Objetivos da quarta aula da unidade 5: Estudar os medidores de vazão tipo bocais de fluxo

Documentos relacionados
Experiência. Bocal convergente

Experiência. Medidores de vazão

Décima quarta aula. Aplicações da equação da continuidade e da energia


4.6. Experiência do tubo de Pitot

Objetivos da segunda aula da unidade 5:

Décima primeira aula. Segundo semestre de 2015

Experiência. Medidores de vazão

Experiência. Bocal convergente

A U L A 2. Capítulo 3 : Introdução a cinemática dos Fluidos. Importante lembrar que não existem só condutos forçados!

TUBO DE PITOT 1 INTRODUÇÃO

Capítulo 4 Equação da energia para escoamento permanente

Hidrodinâmica. Profª. Priscila Alves

4º Laboratório de EME 502 MEDIDAS DE VAZÃO

Capítulo 4: Equação da energia para um escoamento em regime permanente

FENÔMENOS DE TRANSPORTES AULA 7 E 8 EQUAÇÕES DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE

EXPERIMENTO 03. Medidas de vazão de líquidos, utilizando Rotâmetro, Placa de orifício e Venturi. Prof. Lucrécio Fábio

PROJETO DE UMA INSTALAÇÃO DE BOMBEAMENTO BÁSICA RAIMUNDO FERREIRA IGNÁCIO

LOQ Fenômenos de Transporte I

Aplicando a equação de Bernoulli de (1) a (2): A equação (1) apresenta quatro (4) incógnitas: p1, p2, v1 e v2. 2 z

Curso Básico. Mecânica dos Fluidos. Unidade 5

Mecânica dos Fluidos. Perda de Carga

Hidráulica Aula 3 35

Experiência 6 - Perda de Carga Distribuída ao Longo de

AULA 6 ESCOAMENTO PERMANENTE DE FLUIDO INCOMPRESSÍVEL EM CONDUTOS FORÇADOS. Prof. Geronimo Virginio Tagliaferro

Escoamento completamente desenvolvido

Primeira aula curso semestral de Mecânica dos Fluidos

LOQ Fenômenos de Transporte I

Perda de Carga. Representa a Energia Mecânica convertida em Energia Térmica; Expressa como a perda de pressão

Fenômenos de Transporte

AULA 7 EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE. Prof. Geronimo Virginio Tagliaferro

Laboratório de Engenharia Química I Aula Prática 05. Medidas de vazão em líquidos mediante o uso da Placa de Orifício, Venturi e Rotâmetro.

Universidade Federal do Pampa UNIPAMPA. Fluidos Hidrostática e Hidrodinâmica

Fenômenos de Transporte Aula- Equação da energia

Calcule a pressão p 1

Mecânica dos Fluidos

Escoamento interno viscoso e incompressível

Conservação da energia em forma integral

Hidráulica II (HID2001) 1 DISPOSITIVOS HIDRÁULICOS

Experiência de Reynolds.

HGP Prática 8 30/1/ HIDRÁULICA GERAL PRÁTICA N 8

N B. N global. N m. Em relação a bomba hidráulica IMPORTANTE: 1. Em um trecho sem máquina o fluido sempre escoa da maior carga para a menor carga

Sólido. Centro Federal de Educação Tecnológica CEFET-SP. Mecânica dos fluidos

HIDROMET RIA ORIFÍCIOS E BOCAIS

Experiência. Bocal convergente

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ENGENHARIA QUÍMICA LOQ4085 OPERAÇÕES UNITÁRIAS I

Nona aula de laboratório de ME5330

Disciplina: Instrumentação e Controle de Sistemas Mecânicos. Mensuração da Vazão Parte 1

Introdução. ücalor transferido a um dispositivo(caldeira ou compressor); ütrabalho feito por um objeto ( bomba ou turbina);

SELEÇÃO DE BOMBAS HIDRÁULICAS

Disciplina: Sistemas Fluidomecânicos

Décima primeira aula de FT. Raimundo (Alemão) Ferreira Ignácio

Hidrodinâmica. A hidrodinâmica objetiva o estudo do movimento dos fluidos

Mecânica dos Fluidos para Engenharia Química O estudo de instalações de bombeamento Prof. Ms. Raimundo (Alemão) Ferreira Ignácio

Obter uma nova expressão para o cálculo da vazão que possibilitará especificar o diâmetro interno da tubulação;

RESUMO MECFLU P2. 1. EQUAÇÃO DE BERNOULLI Estudo das propriedades de um escoamento ao longo de uma linha de corrente.

