PROCESSO: RTOrd

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1 ACÓRDÃO 9ª Turma PROCESSO: RTOrd MUDANÇA DE REGIME. CLT PARA ESTATUTÁRIO. VERBAS RESILITÓRIAS. A mudança do regime jurídico que não importa em desligamento definitivo, não implica o pagamento de aviso prévio e indenização compensatória de 40% do FGTS. Tampouco é devida a multa prevista no art. 477 da CLT, uma vez que não houve ausência de cumprimento de qualquer obrigação fora do prazo fixado em lei. Recurso a que se dá parcial provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário em que são partes: GUARDA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO (Dr. Procuradoria Municipal do Rio de Janeiro), como recorrente e CELSO PIRES DA SILVA (Dr. Ricardo de Lima Costa, OAB/RJ D), como recorrido. Insurge-se a reclamada em face da r. sentença de fls. 244/247, proferida pelo MM. Juízo da 28ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, da lavra da Exma. Juíza Denise Mendonça Vieites, que julgou procedentes em parte os pedidos contidos na petição inicial. Pretende a recorrente a reforma da decisão quanto aos pleitos de aviso prévio, multa do art. 477 da CLT e indenização compensatória de 40% do FGTS. Caso mantida a condenação, requer a aplicabilidade dos termos do art. 1º-F da Lei 9494/97 quanto aos juros de mora. Custas inexigíveis nos termos do disposto no Decreto-Lei 779/

2 Contrarrazões às fls. 255/257, pela manutenção do julgado a quo. O douto Ministério Público do Trabalho, em parecer de fls. 263/264, da lavra do Dr. Fabio Luiz Vianna Mendes, provimento parcial do recurso apenas para reduzir os juros de mora impostos pela condenação. É o relatório. DO CONHECIMENTO admissibilidade. Conheço do recurso ordinário por preenchidos os pressupostos de MÉRITO EXTINÇÃO DO CONTRATO MUDANÇA DE REGIME - VERBAS RESILITÓRIAS O Juízo primeiro deferiu os pedidos de aviso prévio, multa do art. 477 da CLT e indenização compensatória de 40% do FGTS com base no disposto na Súmula 382 do C. TST, segundo a qual A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime. - fl. 245 A recorrente sustenta que por força da Lei Complementar nº 100 de foi extinta a Empresa Municipal de Vigilância e criada a Guarda Municipal do Rio de Janeiro, passando o regime dos servidores a ser estatutário; que a transmudação do regime não implica na extinção do contrato de trabalho, mas mera alteração conceitual de uma relação jurídica que remanesce; que a aplicação dos termos da Súmula 382 é equivocada, uma vez que a mesma se refere apenas a questão do prazo prescricional, não permitindo inferir que a extinção do contrato de trabalho por mudança de regime se equivale a uma dispensa sem justa causa. Com parcial razão

3 Com efeito, a mudança do regime contratual para estatutário não importou em desligamento dos empregados, não havendo que se falar em pagamento de aviso prévio e indenização compensatória de 40% do FGTS. Tampouco faz jus o autor à multa prevista no art. 477 da CLT, uma vez que não houve ausência de cumprimento de qualquer obrigação fora do prazo fixado em lei. Mantém-se tão-somente a condenação referente à liberação dos depósitos vertidos à conta vinculada ao FGTS (alínea 'f' da inicial), referente ao período anterior à mudança de regime, uma vez que não transcorrido o prazo de três anos a que alude o inciso VIII do art. 20 da Lei n 8.036/1990. Neste sentido as seguintes decisões do C. TST, verbis: (...) MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. LIBERAÇÃO DO FGTS. ART. 20, VIII, DA LEI Nº 8.036/90. TRANSCURSO DO PRAZO DE 3 ANOS. PERDA DO OBJETO. 1. O Tribunal Regional deu provimento ao recurso ordinário interposto pela Reclamante, para determinar a liberação dos depósitos realizados na conta vinculada ao FGTS. 2. Ultrapassados mais de três anos da transposição da Reclamante do regime celetista para o estatutário, ocorrida com a vigência da Lei Municipal nº 46, em 11/05/2006, a presente ação perdeu seu objeto, pois o saque do FGTS encontra-se autorizado nos termos do inciso VIII do art. 20 da Lei n 8.036/1990. Decreta-se a extinção do processo, sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, VI, do CPC. MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. VERBAS RESCISÓRIAS. MULTA DE 40% DO FGTS E MULTA PREVISTA NO ART. 477 DA CLT. 1. O Tribunal Regional deu provimento ao recurso ordinário

