1 XVIII Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias SNBU 2014 A ADOÇÃO DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS COMO CAMINHO PARA O DESCARTE DE MATERIAIS BIBLIOGRÁFICOS Evandra Campos Castro Mauro José Kummer
2 RESUMO O presente estudo de caso tem como tema a logística reversa que trata do retorno de bens de consumo inservíveis, para serem reciclados e reutilizados. A questão problema é se o descarte de materiais bibliográficos inservíveis, praticado nas bibliotecas dos Institutos Federais de Ensino IFs, tem se baseado nos preceitos legais e ambientais. O objetivo é investigar a adoção de boas práticas no gerenciamento sustentável no descarte destes materiais nos IFs. Adota-se como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Para coleta de dados, aplicou-se um questionário com vinte questões, visando obter um perfil da cultura organizacional quanto à incorporação de conceitos e práticas da Gestão Pública Sustentável. Usou-se a escala de Likert, sendo esta uma escala psicométrica utilizada em pesquisa quantitativa. Os resultados da pesquisa apontam que, aproximadamente, 84% dos IFs ainda não aderiram aos ideais de responsabilidade socioambiental, propostos pelo Programa Agenda Ambiental da Administração Pública A3P. A adoção de boas práticas aplicadas ao descarte é realizada por apenas 12,5% dos bibliotecários entrevistados. Fica bastante evidente que é preciso que governos e servidores empreendam maiores esforços em suas atividades e ações, buscando adequar-se aos novos padrões da Gestão Sustentável para que efetivamente crie-se uma cultura organizacional voltada à sustentabilidade. Palavras-Chave: Agenda Ambiental da Administração Pública A3P; Logística reversa; Descarte de materiais bibliográficos
3 1 Introdução A logística reversa tem como finalidade processar bens e materiais já utilizados para retorno á cadeia produtiva. Com a ideia de desenvolvimento sustentável a logística reversa ganha maior importância e espaço nas esferas ambiental, educacional, social, econômica e comercial. A demanda por melhoria constante na prestação de serviços impõe aos gestores públicos ações e práticas orientadas à sustentabilidade. A destinação correta de resíduos sólidos, tanto na esfera privada quanto na pública, obedece a critérios legais, ambientais, logísticos e sociais. Diante desse cenário questiona-se se as bibliotecas dos Institutos Federais (IFs); tem praticado o gerenciamento sustentável no descarte de materiais bibliográficos, com base nas disposições legais e nos preceitos ambientais. Essa realidade trouxe a necessidade de conhecer a cerca do descarte, enquanto atividade da logística reversa, em bibliotecas dos IFs sendo o principal objetivo investigar a prática do gerenciamento sustentável no descarte de materiais bibliográficos. 2 Revisão de Literatura O paradigma do consumismo e a consequente produção de resíduos sólidos torna-se uma difícil equação quanto à destinação ecologicamente correta desses materiais. Logística reversa é uma das áreas da logística empresarial que abarca um conjunto de operações e ações, trata da redução de matérias-primas primárias, estendendo-se a destinação final correta de produtos, materiais e embalagens com o seu ciclo de reúso, reciclagem e/ou produção de energia (PEREIRA et al, 2012). Os canais reversos de pós-consumo compreendem as diferentes etapas de comercialização e industrialização de bens, pelas quais trafegam os produtos/materiais, após o descarte, até sua reintegração ao processo produtivo (LEITE 2009, apud SOUZA, 2012). A agenda ambiental, a princípio restrita a comunidade científica, começa a assumir maior importância a partir da década de 1960 e entra na pauta de governos e organizações a nível global. Em 2012, no Rio de Janeiro, foi realizada a Rio+20, Conferência da ONU (Organização das Nações Unida) sobre Desenvolvimento Sustentável, foi adotado oficialmente o documento intitulado "O futuro que queremos", sendo 188 países participantes ONU (2012).