2a LISTA DE EXERCÍCIOS

DEPARATMENTO DE ENERGIA LABORATÓRIO DE HIDRÁULIA GERAL ENSAIO DE CAVITAÇÃO

Escoamento Interno Viscoso

Sétima aula. Segundo semestre de 2015

ENGENHARIA FÍSICA. Fenômenos de Transporte A (Mecânica dos Fluidos)

Exercício 136 Dado: Exercício 137

ENERGIA HIDRÁULICA MÁQUINA DE FLUXO ENERGIA MECÂNICA

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ESCOLA DE ENGENHARIA

LOQ Fenômenos de Transporte I

Roteiro - Aula Prática Orifícios e Bocais:

Fenômenos de Transferência FEN/MECAN/UERJ Prof Gustavo Rabello 2 período 2014 lista de exercícios 06/11/2014. Análise Vetorial

Cálculo de condutos. PMC 3230 Prof. Marcos Tadeu Pereira 2016 (Diversas figuras retiradas da internet sem identificação de origem)

Portanto, para compreender o funcionamento dos tubos de Pitot é fundamental ter os conceitos de pressão total, pressão estática e pressão dinâmica

LISTA DE EXERCÍCIOS - FENÔMENO DE TRANSPORTES II. Revisão Conservação de Energia e Massa

Fluidodinâmica. Carlos Marlon Santos

AULA DO CAP. 15-2ª Parte Fluidos Ideais em Movimento DANIEL BERNOULLI ( )

O somatório das vazões volumétricas também é igual a zero. PORQUE

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA ENGENHARIA AMBIENTAL E CIVIL AULA 4 SISTEMAS ELEVATÓRIOS

capítulo 1 NOTAS INTRODUTÓRIAS ESTADOS DE AGREGAÇÃO DA MATÉRIA LÍQUIDOS E GASES FORÇAS EXTERNAS 19

Terceira lista de exercício

Mecânica dos Fluidos

PARTE TEÓRICA (Duração: 1.00h)

Introdução às máquinas de fluido

CAPÍTULO VI: HIDRODINÂMICA

RESUMO MECFLU P3. REVER A MATÉRIA DA P2!!!!! Equação da continuidade Equação da energia 1. TEOREMA DO TRANSPORTE DE REYNOLDS

LABORATÓRIO DE HIDRÁULICA ENG 1120

LABORATÓRIO DE HIDRÁULICA

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DE UM KIT DIDÁTICO DE PERDA DE CARGA CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA SUBÁREA: ENGENHARIAS

AULA 5 FT I EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE EQUAÇÃO DE BERNOULLI. Prof. Gerônimo V. Tagliaferro

Tipos de perda de carga

Aula 02 - Perda de Carga Localizada

Lista de Exercícios Perda de Carga Localizada e Perda de Carga Singular

Máquinas de Fluxo I (ENG03332) Material de apoio à disciplina

ROTEIRO DE EXPERIMENTOS ENG1120 LABORATÓRIO DE HIDRÁULICA

Mostrar alguns exemplos práticos, onde se utilizam os conceitos de escalas de pressão; Introduzir o conceito de escala absoluta;

Mecânica dos Fluidos I

Uma visão sobre tubo de Pitot

AULA 6 ESCOAMENTO PERMANENTE DE FLUIDO INCOMPRESSÍVEL EM CONDUTOS FORÇADOS. Prof. Geronimo Virginio Tagliaferro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL CURSOS DE ENGENHARIA DE ENERGIA E MECÂNICA MEDIÇÕES TÉRMICAS Prof. Paulo Smith Schneider

