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DISPONIBILIDADE DE NITRATO EM SOLOS 2461 DISPONIBILIDADE DE NITRATO EM SOLOS BRASILEIROS SOB EFEITO DA CALAGEM E DE FONTES E DOSES DE NITROGÊNIO 1 CARLOS ALBERTO SILVA 2 e FABIANO RIBEIRO DO VALE 3 RESUMO - Este trblho objetivou vlir os efeitos d lgem e de fontes e doses de N sobre disponibilidde de nitrto, em mostrs (-2 m) de solos brsileiros. Form onduzidos dois experimentos: um om ino solos d Bhi e o outro om ino solos de Mins Geris. Os mteriis de solo form previmente umedeidos e inubdos por sete dis, 26 C, visndo tivr flor mirobin. Ns mostrs de solo d Bhi, pliou-se uréi ou o sulfto de mônio ns onentrções de 5, 1, 15 e 2 mg de N por kg de solo e ns de Mins Geris, foi vlido o efeito d lgem sobre nitrifição. Os mteriis de solo form inubdos 26 C por 15 dis. Independentemente d dose de N plid, uréi nitrifiou mis rpidmente do que o sulfto de mônio. N Arei Qurtzos não foi observd nitrifição líquid do N-sulfto de mônio, sendo onsttd, porém, oxidção do N-uréi. A lgem fetou nitrifição, notndo-se nos solos que reeberm lário mior disponibilidde de nitrto. A sturção por bses e o teor de mtéri orgâni presentrm, respetivmente, melhor orrelção om o nitrto formdo e os teores de uréi presentes no solo o término d inubção. Termos pr indexção: mtéri orgâni, ph do solo, urese, sulfto de mônio, nitrifição. NITRATE AVAILABILITY IN BRAZILIAN SOILS UNDER EFFECT OF LIMING AND SOURCES AND AMOUNTS OF NITROGEN ABSTRACT - The im of this work ws to evlute the effet of liming nd soures nd doses of nitrogen on nitrte vilbility in Brzilin soils. Two experiments were rried out: one with five soils from Bhi Stte nd the other with five soils from Mins Geris Stte. Soil smples were previously moistened nd inubted t 26 C in order to tivte the miroorgnism popultion. Soil smples from Bhi Stte were inubted with 5, 1, 15 e 2 mg of N per kg of soil s mmonium sulfte or ure nd in the Mins Geris soils it ws evluted the effet of liming on nitrifition. Soil smples were inubted t 26 C during 15 dys. Ure nitrified fster thn mmonium sulfte. The sndy soil did not exhibit net nitrifition following mmonium pplition, but nitrifition in this soil ws signifintly higher under ure. The nitrte vilbility inreses with the liming of Mins Geris soils. Nitrifition rte showed to be highly orrelted with bse sturtion wheres ure hydrolysis ws orrelted with orgni mtter ontent. Index terms: orgni mtter, soil ph, urese, mmonium sulfte, nitrifition. INTRODUÇÃO No Brsil, uréi e o sulfto de mônio onstituem s prinipis fontes de N. A uréi, representndo 1 Aeito pr publição em 27 de jneiro de 2. 2 Eng. Agrôn., Dr., Embrp-Centro Nionl de Pesquis de Solos, Ru Jrdim Botânio, 124, Jrdim Botânio, CEP 2246- Rio de Jneiro, RJ. E-mil: silv@nps.embrp.br 3 Eng. Agrôn., Ph.D., Dep. de Ciêni do Solo, Universidde Federl de Lvrs (UFLA), Cix Postl 37, CEP 372- Lvrs, MG. E-mil: fbino@ufl.br er de 5% do merdo, qundo plid o solo, sofre, iniilmente, hidrólise, produzindo môni e gás rbônio, num reção medid pel urese. Ess reção iniil d uréi present importntes spetos, entre os quis elevção do ph do solo, pr fix de 8 9, ns imedições do grânulo desse fertiliznte. Por su vez, o sulfto de mônio, que represent er de 25% do merdo, qundo plido o solo, por dissolução, produz diretmente íons mônio. Um vez presente no solo, o mônio pode ser oxiddo nitrto, num reção medid por btéris utotrófis e denomind nitrifição.