4 Os governos, nacionais e internacionais, têm regulamentado as ações relativas à área logística reversa, por meio de políticas públicas, para minimizar os impactos ambientais. No que refere-se à legislação ambiental brasileira, pode-se citar: a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988, como lei suprema; o DECRETO Nº 4.074, DE 4 DE JANEIRO DE 2002 que regulamenta, entre outros assuntos, o destino final dos resíduos e embalagens; e a LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Para MARCO Universal II (2010, p. 39) Tomado pela onda verde mundial, o Brasil se mostra cada vez mais flexível a priorizar a sustentabilidade na sua agenda, dando ênfase a questões ambientais. A administração pública tem a responsabilidade de apresentar soluções no enfrentamento das questões ambientais, buscando novas estratégias que inovem os padrões de produção e consumo. As instituições públicas têm sido motivadas a inovar e desenvolver programas e projetos, a fim de promover a discussão sobre desenvolvimento e a adoção de uma política de responsabilidade socioambiental do setor público (BRASIL, 2013). Criado em 2001, pelo Ministério do Meio Ambiente, o Programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) tornou-se o principal programa da administração pública de gestão socioambiental. O principal desafio da A3P é promover a responsabilidade socioambiental como política governamental, auxiliando na integração da agenda de crescimento econômico aliado ao desenvolvimento sustentável. Diversos órgãos e instituições públicas das três esferas de governo, tem implementado o programa que pode ser usado também como modelo de gestão socioambiental por outros segmentos da sociedade. Pode-se perceber que há uma fluidez nesse movimento em prol da questão da sustentabilidade, que se encontra bem desenvolvido e articulado. As ações administrativas de planejamento, execução e controle, desenvolvidas pelas organizações, são orientadas pela bandeira da sustentabilidade, independente de seu foco de atuação. 3 Materiais e Métodos A presente pesquisa caracteriza-se como estudo de caso, adotando-se como procedimentos metodológicos pesquisa bibliográfica, documental e de campo. A pesquisa documental está baseada na consulta de documentos e/ou instrumentos legais que contemplem diretrizes para operacionalizar o descarte de materiais inservíveis. A pesquisa de
5 campo possibilitará obter um perfil da cultura organizacional, em relação à Responsabilidade Socioambiental, e a prática do descarte de materiais bibliográficos nos IFs, em 2013. O universo da pesquisa é composto por 38 IFs, que representa 100% dos IFs existentes. O conjunto de questões visa identificar a percepção dos servidores públicos em relação a qual medida a logística reversa está inserida na cultura organizacional. Para mensurar o nível de concordância ou discordância em relação a cada questão dada, utilizou-se a escala (psicométrica) de Likert utilizada em pesquisa quantitativa. 4 Resultados Parciais/Finais O gráfico 1 ilustra as respostas obtidas sobre as questões numa abordagem gerencial pertencente ao mais alto escalão. Em média, 15% concordam totalmente com as questões propostas, isso demonstra que os IFs, em sua minoria, incorporaram a questão da sustentabilidade em suas práticas e ações administrativas.
6 O gráfico 2, ilustra respostas pautadas em questões de cunho comportamental e normativo, de acordo com a Lei nº 12.349/2010, que trata da inclusão da Promoção do Desenvolvimento Nacional Sustentável como objetivo das licitações. Em média, 30% dos participantes responderam que concordam parcialmente e, apenas, 12% concordam totalmente. As respostas representadas no gráfico 3, expressam a prática da gestão sustentável numa atividade bem comum, a impressão e o tema coleta seletiva. Dos entrevistados, em média, 30% responderam adotam boas práticas de impressão. Quanto coleta seletiva 14 % dos entrevistados, em média, responderam de modo positivo.
7 O gráfico 4 ilustra as respostas a questões ligadas as atividades de descarte de material bibliográfico revelando que 12% dos participantes, em média, responderam que concordam totalmente. 5 Considerações Parciais/Finais Conforme análise dos dados coletados, na média geral, apenas 16% dos IFs estão empenhados em garantir a mudança e adotar novos padrões de produção e consumo, buscando reduzir os impactos socioambientais negativos gerados pela atividade pública. O estudo possibilitou tomar conhecimento que somente 12,5% das Bibliotecas dos IFs, em média, estão em conformidade com o que propõe o Programa Agenda Ambiental na Administração Pública A3P, no que se refere a adoção de práticas sustentáveis nas atividades de descarte de materiais bibliográfico. O governo brasileiro tem buscado se adequar a essa realidade, através de normas e legislação, que orientam a destinação correta de resíduos, entre outras ações voltadas a gestão sustentável, mas os esforços empreendidos pelo governo federal ainda são insuficientes, pois o resultado da pesquisa aponta que os IFs, não incorporaram de fato na sua cultura organizacional a bandeira da sustentabilidade. A implementação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), com regras mais rígidas, deverá impulsionar a criação de outras políticas públicas de logística reversa, com base em novos padrões da Gestão Sustentável. Apresentar as reflexões realizadas até o momento, os aspectos relevantes sobre o trabalho e, também, recomendações que se façam necessárias. 6 Referências BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Agenda Ambiental na Administração Pública A3P. Disponível em: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/item/8852. Acesso em: <26 jun. 2013>. LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson, 2009. MARCO Universal II. Meio Ambiente. Nosso Futuro Comum, 2009-2010. Disponível em:. Acesso em: <25 jun. 2013>. ONU (Organização das Nações Unidas, Brasil). Departamento de Informação Pública das Nações Unidas, 2012. Do Rio à Rio+20. Progresso e desafio desde a Cúpula da Terra de 1992. Disponível em: http://www.onu.org.br/rio20/1992-2012/. Acesso em: <25 jun. 2013>. PEREIRA, A. L. et al. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage, 2012.