Aluno: Matrícula: Data: CC76D HIDRÁULICA TRABALHO DE CASA #1

Transcrição:

89 Objetios da quarta aula da unidade 5: Estudar o medidor de azão tipo placa de orifício Estudar os medidores de azão tipo bocais de fluxo Introduzir os conceitos de perda de carga e do coeficiente de energia cinética Eocar o conceito de máquinas hidráulicas e sua classificação básica Introduzir a equação da energia para o escoamento unidirecional incompressíel e em regime permanente para uma instalação hidráulica básica (com uma entrada e uma saída) Propor os exercícios de 5.14.6 à 5.14.14 5.6..5 Medidor Tipo Placa de Orifício O medidor tipo placa de orifício ou diafragma é constituido por uma placa delgada, na qual se abre um orifício e é utilizado em conduto forçado figura (5.). γ e h γ m Figura 5..

90 Como a geometria deste tipo de medidor é simples, apresenta um custo baixo ao ser comparado com o tipo Venturi, porém a expansão descontrolada a sua jusante acarreta eleada dissipação de energia figura (5.). H p p 1 γ p γ Figura 5. Deemos notar que a tomada de pressão para as placas de orifício influenciam nos coeficientes de correção usados, sendo que inicialmente consideramos a situação representada pela figura 5.. Temos : C C 1,0 ; mín = 0 e C d = C V. C C e isto nos permite reescreer a equação 5.4, obtendo a equação para o medidor tipo placa de orifício (equação 5.8). C gh Q = d R. 0. ( γm γ) equação 5.8 γ 1 C. 0 C 1 Para se obter resultados precisos com o medidor tipo placa de orifício, o mesmo dee ser instalado no mínimo a 40 x D tubo à jusante de uma singularidade, se a mesma existir. o analisarmos a equação 5.8, erificamos que a sua utilização apresenta certa dificuldade, principalmente no que se refere a obtenção de C C, por este motio introduz-se um noo coeficiente de correção, que é denominado de coeficiente de escoamento e comumente representado por C, o qual é obtido experimentalmente e é função do número de Reynolds de aproximação (Re 1 ) e da relação D 0 /D 1 (figura 5.4).

91 Figura 5.4 O coeficiente de escoamento (C) é definido pela equação 5.9. C C = d equação 5.9 1 C. 0 C 1 traés da equação 5.9, obtemos a noa equação para a determinação de azão real do medidor tipo placa de orifício (equação 5.0). gh Q R = C. 0. ( γm γ) equação 5.0 γ Na escolha de um medidor de azão, deemos considerar os seguintes ítens: - custo; - precisão de leitura; - a necessidade de calibração; - a facilidade tanto da instalação como da manutenção. tualmente após a análise dos ítens mencionados anteriormente, podemos afirmar que geralmente a escolha é feita pelos medidores tipo placa de orifício (diafragma), por este motio mencionamos que existe um trabalho baseado na norma

9 ISO 5167 cuja primeira edição data de 1980, que esta sendo adaptado pela BNT e que é básico para a determinação dos coeficientes de correção deste aparelho. Em futuras edições, apresentaremos um resumo deste trabalho. 5.6..6 Bocais de Fluxo Este tipo de medidor de azão é praticamente intermediário, tanto em relação à custo, como em relação a dissipação de energia comparado ao tipo Venturi e ao tipo placa de orifício. O inesquecíel Professor zeedo Neto 1 define de uma forma clara os bocais: Os bocais ou tubos adicionais são constituídos por peças tubulares adaptadas aos orifícios. Serem para dirigir o jato. O seu comprimento dee estar compreendido entre ez e meia (1,5) e três (,0) ezes o seu diâmetro. De um modo geral, e para comprimentos maiores, consideram-se comprimentos de 1,5 a,0d como bocais, de,0 a 500D como tubos muito curtos; de 500 a 4000D (aproximadamente) como tubulações curtas; e acima de 4000D como tubulações longas. Os bocais geralmente são classificados em : - cilindros: - interiores ou reentrantes - exteriores - cônicos: - conergentes - diergentes 1 Em seu liro Manual de Hidráulica editado pela Editora Edgard Blücher Ltda na 7ª edição página 66

