Relatório e Contas 2014



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Relatório e Contas 2014

Av. 4 de Fevereiro, nº 151 - Luanda, Angola Caixa Postal 1243 Tel: (+244) 222 679 200 - Fax: (+244) 222 339 125 www.bna.ao 2

Índice Geral Mensagem do Governador PARTE I CONTEXTO ECONÓMICO-FINANCEIRO...8 1.Economia Internacional...9 1.1. Crescimento da Economia Mundial...9 1.2. Comércio Internacional...10 1.3. Inflação...11 1.4. Mercado Monetário...11 1.5. Mercado Cambial Internacional...14 1.6. Mercado Bolsista...16 1.7. Mercado das Commodities...17 2. Economia Nacional...18 2.1. Sector Real...18 2.2. Sector Fiscal...22 2.2.1. Política e Situação Orçamental...22 2.2.2. Receitas Públicas...24 2.2.3. Despesas Públicas...25 2.2.4. Financiamento...26 2.2.5. Dívida Pública...26 2.3. Sector Monetário e Financeiro...28 2.3.1. Política e Desenvolvimentos Monetários e Financeiros...28 2.3.2. Evolução dos Agregados Monetários...30 2.3.3. Base Monetária...32 2.4. Contas Externas...34 2.4.1. Balança de Pagamentos...34 2.4.2. Reservas Internacionais...38 2.4.3. Mercado Cambial Nacional...39 PARTE II SISTEMA BANCÁRIO ANGOLANO...40 3. Desempenho do Sistema Bancário Angolano...41 3.1. Actividade do Sistema Bancário...41 3.2. Principais Indicadores do Sistema Bancário...43 4. Sistemas de Pagamentos...44 4.1. O Subsistema de Liquidação por bruto em Tempo Real (SPTR)...45 4.2. Os Subsistemas de Compensação...46

PARTE III RELATÓRIO DE ACTIVIDADES...48 5. Actividades do Banco Nacional de Angola...49 5.1. Comités Colegiais...49 5.1.1. Comité de Política Monetária...49 5.1.2. Comité de Estabilidade Financeira...54 5.1.3. Comité de Investimento...55 5.2. Emissão Monetária...56 5.3. Supervisão Comportamental...57 5.4. Organização e Gestão de Recursos...64 5.4.1. Desenvolvimento Organizacional...64 5.4.2. Gestão de Risco...66 5.4.3. Recursos Humanos...68 5.4.4. Tecnologias de Informação...69 5.4.5. Gestão de Património e Serviços...71 5.4.6. Relações Internacionais...73 5.4.7. Comunicação Institucional...76 Glossário...77 Índice de Gráficos Gráfico 1: Taxas de Juro de referência...12 Gráfico 2: Taxas de Juro dos Mercados Interbancários...12 Gráfico 3: Yields dos Mercados Obrigaccionistas...13 Gráfico 4: Taxas de Câmbio das Moedas das Principais Economias Desenvolvidas face ao USD.14 Gráfico 5: Índices Accionistas das Principais Economias Desenvolvidas...16 Gráfico 6: Preços das Commodities Energéticas e Alimentares...17 Gráfico 7: Taxas de Crescimento do PIB Real e PIB Real por Sectores de Actividade...18 Gráfico 8: Taxa de Inflação e Componentes do IPC...20 Gráfico 9: Pesos das Classes de Despesas na Inflação...20 Gráfico 10: Índice de Preços Grossista (Taxas de variação, em %)...21 Gráfico 11: Dívida Pública e Dívida Pública Externa por Credores (em % do PIB)...27 Gráfico 12: Taxas de Juro Directoras e Taxas Luibor...29 Gráfico 13: Reserva Bancária - Depósitos Obrigatórios e Livres (em Kz Mil Milhões)...33 Gráfico 14: Conta Corrente e Suas Componentes...35 Gráfico 15: Principais Países de Procedência das Importações...36 Gráfico 16: Conta Financeira e Suas Componentes...37 Gráfico 17: Reservas Brutas e Rácio de Cobertura das Importações...39 Gráfico 18: Taxas de Câmbio no Mercado Primário e Secundário...39 Gráfico 19: Estrutura do Activo Total (em %)...41

Gráfico 20: Crédito Vencido/Crédito Total...42 Gráfico 21: Estrutura do Passivo Total (Em %)...42 Gráfico 22: Rácios de Liquidez Geral e Imediata (Em %)...43 Gráfico 23: Rácio de Solvabilidade...44 Gráfico 24: Estrutura do SPA...45 Gráfico 25: Número e Montante de Documentos Compensados no SCV...46 Gráfico 26: Número e Montante das Transferências efectuadas no STC...47 Gráfico 27: Número de Operações Multicaixa...47 Gráfico 28: Emissão e Resgate de Títulos em 2014...51 Gráfico 29: Stock de Títulos em 2014...52 Gráfico 30: Taxas de Juro no Mercado Primário em 2014...53 Gráfico 31: Venda de Divisas e Taxas de Câmbio em 2014...53 Gráfico 32: Número Total de Reclamações e Reclamações por Bancos...59 Gráfico 33: Número Total de Reclamações por Matéria...59 Gráfico 34: Número de Reclamações por Estado...60 Gráfico 35: Número de Visitas ao Portal do BNA...61 Gráfico 36: Canais e Artigos mais Visitados...62 Gráfico 37: Número de Cartões autorizados...63 Gráfico 38: Gestão da Carteira de Projectos em 2014...66 Gráfico 39: Projectos em Curso...66 Índice de Quadros Quadro 1: Produto Interno Bruto Mundial (em %)...9 Quadro 2: Comércio Mundial (em %)...10 Quadro 3: Inflação (em %)...11 Quadro 4: Estrutura Percentual do Produto Interno Bruto...19 Quadro 5: Principais Indicadores Orçamentais...23 Quadro 6: Receitas Públicas...24 Quadro 7: Despesas Públicas...25 Quadro 8: Serviço da Dívida Pública (em % do PIB)...27 Quadro 9: Síntese Monetária...30 Quadro 10: Empréstimos por Sectores Institucionais e por Moeda...31 Quadro 11: Agregados Monetários...32 Quadro 12: Base Monetária...33 Quadro 13: Principais Produtos Importados em 2014 (em USD Milhões)...36 Quadro 14: Número e Montante de Operações Liquidadas no SPTR...46 Quadro 15: Histórico das Decisões do CPM em 2014...50 Quadro 16: Resultados dos Processos de Reclamação...60 Quadro 17: Visitantes por Países...61 Quadro 18: Quadro-resumo de Inspecções Off Site e On Site...63 Quadro 19: Actividade Internacional...73

