Cristiana Duran Administração Aula 6 Evolução Histórica da Administração Parte 6 TEORIA NEOCLÁSSICA (Escola Operacional, Escola do Processo Administrativo ou ainda Abordagem Universalista da Administração) Segunda parte: Na última aula, falamos que um dos temas que foram estudados pelos neoclássicos, foi a questão da estrutura da organização, da departamentalização etc. Segundo CHIAVENATO, a organização, pode ser caracterizada através de quatro princípios básicos: Divisão do trabalho: que nada mais é do que a maneira pela qual um processo complexo pode ser decomposto em uma série de pequenas tarefas que o constituem; Especialização: que implica que cada órgão ou cargo passe a ter funções e tarefas específicas e especializadas; Hierarquia: que divide a organização em camadas ou escalas ou níveis de autoridade, tendo os superiores uma certa autoridade sobre os inferiores; Distribuição da autoridade e da responsabilidade. Já VASCONCELLOS & HEMSLEY entendem que a estrutura organizacional é o resultado da interação entre os seguintes aspectos: escolha dos critérios de departamentalização; definição quanto à centralização ou descentralização de áreas de apoio; localização de assessorias; decisão quanto à amplitude de controle; definição do nível de descentralização de autoridade; sistema de comunicação; e definição quanto ao grau de formalização. A estrutura formal é aquela deliberadamente planejada e formalmente representada, em alguns de seus aspectos, pelo organograma. Segundo MINTZBERG, o organograma, apesar de não mostrar os relacionamentos informais, retrata fielmente a divisão do trabalho e exibe de forma clara: quais posições existem na organização; como estas são agrupadas em unidades; e como a autoridade formal flui entre elas. VASCONCELLOS & HEMSLEY defendem uma classificação das estruturas organizacionais em tradicionais e inovativas. Segundo esses autores, estruturas tradicionais adaptam-se bem às empresas que desenvolvem atividades repetitivas atuando em ambientes estáveis, enquanto as estruturas inovativas são uma solução para ambientes organizacionais complexos. Veja as características no quadro abaixo: ESTRUTURAS TRADICIONAIS Alto nível de formalização Unidade de comando Especialização elevada Comunicação vertical ESTRUTURAS INOVATIVAS Baixo nível de formalização Multiplicidade de comando Diversificação elevada Comunicação horizontal e vertical 1
Utilização de formas tradicionais de departamentalização Utilização de formas avançadas de departamentalização Estes mesmos autores definem a departamentalização como o processo de agrupar indivíduos em unidades para que possam ser administrados. Departamentalização é o agrupamento / combinação adequado das atividades necessárias à organização em departamentos específicos. OBS: A departamentalização é a forma como você dispõe o organograma da organização. A especialização horizontal é o grau com que isso acontece. A empresa é mais especializada horizontalmente se possui mais departamentos; ela é mais especializada verticalmente se possui mais níveis dentro da organização. Alguns autores colocam que a especialização horizontal é também conhecida como departamentalização. Existem vários tipos e cada um apresenta características, vantagens e limitações que irão influir nas decisões quanto às escolhas de alternativas de departamentalização. As principais formas de departamentalização adotadas pelas empresas, divididas em tradicionais e avançadas, são: Formas tradicionais de departamentalização: 1. Funcional: consiste no agrupamento das atividades e tarefas de acordo com as funções principais desenvolvidas dentro da empresa. Leva em conta a especialização técnica dos ocupantes dos cargos e seus conhecimentos: departamento financeiro, departamento de vendas, departamento de contabilidade, etc. As unidades organizacionais são definidas com base na especialização e tarefas comuns aos diversos setores. São, portanto, agrupadas de acordo com as funções da empresa. É o mais utilizado pelas empresas, por ser muito racional. A principal vantagem é que apresenta especialização nas áreas técnicas, além de melhorar os recursos nessas áreas. A principal desvantagem é que pode ocorrer um descumprimento de prazos e orçamentos, pois este tipo de departamentalização não tem condições para uma perfeita homogeneidade das demais atividades da empresa. Diretoria Financeira Comercial de RH de Marketing 2. Geográfica (ou territorial): devem ser agrupadas as atividades que se realizam em um determinado território. Leva em conta o local onde se encontra a fábrica, empresa ou filial. Tem a vantagem de centralizar todas as operações de um determinado local numa mesma empresa de trabalho. Este tipo é usado por empresas territorialmente espalhadas onde as atividades são agrupadas e colocadas sob a ordem de um administrador apenas. 2