4 interposto pela Reclamante, para condenar o Reclamado ao pagamento da multa de 40% sobre o saldo do FGTS e da multa prevista no art. 477 da CLT, sob o fundamento de que a transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica a extinção do contrato de trabalho. 2. O pagamento da multa de 40% do montante dos depósitos do FGTS realizados na conta vinculada não é devido na hipótese de mudança de regime celetista para estatutário, porquanto, embora implique a extinção do contrato de trabalho, não há descontinuidade na prestação dos serviços. Também não é devida a multa prevista no art. 477 da CLT, pois, no caso de alteração de regime, o empregado continua prestando serviços ao mesmo empregador, vinculado por uma relação jurídica diversa, sem direito a nenhuma verba rescisória. Precedentes desta Corte. Recurso de revista a que se dá provimento. (...) - (TST - 4ª Turma - RR DJ 22/06/2011) AGRAVO DE INSTRUMENTO. MUDANÇA DO REGIME JURÍDICO DE CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. PAGAMENTO DE VERBAS RESCISÓRIAS. LEVANTAMENTO DOS DEPÓSITOS DO FGTS. A alegação de contrariedade à Súmula nº 178 do extinto TRF não impulsiona a revista, ao teor do art. 896 da CLT. Também não prospera a indicação de contrariedade à Súmula 382 do TST, uma vez que esta trata da prescrição em decorrência da mudança de regime jurídico, de celetista para estatutário, e não do direito a verbas rescisórias, que é o caso dos autos. Quanto à divergência jurisprudencial, verifica-se que os paradigmas transcritos são inservíveis para cotejo de teses, visto que

5 oriundos de Turmas do TST, ou do próprio Tribunal prolator do acórdão recorrido, órgãos não enumerados no art. 896, a, da CLT. Agravo de instrumento a que se nega provimento. - (TST - 5ª Turma - AIRR DJ 02/06/2010) RECURSO DE REVISTA. MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. pagamento de VERBAS RESCISÓRIAS. CABIMENTO. A Súmula 382 prevê que a transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime. Consoante o quadro fático delineado pela Corte de origem, o reclamante continuou prestando serviços para a reclamada, vinculado por relação jurídicoadministrativa. Assim, não há falar em pagamento de verbas rescisórias, tais como o aviso prévio, multa do art. 477 da CLT e multa de 40% do FGTS, visto que não configurada a situação ensejadora destes direitos - a dispensa imotivada -, a que as respectivas normas legais visam a proteger. Recurso de revista conhecido e provido. - (TST - 3ª Turma - RR DJ 03/06/2009 ) Dou parcial provimento CONCLUSÃO Pelo exposto, CONHEÇO do recurso ordinário e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, para excluir da condenação o aviso prévio, indenização compensatória de 40% do FGTS e multa prevista no art. 477 da CLT, mantendo-se, todavia a condenação referente à liberação dos depósitos vertidos à conta vinculada

6 ao FGTS (alínea 'f' da inicial), referente ao período anterior à mudança de regime de celetista para estatutário, uma vez que não transcorrido o prazo de três anos a que alude o inciso VIII do art. 20 da Lei n 8.036/1990..nos termos da fundamentação supra. A C O R D A M os Desembargadores que compõem a 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, nos termos da fundamentação do voto da Exma. Srª Relatora, CONHECER do recurso ordinário e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO para excluir da condenação o aviso prévio, indenização compensatória de 40% do FGTS e multa prevista no art. 477, da CLT, mantendo-se, todavia a condenação referente à liberação dos depósitos vertidos à conta vinculada ao FGTS (alínea 'f' da inicial), referente ao período anterior à mudança de regime de celetista para estatutário, uma vez que não transcorrido o prazo de três anos a que alude o inciso VIII, do art. 20, da Lei n 8.036/1990. Rio de Janeiro, 24 de Julho de Desembargadora Federal do Trabalho Claudia de Souza Gomes Freire Relatora Rej