ATITUDE E COMPORTAMENTO ALIMENTAR DETERMINANTES DE ESCOLHAS ALIMENTARES Prof. ª Karina d Almeida
INTRODUÇÃO Comportamento alimentar todo tipo de construto no âmbito da alimentação: consumo, modo de comer, e outras questões relacionadas (como e onde comer) Sem a compreensão correta do que significa comportamento alimentar, o foco da abordagem nutricional pode ser inadequado, especificamente quando o objetivo é promover mudança de comportamento efetiva!
INTRODUÇÃO Dentro de um abordagem ampla, objetiva-se que o paciente alcance adequação ou melhora em vários aspectos, que se comunicam (consumo, estrutura, comportamentos, relação com a comida, etc.). É importante ressaltar que parâmetros clínicos não são comportamentos, assim como peso não é comportamento; portanto esses não são o foco do tratamento direcionado a mudança comportamental.
INTRODUÇÃO Hábito comportamento que determinada pessoa aprende e repete frequentemente sem pensar como deve executá-lo Nesse sentido, o hábito alimentar pode ser definido como os costumes e modo de comer de uma determinada pessoa/comunidade.
COMPORTAMENTOS X HÁBITOS Temos dificuldade em mudar hábitos e comportamentos porque geralmente são inconscientes e nos fazem agir de forma automática, e precisamos que alguém nos aponte para que possamos tomar consciência do fato. Ex: abrir a geladeira quando passar pela cozinha, parar de comer somente quando o pacote acaba, etc.
COMPORTAMENTOS X HÁBITOS Mas como mudar algo que é inconsciente e feito de forma automática, sem pensar? Os hábitos alimentares dependem muito do que sabemos ou acreditamos saber sobre alimentação e é moldado por experiências socioculturais e afetivas! É necessário então, mudar o comportamento, para que ele se torne um novo hábito...
ESCOLHAS E DETERMINANTES DE CONSUMO O consumo alimentar é determinado pelas escolhas alimentares dos indivíduos e constitui um processo complexo, que envolve fatores biológicos, socioculturais e psicológicos e a interação desses fatores.
ESCOLHAS E DETERMINANTES DE CONSUMO A escolha é definida como um processo mental de pensamento que envolve o julgamento dos méritos de várias opções e a seleção de uma delas para a ação; As escolhas alimentares podem, dessa forma, ser um tipo de comportamento, e significam a opção por determinados alimentos em detrimento de outros (mesmo que isso possa variar dependendo do local, da circunstância,...);
ESCOLHAS E DETERMINANTES DE CONSUMO A escolha alimentar compreende a seleção e o consumo de alimentos e bebidas, considerando: o quê, como, quando, onde e com quem as pessoas comem, além de outros aspectos de seu comportamento alimentar
ESCOLHAS E DETERMINANTES DE CONSUMO A seleção alimentar faz parte de um ciclo que, de maneira geral, consiste em: despertar do interesse por comida procurar pela comida apropriada avaliá-la tomar a decisão de consumi-la capturar, processar e digerir a comida
ESCOLHAS E DETERMINANTES DE CONSUMO Apesar disso, a influência para o comportamento e escolhas alimentares pode variar de acordo com as fases da vida: no começo, prevalecem os sinais biológicos (a criança pequena é um comedor intuitivo nato); no meio da vida, essas influências mudam em função da aprendizagem dos sinais externos; e, ao longo da vida adulta, prevalecem as crenças, atitudes e cognições.
ESCOLHAS E DETERMINANTES DE CONSUMO As escolhas alimentares são as responsáveis óbvias pelo consumo; Como nutricionistas, somos habilitados a avaliar o consumo alimentar e nutricional por meio de vários instrumentos, ou seja, avaliar o que a pessoas comem; Mas, normalmente, não nos detemos em ampliar nossa compreensão do por que as pessoas comem o que comem, em que se baseiam suas escolhas, o que determina as escolhas feitas e quais são as influências para o comportamento.
ESCOLHAS E DETERMINANTES DE CONSUMO Os comportamentos dependerão daquilo que conhecemos, acreditamos, sentimos e pensamos sobre determinado alimento. Dessa forma, a escolha alimentar é determinada por diversos fatores e esse processo envolve decisões conscientes, mas também automáticas, habituais e subconscientes, ou seja, a escolha depende das atitudes!!! A comida é, ao mesmo tempo, fornecedora de energia, fonte de prazer e recompensa e um vínculo social, e as escolhas refletem todas essas características.
DETERMINANTES DA ESCOLHA Determinantes de escolha alimentar podem ser definidos como fatores que vão afetar as escolhas alimentares por meio de efeitos nos pensamentos e sentimentos individuais. As escolhas podem ser guiadas por dois tipos de determinantes: aqueles relacionados aos alimentos, como sabor, e aqueles relacionados ao comedor, ou seja biológicos, socioculturais e psicológicos.
DETERMINANTES DA ESCOLHA Pensando nos diferentes determinantes do consumo, o comedor pode ser classificado de acordo com aquilo que mais importa (fator biológico, passional, cultural ou racional), por exemplo, aquele que pensa em custo benefício e nas calorias que valem a pena ; Claro que não somos um tipo puro de comedor, e diversas categorias podem se somar, ou uma pode sobressair à outra, dependendo do momento da vida, situação e objetivo.