Mensagem do Governador Em 2014, a economia mundial registou um crescimento real em torno dos 3,3%, de acordo com as estimativas do FMI. Trata-se de uma taxa de crescimento igual à estimada para 2013, demonstrando a manutenção do ritmo da actividade económica mundial. A redução do preço do barril do petróleo nos mercados internacionais foi um dos factores determinantes do comportamento das economias emergentes, principalmente das fortemente dependentes da exportação desta commodity. Como resultado, a taxa de crescimento real do PIB da África Subsariana foi revista em baixa, de 5,8% para 4,8%. Estimativas apontam para um crescimento da economia angolana de 4,7% em 2014, com destaque para o sector não-petrolífero com um crescimento de 8,2%. Contudo, apesar da queda do preço do barril de petróleo, foi possível preservar a estabilidade macroeconómica no nosso país. A taxa de inflação reduziu de 7,69% em 2013 para 7,48% e o nível de reservas internacionais brutas manteve-se num patamar superior a seis meses de importações. Estima-se que as contas fiscais tenham fechado em 2014 com um défice em torno de 3,1% do PIB. O sistema bancário angolano expandiu em 2014. Em Dezembro de 2014, o activo total foi de Kz 7.129,44 mil milhões, um crescimento de 7,3% face aos Kz 6.646,77 mil milhões registados em Dezembro de 2013. Este crescimento foi motivado sobretudo pelo aumento dos títulos e valores mobiliários em Kz 317,72 mil milhões (25,86%) e da carteira de crédito em cerca de Kz 261,88 mil milhões (8,9%). O sistema, como um todo, manteve-se financeiramente sólido, ao registar um rácio de solvabilidade de 19,9%, acima do limite mínimo exigido de 10%. Para 2015, o FMI prevê um crescimento económico global de 3,5%, influenciado, sobretudo, pela retoma da economia dos EUA. As economias emergentes e em desenvolvimento deverão crescer cerca de 4,3%. A economia angolana, por sua vez, deverá crescer 6,6%, prevendo-se que o sector petrolífero aumente a produção de uma média diária de 1,7 milhões de barris em 2014 para 1,8 milhões de barris em 2015. A estabilidade macroeconómica continuará a ser o principal foco da política macroeconómica implementada pelo Executivo, visando garantir um ambiente propício ao investimento e, consequentemente, ao crescimento económico e à criação de emprego. A redução do preço do petróleo impôs uma revisão do OGE para 2015 que prevê um défice fiscal na ordem dos 7% do PIB, na óptica de compromisso, e um corte de 33% na despesa fiscal. Entretanto, a taxa de inflação deverá fixar-se num intervalo entre 7% e 9%. No actual contexto económico, caracterizado pela baixa do preço do barril de petróleo, as reformas fiscais introduzidas ao longo de 2014, onde se inclui a introdução da nova pauta aduaneira, foram no sentido de criar novas oportunidades para a diversificação económica de Angola. Para que a mesma se materialize, o investimento privado será fundamental. Do lado da política monetária, o BNA fará recurso dos instrumentos ao seu alcance, visando garantir as condições necessárias tanto para a execução fiscal como para fomentar o financiamento ao sector privado, por parte do sistema bancário. Neste sentido, o presente relatório procura apresentar a actividade económica internacional e doméstica, bem como as principais actividades e os resultados financeiros do BNA em 2014. José Pedro Morais Governador

8

Relatório e Contas 2014 PARTE I CONTEXTO ECONÓMICO-FINANCEIRO 9

1. Economia Internacional 1.1. Crescimento da Economia Mundial O Fundo Monetário Internacional (FMI) actualizou, no seu World Economic Outlook (WEO) de Janeiro os dados do crescimento económico para 2014, que se caracterizam pela manutenção das estimativas face a 2013 e que apontam para um crescimento da economia mundial de 3,30%. Este crescimento da economia mundial em 2014, acomoda tanto o crescimento das economias avançadas (em 1,8%) como das economias emergentes e em desenvolvimento (em 4,4%). Nas economias avançadas, foram determinantes os crescimentos da Zona Euro (0,80%), do Reino Unido (2,70%) e dos EUA (2,40%), enquanto nas economias emergentes e em desenvolvimento foram decisivos os crescimentos da Índia (em 5,80%) e da China (em 7,40%). Para 2015, o FMI actualizou também os dados do crescimento económico, que se caracterizam por reflectir uma revisão em baixa das expectativas em relação à evolução da economia mundial. O FMI alerta para a possibilidade de que a desaceleração das trocas comerciais seja ainda mais profunda, dado o aumento das tensões geopolíticas e das desigualdades em termos de crescimento das diversas economias. De acordo com os dados divulgados, estima-se um crescimento da economia mundial, em termos médios, de 3,50% em 2015, comparativamente aos 3,80% estimados no WEO publicado em Outubro de 2014. Quadro 1: Produto Interno Bruto Mundial (em %) 2011 2012 2013 2014 2015* CRESCIMENTO DO PIB Previsões Economia Mundial 3,90 3,10 3,30 3,30 3,50 Economias Desenvolvidas 1,70 1,40 1,30 1,80 2,40 EUA 1,80 2,80 2,20 2,40 3,60 Zona Euro 1,50-0,70-0,50 0,80 1,20 Japão -0,60 1,40 1,60 0,10 0,60 Reino Unido 1,10 0,30 1,70 2,70 2,70 Economias Emergentes e em Desenvolvimento 6,20 4,90 4,70 4,40 4,30 Rússia 4,30 3,40 1,30 0,60-3,00 China 9,30 7,70 7,80 7,40 6,80 Índia 6,30 3,20 5,00 5,80 6,30 Brasil 2,70 1,00 2,50 0,10 0,30 África Subsaariana 5,50 4,80 5,20 4,80 4,90 SADC 4,40 3,90 3,80 3,20 4,10 Fonte: FMI, World Economic Outlook (Update), Janeiro 2015; Indicadores de Convergência da SADC. Obs.: Correspondem a taxas de crescimento anualizadas. Segundo o mesmo organismo, este crescimento será realizado a ritmos diferentes entre os países desenvolvidos e os países emergentes e em desenvolvimento, tendo sido revistas em ligeira alta as estimativas para as economias desenvolvidas (mais 0,10 p.p. em 2015), enquanto as estimativas de crescimento para as economias emergentes e em desenvolvimento foram revistas em baixa numa magnitude de -0,60 p.p. em 2015. As economias desenvolvidas poderão apresentar taxas de crescimento do PIB real de 2,40% em 2015. Salienta-se a revisão em alta da estimativa para os EUA que corresponde a um aumento de 0,50 p.p. em 2015 para 3,60%). A Zona Euro poderá registar uma taxa de crescimento do PIB real de 1,20% em 2015, reflectindo uma descida face à estimativa 10