9 s figuras 5.5 e 5.6 representam exemplo de bocal cililindro e cônico respectiamente. Figura 5.5 Figura 5.6 Considerando o bocal instalado em um reseratório (figura 5.6) a determinação do seu coeficiente de elocidade é análoga a apresentada para a determinação: - da equação 5.15 - t = gh (pp. 89)

94 - da equação 5.16-1 x REL = g (pp. 89) g, onde C = REL TEORIC Já a determinação do coeficiente de contração se for experimental, consiste na determinação da área contraída ( C ) por intermédio de parafusos CLNTES solitários a uma coroa suporte (figura 5.7), que dee ser instalada a uma distância L. Figura 5.7 Salientamos que esta maneira apresentada para a determinação da área contraída é bastante imprecisa, deendo ser substituída por outro método, onde o mais comum consiste na determinação do C V, como o mencionado, e na determinação do coeficiente de azão (C d ) e a partir daí a determinação de C C pela equação 5.1. C C = C C d V equação 5.1 Considerando o bocal instalado no interior da tubulação, nesta situação, oltamos a usar o coeficiente de escoamento (K) e a situação é representada pela figura 5.9, onde a pressão p 1 é medida a uma distância D 1 à montante do bocal e a pressão p quando termina o bocal.

95 Figura 5.9 Como C C = 1,0, podemos especificar o coeficiente de escoamento (K) pela equação 5.. K = Cd 1 1 equação 5. Deemos notar que os alores de K > 1,0, são deido ao denominador ser menor que 1,0. O gráfico representado pela figura 5.0, mostra K = f (Re 1 ), onde salientamos que para Reynolds de aproximação maiores à cerca de x 10 5 obsera-se que o K permanece constante.

96 Figura 5.0 5.7 Conceitos de Perda de Carga e do Coeficiente de Energia Cinética principal limitação da equação de Bernoulli está em considerar o escoamento de um fluido ideal, ou seja, aquele que apresenta iscosidade nula, o que implica dizer que não há dissipação de energia ao longo do escoamento. partir deste ponto, iremos eliminar esta hipótese, ou seja consideraremos o escoamento de um fluido real (µ 0), o que implica dizer que iremos considerar a dissipação de energia ao longo do escoamento. Define-se perda de carga, que geralmente é representado por Hp, como sendo a dissipação de energia por unidade de peso. Outro fato importante a se considerar: pelo fato da iscosidade ser diferente de zero tem-se o diagrama de elocidade, nas seções do escoamento, não uniforme, o que implica que a carga cinética calculada por, pode conter erro, principalmente g quando tiermos um escoamento laminar. Para sua correção dee-se calculá-la por: α ; onde α é um coeficiente de correção denominado de coeficiente de energia g cinética.

97 O coeficiente de energia cinética é definido da seguinte forma: 1 d E = d C m ( d ) t dec dt 1 dm 1 =. =.. ρ.. d dt Fluxo de Energia Cinética dec d = ρ.. d t Fluxo de energia Cinética Calculado pela Velocidade Real. ρ.. ρ. d Fluxo de Energia Cinética Calculado pela Velocidade Média do Escoamento. O coeficiente de energia cinética é o adimensional introduzido para estabelecer a igualdade dos fluxos de energia cinética, ou seja : α. ρ.. = ρ. d Para escoamentos incompressíeis, temos ρ = cte, o que resulta: α. ρ.. = ρ.. d

