ensejando hipótese de conhecimento do pedido de

7 Página 7 de 8 uniformização. 2. Sendo os benefícios assistenciais de prestação continuada e de natureza alimentícia, não se aplica a prescrição de fundo de direito, em razão de haver sido ou não negado o direito na via administrativa, de modo que ao ingressar em juízo, e, restando reconhecida a incapacidade total para o exercício de atividade laborativa desde a data em que cancelado o primeiro benefício, faz jus a perceber as parcelas não prescritas e não quitadas, relativas ao qüinqüênio anterior ao ajuizamento da ação. 3. Recurso conhecido e provido. (TNU, PEDILEF , Rel. Juiz Federal Edilson Pereira Nobre Júnior, DJ ) III. Disposição Ante o exposto, CONHEÇO o Pedido de Uniformização, PARA LHE NEGAR PROVIMENTO, uniformizando a interpretação de que não incide o prazo qüinqüenal expresso no Decreto /32, quando se busca a concessão de benefício previdenciário, mesmo que transcorrido o prazo de 5 (cinco) anos entre a data do indeferimento administrativo e a data do ajuizamento da ação. É como voto. de Recife/PE, 13 de dezembro Juiz Federal CARLOS REBÊLO JÚNIOR Relator

8 Página 8 de 8 ACÓRDÃO Decide a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência da 5ª Região, à unanimidade, conhecer e negar provimento ao incidente de uniformização nos termos do voto do relator. de Recife/PE, 13 de dezembro Juiz Federal CARLOS REBÊLO JÚNIOR Relator Visualizado/Impresso em 11 de Julho de 2012 as 12:04:06