Relatório e Contas 2014 anterior de 0,20 p.p.. Entretanto, espera-se que as economias emergentes e em desenvolvimento venham a registar uma taxa de crescimento do produto de 4,30% em 2015. Relativamente ao crescimento económico da região da SADC, este deverá manter-se moderado e robusto, contando com 3,20% em 2014 e 4,10% 2015, suportado em parte por fluxos de capitais estrangeiros orientados para sectores de exploração de recursos naturais e para o desenvolvimento de infraestruturas, assim como por um melhor contexto externo em benefício das exportações da região. Contudo, as perspectivas têm sido revistas em baixa, reflectindo uma trajectória menos favorável para a África do Sul, devido aos persistentes constrangimentos no mercado de trabalho. Entretanto, destaca-se o crescimento do PIB real na República Democrática do Congo (RDC) para 8,60% em 2014 e 8,50% em 2015. 1.2. Comércio Internacional Em 2014, o ritmo da recuperação do crescimento do comércio mundial permaneceu lento com os principais blocos económicos a apresentarem comportamentos diferentes em relação a 2013, tendo-se verificado uma restrição das importações e das exportações por parte das economias emergentes, ao passo que as economias desenvolvidas aumentaram as suas exportações e importações. Em 2014, as exportações das economias desenvolvidas cresceram em média 3,60%, mais de 1,20 p.p. em relação ao ano anterior, enquanto as das economias emergentes e em desenvolvimento registaram um crescimento médio de 3,90%, menos 0,50 p.p. relativamente a 2013. Observa-se que, apesar da desaceleração da actividade económica nas economias emergentes e em desenvolvimento, estas continuam a crescer em níveis superiores às das economias desenvolvidas. De acordo com os últimos dados do FMI (WEO, Janeiro de 2015), estas economias tenderão a retomar as taxas de crescimento elevadas em 2015 (para os 5,80%). Quadro 2: Comércio Mundial (em %) 2011 2012 2013 2014 2015* COMÉRCIO MUNDIAL Previsões Importação Import. Economias Desenvolvidas 4,70 0,90 2,00 2,90 3,80 Import. Economias Emergentes e em Desenvolvimento 8,80 6,10 5,40 3,60 3,90 Exportação Export. Economias Desenvolvidas 5,70 2,00 2,40 3,60 4,50 Export. Economias Emergentes e em Desenvolvimento 6,80 4,60 4,40 3,90 5,80 Fonte: FMI, World Economic Outlook Update, Janeiro de 2015 Obs.: São taxas de crescimento anualizadas Relativamente às importações em 2014, as economias desenvolvidas apresentaram uma subida de 0,90 p.p. para os 2,90%. As economias emergentes e em desenvolvimento, por seu lado, registaram uma redução de cerca de 1,80 p.p. face a 2013. A redução das importações nas economias emergentes e em desenvolvimento é resultante do fraco crescimento económico das principais economias do grupo, agravado pela queda do preço do petróleo no II Semestre de 2014, das tensões geopolíticas, bem como, de constrangimentos do lado da oferta. 11

1.3. Inflação De uma forma geral, as economias desenvolvidas registaram um aumento dos níveis de inflação de 1,40% para 1,50% (mais 0,10 p.p.). A taxa de inflação nos EUA aumentou em 2014, mas ainda permanece abaixo do objectivo de longo prazo da Reserva Federal norte-americana (Fed), isto é, abaixo dos 2,0%. Quadro 3: Inflação (em %) 2012 2013 2014 Economias Desenvolvidas 2,00 1,40 1,50 Economias Emergentes e em Desenvolvimento 6,10 5,90 5,20 Fonte: FMI, World Economic Outlook, Update, Janeiro 2015 Na Zona Euro, os riscos de deflação são evidentes, devido à fragmentação financeira, aos elevados níveis de endividamento e eventuais choques adversos, tendentes a conduzir a uma desaceleração ainda maior dos preços. De acordo com o FMI, a deflação revela-se como um dos principais riscos para a Zona Euro, para o ano de 2015, dado os limites impostos à política monetária num ambiente de taxas de juro próximas de zero. Relativamente à economia japonesa, o nível geral de preços manteve-se constante nos últimos três meses de 2014 nos 2,40%. Nas economias emergentes e em desenvolvimento, a inflação tem-se mantido praticamente estável desde Maio de 2014. O declínio recente reflecte, em grande medida, a queda dos preços das commodities, particularmente das commodities alimentares, que têm um peso elevado nos cabazes de índices de preços ao consumidor nestas economias. Nos países que compõem o bloco da SADC, no período alvo de análise, o IPC apresentou resultados heterogéneos, tendo desacelerado 0,50 p.p. no Botswana para os 3,8%; 0,40 p.p. na Namíbia para os 4,60%; 0,50 p.p. na África do Sul para os 5,30%; 1,00 p.p. na Tanzânia para os 4,80%; 0,30 p.p. na Zâmbia para os 7,90%; e 0,81 p.p. no Zimbabwe para os -0,01%, e acelerado nas restantes economias da região: 0,02 p.p. na RDC para os 1,48%; 0,50 p.p. no Malawi para os 24,20%; -0,70 p.p. nas Maurícias para os 0,20%; 0,14 p.p. em Moçambique para os 1,93%; e 0,20 p.p. nas Seychelles para os 0,01%. 1.4. Mercado Monetário No período em análise, os principais bancos centrais das economias desenvolvidas decidiram manter as suas taxas de juro de política monetária, à excepção do BCE, cuja taxa de referência foi reduzida por duas vezes: a primeira em 10 p.b. para os 0,15%, com a taxa de depósito em -0,10% no dia 5 de Junho; e a segunda em 0,05% no dia 4 de Setembro. No final do ano de 2014, foi ainda implementado um plano de estímulos monetários, enquanto o Banco de Inglaterra (BoE), a Reserva Federal norte-americana (Fed) e o Banco do Japão (BoJ) mantiveram as suas taxas de referência e os programas de estímulos económicos. 12

Relatório e Contas 2014 1,25 Gráfico 1: Taxas de Juro de referência 1,00 0,75 0,50 0,25-31/01/12 29/02/12 31/03/12 30/04/12 31/05/12 30/06/12 31/07/12 31/08/12 30/09/12 31/10/12 30/11/12 31/12/12 31/01/13 28/02/13 31/03/13 30/04/13 31/05/13 30/06/13 31/07/13 31/08/13 30/09/13 31/10/13 30/11/13 31/12/13 31/01/14 28/02/14 31/03/14 30/04/14 31/05/14 30/06/14 31/07/14 31/08/14 30/09/14 31/10/14 30/11/14 31/12/14 Ano 2012 Ano 2013 Ano 2014 JPY UK EUA ZONA EURO Fonte: Bloomberg Nas principais economias emergentes (BRICS), os bancos centrais decidiram alterar as suas taxas de juro directoras. O Brasil e a Rússia foram os países que mais alteraram as suas taxas de juro, devido à queda do preço do petróleo no mercado internacional e à subida da inflação. No caso do Brasil a taxa de juro de referência subiu cinco vezes. O Banco Central da Rússia reviu a taxa de juro de referência em 2014 seis vezes. O Banco Central da África do Sul alterou duas vezes a sua taxa de juro ao longo de 2014, sendo a primeira em Janeiro para os 5,5% e a segunda em Julho para os 5,75%, representando um aumento de 0,25 p.p.. O Banco da Reserva da Índia (RBI) elevou uma vez a sua taxa de juro em 0,25 p.p., para os 7,75% no mês de Janeiro. Na China, o Banco Popular da China, cortou em 0,40 p.p. a taxa directora e em 0,25 p.p. a taxa de remuneração dos depósitos. O banco central reduziu o custo de refinanciamento ao sistema bancário chinês e desceu o incentivo para acumular dinheiro nos seus cofres. A taxa directora desceu de 6,0% para 5,6%, taxa esta que não era alterada desde Julho de 2012. Por sua vez, a taxa de remuneração de depósitos desceu de 3% para 2,75%. 1,25 Gráfico 2: Taxas de Juro dos Mercados Interbancários 1,00 0,75 0,50 0,25 0,00 Jan/12 Mar/12 Mai/12 Jul/12 Set/12 Nov/12 Jan/13 Mar/13 Mai/13 Jul/13 Set/13 Nov/13 Jan/14 Mar/14 Mai/14 Jul/14 Set/14 Nov/14 Libor EUA - 3M Euribor - 3M Libor UK - 3M Libor JPY - 3M Fonte: Bloomberg O ano em análise ficou marcado pelo excesso de liquidez no mercado monetário. Num contexto de taxas de juro nominais em níveis próximos de zero, as principais autoridades monetárias recorreram a medidas alternativas de política monetária com o intuito de reduzir os custos de financiamento e fomentar o crescimento económico. Perante as políticas acomodatícias dos principais bancos centrais mundiais, as principais taxas de juro de curto prazo (Euribor e Libor nas diversas moedas a 3 meses) no mercado monetário apresentaram um comportamento estável em 2014, embora com uma tendência ligeira de queda. 13