98 1 α =. d equação 5. onde: - é a equação que representa o diagrama de elocidades. - elocidade média do escoamento. Como os condutos forçados de seção transersal circular representam um número grande de aplicações, amos analisá-los para os seguintes casos: 1º - escoamento laminar: r max = max 1 e =, portanto : R 1 α = d, onde = π R d = π rdr R 1 α =. πr 0. max R r. R. max. π rdr ( R r ) 16π R α =.. rdr 8 πr 0 6 4 4 6 ( R R r R r r ) 16 R α=. +. rdr 8 R 0 16 6 4 5 7 α=. R. R rdr R. R r dr+ R. R r dr R 8 r dr R 0 0 0 0 4 6 8 16 6 R 4 R α=. R.. R. + R R R 8 R 4 6 8

99 8 16 R 8 1 8 1 8 α=. R + R R 8 R 4 8 ( 4 6 4 1) 1 1 1 α= + = + 16. 16. 4 8 8 α =,0 = 16 8 CONCLUSÃO: Para os condutos forçados de seção transersal circular com escoamento laminar a carga cinética será calculada pro portanto neste caso, temos: ; g H i = Z i + p i γ + i g º - escoamento turbulento 1 7 r 49 = max. 1 e = máx R 60 R 1 α =. πr 0 max. ( R r) R 1 7 1 7. 60 49 max. π rdr 7 π R α =. 1, 86. ( R r 17 ). π. R 7 0 rdr, 67 R α= 17 R 7 0 ( R r) 7. rdr Considerando : R - r = a r = R - a d r = - d a p/ r = 0 a = R p/ r = R a = 0

00, 67 0 α=. a 7. R a d 17 a R 7 R, 67 R α=. a 7. R a 17 R 7 0 ( ) ( ) ( ) d a, 67 R R 10 α=. R. a 7. d 17 7 a a. da R 7 0 0, 67 α= R,67 α =. R 17 R 7. R. 7 7. R -. R 10 17 17 7 10 7 17 7 17 7 7. 10 7-17 119 70 α =,67. α = 1,058 170 Conclusão: Para Condutos Forçados de Seção Transersal circular com Escoamento Turbulento a Carga Cinética será calculada por: V V α. = 1, 058. g g Obseração: Na prática para o escoamento turbulento é comum se considerar α 1,0. Portanto: H Z p V = + + 1, 058 Carga Total em uma Seção de um γ g Escoamento Incompressíel Turbulento em Regime Permanente. ou H Z p V = + + γ g Pequeno erro

01 5.8 Conceito de Máquinas Hidráulicas Consideramos máquina hidráulica o dispositio que fornece ou retira energia do fluido. o considerarmos a energia, seja fornecida, ou retirada, por unidade de peso, estaremos definindo a carga ou altura manométrica da máquina hidráulica, que é representada po H m. 5.9 Classificação Básica das Máquinas Hidráulicas classificação básica será feita em relação a máquina fornecer, retirar ou transformar energia do fluido, por outro lado, deemos lembrar que o nosso estudo é dirigido para o escoamento considerado incompressíel, o que implica que a classificação básica apresentada considera também esta restrição. - Máquinas Geratrizes São aquelas que recebem trabalho mecânico e o transforma em energia fluida. Podemos citar como exemplos de máquinas geratrizes as bombas hidráulicas e os entiladores. No nosso curso só estudamos os principios básicos das bombas hidráulicas. - Máquinas Motrizes São aquelas que transformam a energia fluida em energia mecância. Podemos citar como exemplo de máquinas motrizes as turbinas hidráulicas. - Máquinas Mistas São os dispositios que modificam a energia que o fluido possui. Podemos citar como exemplos de máquinas mistas os ejetores e os carneiros hidráulicos.