2462 C.A. SILVA e F.R. DO VALE A intensidde d nitrifição, que, em últim instâni, determin disponibilidde de nitrto no sistem solo-plnt, vri tnto om o gru de fertilidde do solo qunto om moléul rredor de N (Alexnder, 1965; Hynes, 1986). As miores txs de nitrifição têm sido obtids nos solos onde se proede orreção d idez do solo (Hynes, 1986; Hytsu & Kosuge, 1993; Kreutzer, 1995). Em ltossolos do sul de Mins Geris, Silv et l. (1994) verifirm que lgem promoveu umento n disponibilidde de nitrto, sendo os miores teores de N-nítrio observdos em ondições de ph próximo d neutrlidde ou nos trtmentos onde se proedeu eliminção do Al tóxio e o umento nos teores de C no solo. A disponibilidde de mônio pr os mirorgnismos nitrifidores e o efeito de fertilizntes sobre o ph do solo e sobre populção de nitrifidores são os prinipis ftores que governm vrição ns veloiddes de trnsformção do N suprido pelos dubos nitrogendos (Aror et l., 1986). Avlindo tx de nitrifição do N proveniente d uréi e sulfto de mônio, Melo et l. (198) não verifirm diferençs entuds entre nitrifição desses dois fertilizntes. Entretnto, Aror et l. (1986) observrm que o mônio d uréi nitrifiou mis rpidmente do que quele oriundo do sulfto de mônio, n usêni de rbonto de álio. Em solo áido sob vegetção de errdo, Hytsu & Kosuge (1993) verifirm que o suprimento de N n form de uréi e lgem usrm umento n populção de btéris utotrófis nitrifidors, o que resultou em inremento n tx de nitrifição. Segundo Melo (1987), tx de nitrifição em solos áidos é reduzid, ms, no so espeífio d uréi, el poderá ser lt, pel elevção do ph em onseqüêni d hidrólise desse fertiliznte. Outro ftor limitnte à nitrifição é onentrção de mônio no solo. Normlmente, os vlores de Km, que indim onentrção de substrto pr se tingir metde d veloidde máxim de nitrifição, vrim de 1 1 mg de N-NH 4 + por L de solução de solo. Esss onentrções são enontrds em áres sob fertilizção intensiv de N, de modo que, n miori dos solos, nitrifição é umentd em áres om plições de té 3 mg de N por kg de solo (Mlhi & MGill, 1982; Hynes, 1986). Assim, fe à possibilidde de uréi e do sulfto de mônio ondiionrem de form diferenid intensidde d nitrifição, ssume importâni o fto de s plnts poderem ser exposts diferentes quntiddes e proporções de nitrto e mônio. Dinte dess possibilidde, há implições tnto do ponto de vist gronômio qunto do eológio, pois o blnço desss forms nitrogends fet o resimento ds plnts (Vle et l., 1998), e mior presenç de nitrto no solo pode representr, em áres om uso mis intensivo de N, miores perds de N do sistem solo-plnt e riso de poluição de mnniis de águ. O presente estudo objetivou vlir disponibilidde de nitrto em função d plição de doses resentes de uréi ou de sulfto de mônio, em mostrs de solos brsileiros sob efeito ou não d lgem. MATERIAL E MÉTODOS Form onduzidos dois experimentos no lbortório de Relção Solo-Plnt do Deprtmento de Ciêni do Solo d Universidde Federl de Lvrs, no período de julho outubro de 1992. No primeiro experimento form utilizds ino mostrs de solo (-2 m) do sudoeste d Bhi: Ltossolo Vermelho-Amrelo álio (LV1), Ltossolo Vermelho-Amrelo eutrófio (LV2), Ltossolo Amrelo álio (LA), Podzólio Vermelho-Amrelo eutrófio (PV) e Arei Qurtzos distrófi (AQ). Os mteriis de solo form sedos o r, peneirdos (2 mm) e rterizdos quimimente, onforme Embrp (1979), à exeção d mtéri orgâni (Rij & Quggio, 1983), e fisimente (textur), segundo Cmrgo et l. (1986) (Tbel 1). Adotou-se o delinemento experimentl inteirmente sulizdo, om os trtmentos distribuídos num rrnjo ftoril 5x2x4 (5 solos; 2 fontes de N e 4 doses de N). A fim de vlir o nitrto produzido, form utilizds dus fontes de N, uréi e sulfto de mônio, ns onentrções de 5, 1, 15 e 2 mg de N por kg de solo. Pr d onentrção, em três repetições, tomrm-se 5 g de solo, ondiionds em tubos de vidro de 1 ml, e diionrm-se 2 ml de águ. Em seguid, proedeu-se à inubção por sete dis, 26 o C, pr tivr flor mirobin. Após esse período, diionou-se uréi ou sulfto de mônio, ns ino onentrções, e proedeu-se à inubção (26 o C) dos solos por 15 dis, om umidde mntid onstnte -,6 MP pr AQ e LV1, e -,1 MP pr os demis solos.