A política monetária permanece acomodatícia nas economias avançadas e praticamente inalterada nos mercados emergentes desde a primavera (com excepção para a Rússia e a África do Sul). Na Zona Euro, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou uma série de acções para combater a baixa inflação, incluindo uma redução das taxas directoras, flexibilização do crédito, e outras medidas para aumentar a liquidez. Nos EUA, embora a política monetária continue expansionista, observou-se uma redução do volume mensal de compra de activos por parte da Fed. Percentagem 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 Gráfico 3: Yields dos Mercados Obrigaccionistas Jan/12 Fev/12 Mar/12 Abr/12 Mai/12 Jun/12 Jul/12 Ago/12 Set/12 Out/12 Nov/12 Dez/12 Jan/13 Fev/13 Mar/13 Abr/13 Mai/13 Jun/13 Jul/13 Ago/13 Set/13 Out/13 Nov/13 Dez/13 Jan/14 Fev/14 Mar/14 Abr/14 Mai/14 Jun/14 Jul/14 Ago/14 Set/14 Out/14 Nov/14 Dez/14 Treasuries EUA - 10 anos Gilts UK - 10 anos Fonte: Bloomberg Bunds Alemanha - 10 anos Bonds Japão - 10 anos Os mercados de dívida foram caracterizados por uma tendência de redução das yields associadas aos títulos de dívida pública dos principais países avançados, tendo os títulos de dívida norte-americana, japonesa, alemã e inglesa com maturidade de 10 anos sido transaccionados com taxas de rendibilidade de 2,17%, 0,33%, 0,54% e 1,76%, o que corresponde, respectivamente, a uma queda de 85,70 p.b., 41,20 p.b., 138,80 p.b. e 126,60 p.b., face aos valores do final do ano anterior. Verificou-se, contudo, uma subida das yields associadas aos títulos de dívida pública de alguns dos países periféricos da Zona Euro, como foi o caso dos títulos de dívida pública grega. Os receios face à instabilidade política na Grécia já estão a provocar danos na economia e nem os dados mais recentes permitiram acalmar os mercados financeiros. Para 2015, espera-se um menor ritmo de expansão monetária acompanhado por uma recuperação da economia real. No entanto, a transmissão da política monetária à economia real continua limitada por vários factores, impedindo uma recuperação mais rápida destas economias, sugerindo a manutenção das taxas de juro em níveis reduzidos por um longo período de tempo. 1.5. Mercado Cambial Internacional O movimento de apreciação do USD em relação às moedas rivais foi muito expressivo em 2014, sobretudo nos últimos 3 meses do ano, confirmando-se uma alteração do sentimento de mercado em poucos meses. As divergências em termos económicos e de política monetária entre os EUA, a Zona Euro e o Japão têm-se vindo a acentuar, definindo a actual tendência cambial. Face ao constatado anteriormente, prevê-se que os factores de mercado se mantenham, reforçando o USD, o que nesta fase de crescimento preocupa tanto as autoridades como os empresários norte-americanos. 14

Relatório e Contas 2014 Gráfico 4: Taxas de Câmbio das Moedas das Principais Economias Desenvolvidas face ao USD EUR/USD e GBP/USD 1,8 1,7 1,6 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1,0 140 120 100 80 60 40 20 0 USD/JPY Jan/12 Fev/12 Mar/12 Abr/12 Mai/12 Jun/12 Jul/12 Ago/12 Set/12 Out/12 Nov/12 Dez/12 Jan/13 Fev/13 Mar/13 Abr/13 Mai/13 Jun/13 Jul/13 Ago/13 Set/13 Out/13 Nov/13 Dez/13 Jan/14 Fev/14 Mar/14 Abr/14 Mai/14 Jun/14 Jul/14 Ago/14 Set/14 Out/14 Nov/14 Dez/14 EUR/USD GBP/USD USD/JPY Fonte: Bloomberg O Euro registou uma depreciação de 13,04% face ao USD, afectado pelos dados animadores dos EUA, pelos temores de que uma intervenção militar na Ucrânia possa causar danos à União Europeia, levando alguns investidores a reduzir a exposição ao risco; e pela manutenção da política acomodatícia do BCE, numa altura em que persistem os receios de deflação. Por outro lado, a ideia de que a Zona Euro deve aplicar estímulos para favorecer o crescimento económico, como acontece nos EUA, vieram reforçar a tendência de depreciação da moeda europeia, a fim de evitar o risco de deflação na região. Em relação à Libra esterlina, o USD valorizou-se em 6,13% ao ano, após dados mostrarem que os empréstimos líquidos do Reino Unido reduziram. Verificou-se também uma contracção do meio de pagamento M4, a redução do PMI de serviços, a manutenção do programa de estímulos económicos, a redução do lucro da maior corretora mundial, e uma multa aplicada aos bancos ingleses. O Iene, por sua vez, depreciou-se em cerca de 12,97% face ao USD, em resultado da manutenção dos estímulos à economia pelo Banco do Japão e pelo facto da agência de classificação Moody s ter cortado a classificação da dívida pública do Japão em um nível para A1, criando uma elevada incerteza em relação à redução do seu défice fiscal, após o Executivo ter decidido adiar o aumento previsto dos impostos sobre as vendas. Em suma, o ambiente económico-financeiro permanece favorável ao Dolár norte-americano. Esta moeda, cujo valor tem evoluído no sentido contrário do preço do petróleo, tem sido alvo da atenção dos investidores, o que tem contribuído para a sua constante apreciação ao longo dos últimos meses. Por outro lado, para agravar a situação, têm surgido riscos associados a questões geopolíticas que geram incertezas e receios no mercado. As relações difíceis entre a Rússia e o Ocidente em relação à questão da Ucrânia, e que se resumem na aplicação de sanções económicas à Russia, aparecem como potenciais influenciadores do curso da actividade económica em alguns países da Zona Euro, sobretudo na Alemanha, com sinais evidentes de abrandamento da actividade económica, o que poderá causar uma depreciação ainda maior do Euro em 2015. 15