0 5.10 Equação da Energia para o Escoamento Unidirecional Incompressíel e em Regime Permanente 5.10.1 Instalações básicas: com apenas uma entrada e uma saída e sem presença de máquina hidráulica Nesta condição, podemos afirmar que o fluido escoa espontaneamente da carga total maior para a carga total menor. Considerando o trecho de uma instalação hidráulica, representado pela figura 5.1, podemos efetuar o balanço de energias, proposto pela equação da energia. (i) H i > H f (f) figura 5.1 H = H + H inicial final p equação 5.4 ou i f pi αi pf α f Z i + + = Zf + + + H p equação 5.5 γ g γ g Nota: O único trecho de uma instalação hidráulica, onde não consideramos a perda de carga, é entre a entrada e saída que uma máquina hidráulica, isto porque as perdas já são consideradas no rendimento da máquina, que é sempre menor do que 1,0. 5.10. Com apenas uma Entrada e uma Saída na Presença de Máquina Hidráulica Considerando o trecho de uma instalação hidráulica, que é representado pela figura 5., podemos efetuar o balanço de energias entre a seções (i) e (f), que origina a equação 5.6.

0 (i) (f) M inicial M final p Figura 5. H + H = H + H equação 5.6 Notas: 1ª se a máquina hidráulica for uma bomba H M = H B, que é a carga ou altura manométrica da bomba, que representa a energia por unidade de peso que a bomba fornece ao fluido, portanto: H inicial + H B = H final + H p i f ª se a máquina hidráulica for uma turbina H M = H T, que é a carga ou altura manométrica da turbina, que representa a energia por unidade de peso que a turbina retira do fluido, portanto: H inicial H T = H final + H p i f ª a perda de carga entre as seções (i) e (f) é acumulatia, ou seja: H pi f = H pi e + H pe s + H ps f onde a perda de carga entre a entrada e saída da máquina hidráulica é considerada nula ( H 0 ), isto porque a mesma já é p e s = considerada no rendimento da máquina, portanto: H pi f = H pi e + H ps f Carta do Betinho para Maria (Coisa bonita!) Carta escrita por Herbert de Souza para sua mulher Maria e lida, um ano após sua morte, pelo ator Jonas Bloch, durante a cerimônia no CCBB. Herbert de Souza (Betinho), sociólogo mineiro, foi irmão de Henfil, célebre cartunista, imortalizado pelas críticas ao regime fascista imposto ao Brasil a partir de 1964.