DISPONIBILIDADE DE NITRATO EM SOLOS 2463 TABELA 1. Crterizção quími e texturl de mostrs d md superfiil (-2 m) de ino solos do sudoeste d Bhi. Solo 1 ph K P C Mg Al H+Al MO Arei Silte Argil ---(mg dm -3 )----- ---------------(mol dm -3 )-------------- ---------------(g kg -1 )------------------- LV1 6,6 42 74 2,5,6,1 1,3 16, 78 2 2 LV2 5,8 117 21 4,9,1,1 2,6 21, 62 14 24 LA 6,8 172 31 5,,6,1 1,3 19, 62 22 16 PV 6,3 98 17 4,3,7,1 1,9 23, 69 14 17 AQ 5,2 14 18,8,6,1 2,1 7, 95 1 4 1 LV1: Ltossolo Vermelho-Amrelo; LV2: Ltossolo Vermelho-Amrelo; LA: Ltossolo Amrelo; PV: Podzólio Vermelho-Amrelo; AQ: Arei Qurtzos. Após o período de inubção, proedeu-se à determinção do ph em águ (solo:águ 1:2,5) e dos teores de mônio e nitrto, que form extrídos om KCl 1N e determindos por destilção, segundo Keeney & Nelson (1982). A uréi remnesente no solo foi quntifid, seguindose mrh nlíti propost por Bremner (1982). No segundo experimento, form utilizds mostrs superfiiis (-2 m) de ino solos representtivos do sul de Mins Geris: Ltossolo Roxo (LR; vegetção originl - florest tropil subduifóli), Ltossolo Vermelho-Esuro (LE; vegetção originl - errdo tropil subduifólio), Ltossolo Vermelho-Amrelo (LV3; vegetção originl - errdo tropil subduifólio), Ltossolo Vermelho-Amrelo (LV4; vegetção originl - errdo tropil subduifólio), Glei Pouo Húmio (GPH; vegetção originl - mpo tropil hidrófilo). A rterizção quími dos solos, pós plição dos trtmentos, é presentd n Tbel 1. Determinrm-se K e P em Mehlih-1, ph em águ e em loreto de álio, e C, Mg, Al e H+Al, onforme Embrp (1979). O N totl foi quntifido de ordo om Bremner & Mulvney (1982). O mônio e o nitrto presentes nos solos form determindos seguindo-se metodologi propost por Keeney & Nelson (1982). A nálise grnulométri ds mostrs de solo foi efetud onforme Cmrgo et l. (1986). O delinemento experimentl utilizdo foi o inteirmente sulizdo, om três repetições, em esquem ftoril, determinndo 3 trtmentos, obtidos pel ombinção de ino solos (LR, LE, LV3, LV4 e GPH), dus fontes de N (uréi e sulfto de mônio) e três níveis de idez do solo. As mostrs dos solos form inubds por 3 dis om CCO 3 e MgCO 3 p.., medinte utilizção de três níveis de sturção por bses (Tbel 2). Pr o álulo d neessidde de lário, utilizou-se fórmul propost por Rij (1991). Após ess etp, s mostrs form peneirds e seds, oletndo-se 5 g de d solo, pr d um dos três níveis de sturção por bses, sendo esse volume de solo ondiiondo em opos de plástio de 1 m 3. Pr vlição d nitrifição, diionrm-se d opo 1 mg de N por kg de solo, n form de uréi ou de sulfto de mônio. Imeditmente pós dição do N, determinrm-se os teores iniiis de mônio e de nitrto bem omo o ph em águ ds mostrs de solo. Novmente, proedeu-se à inubção ds mostrs por 15 dis, em estuf om tempertur ontrold (26 o C). A umidde foi mntid om 6% do volume totl de poros de d solo oupdo om águ. Ao término desse período, foi relizd determinção do ph em águ, exeutndo-se, seguir, extrção e determinção do mônio remnesente e de nitrto, por meio do uso de KCl 1 mol L -1 n relção 1:1 (solo:extrtor) e d téni de destilção por rrste de vpores, respetivmente. A quntidde de N nitrifido, nos dois experimentos, foi luld em função do nitrto produzido durnte os 15 dis de inubção, de ordo om fórmul utilizd por Silv et l. (1994). Os ddos form submetidos à nlise de vriâni e à omprção entre médis feit pelo teste de Tukey, 5% de probbilidde. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nitrifição sob efeito de fontes e doses de N Os teores de nitrto sob influêni d dição de doses resentes de sulfto de mônio ou uréi são presentdos n Fig. 1. A dição de doses resentes de N-uréi resultou em umento n disponibilidde de nitrto nos ino solos do sudoeste d Bhi. Qundo o N foi plido n form de sulfto de