Painel 1: Taxas de Câmbio das Moedas das Principais Economias Emergentes face ao USD 75 70 65 60 55 50 45 13.000 12.000 11.000 10.000 9.000 USD/IDR USD/CNY 6,50 6,40 6,30 6,20 6,10 6,00 13 12 11 10 9 8 7 USD/ZAR 40 Jan/12 Jun/12 Nov/12 Abr/13 USD/INR (Índia) Set/13 Fev/14 Jul/14 Dez/14 USD/IDR (Indonésia) 8.000 5,90 Jan/12 Jun/12 Nov/12 Abr/13 USD/CNY (China) Set/13 Fev/14 Jul/14 Dez/14 USD/ZAR (África do Sul) 6 9,00 8,00 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 Jan/12 Jun/12 Nov/12 Abr/13 Set/13 Fev/14 Jul/14 Dez/14 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 USD/BRL USD/RUB 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 Jan/12 Jun/12 Nov/12 Abr/13 Set/13 Fev/14 Jul/14 Dez/14 190,00 185,00 180,00 175,00 170,00 165,00 160,00 155,00 150,00 145,00 140,00 USD/NAY USD/ARS (Argentina) USD/BRL (Brasil) USD/RUB (Rússia) USD/NAY (Nigéria) Fonte: Bloomberg O final de 2014 ficou marcado pela redução do Programa Quantitative Easing (QE) no sistema financeiro norteamericano, estando a provocar alterações no valor das principais moedas. O processo de redução da liquidez introduzido mensalmente pela Fed está a ser determinante no comportamento do USD em relação aos principais câmbios internacionais, sendo notória a apreciação face às principais moedas, sobretudo das economias emergentes. Neste contexto, as moedas das economias emergentes que mais depreciaram face ao USD foram o Rublo russo (com uma depreciação de 61,40%) e o Peso argentino (com uma depreciação de 26,11%). O Real brasileiro desvalorizou-se em cerca de 11,79% face ao USD. Este movimento foi impulsionado pelo cenário político diante da expectativa de manutenção da actual política económica por mais quatro anos. O timbre pessimista deve prolongar-se até que surjam mudanças na condução económica, principalmente na política fiscal, amplamente criticada por ser pouco transparente e muito débil. A moeda russa (Rublo) depreciou-se em 61,40% contra o USD, após a queda dos preços do petróleo, a quebra de confiança nas empresas e sanções dos EUA e da UE. Esta depreciação já levou várias empresas estrangeiras a subir os preços dos seus produtos em Rublos. O Banco Central Russo anunciou vender cerca de USD 7 Mil Milhões para sustentar a sua moeda e implementar outras medidas para prevenir um sell-off, com vista a acalmar os temores sobre os problemas económicos da Rússia. A Rúpia indiana depreciou em cerca de 2,0% ao longo do ano, influenciada pelas expectativas em relação à política do governo e da sua capacidade para resolver rapidamente o impasse político e provar a seriedade das reformas estruturais. O Renminbi depreciou-se 2,47% face ao USD, numa fase em que o Banco Popular da China (BoPC) decidiu ampliar o intervalo de negociação, permitindo que a moeda chinesa flutuasse num intervalo de 2,0%, contra a meta anterior de 16

Relatório e Contas 2014 1,0%. Adicionalmente, o anúncio da retirada de estímulos pela FED e a preocupação com os sinais de desaceleração do PIB, bem como, a queda do PMI industrial, contribuíram para o enfraquecimento da moeda chinesa. O Rand sul-africano perdeu, ao longo do ano, cerca de 9,35% em relação ao USD, devido à diminuição das reservas cambiais do país, à ligeira queda no preço do ouro no mercado internacional, bem como ao agravar de outros problemas internos, como a greve no sector metalúrgico. O comportamento da moeda sul-africana repercutiu-se também nas moedas dos restantes países da Southern African Customs Union (SACU): Namíbia, Lesoto, Suazilândia e Botswana. A moeda nigeriana (Naira) depreciou-se em 13,46% frente ao USD, devido sobretudo à queda dos preços do petróleo no mercado internacional. Neste contexto, o Banco Central da Nigéria foi forçado a depreciar o Naira para conter a queda das reservas estrangeiras. Os dados divulgados por esta instituição mostraram que as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) caíram 3,2% em Dezembro de 2014 para os USD 34,51 Mil Milhões contra os USD 35,66 Mil Milhões em Novembro. 1.6. Mercado Bolsista O ano de 2014 foi excepcional para as principais bolsas mundiais, tendo sido liderado pelas bolsas norte-americanas. Gráfico 5: Índices Accionistas das Principais Economias Desenvolvidas 160 140 120 100 80 60 40 Jan/12 Jun/12 Nov/12 Abr/13 Set/13 Fev/14 Jul/14 Dez/14 S&P 500 (EUA) EuroStoxx 600 (Europa) FTSE 100 (Reino Unido) Nikkey 225 (Japão) Fonte: Bloomberg O índice S&P 500 fechou o ano com um ganho de 10,79% e o índice Nikkei 225 registou uma subida de 6,88% no ano. Na Europa, o índice EuroStoxx 600 cresceu 4,26%, tendo fechado o ano em alta, enquanto o índice FTSE 100 do Reino Unido caiu 2,75%. Nas praças financeiras das principais economias emergentes, os resultados apresentaram-se mistos. Enquanto na África do Sul (JTSE/JSE 40), na Índia (BSE Sensex 30) e na China (Shangai Composite 50 Index) valorizaram-se em 5,82%, 26,15% e 42,44%, respectivamente, no Brasil (Bovespa) e na Rússia (Micex) registaram-se quedas de 2,95% e 7,41%, respectivamente. 17

1.7. Mercado das Commodities A evolução do preço do petróleo, entre as commodities energéticas, é reflexo da baixa procura mundial e manutenção da oferta de petróleo sem interrupções. Em 2014, os valores máximos do Brent e do WTI foram de 106,43 (no dia 19 de Junho) e 107,26 (no dia 20 de Junho) USD/barril, respectivamente. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), a procura mundial de crude em 2014 foi de 92,4 mb/dia em termos médios, 0,7% acima da procura no ano anterior, e espera-se uma média de 93,3 mb/dia em 2015. No mesmo ano, a produção mundial de crude cresceu em 1,9 mb/dia em relação a 2013 (com 91,4 mb/dia). Quanto ao gás natural, a produção da OPEP aumentou para 6,4 mb/dia em 2014, contra os 6,3 mb/dia em 2013, reflectindo o aumento da procura, devido às temperaturas baixas que se fizeram sentir nos países desenvolvidos. Ao longo do ano o contrato Henry Hub subiu cerca de 14,48% para os 4,27 USD/MMBut. Gráfico 6: Preços das Commodities Energéticas e Alimentares USD/Barril 130 120 110 100 90 80 70 60 PREÇOS INTERNACIONAIS DAS MATÉRIAS-PRIMAS ENERGÉTICAS Crise Ucrânia- Rússia Reunião da OPEP em 27 de Outubro de 2014 50-1/1/2012 6/1/2012 11/1/2012 4/1/2013 9/1/2013 2/1/2014 7/1/2014 12/1/2014 BRENT WTI GÁS NATURAL (Henry Hub) 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 USD/MMBut 225 200 175 150 ÍNDICE DE PREÇOS DOS ALIMENTOS 1/2012 2/2012 3/2012 4/2012 5/2012 6/2012 7/2012 8/2012 9/2012 10/2012 11/2012 12/2012 1/2013 2/2013 3/2013 4/2013 5/2013 6/2013 7/2013 8/2013 9/2013 10/2013 11/2013 12/2013 1/2014 2/2014 3/2014 4/2014 5/2014 6/2014 7/2014 8/2014 9/2014 10/2014 11/2014 12/2014 Índice de Alimentos da FAO (ELE) Índice de laticínios (ELD) Índice de preço dos cereais (ELD) Índice de preço do óleo (ELD) Índice de preço do açucar (ELD) Índice de preço da carne (ELD) 350 330 310 290 270 250 230 210 190 170 150 Fonte: Bloomberg e FAO Obs.: Gás Natural está expresso em USD/Milhões de BTU; Brent e WTI estão expressos em USD/barril No que respeita aos bens alimentares, o Índice de Preços dos Alimentos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) encontrou-se em termos médios nos 188,6 pontos em Dezembro de 2014, registando uma queda anual de 8,50% em relação a Dezembro de 2013. As reduções dos preços estiveram associadas ao aumento das quantidades para exportação destes produtos, devido aos elevados stocks, à fraca procura em alguns meses do ano, bem como às boas colheitas. Todavia, o preço da carne acelerou 9,89% em termos homólogos, pelo facto de a procura por este produto permanecer firme. 2. Economia Nacional 2.1. Sector Real 2.1.1. Actividade Económica De acordo com informações do Ministério do Planeamento e Desenvolvimento Territorial, as últimas projecções do PIB para 2014 apontam para uma desaceleração no seu ritmo de crescimento da ordem dos 2,1 p.p. face a 2013, passando de 6,8% para 4,7%. Esta evolução pode ser explicada não só pela contracção do sector petrolífero, mas também pelo abrandamento que se regista no crescimento do sector não petrolífero. 18