04 Este texto é para Maria ler depois da minha morte que, segundo meus cálculos, não dee demorar muito. É uma declaração de amor. Não tenho pressa em morrer, assim como não tenho pressa em terminar esta carta. Vou oltar a ela quantas ezes puder e trabalhar com carinho e cuidado cada palara. Uma carta para Maria tem que ter todos os cuidados. Não a quero triste, quero fazer dela também um pedaço de ida pela ia de lembrança que é a nossa eternidade. Nos conhecemos nas reuniões de P (ção Popular), em 1970, em pleno Maosmo. Haia um clima de sectarismo e medo nada propício para o amor. ntes de me aenturar andei fazendo umas sondagens e os sinais eram animadores, apesar de misteriosos. Mas tínhamos que começar o namoro de alguma forma. Foi no ônibus da Vila das Belezas, em São Paulo. Saímos em direção ao fim da linha como quem busca um começo. E lá eio o primeiro beijo, sem jeito, espremido, mas gostoso, um beijo público. barreira da distância estaa rompida para dar começo a uma relação que já completou 6 anos! O Maosmo estaa na China, nosso amor na São João. Era muito mais forte que qualquer ideologia. Era a ida em nós, tão sacrificada na clandestinidade sem sentido e sem futuro. Fomos ier em um quarto e cozinha, minúsculos, nos fundos de uma casa pobre, perto da Igreja da Penha. No lugar cabia nossa cama, uma mesinha, coisas de cozinha e nada mais. Mas como fizemos amor naquele tempo! Foi incríel e seguramente nunca tiemos tanto prazer. Tempos de chumbo, de medo, de susto e insegurança. Medo de dia, amor de noite. ssim iemos por quase um ano. té que tudo começou a "cair". Prisões, torturas, polícia por toda a parte, o inferno na nossa frente. Fomos para o Chile. E ali, chamado por Garcez para elaborar textos, acabei no agrado de llende, que os usou em seus discursos oficiais. Foi a primeira ez que eu i amor irar discurso político... Depois passamos por muita coisa até oltar. té que a anistia chegou e nos surpreendeu. E agora, o que fazer com o Brasil? Foi um turbilhão de emoções: o sonho irou realidade! Era erdade, o Brasil era nosso de noo. primeira coisa foi comer tudo que não haíamos comido no exílio: angu! Com galinha ao molho pardo, quiabo com carne moda, chuchu com maxixe, abóbora, cozido, feijoada. Um festial de saudades culinárias, um reencontro com o Brasil pela boca. Uma das maiores emoções da minha ida foi er o Henrique surgindo de dentro de ocê. Emoção sem fim e sem limite que me fez reencontrar a infância. Depois do exílio, nossas idas pareciam bem normais. Trabalháamos; iajáamos nas férias, isitáamos os amigos, o Ibase funcionaa, até a hemofilia parecia que haia dado uma trégua. Henrique crescia, Daniel aos poucos se reaproximaa de mim, já como filho e amigo. Mas como uma tragédia que em às cegas e entra pelas nossas idas, estáamos diante do que nunca esperei. ids. Em 1985, surge a notícia da epidemia que atingia homossexuais, drogados e hemofílicos. O pânico foi geral. Eu, claro, haia entrado nessa. Não bastaa ter nascido mineiro, católico, hemofílico, maosta e meio deficiente físico. Era necessário entrar na onda mundial, na praga do século, mortal, definitia, sem cura, sem futuro e fatal. E foi aí que ocê, mais do que nunca, reelou que é capaz de superar a tragédia, sofrendo, mas enfrentando tudo e com um grande carinho e cuidado. ids selou um amor mais forte e mais definitio porque desafia tudo, o medo, a tentação do desespero, o desânimo diante do futuro. Continuar tudo apesar de tudo, o beijo, o carinho e a sensualidade. ssumi publicamente minha condição de soropositio e ocê me acompanhou. Nunca pôs um "senão" ou um comentário sobre cuidados necessários. Deu a mão e seguiu junto como se fosse metade de mim, inseparáel. E foi. Desde os tempos do cólera, da não esperança, da morte do Henfil e Chico, passando pelas crises que beiraam a morte até o coquetel que reabria as esperanças. Tempo curto para descreer, mas uma eternidade para se ier. Um dos maiores problemas da ids o sexo. Ter relações com todos os cuidados ou não ter? Todos os cuidados são suficientes ou não se dee correr riscos com a pessoa amada? Passamos por todas as fases, desde o sexo com uma ou duas camisinhas até sexo nenhum, só carinho. Preferi a segurança total ao mínimo risco. Parei, paramos e sem dramas, com carícias, mas sem dramas, como se fosse normal ier contrariando tudo que aprendemos como homem e mulher, iendo a sensualidade da música, da boa comida, da literatura, da inenção, dos pequenos prazeres e da paz. Vier muito mais que fazer sexo. Mas para se ier isso, é necessário que Maria também sinta assim e seja capaz dessa metamorfose como foi. Para se falar de uma pessoa com total liberdade necessário que uma esteja morta e eu sei que este ser é o meu caso. Irei ao meu enterro sem grandes penas e principalmente sem trabalho, carregado. Não tenho curiosidade para saber quando, mas sei que não demora muito. Quero morrer em paz, na cama, sem dor, com Maria do meu lado e sem muitos amigos, porque a morte não é ocasião para se chorar, mas para celebrar um fim, uma história. Tenho muita pena das pessoas que morrem sozinhas ou mal acompanhadas. Morrer sem o outro é partir sozinho. O olhar do outro é que te faz ier e descansar em paz. O ideal é que pudesse morrer na minha cama e sem dor, tomando um saquê gelado, um bom inho português ou uma cereja gelada. Te amo para sempre, Betinho. Itatiaia, janeiro de 1997.