2464 C.A. SILVA e F.R. DO VALE TABELA 2. Análise quími de mostrs d md superfiil (-2 m) de ino solos do sul de Mins Geris submetidos doses resentes de CCO 3, inubdos por 3 dis. Solo 1 Textur 2 M.O Dose de lário 3 ph C 2+ Mg 2+ Al 3+ H+Al m V (g kg -1 ) (g kg -1 ) Águ CCl2 -------------(mmol dm -3 )--------------- ------(%)----- LR Argilos 56,, 4,9 4,1 11 7 7 11 24 17 1,45 5,4 4,7 38 6 1 63 2 43 3,95 6,1 5,6 63 5 1 29 1 71 LE Argilos 43,, 5,1 4,1 4 2 4 79 37 8 1,59 5,8 5,1 25 8 1 36 3 49 3,44 6,7 5,9 43 1 1 23 2 7 LV3 Argilos 4,, 5,1 4,1 4 2 5 7 42 9 1,13 5,8 4,9 21 6 1 4 3 41 2,5 6,3 5,7 4 8 1 26 2 65 LV4 Médi 7,, 5,2 4,8 3 1 1 19 18 19,26 5,6 5,6 7 1 1 15 11 36,63 6,7 5,6 11 2 1 12 7 53 GPH Médi 29,, 5,1 3,9 7 4 14 98 52 12 1,48 5,4 4,8 3 8 2 5 5 44 3,53 6,3 5,9 53 13 1 23 1 75 1 LR: Ltossolo Roxo; LE: Ltossolo Vermelho-Esuro; LV3: Ltossolo Vermelho-Amrelo; LV4: Ltossolo Vermelho-Amrelo; GPH: Glei Pouo Húmio. 2 Teor de rgil: LR: 47 g kg -1 ; LE: 36 g kg -1 ; LV3: 44 g kg -1 ; LV4: 22 g kg -1 ; GPH: 12 g kg -1. 3 Quntidde de lário diiond visndo tingir os três grus de idez dos solos testdos. mônio, o résimo ns doses de N somente elevou intensidde de nitrifição nos solos LA e LV1 (Fig. 1). Independentemente d dose de N diiond, os teores de nitrto no solo form miores pr o mônio proveniente d uréi do que pr o N-sulfto de mônio. A mior intensidde de nitrifição, pr s dus fontes de N utilizds, foi observd no LA. Verifi-se, pel nálise d Tbel 1, que esse solo foi o que presentou o mior vlor de ph. Bsendose em resultdos de estudos de nitrifição em solos brsileiros, Silv et l. (1994) sugerem ser o gru de idez do solo o prinipl ftor ondiionnte do proesso de nitrifição. Segundo esses utores, s txs de nitrifição em rpidmente em vlores de ph menores que 6,, tornndo-se bstnte reduzids em solo om ph bixo de 5,. Um dos ftores que exerem forte influêni sobre nitrifição é vrição de ph do solo provod pels diferentes fontes de N. Segundo Sndnm et l. (1978) e Wikrmsinghe et l. (1985), mior nitrifição do N-uréi, em relção outrs fontes de N, é deorrente d elevção do ph ns proximiddes do grânulo desse fertiliznte, qundo d su hidrólise iniil, promovendo ondições fvoráveis à nitrifição, no solo djente o grânulo. Esse umento de ph, segundo esses utores, é temporário, porém sufiiente pr fvoreer nitrifição. Mudnçs nos vlores de ph do solo ssumem importâni, priniplmente em ondições mbientis limítrofes à tividde dos orgnismos nitrifidores. A presenç de rbono n moléul de uréi, de ordo om Mrtikinen (1985), é outro ftor que ondiion nitrifição mis rápid desse fertiliznte nitrogendo. Um outro fto ser onsiderdo é quele reliondo om um mior disponibilidde de P e K, em função do umento do ph do solo om dição d uréi (Arnio & Mrtikinen, 1992), o que result em miores teores de N monil no solo, dd mior minerlizção d mtéri orgâni (Mrtikinen, 1985). A presenç de teores elevdos de mônio ssume importâni, já que tividde e os níveis populionis dos orgnismos nitrifidores utotrófios mostrm-se ondiiondos pel disponibilidde de substrto no solo (Hynes, 1986). Segundo Melo (1987), bix efiiêni d uréi plid em ondições de mpo, qundo omprd outrs fontes de N, pode ser devido, em prte, às miores txs de nitrifição do N desse fertiliznte e, onseqüentemente, um mior lixivição de nitrto.

DISPONIBILIDADE DE NITRATO EM SOLOS 2465 Nitrto (mg kg -1 ) 25 2 15 1 5 15 12 9 6 Uréi Sulfto de mônio A bix intensidde de nitrifição no solo AQ pode estr reliond o bixo teor de mtéri orgâni e à reduzid disponibilidde de átions troáveis e nutrientes nesse solo (Tbel 1). Sndnm et l. (1978) sugerem oorrêni de txs reduzids de formção de nitrto, qundo d prevlêni desss ondições no solo. N Tbel 3 são presentdos os oefiientes de orrelção entre os teores de nitrto formdo nos 15 dis de inubção e lgums proprieddes químis e físis dos solos d Bhi. Entre s proprieddes de solo onsiderds, sturção por bses foi que presentou melhor orrelção om o nitrto produzido, independentemente d fonte e dose de N plido. De modo similr, Freits (1985) observou um umento n produção de nitrto om o résimo no índie de sturção por bses. 3 FIG. 1. -3 5 1 15 2 Doses de N (mg kg -1 ) LV1 LA AQ LV2 PV Nitrto produzido, o término dos 15 dis de inubção de mostrs de solos (LV 1 : Ltossolo Vermelho-Amrelo álio; LA: Ltossolo Amrelo álio; AQ: Arei Qurtzos