Relatório e Contas 2014 Gráfico 7: Taxas de Crescimento do PIB Real e PIB Real por Sectores de Actividade 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 - (2,00) PIB Total Sector Petrolífero Sector não Petrolífero Outros Serviços Mercantis Energia Construção Industria Transformadora Petróleo Diamantes e Outros Pescas e derivados Agricultura (25,00) (15,00) (5,00) 5,00 15,00 25,00 35,00 45,00 (4,00) 2012 2013 2014 Fonte: MPDT 2014 2013 2012 O PIB do sector petrolífero regista uma contracção da ordem dos 2,6% em 2014, correspondendo a uma produção média de 1,671 milhões de barris/dia. Os factores que poderão estar na base do fraco desempenho do sector petrolífero são operacionais. Por sua vez, o PIB não petrolífero registou um abrandamento de cerca de 2,7 p.p., passando de 10,9% para 8,2%, explicado sobretudo pela forte desaceleração que se registou nos sectores da agricultura (em -29,8 p.p.) e da energia (em -17,1 p.p.). Estima-se que o sector da Agricultura tenha crescido 11,9% em 2014 (contra os 41,7% no ano anterior) em resultado do fraco desempenho que se espera em quase todas as fileiras (excepto as hortícolas), durante a época da campanha agrícola de 2014. A redução na produção justifica-se por irregularidades na distribuição das quedas pluviométricas. O sector da Energia terá crescido de forma mais moderada (em 17,3%) contra os 34,4% no ano anterior. Apesar da entrada em funcionamento de novas centrais, registaram-se alguns constrangimentos de ordem técnica. Destacam-se, no entanto, o crescimento dos sectores das Pescas e Derivados (+2,4 p.p.) e de Serviços Mercantis (+1,0 p.p.). No que respeita aos serviços mercantis, as medidas administrativas em curso relativas à organização e disciplina no exercício desta actividade, bem como à criação de infraestruturas de logística e da rede da distribuição (armazéns, mercados) e instalação de novas unidades fabris, poderão ter contribuído para o crescimento do sector. Quadro 4: Estrutura Percentual do Produto Interno Bruto Estrutura Percentual (%) 2012 2013 2014 Sector primário (%) 54,96 52,57 48,72 Agricultura 7,05 9,91 11,13 Pescas e derivados 0,25 0,25 0,27 Diamantes e Outros 0,81 0,79 0,63 Petróleo 46,86 41,62 36,68 Sector Secundário (%) 15,56 16,70 18,12 Indústria Transformadora 6,83 7,33 7,96 Construção 8,60 9,20 9,97 Energia 0,12 0,17 0,19 Sector terciário (%) 29,49 30,73 33,16 Serviços Mercantis 22,05 23,33 25,29 Outros 7,43 7,40 7,87 Fonte: Ministério do Planeamento e Desenvolvimento Territorial 19

Em termos de contributos em p.p., destacam-se como os sectores que contribuíram positivamente para o crescimento económico de 2014, os sectores dos serviços mercantis (com 2,1 p.p.), da agricultura (com 1,3 p.p.), da construção (com 0,8 p.p.), da indústria transformadora (com 0,7 p.p.) e outros sectores (com 0,5 p.p.). O contributo do sector petrolífero, pelo contrário, foi negativo para o crescimento do produto em 0,8 p.p.. Desagregando o PIB global pelos sectores primário, secundário e terciário, denota-se que o sector primário da economia continua a manter o maior peso na estrutura do PIB em 2014, com 48,72%, seguido do sector terciário com 33,16%. O sector secundário da economia, apesar de ser o sector com menor peso no PIB global, tem apresentado contribuições crescentes em detrimento do sector primário, reflectindo o esforço dirigido à diversificação da economia. 2.1.2. Preços Ao longo de 2014, o IPC de Luanda apresentou um perfil marcadamente descendente, tendo a taxa de variação homóloga reduzido 0,21 p.p. fixando-se nos 7,48% (7,69% em 2013) e a taxa de variação média anual reduzido 1,51 p.p., situando-se nos 7,28% (8,79% em 2013). O comportamento da inflação ao longo do ano reflectiu não só a redução dos preços internacionais, tanto de bens alimentares como de bens energéticos (petróleo e gás natural), dos preços no produtor dos principais fornecedores do País, mas também o impacto de medidas de políticas adoptadas pelos decisores de política económica, tais como, uma maior disciplina no sector fiscal e o rigor da Autoridade Monetária em manter a estabilidade dos preços a nível nacional. Gráfico 8: Taxa de Inflação e Componentes do IPC 12,00% 10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00% 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 0,00% 2,00 Dez/12 Abr/13 Ago/13 Dez/13 Abr/14 Ago/14 Dez/14 Dez/12 Mar/13 Jun/13 Set/13 Dez/13 Mar/14 Jun/14 Set/14 Dez/14 Homóloga Média dos últimos 12 meses IPC IPC Alimentares Não Processados IPC Alimentares Processados IPC Outros Bens IPC Serviços Fonte: INE O perfil descendente dos preços ao longo do ano deveu-se à redução registada nos preços da categoria de Bens (em -0,70 p.p.), em particular de bens alimentares processados (-2,84 p.p.) e não processados (-2,10 p.p.). Da categoria de bens, destaca-se a redução de 2,52 p.p. na classe de alimentação e bebidas não alcoólicas. Os preços das categorias de serviços e outros bens registaram, pelo contrário, aumentos de cerca de 0,91 p.p. e 2,47 p.p., respectivamente. Destas categorias, realçam-se sobretudo, os acréscimos nos preços das classes de bens e serviços diversos (4,69 p.p.), bebidas alcoólicas e tabaco (3,53 p.p.), vestuário e calçado (3,19 p.p.), mobiliário, equipamentos domésticos e manutenção (2,41 p.p.) e transportes (1,98 p.p.). As classes que mais contribuíram para a taxa de variação homóloga do IPC, foram as classes de alimentação e bebidas não alcoólicas (com 2,89%), bens e serviços diversos (0,96%), vestuário e calçado (0,89%), mobiliário, equipamentos domésticos e manutenção (0,84%), habitação, água, electricidade, gás e combustíveis (0,44%), transportes (0,39%), hotéis, cafés e restaurantes (0,35%) e bebidas alcoólicas e tabaco (0,29%). A classe da alimentação e bebidas não-alcoólicas, devido ao seu maior peso (39%) no IPC, continua a ser a que mais contribuiu para a variação dos preços em Angola. A classe bens e serviços diversos bem como a classe vestuário e calçado também continuam a apresentar um peso preponderante na inflação em 2014, conforme indica o gráfico abaixo, com 13% e 12%, respectivamente. 20