Diretoria Geral Filial Sul Filial Norte e Nordeste Filial Centro- Oeste Filial Sudeste 3. Por produtos ou serviços: agrupa na mesma unidade as pessoas que lidam com um mesmo produto, linha de produtos ou serviço. Leva em conta a subdivisão por produto ou serviço fabricado ou oferecido. As partes que compõem o todo são formadas por equipes altamente especializadas e que podem se responsabilizar por todo o fluxo do processo fabril e até pelos resultados finais, incluindo a sua comercialização. É muito usada em empresas que tem produtos diferentes e representa um volume importante. A grande vantagem é o acompanhamento dos resultados sobre o produto. Mas há desvantagens, pois pode ocorrer duplicidade de tarefas aumentando os custos e benefícios. Diretoria de Vendas Departamento de produtos alimentícios Departamento de produtos pets Departamento de produtos para banho 4. Por fases do processo de produção: freqüentemente utilizada nas empresas industriais nos níveis mais baixos da estrutura organizacional das áreas produtivas ou de operações. Aqui, divide-se a estrutura em subsistemas que representam diferentes passos ou fases do todo. Considera a maneira pela qual são executados os serviços ou processos para conseguir a meta ou objetivo especifico. É muito usado em operações industriais. A vantagem é que pode observar a maior especialização e rapidez técnica. A desvantagem é que a visão que temos da mão de obra é limitada, porque é especializada. Industrial Usinagem Leve Usinagem Pesada Centros de Usinagem Montagem 5. Por clientes: divide as unidades organizacionais para que cada uma delas possa servir a um diferente cliente. Leva em conta as especificidades dos clientes, agrupando-os em equipes de dedicação exclusiva. A vantagem é que nesse modelo dá condições para conhecer e dar melhor tratamento ao cliente. A grande desvantagem é a troca de recursos, pois várias vezes o atendimento ao cliente é sazonal, ou seja, periódico. 3
Diretoria de Vendas Vendas ao público Vendas por encomendas (fax e telefone) Vendas pela internet 6. Departamentalização pela amplitude de controle (ou por quantidade): Leva-se em conta o tamanho da equipe que está sob comando de um gerente. Este tipo de decisão é em geral tomado quando há grandes quantidades de trabalhadores numa mesma seção. Comercial Vendas Compras Cobrança Equipe 1 Equipe 1 Equipe 1 Equipe 2 Equipe 2 Equipe 2 Formas avançadas de departamentalização: 1. Por projetos: as pessoas são agrupadas de acordo com o projeto no qual estão envolvidas naquele determinado instante. As atividades e as pessoas recebem atribuições temporárias. O gerente de projeto é responsável pela realização de todo o projeto ou de uma parte dele. Terminada a tarefa, o pessoal é designado para outros departamentos ou outros projetos. Departamento de Produção Produção Pós-produção Pesquisa de novos produtos Projeto A Projeto B 2. Matricial: resultado da utilização simultânea de dois ou mais tipos de departamentalização sobre o mesmo grupo de pessoas. Para inovar, algumas organizações se organizam em forma de estrutura matricial. Esse modelo possui características que o torna diferenciado. A principal é integração entre as áreas funcionais. Matriz é uma forma de manter as unidades funcionais, criando relações horizontais entre elas. Katz e Kahn (1966) colocam que essa estrutura é ao mesmo tempo uma hierarquia tradicional e uma entidade solucionadora de problemas. Vasconcellos (1982) coloca que quando duas ou mais formas de estrutura são utilizadas simultaneamente sobre os mesmos membros de uma 4
organização, a estrutura, então, denomina-se matricial. Neste modelo, existem duas formas de autoridade: - funcional, vinda dos gerentes funcionais; - de projeto (linhas tracejadas). Diretoria Financeira Comercial de RH de Projetos Assistente A Assistente A Assistente A Assistente B Assistente B Assistente B 3. Por centros de lucro: divide a empresa em unidades com elevado grau de autonomia. 4. Celular: tem como características a quase total ausência de estrutura, alta flexibilidade, e elevado grau de informalidade. Departamentalização Mista: é quando se mesclam dois ou mais critérios diferentes de departamentalização. Geral Marketing Gestão de Pessoas P&D Comércio Indústria Departamento de Pessoal Recursos Humanos Projeto A Projeto B Amplitude administrativa (ou amplitude de controle ou de comando): significa o número de subordinados que um administrador pode supervisionar. Se um administrador possui muitos subordinados, significa dizer que ele tem uma amplitude de controle grande e ampla. Ainda existem alguns outros tipos de classificação das estruturas que são muito citadas. Essas classificações mudam de acordo com o critério adotado: 1 - CLÁSSICAS: Linear (escalar, hierárquica, vertical ou militar): é um tipo de estrutura no qual prevalece a centralização, exigindo chefias autocráticas e com grande conhecimento da organização como um todo, cuja autoridade deve ser implacável, restando aos subordinados obediência e execução das atividades decorrentes de seu trabalho. 5