distrófi; LV 2 : Ltossolo Vermelho-Amrelo eutrófio; PV: Podzólio Vermelho-Amrelo eutrófio) do sudoeste d Bhi, sob influêni de fontes e doses de N. No solo AQ, não se observou nitrifição líquid do mônio proveniente do sulfto de mônio; pr esse solo, o término d inubção e pr tods s doses de N testds, foi notd um redução nos teores de nitrto no solo, em relção os teores quntifidos no iníio do período de inubção (Fig. 1). Segundo Weber & Giney (1962), o sulfto de mônio provo um redução do ph do solo, que pode té inibir nitrifição em solos áidos. Low & Piper (197) observrm que o mônio proveniente d uréi nitrifiou mis rpidmente do que o do sulfto de mônio e que em solo áido, omo o AQ, somente o mônio oriundo d uréi foi onvertido nitrto. Efeito d lgem n nitrifição do N-uréi e do N-sulfto de mônio Os ddos reltivos os teores de mônio e nitrto, nos três níveis de idez de solo testdos, são presentdos n Tbel 4. No GPH, LR, LV3 e LE, n usêni de lgem, intensidde d nitrifição foi reduzid, om predominâni de mônio. No LV4, houve um predominâni de mônio em todos os níveis de ph testdos, independentemente d fonte de N diiond. Nesse solo, orreção d idez, onsiderndo mior dose de lário plid, pode ter resultdo em imobilizção do N, presumidmente mis intens om o uso d uréi. A elevção d sturção por bses nos solos GPH, LR, LV3 e LE resultou em despreimento do mônio e, onomitntemente, onversão desse íon nitrto (Tbel 4). A elevção de ph no LV3 pode ter propiido, inlusive, minerlizção do N orgânio, dds s miores quntiddes de mônio e nitrto presentes nesses trtmentos, independentemente d dição do N omo uréi ou sulfto de mônio (Tbel 4). A nálise dos ddos de nitrto produzido em função d plição de rbonto de álio revelou que nitrifição foi fetd pel orreção d idez do solo e pels dus fontes de N utilizds (Fig. 2). No LR, LE, LV3 e GPH, orreção d idez umentou s quntiddes de N nitrifido, independentemente d fonte de N diiond, enqunto no LV4 os teores de nitrto produzido não se mos-

2466 C.A. SILVA e F.R. DO VALE TABELA 3. Coefiientes de orrelção liner entre lgums proprieddes do solo e os teores de nitrto em ino solos do sudoeste d Bhi trtdos om diferentes doses de uréi ou sulfto de mônio (SA) 1. Fonte de N Dose de N MO V ph em águ CTC ph 7, C 2+ Arei Argil Uréi 5,88*,84*,5 -,26,93* -,86*,81* 1,49,83*,8*,33,52 -,34 -,35 15,5,84*,83*,51,67,14,33 2,36,81*,96*,3,49 -,34,6 SA 5 -,33,84*,68,66,77 -,63,53 1,52,81*,66,55,69 -,58,39 15,41,83*,94*,4,58 -,45,18 2,37,8*,92*,37,55 -,43,15 1 MO: mtéri orgâni: V: porentgem de sturção por bses. * Signifitivo 5% de probbilidde. TABELA 4. Teores iniiis e finis de mônio e de nitrto, vlores de ph (águ) no iníio e no finl do período de inubção e vrição de ph em função d inubção por 15 dis de mostrs de ino solos do sul de Mins Geris om uréi ou sulfto de mônio (SA). Solo 1 Fonte Dose de N-NH4 + N-NO3 - ph ph 2 de N lário Iniil Finl Iniil Finl Iniil Finl (g kg -1 ) -----------------(mg kg -1 de solo)----------------- LR Uréi, 17 113 22 68 4,9 5, +,1 1,59 17 43 17 122 5,4 4,7 -,7 3,44 23 9 17 167 6,1 5,4 -,7 SA, 17 13 2 59 4,9 4,7 -,2 1,59 17 65 14 19 5,4 4,6 -,8 3,44 18 17 16 148 6,1 5,2 -,9 LE Uréi, 18 135 7 8 5,1 6,4 +1,3 1,48 17 16 7 43 5,8 6,1 +,3 3,53 2 3 1 115 6,7 6,1 -,6 SA, 113 136 7 9 5,1 5,3 +,2 1,48 11 128 7 19 5,8 5,8, 3,53 113 71 7 78 6,7 6,1 -,6 LV3 Uréi, 17 117 7 13 5,1 5,8 +,7 1,13 18 118 7 29 5,8 6, +,2 2,5 27 17 7 41 6,3 6,5 +,2 SA, 11 115 7 14 5,1 5, -,1 1,13 115 115 7 26 5,8 5, -,1 2,5 117 125 7 26 6,3 6,2 -,1 LV4 Uréi, 1 15 7 1 5,2 7,4 +2,2,26 1 11 7 11 5,6 8, +2,4,63 1 8 7 11 6,7 8, +1,3 SA, 11 16 7 9 5,2 5,9 +,7,26 18 11 7 9 5,6 6,5 +,9,63 18 97 7 8 6,7 7,1 +,4 GPH Uréi. 23 158 7 11 5,1 6, +,9 1.45 2 34 2 133 5,4 4,6 -,8 3.95 17 9 22 156 6,3 5,6 -,7 SA. 123 167 7 13 5,1 4,8 -,3 1,45 12 75 2 94 5,4 4,6 -,8 3,95 111 9 23 143 6,3 5,4 -,7 1 LR: Ltossolo Roxo; LE: Ltossolo Vermelho-Esuro; LV3: Ltossolo Vermelho-Amrelo; LV4: Ltossolo Vermelho-Amrelo; GPH: Glei Pouo Húmio. 2 ph = ph (iníio do período de inubção) - ph (término do período de inubção).