Relatório e Contas 2014 Gráfico 9: Pesos das Classes de Despesas na Inflação Ano 2013 Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas Ano 2014 Bebidas Alcoólicas e Tabaco 0,32% 4,09% 8,41% 0,00% 1,95% 3,41% 2,73% 8,72% 7,05% 8,61% 2,53% 52,17% Vestuário e Calçados Habitação, Água, Electrecidade, Gás e Combustíveis Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção Saúde Transporte Comunicações Lazer, Recriação e Cultura Educação 0,11% 12,89% 0,00% 4,70% 2,28% 5,24% 3,15% 11,27% 5,95% 3,84% 11,94% 38,64% Hoteis, Cafés e Restaurantes Bens e Serviços Diversos Fonte: INE Relativamente ao Índice de Preços Grossista (IPG), ao longo de 2014 e à semelhança do IPC, apresentou uma tendência marcadamente descendente, tendo evidenciado em termos homólogos uma taxa de variação de 6,05% (contra os 8,16% em 2013). Para esta evolução favorável do IPG, contribuíram os preços dos produtos nacionais do sector das pescas e dos produtos importados no sector da Agricultura, produção animal, caça e silvicultura, que registaram decréscimos da ordem dos 0,61 p.p. e 1,58 p.p., respectivamente. Gráfico 10: Índice de Preços Grossista (Taxas de variação, em %) 9,00 8,00 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 Dez/12 Mar/13 Jun/13 Set/13 Dez/13 Mar/14 Jun/14 Set/14 Dez/14 Tx.Var.Homologa Tx.Var.mensal Evolução do Núcleo da Inflação Fonte: INE Após analisar os cinco indicadores do núcleo da inflação seleccionados para o acompanhamento e a análise da inflação, nota-se que ao longo do ano de 2014, os mesmos adoptaram uma tendência decrescente. Com efeito, os indicadores do núcleo de inflação atingiram as seguintes cifras médias anuais: O IPC cheio alisado (N1) variou 7,09%; O IPC excluindo Carne (N2) variou 7,28%; O IPC excluindo Táxi Colectivo (N3) variou 7,31%; O IPC excluindo Vestuário e Calçado (N4) variou 6,83%; O IPC excluindo vestuário, calçado e produtos administrados (N5) variou 6,99%. 21

Estes indicadores apresentaram taxas de variação médias anuais inferiores às registadas no ano anterior, com excepção do IPC excluindo a carne. Porém, importa salientar que, no último trimestre do ano, começaram a apresentar um comportamento inverso ao demonstrado nos três primeiros trimestres do ano, mais uma vez, com excepção do IPC excluindo a Carne. Painel 2: Núcleo de Inflação em 2014 (em %) Variação do IPC Cheio (Alisado )-(N1) vs Variação do IPC (Homóloga) Variação do IPC Excluindo Carne (Alisado)-(N2) vs Variação do IPC (Homóloga) 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 7,48 7,22 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 8,36 7,48 jan/11 abr/11 jul/11 out/11 jan/12 abr/12 jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14 jul/14 out/14 IPC N1 jan/11 abr/11 jul/11 out/11 jan/12 abr/12 jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14 jul/14 out/14 IPC N2 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 Variação do IPC Excluindo Taxi Colectivo (Alisado)-(N3) vs Variação do IPC (Homóloga) 7,48 7,47 Variação do IPC Excluindo Vestuário e Calçados (Alisado)-(N4) vs Variação do IPC (Homóloga) 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 7,48 6,82 jan/11 abr/11 jul/11 out/11 jan/12 abr/12 jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14 jul/14 out/14 IPC N3 jan/11 abr/11 jul/11 out/11 jan/12 abr/12 jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14 jul/14 out/14 IPC N4 Variação do IPC Excluindo Vestuário, Calçado e Produtos Administrados (Alisado)-(N5) vs Variação do IPC (Homóloga) 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 7,48 6,68 jan/11 abr/11 jul/11 out/11 jan/12 abr/12 jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14 jul/14 out/14 IPC N5 Fonte: INE e DEE/BNA 2.2. Sector Fiscal 2.2.1. Política e Situação Orçamental Em 2014, a Política Orçamental teve como principal objectivo aumentar a despesa fiscal por meio, sobretudo, do programa de investimentos, de forma a realocar os recursos para outros sectores de actividade com o fim de diversificar a economia. Do lado da receita, deu-se continuidade à implementação da reforma tributária com vista a aumentar a arrecadação fiscal através do alargamento da base tributária do sector não petrolífero. O Orçamento Geral do Estado 22