Funcional: surgiu em oposição à estrutura linear. Na concepção atual, ela guarda o princípio da especialização proposto por Taylor, onde cada chefia possui amplo domínio sobre determinada área de sua especialização. Linear-Funcional (staff, assessoria, estado-maior, ou hierárquico-consultivo): possui como característica básica a manutenção da unidade de comando, sem tirar o poder de decisão dos órgãos de linha. Possui a mesma estrutura das formas anteriormente apresentadas, adicionando-se um órgão de assessoria, cujo objetivo é, entre outros: pesquisar, estudar, processar análises e fornecer aconselhamentos. Comissional ou Colegiada: este tipo possui um pool de diretores ou membros que deliberam sobre os assuntos mais relevantes da empresa, ou algum assunto bem específico. Usualmente são denominados de conselhos, comitês, juntas, comissões colegiados, etc. 6
Com base na Função: graficamente semelhante à estrutura linear, é um modelo em que as atividades análogas, interdependentes se unem ao propósito dominante da empresa, ou seja, são agrupadas em um órgão específico, constituindo-se em uma grande unidade setorial da organização, a qual se dedica ao desenvolvimento de uma única função. Divisional: caracteriza-se pela divisão da estrutura existente, em unidades orgânicas de maior flexibilidade organizacional, constituída de atividades díspares (produção, informática, logística, etc), mas vinculadas a um objetivo final específico (eletrodomésticos, alimentos, veículos, etc) e agrupadas em uma mesma unidade organizacional. 2 - MODERNAS: São aquelas mais utilizadas mais recentemente, normalmente em empresas de planejamento, pesquisa, construção civil, entre outras. Matricial: é um tipo de estrutura que surgiu com o advento da tecnologia espacial, a qual apresenta duas características básicas: - Com relação à autoridade: existe uma autoridade hierárquica semelhante à da estrutura funcional e outra bem específica e direta, que é a da coordenação de cada projeto. - Com relação à mobilidade dos funcionários: os funcionários são permanentemente vinculados à organização e alocados aos diversos projetos em execução. Concluído o projeto, eles retornam a seus órgãos de origem. 7
Por Projetos: normalmente é um tipo de estrutura que não se aplica na empresa como um todo, e os recursos humanos são contratados, geralmente, por tempo determinado, coincidente com o prazo de conclusão de cada projeto. Este tipo de estrutura funciona com um Banco de Recursos, onde estão cadastrados diversos profissionais que são convocados em conformidade com a necessidade de cada projeto. 3 - ESTRUTURAS PÓS-MODERNAS: São estruturas dinâmicas e altamente mutáveis, que se adaptam com rapidez e facilidade à conjuntura do mercado consumidor, oferecendo resultados e soluções corretas, com agilidade que os clientes requerem. As estruturas pós-modernas são organizadas horizontalmente e/ou em rede (network structure). Seus integrantes se ligam aos demais diretamente ou através dos que os cercam. O conjunto resultante é semelhante a uma teia de aranha de múltiplos fios ligados entre si, que se espalham para todos os lados, sem que nenhum deles possa ser considerado mais importante, ou representante dos demais. Processual: é um tipo de estrutura que modifica totalmente o enfoque estrutural, o qual deixa de ser caracterizado pelas funções e passa a ser caracterizado pelos processos. Em vez de criar departamentos, divisões, seções, etc. criam-se células de produtividade, unidades de negócios, grupos de produtos, times de qualidade, equipes multidisciplinares, força-tarefa, etc. 8
Integrada: propõe que a hierarquia tão comum nas organizações seja substituída por uma rede de comunicações, ou seja, por uma rede de relacionamento. Este modelo exige uma grande integração entre as partes envolvidas, porém sem desrespeitar a interdependência requerida entre os diversos negócios da empresa, em relação aos seus colaboradores, clientes, parceiros e, inclusive na relação com outras empresas, através do c-business, que define as práticas e as tecnologias necessárias para as empresas trabalharem em projetos comuns, compartilhando informações remotamente distribuídas. A operacionalização da Estrutura Integrada deverão estar apoiados na utilização dos diversos recursos das comunicações eletrônicas e das Tecnologias da Informação TI, notadamente nos sistemas integrados de gestão empresarial e nas ferramentas de apoio à decisão, os quais procuram otimizar e integrar os processos internos e externos da organização de forma a disponibilizar o sustentáculo indispensável, em nível de informações, para uma acertada tomada de decisão. Aula que vem, falaremos dos tipos de organogramas (como essas departamentalizações podem ser graficamente representadas), representação dos órgãos e linhas. Bons estudos!!! Abraços, Cristiana Duran cristiana@euvoupassar.com.br 9