DISPONIBILIDADE DE NITRATO EM SOLOS 2467 16 12 GHP ph=5,1 ph=5,4 ph=6,3 b* * 8 b Nitrto (mg kg -1 ) 4 16 12 8 4 LE ph=5,1 ph=5,8 ph=6,7 b b* * 16 12 8 4 LR ph=4,9 ph=5,4 ph=6,1 b * b* * 16 12 8 4 LV3 ph=5,1 ph=5,8 ph=6,3 b b * 16 12 8 4 LV4 ph=5,2 ph=5,6 ph=6,7 SA Uréi SA Uréi Fontes de N FIG. 2. Efeito d idez do solo e d dição de N, n form de uréi ou sulfto de mônio (SA), sobre produção de nitrto em ino solos (LV 3 : Ltossolo Vermelho-Amrelo; LV 4 : Ltossolo Vermelho- Amrelo; LE: Ltossolo Vermelho-Esuro; LR: Ltossolo Roxo; GHP: Glei Pouo Húmio) do sul de Mins Geris. Médis om letrs iguis ns brrs de d solo e pr mesm fonte de nitrogênio, não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% de probbilidde; os sterísos indim diferenç signifitiv entre fontes de N, dentro de d nível de ph, pelo teste de Tukey 5% de probbilidde. trrm dependentes dos níveis de sturção por bses, tnto om o uso do sulfto de mônio qunto d uréi (Fig. 2). No LR, os teores de nitrto produzido form signifitivmente miores pr o N oriundo d uréi, em relção àquele suprido pelo sulfto de mônio. Entre os ino solos estuddos, o LR rterizou-se por ser o únio presentr, nos três níveis de idez do solo testdos, um mior nitrifição do N-uréi, em relção o N-sulfto de mônio. Possivelmente, mior intensidde d nitrifição nesse solo, obtid om dição do N n form de uréi e em ondições de elevd idez, deve estr reliond à lt tividde d urese (Sntos et l., 1991). As ondições espeífis de mbiente verifids em sistems sob vegetção de florest, omo no so do LR, propiim proteção à urese (Zntu & Bremner, 1975), fvoreendo hidrólise d uréi. No solo LV4 form reduzidos os teores de nitrto formdo, mesmo om dição do N omo uréi (Fig. 2). A quntidde máxim de nitrto produzid

2468 C.A. SILVA e F.R. DO VALE nesse solo situou-se em torno de 4 mg kg -1 de solo. Contudo, não foi verifido impedimento à hidrólise d uréi nesse solo, ddo que, no gerl, quse todo o N diiondo ness form foi reuperdo o finl dos 15 dis de inubção n form de mônio (Tbel 4). As bixs quntiddes de N nitrifido no LV4, possivelmente, se deveu os níveis reduzidos d mtéri orgâni, rgil, C 2+ e Mg 2+ presentes no mesmo. Nesss ondições, é omum um redução n populção de mirorgnismos nitrifidores e diminuição n intensidde d nitrifição (Sndnm et l., 1978; Ydvinder-Singh & Beuhmp, 1986). Pr os outros solos (LE, LV3 e GPH), só foi verifid nitrifição mis intens d uréi nos vlores de V mis elevdos, qundo o ph dos solos estv próximo d neutrlidde (Fig. 2). Os ddos obtidos pr esses solos não estão de ordo om s observções de Sndnm et l. (1978), visto que no estudo desses utores só foi verifid um mior nitrifição do N oriundo d uréi, em relção o N diiondo pelo sulfto de mônio, em ondições de elevd idez. O omportmento similr dos dubos uréi e sulfto de mônio, em ondições de bixo ph, nos solos GPH, LE e LV3, pode estr reliondo o fto de elevção de ph provod pel hidrólise d uréi, nesss ondições, não ter sido sufiiente pr resultr em um mior disponibilidde de mônio oriundo d minerlizção, ddos os bixos teores de mtéri orgâni presentes nesses solos. Tmbém, esses résimos de ph podem não ter sido sufiientemente elevdos, ponto de estimulrem um mior tividde dos orgnismos nitrifidores. Estes resultdos não onordm om queles presentdos por Mrtikinen (1985) e Arnio & Mrtikinen (1992), os quis observrm que dição d uréi solos áidos resultou num mior intensidde do proesso de nitrifição. Em resumo, verifiou-se omportmento diferenido entre s dus fontes de N sobre nitrifição, n medid em que o N diiondo omo uréi foi nitrifido mis intensmente, pr níveis similres de ph do solo, do que quele oriundo do sulfto de mônio. Esse omportmento só não foi observdo no solo LV2, ujos teores de nitrto produzido não se mostrrm influenidos pel idez do solo, tmpouo pels fontes de N utilizds. No nível mis elevdo de idez, o LR, entre os ino solos estuddos, foi o únio presentr um mior intensidde ns quntiddes de N