Relatório e Contas 2014 (OGE) de 2014 assumiu um preço médio anual, do barril do petróleo, de 98 USD e um crescimento do PIB na ordem dos 8,8%, em termos reais. Contudo, estes pressupostos na verdade não se concretizaram ao longo do ano de 2014 (o preço médio do barril de petróleo e o crescimento do PIB ficaram abaixo do esperado) e as receitas arrecadadas, nomeadamente as receitas petrolíferas (que representam mais de 60% do total das receitas correntes) ficaram aquém do previsto, comprometendo a execução da despesa, sobretudo da despesa de investimento inicialmente programada. Verificou-se entretanto um reajustamento das despesas que fez com que o regresso aos défices orçamentais não fosse tão acentuado quanto foi previsto no OGE para 2014. Quadro 5: Principais Indicadores Orçamentais 2012 2013 2014 OGE 2014 Prel. 2012 2013 2014 Prel. Em mil milhões de Kz Em % do PIB Receitas Totais 5.054,80 4.848,61 4.745,47 4.322,80 46,5 40,2 37,6 Receitas Correntes 5.054,00 4.847,83 4.744,70 4.322,27 46,5 40,2 37,6 dq: Receitas de impostos Petrolíferos 4.102,70 3.629,83 3.313,10 2.961,87 37,7 30,1 25,8 Receitas de impostos não Petrolíferos 723,30 972,19 1.226,80 1.128,23 6,7 8,1 9,8 Despesas Totais 4.329,10 4.816,36 5.375,20 4.682,39 39,8 39,9 40,7 Despesas correntes 3.184,60 3.437,26 3.674,00 3.250,20 29,3 28,5 28,3 Despesas com Aq. de Activos não Financeiros 1.144,50 1.379,10 1.701,20 1.432,19 10,5 11,4 12,5 Saldo global (compromisso) 725,70 32,25-629,73-359,59 6,7 0,3-3,1 Saldo corrente 1.870,20 1.411,35 1.071,47 1.072,61 17,2 11,7 9,3 Saldo primário 831,20 131,36-502,13-217,49 7,6 1,1-1,9 Saldo primário não petrolifero -3.271,50-3.498,48-3.815,23-3.179,35-55,5-48,3-44,2 Fonte: Ministério das Finanças Programação Macro Fiscal 2015 O ano de 2014 foi marcado por várias reformas estratégicas de médio prazo, abrangendo o sector não petrolífero e o sector dos combustíveis. No primeiro caso, foi aprovado em Julho de 2014 um pacote legislativo que recai sobre três códigos tributários, nomeadamente: (i) o Código Geral Tributário, (ii) o Código do Processo Tributário e (iii) o Código de Execuções Fiscais. Esta revisão veio alterar as taxas de imposto que são aplicadas às empresas, e reformular o limite mínimo de elegibilidade dos rendimentos de particulares. O grande objectivo destas reformas esteve associado à eliminação de actuais lacunas ao nível da tributação fiscal. No segundo caso, o Executivo decidiu diminuir a atribuição de subsídios aplicáveis aos combustiveis, devido ao enorme impacto dos mesmos sobre o total das despesas. Esta medida visa trazer uma maior equidade fiscal, dado que o subsídio não era abrangente a todas as camadas sociais, sobretudo as menos favorecidas, e tendia a beneficiar as camadas socialmente mais favorecidas. Com a redução dos subsídios aos combustíveis, criou-se uma folga fiscal que pode ser aplicada em outras despesas, nomeadamente no sector da saúde e/ou educação. Assim, tendo em conta todo este contexto da política orçamental, os dados preliminares disponibilizados pelo Ministério das Finanças revelam uma evolução em geral menos favorável dos saldos orçamentais em 2014, relativamente ao ano anterior. Com efeito, o saldo global registou um défice de Kz 359,6 Mil Milhões, correspondendo a 3,1% do PIB (contra um superavit de Kz 32,3 Mil Milhões, cerca de 0,3% do PIB registado no ano anterior); o saldo corrente reduziu em 2,4 p.p., situando-se nos 9,3% do PIB (contra os 11,7% do PIB em 2013) e o défice global primário (excluindo os juros da dívida) deteriorou-se, apresentando um défice de 1,9% do PIB (contra um superavit no ano anterior de 1,1% do PIB). O saldo primário não petrolífero manteve em 2014 a tendência que tem exibido ao longo dos últimos anos, apresentando um défice menor ao fixar-se nos -44,2% do PIB (quando comparado com o défice de 48,3% apurado em 2013). Esta evolução menos favorável das contas públicas em 2014 foi determinada essencialmente pela redução das receitas totais, nomeadamente, das receitas correntes petrolíferas. Em termos de peso no PIB, as receitas públicas registaram 23

uma queda de 2,6 p.p. situando-se nos 37,6% do PIB (contra os 40,2% no ano anterior) enquanto as despesas públicas aumentaram em 0,8 p.p., fixando-se nos 40,7% do PIB (contra os 39,9% no ano anterior). 2.2.2. Receitas Públicas As receitas públicas preliminares em 2014, fixaram-se nos Kz 4.322,8 Mil Milhões, apresentando uma taxa de execução relativamente ao orçamentado na ordem dos 91,1%, e uma redução em termos homólogos do ano anterior de 10,8%. Esta evolução deveu-se, essencialmente, à redução nas receitas correntes, nomeadamente, dos impostos provenientes do sector petrolífero. Contribuíram também para a evolução das receitas correntes, mas em menor grau, as contribuições sociais e as doações no período, que evidenciaram decréscimos da ordem dos 81,3% e 30%, respectivamente. Em resultado do efeito da queda do preço médio do barril de petróleo sobre as receitas das exportações petroliferas, as receitas de impostos do sector petrolífero registaram uma redução de 18,4%, situando-se nos Kz 2.961,9 Mil Milhões, correspondendo a uma taxa de execução face ao orçamentado de 89,4%. Quadro 6: Receitas Públicas 2012 2013 2014 OGE 2014 2012 2013 2014 2013 2014 Em mil milhões de Kz T.V.H Taxas de Execução Receitas 5.054,80 4.848,61 4.745,47 4.322,80 5,8-4,1-10,8 106,1 91,1 Receitas Correntes 5.054,00 4.847,83 4.744,70 4.322,27 5,8-4,1-10,8 106,1 91,1 Impostos 4.826,00 4.602,02 4.539,90 4.090,10 6,6-4,6-11,1 104,6 90,1 Petrolíferos 4.102,70 3.629,83 3.313,10 2.961,87 7,5-11,5-18,4 110,6 89,4 Não petrolíferos 723,30 972,19 1.226,80 1.128,23 1,8 34,4 16,1 86,9 92,0 Impostos s/ rend., lucros e ganhos de capital 324,70 501,61 527,20 544,83 3,9 54,5 8,6 100,9 103,3 Impostos s/ propriedades 16,20 21,17 150,70 28,16 170,0 30,7 33,0 87,1 18,7 Impostos s/ bens e serviços 165,20 201,06 328,60 228,90-2,3 21,7 13,8 79,8 69,7 Impostos s/ o comércio internacional 111,30 124,41 165,20 182,04-0,9 11,8 46,3 57,4 110,2 Outros impostos 105,90 123,93 55,10 144,30-4,3 17,0 16,4 95,9 261,9 Contribuições sociais 106,60 120,72 165,30 22,57 18,7 13,2-81,3 166,7 13,7 Doações 1,60 1,84-1,29-33,3 15,3-30,0 ----- ----- Outras receitas 119,80 123,25 39,50 208,31-23,3 2,9 69,0 127,1 527,4 Receitas de capital 0,80 0,78 0,77 0,54 Fonte: Ministério das Finanças Programação Macro Fiscal 2015 Por sua vez, as receitas de impostos do sector não petrolífero, em virtude da reforma tributária que o Executivo aprovou em Julho de 2014, e, do aumento da actividade económica ao longo do ano, registaram em 2014 um aumento de 16,1% situando-se nos Kz 1.128,2 Mil Milhões, apresentando uma taxa de execução relativamente ao orçamentado de 92%. Destaca-se, nas receitas de impostos não petrolíferos, o bom desempenho registado ao nível da cobrança de todos os impostos, sobretudo dos impostos sobre os rendimentos, lucros e ganhos de capital e sobre o comércio internacional, que aumentaram em termos homólogos 8,6% e 46,3%, respectivamente. De realçar que, face aos últimos desenvolvimentos internacionais relacionados com a evolução do preço do crude, é ainda prematuro e incerto prever os níveis em que a oferta e a procura irão estabilizar e, assim, definir um preço de equilíbrio. Este constitui o principal risco que ensombra a captação de receitas fiscais, enquanto houver esta dependência de Angola face a este recurso natural. É facto, contudo, que a dependência diminui cada vez mais: as receitas petrolíferas representaram 25,8% do PIB em 2014 (contra os 30,1% em 2013) e 68,5% do total das receitas (contra os 74,9% do ano anterior). 24