DETERMINANTES RELACIONADOS AOS ALIMENTOS Dentre os determinantes relacionados aos alimentos, são tidos como os principais fatores no processo de escolha alimentar: Sabor: obtido pelo conjunto das características sensoriais e responsável pelo prazer em comer Aspectos nutricionais: com foco na saúde e composição dos alimentos
DETERMINANTES RELACIONADOS AOS ALIMENTOS Ao longo da história da humanidade, o objetivo primário da busca por comida estava relacionado a sobrevivência, manutenção da homeostase energética e a luta contra a inanição. No entanto, na evolução observa-se o consumo alimentar direcionado pelo prazer, a chamada fome hedônica. um alimento provavelmente não será comprado ou consumido se não parecer saboroso ou com um odor agradável e característico, com boa aparência ou textura, independentemente da situação econômica do individuo ou da disponibilidade do alimento
DETERMINANTES RELACIONADOS AOS ALIMENTOS Embora o sabor tenha esse papel central, muitas pessoas tem medo do prazer em comer. Um estilo de vida saudável é comumente assumido como algo que não pode ser prazeroso, e uma alimentação prazerosa e, muitas vezes tida como não saudável associada ao engordativo e proibido Tal conceito pode fazer com que a ingestão desses alimentos cause ansiedade e culpa, que podem ser agravados pelo discurso de saúde pública que ressalta o prazer disciplinado com práticas moderadas e restritivas.
DETERMINANTES RELACIONADOS AOS ALIMENTOS A comida é, portanto, associada a sentimentos ambivalentes: prazer e culpa. A culpa pode fazer alguém mudar o comportamento na tentativa de fazer diferente para não sentir mais esse sentimento ruim, mas também pode levar a sentimentos de impotência e perda de controle, causando prejuízo na qualidade de vida, afetando a autoestima, a saúde e o controle do peso corporal.
DETERMINANTES RELACIONADOS AOS ALIMENTOS Além de todos os fatores citados, cabe ainda à comida uma natureza simbólica. Para o homem, comer é muito mais do que se nutrir (o que é evidenciado e construído desde a primeira infância). A comida é carregada de simbolismos e significados afetivos que determinam preferências e aversões de forma muito pouco fisiológica. A comida não é boa ou ruim por si só, mas porque alguém ensinou a reconhecer de tal forma
DETERMINANTES RELACIONADOS AOS ALIMENTOS A comida pode ter então, significados diversos para uma pessoa, dependendo de fatores também variados. A associação que alguém faz com a comida muitas vezes pode ser irracional para o terapeuta nutricional; e para trabalhar de forma efetiva, será necessário entender as associações para determinar os mecanismos subjacentes e aceitá-los.
DETERMINANTES RELACIONADOS AO COMEDOR Os determinantes relacionados ao comedor podem ser divididos em: Biológicos: Sexo, idade, estado nutricional, genética, mecanismos regulatórios, estado fisiológico de fome e saciedade. Psicossocioculturais: Cultura, religião, moralidade, classe social, renda, nível de escolaridade e informação, família, mídia, preferências, crenças, tradições, acesso e disponibilidade.
DETERMINANTES BIOLÓGICOS Fatores biológicos, como sexo, idade e estado nutricional influenciam o consumo alimentar juntamente com a regulação pela fome e saciedade em consequência da necessidade nutricional, que é precondição para tudo.
DETERMINANTES BIOLÓGICOS A preferência pelo sabor doce e salgado e a rejeição a sabores azedos ou amargos teve um papel na evolução, pois o sabor doce é, presumivelmente, fonte de energia e ajudou a orientar a ingestão de alimentos nutritivos e prevenir a ingestão dos que pudessem ser venenosos. Mesmo assim, gosto por doces é diferente entre as pessoas.
DETERMINANTES BIOLÓGICOS O paladar e as preferências alimentares - que levam ao prazer de comer - começam a se formar durante a gestação e aleitamento materno, e podem sofrer a influência de diversos fatores, como: Estágio de desenvolvimento Genes que influenciam a percepção do sabor Predisposição à reação neofóbica a novos alimentos Consequências do consumo de diversos alimentos
DETERMINANTES PSICOSSOCIOCULTURAIS Comer é um processo não apenas fisiológico, mas também sociocultural e afetivo. A alimentação será sempre acompanhada por um contorno emocional, que deve ser considerado e avaliado ao se tentar compreender o comer.
DETERMINANTES PSICOSSOCIOCULTURAIS O homem é influenciado, também por mecanismos psicossociais, como renda, classe social, escolaridade, família e mídia permeados pela cultura do país. O meio ambiente também faz parte dos determinantes sociais.
DETERMINANTES PSICOSSOCIOCULTURAIS Convivemos, hoje, com oferta e disponibilidade aumentada de alimentos e a vida moderna impõe, muitas vezes, horários prejudiciais para as refeições, práticas alimentares inadequadas, escolha por alimentos convenientes e práticos, e o próprio estresse e ansiedade do dia a dia podem implicar diferentes comportamentos alimentares...
DETERMINANTES PSICOSSOCIOCULTURAIS Além disso, os indivíduos tem se tornado mais conscientes sobre nutrição e saúde, e ser saudável tem se tornado um importante critério na escolha dos alimentos. No entanto, vivemos um paradoxo, de oferta abundante, mensagens de nutrição e saúde, cobrança pelo corpo perfeito,... Assim, a comida hoje tem significado ambíguo, tornando confuso o que deve nortear escolhas e comportamentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Fica evidente que a atitude e comportamento alimentar se colocam como fundamentais para as escolhas alimentares Como nutricionistas, temos que tratar de prazer, saúde, significados e códigos simbólicos, as relações proporcionadas pela alimentação, questões emocionais, de identidade cultural e social e tomada de decisões
CONSIDERAÇÕES FINAIS Temos, então, o desafio de mudar comportamentos sem perder os significados da alimentação e a capacidade crítica.
Bibliografia: Alvarenga M; Antonaccio C; Timerman, F; Figueiredo, M. Nutrição Comportamental. Barueri, SP: Manole, 2015.
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