nitrifido oriundo d uréi. Hidrólise d uréi em solos do sudoeste d Bhi Os teores de uréi remnesente, pós os 15 dis de inubção de mostrs de solos do sudoeste d Bhi, enontrm-se n Fig. 3. Os resultdos presentdos mostrm omportmento ltmente diferenido entre solos em relção à hidrólise d uréi om o umento de su onentrção. Qundo se diionou, por exemplo, 2 mg kg -1 de N-uréi, quntidde de N-uréi remnesente no solo om o menor teor de mtéri orgâni foi er de 4,5 vezes mior do que quel observd no solo om mior teor de rbono. Ns outrs doses de N-uréi diionds, esse intervlo foi menor, sendo observd um hidrólise de mis de 8% do N-mídio diiondo, n dose de 5 mg kg -1 de N-uréi, em todos os solos. A Arei Qurtzos foi o solo que presentou menor veloidde de hidrólise d uréi, em tods s doses de N-uréi, priniplmente nquels im de 5 mg kg -1 de solo. Os teores de uréi remnesente Uréi remnesente (mg kg -1 ) 1 8 6 4 2 FIG. 3. t Y = -45,18MO + 12,11; R 2 =,92 s Y = 17,67MO 2-77,98MO + 97,; R 2 =,92 u Y = -5,28MO 2 + 3,47MO + 25,9; R 2 =,62 n Y = -4,47MO 2 + 8,96MO + 3,82; R 2 =,93,7 1, 1,3 1,6 1,9 2,2 2,5 Mtéri orgâni (%) Teores de uréi remnesente de ino mostrs de solos do sudoeste d Bhi, om diferentes teores de mtéri orgâni, pós 15 dis de inubção om doses de uréi (n, u, s, t respetivmente, 5, 1, 15 e 2 mg kg -1 de solo).

DISPONIBILIDADE DE NITRATO EM SOLOS 2469 se mostrrm ltmente dependentes dos estoques de mtéri orgâni, sendo notd mior onversão do N-mídio mônio nos solos mis rios em rbono. A tx de hidrólise d uréi é influenid por vários ftores, entre os quis o tipo de solo, onentrção de substrto, o teor de mtéri orgâni, o estoque de N totl, textur e o ph do solo (Pnholy & Rie, 1973; Zntu & Bremner, 1975; Sntos et l., 1991). De fto, o nível de tividde d urese é determindo pel hbilidde dos olóides em efetur proteção dess enzim, muito embor, por se originr de metbólitos de plnts e de mirorgnismos, urese sej dependente tmbém d quntidde e tipo de resíduos vegetis e d tividde e diversidde mirobin. A intensidde de proessos mirobinos no solo se mostr bstnte dependente do teor de mtéri orgâni, sendo rzoável onsttção nesse estudo de mior hidrólise de uréi nos solos mis rios em rbono, fto esse não verifido por Sntos et l. (1991), qundo d vlição de prâmetros inétios d hidrólise d uréi em solos do sul de Mins Geris. Aidez do solo sob efeito d intensidde de nitrifição A nálise do ph de mostrs de solos do sudoeste d Bhi, efetud pós quinze dis de inubção, mostrou que, pr miori dos solos, houve um derésimo no ph om o umento d dose de N (Fig. 4). Pr os solos LA, LV1, PV e AQ, dição de N-uréi idifiou menos os solos do que o N-sulfto de mônio. N Tbel 4 são presentds s vrições de ph do solo resultntes d plição de uréi e sulfto de mônio em mostrs de solos do sul de Mins Geris, sendo esss vrições lulds prtir d medição de ph em águ, no iníio e o término dos 15 dis de inubção. No LV4, independentemente d fonte de N utilizd, houve um elevção nos vlores de ph do solo, refletidos pelos vlores positivos de vrição de ph. Nesse solo, pr os três níveis de idez testdos, os miores umentos de ph form verifidos om dição d uréi. Os miores résimos de ph detetdos no LV4 podem ser explidos pel hidrólise dess form nitrogend, nesse solo om bixo poder tmpão, ph em águ 8 7 6 5 4 8 7 6 5 4 8 7 6 5 FIG. 4. LA LV1 LV2 4 5 1 15 2 Vlores de ph iniil ( ) e pós inubção de ino mostrs de solo (LA: Ltossolo Amrelo álio ; LV 1 : Ltossolo Vermelho-Amrelo álio; PV Podzólio Vermelho-Amrelo eutrófio; LV 2 : Ltossolo Vermelho-Amrelo eutrófio; AQ: Arei Qurtzos distrófi) do sudoeste d Bhi, por um periódo de 15 dis, om uréi ( ) ou sulfto de mônio ( ). ssoid à bix intensidde de nitrifição. As vrições de ph oorrerm de ordo om o tipo de solo estuddo e dose de lário plid (Tbel 4). Qundo se verifirm queds nos vlores de ph do solo, esss form iguis ou de menor intensidde nos trtmentos em que se diionou uréi, em relção àqueles em que se utilizou o sulfto de mônio. Esses resultdos estão de ordo om os de outros estudos que desrevem vrições de ph om dição de fertilizntes nitrogendos (Mrtikinen, 1985; Alfi, 1997). Segundo Adms & Mrtin (1984), idez depende dos efeitos integrdos ds proprieddes do solo, do sistem de ultivo, do modo de plição, d dose e form do N diiondo o solo. Ns ondições espeífis deste estudo, esses ftores determinrm 8 7 6 5 4 8 7 6 5 PV AQ Doses de N (mg kg -1 ) 4 5 1 15 2

247 C.A. SILVA e F.R. DO VALE diferentes intensiddes de nitrifição e de veloidde de hidrólise d uréi. Desse modo, os níveis de H + medidos nos diferentes trtmentos estuddos refletem o blnço, em termos de idifição, ds txs desses dois proessos nos diferentes solos investigdos. CONCLUSÕES 1. A nitrifição do N-uréi é mis intens do que do N-sulfto de mônio. 2. No solos LA, LV1, AQ e PV, dição de té 2 mg de N-uréi por kg de solo result em umentos progressivos nos teores de nitrto no solo. 3. A hidrólise d uréi é fetd pelos teores de mtéri orgâni, sendo observd mior onversão do N-mídio mônio nos solos mis rios em rbono. 4. A lgem fet nitrifição, sendo verifid um produção médi de 11,6 mg kg -1 de nitrto nos solos onde não se diion lário, e de 62,7 mg kg -1 onde idez é orrigid. REFERÊNCIAS AARNIO, T.; MARTIKAINEN, P.J. Nitrifition in forest soil fter refertiliztion with ure nd diyndimide. Soil Biology & Biohemistry, Oxford, v.24, n.1, p.951-954,1992. ADAMS, F.; MARTIN, J.B. Liming effets on nitrogen: use nd effiieny. In: HAUCK, R.D. (Ed.). Nitrogen in rop prodution. Mdison : Amerin Soiety of Agronomy, 1984. p.417-426. ALEXANDER, M. Nitrifition. In: BARTHOLOMEW, W.V.; CLARK, F.E. (Ed.). Soil nitrogen. Mdison : Amerin Soiety of Agronomy, 1965. p.37-343. ALFAIA, S.S. Destino de dubos nitrogendos mrdos om 15 N em mostrs de dois solos d Amzôni Centrl. Revist Brsileir de Ciêni do Solo, Viços, v.21, p.379-385,1997. ARORA, Y.; MULONGOY, K.; JUO, A.S.R. Nitrifition nd minerliztion potentils in limed Ultisol in the humid tropis. Plnt nd Soil, Dordreht, v.92, p.153-157, 1986. BREMNER, J.M. Nitrogen-ure. In: PAGE, A.L. (Ed.). Methods of soil nlysis: hemil nd mirobiologil properties. 2.ed. Mdison : Amerin Soiety of Agronomy/Soil Siene Soiety of Ameri, 1982. p.699-79. BREMNER, J.M.; MULVANEY, C.S. Nitrogen-totl. In: PAGE, A.L. (Ed.). Methods of soil nlysis: hemil nd mirobiologil properties. 2.ed. Mdison : Amerin Soiety of Agronomy/Soil Siene Soiety of Ameri, 1982. p.595-624. CAMARGO, O.A.; MONIZ, A.C.; JORGE, J.A.; VALADARES, J.M.A.S. Métodos de nálise quími, minerlógi e físi de solos do Instituto Agronômio de Cmpins. Cmpins : IAC, 1986. 94p. EMBRAPA. Serviço Nionl de Levntmento e Conservção de Solos (Rio de Jneiro, RJ). Mnul de métodos de nálises do solo. Rio de Jneiro, 1979. não pgindo. FREITAS, S.S. Minerlizção e imobilizção do nitrogênio em solo suplementdo om tort de filtro de usin de çúr de n e rbonto de álio. Pirib : ESALQ, 1985. 65p. Dissertção de Mestrdo. HAYATSU, M.; KOSUGE, N. Effets of ure fertiliztion nd liming on nitrifition in Cerrdos soils (Brzil). Soil Siene nd Plnt Nutrition, Tokyo, v.39, p.367-371, 1993. HAYNES, R.J. Nitrifition. In: (Ed.). Minerl nitrogen in the plnt-soil system. Mdison : Ademi, 1986. p.127-164. KEENEY, D.R.; NELSON, D.W. Nitrogen inorgni forms. In: PAGE, A.L. (Ed.). Methods of soil nlysis: hemil nd mirobiologil properties. 2.ed. Mdison : Amerin Soiety of Agronomy/Soil Siene Soiety of Ameri, 1982. p.643-698. KREUTZER, K. Effets of forest liming on soil proesses. Plnt nd Soil, Dordreht, v.168/169, p.447-47, 1995. LOW, A.J.; PIPER, F.J. The mmonifition nd nitrifition in soil of ure with nd without biuret. Journl of Agriulturl Siene, Cmbridge, Grã-Bretnh, v.75, p.31-39, 197. MALHI, S.S.; MGILL, W.B. Nitrifition in three Albert soils: effet of temperture, moisture nd substrte onentrtion. Soil Biology & Biohemistry, Oxford, v.14, p.393-399, 1982.

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