Universidade Nova de Lisboa. Faculdade de Ciências e Tecnologia. Dinâmica de Sólidos. Fichas da disciplina. Corneliu Cismaşiu

Documentos relacionados
APONTAMENTOS DE VIBRAÇÕES MECÂNICAS

Solução: a) T 0,21s, f 4,81Hz ; b) vmax 1,36m/s, a 41,14m/s

1. Movimento Harmônico Simples

Física para Engenharia II - Prova P a (cm/s 2 ) -10

FEP Física para Engenharia II

Física 2 - Movimentos Oscilatórios. Em um ciclo da função seno ou cosseno, temos que são percorridos 2π rad em um período, ou seja, em T.

Vibrações de sistemas com um grau de liberdade 1

a 1,019m/s, S 89,43N ; b)

AMORTECIMENTOS SUBCRÍTICO, CRÍTICO E

LISTA DE EXERCÍCIOS 2

As Oscilações estão presentes no nosso dia a dia como o vento que balança uma linha de transmissão elétrica, as vibrações da membrana de um

Série IV - Momento Angular (Resoluções Sucintas)

Universidade de São Paulo. Instituto de Física. FEP112 - FÍSICA II para o Instituto Oceanográfico 1º Semestre de 2009

MOVIMENTO OSCILATÓRIO

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS. Departamento de Matemática e Física Coordenador da Área de Física

Física I para a Escola Politécnica ( ) - SUB (03/07/2015) [0000]

Licenciatura em Engenharia Civil MECÂNICA II

Resumo e Lista de Exercícios. Física II Fuja do Nabo P

2. Em um sistema massa-mola temos k = 300 N/m, m = 2 kg, A = 5 cm. Calcule ω, T, f, E (12,25 rad/s; 0,51 s; 1,95 Hz; 0,38 J).

Prova P3 Física para Engenharia II, turma nov. 2014

LISTA DE EXERCÍCIOS 1

VIBRAÇÃO EXCITADA HARMONICAMENTE

EUF. Exame Unificado

Problemas sobre osciladores simples

Uma oscilação é um movimento repetitivo realizado por um corpo em torno de determinado ponto.

Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá. 12 de março de 2013

FEP Física Geral e Experimental para Engenharia I

Lista de Exercícios - OSCILAÇÕES

QUESTÕES DE MÚLTIPLA-ESCOLHA (1-4)

Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá. 15 de março de 2013

Aula do cap. 16 MHS e Oscilações

d) [1,0 pt.] Determine a velocidade v(t) do segundo corpo, depois do choque, em relação à origem O do sistema de coordenadas mostrado na figura.

Lista 14: Oscilações. Questões

Vibrações e Dinâmica das Máquinas Aula Fundamentos de vibrações. Professor: Gustavo Silva

Instituto Politécnico de Tomar Escola Superior de Tecnologia de Tomar ÁREA INTERDEPARTAMENTAL DE FÍSICA

FEP Física para Engenharia II

AMORTECIMENTOS SUBCRÍTICO, CRÍTICO E

Capítulo 5 DINÂMICA θ α

O Sistema Massa-Mola

QUESTÕES DE MÚLTIPLA-ESCOLHA (1-4)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE FÍSICA - DEPARTAMENTO DE FÍSICA GERAL DISCIPLINA: FIS FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II-E

Segunda Prova de Física I, Turma MAA+MAI 8h-10h, 30 de novembro de 2011

Mecânica e Ondas. Docentes da disciplina: João Seixas e Mario J. Pinheiro MeMEC Departmento de Física e Instituto de Plasma e Fusão Nuclear,

Energia potencial (para um campo de forças conservativo).

Física Geral e Experimental III

8ª Série de Problemas Mecânica e Ondas MEBM, MEFT, LEGM, LMAC

Universidade Federal do Pampa UNIPAMPA. Oscilações. Prof. Luis Armas

Física 2. Guia de Estudos P1

7 Movimentos Oscilatórios

LISTA DE EXERCÍCIOS - MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES (MHS) (versão 2014/2)

Uma oscilação é um movimento repetitivo realizado por um corpo em torno de determinado ponto.

MESTRADO INTEGRADO EM ENG. INFORMÁTICA E COMPUTAÇÃO 2015/2016

Importante: i. Nas cinco páginas seguintes contém problemas para se resolver e entregar. ii. Ler os enunciados com atenção.

7. Movimentos Oscilatórios

a unidade de θ em revoluções e do tempo t em segundos (θ(rev.) t(s)). Também construa o gráfico da velocidade angular ω em função do tempo (ω( rev.

Cada questão objetiva vale 0,7 ponto

Licenciatura em Engenharia Civil MECÂNICA II

UNIDADE 15 OSCILAÇÕES

Física II Ondas, Fluidos e Termodinâmica USP Prof. Antônio Roque Aula

Exercício 1. Exercício 2.

Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá. 24 de julho de 2018

Vibrações e Dinâmica das Máquinas Aula Vibração excitada harmonicamente- 1GL. Professor: Gustavo Silva

Mecânica e Ondas 1º Ano -2º Semestre 2º Teste/1º Exame 05/06/ :00h. Mestrado Integrado em Engenharia Aeroespacial

Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá. 3 de abril de 2013

Lista 12: Rotação de corpos rígidos

Notas de Física - Mecânica Trabalho e Energia. P. S. Volpiani

DINÂMICA DE ESTRUTURAS (SISTEMAS DE 1 GDL + MÉTODO DE RAYLEIGH)

FEP Física para Engenharia II

Resposta: (A) o traço é positivo (B) o determinante é negativo (C) o determinante é nulo (D) o traço é negativo (E) o traço é nulo.

Formulário de Mecânica e Ondas MeMEC e LEAN Mário J. Pinheiro Para consulta no Teste e Exame

b) (0,5) Supondo agora que µ é uma função linear de x e que µ = µ 0 para x = 0 e µ = µ L para x = L. Obter µ(x) para o intervalo 0 x L.

SISTEMAS DE OSCILADORES

Física I Prova 3 19/03/2016

Lista 12: Rotação de corpos rígidos

Parte 2 - P2 de Física I Nota Q Nota Q2 NOME: DRE Teste 1

Lista 12: Oscilações NOME:

Parte 2 - PF de Física I NOME: DRE Teste 1

Física para Engenharia II - Prova de Recuperação

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

= 0,7 m/s. F = m d 2 x d t 2

FENÔMENOS OSCILATÓRIOS E TERMODINÂMICA

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 3 a LISTA DE EXERCÍCIOS - PME MECÂNICA A DINÂMICA

Universidade Federal de São Paulo Instituto de Ciência e Tecnologia Bacharelado em Ciência e Tecnologia

Modelagem através da formulação lagrangeana

Parte 2 - PF de Física I NOME: DRE Teste 1

FEP Física para Engenharia II

Solução Comentada da Prova de Física

Primeira Lista de Exercícios.

Física 1 VS 15/07/2017. Atenção: Leia as recomendações antes de fazer a prova.

ESPAÇO PARA RESPOSTA COM DESENVOLVIMENTO

Solução Comentada da Prova de Física

OSCILAÇÕES, ONDAS E FLUIDOS Lista de exercícios - Oscilações Profª.Drª. Queila da Silva Ferreira

ESPAÇO PARA RESPOSTA COM DESENVOLVIMENTO

É o número de oscilações que acontecem por segundo. A medida é feita em hertz: T = 1 f. x = x m

Exercício 88

FEP Física Geral e Experimental para Engenharia I

MESTRADO INTEGRADO EM ENG. INFORMÁTICA E COMPUTAÇÃO 2015/2016

FEP Física para Engenharia II. Prova P1 - Gabarito

Física I para a Escola Politécnica ( ) - P3 (07/07/2017)

Transcrição:

Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Ciências e Tecnologia Dinâmica de Sólidos Fichas da disciplina Corneliu Cismaşiu c DEC/FCT/UNL, 005-009

Capítulo 6 Vibrações mecânicas Uma vibração mecânica é o movimento de uma partícula ou de um corpo que oscila em torno de uma posição de equilíbrio. O estudo que se segue será limitado a sistemas com apenas um grau de liberdade. Uma vibração mecânica surge geralmente quando um sistema é deslocado da sua posição de equilíbrio estável. Em geral, quando o sistema tende voltar sob a acção de forças de restituição, ultrapassa esta posição. A repetição deste processo é chamado movimento oscilatório. O intervalo de tempo necessário para o sistema completar um ciclo de movimento chama-se período de vibração. O número de ciclos por unidade de tempo define a frequência, e o deslocamento máximo do sistema medido a partir da sua posição de equilíbrio chama-se amplitude de vibração. Vibrações: livres: movimento mantido apenas por forças de restituição; forçadas: quando uma força periódica é aplicada ao sistema; não amortecidas: quando se pode desprezar o atrito - o movimento continua indefinidamente; amortecidas: a amplitude decresce lentamente até que, passado um certo tempo, o movimento cessa. 173

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS 6.1 Vibrações não amortecidas 6.1.1 Vibrações livres. Movimento harmónico simples Considere-se uma partícula de massa m ligada a uma mola de constante de rigidez. (a) (b) (c) mola indeformada equilíbrio estático δ est F e P x F e P Quando a partícula se encontra na posição de equilíbrio estático (b), Fx = 0 P F e = 0 Mas, nesta posição, a força elástica é F e = δ est, onde δ est representa a deformação estática da mola, resultando P = δ est Numa posição arbitrária (c), Fx = ma x P F e = mẍ mẍ = P (δ est + x) = P δ }{{ est x } 0 ou, dividindo pela massa, mẍ + x = 0 ẍ + ω x = 0 com ω m (6.1) O movimento definido pela equação (6.1) e um movimento harmónico simples. A solução desta equação diferencial homogénea é de tipo e λt, p.174 Capítulo 6 x = e λt ẋ = λe λt ẍ = λ e λt

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS ( λ + ω ) e λt = 0 t λ + ω = 0... eq. característica Como solução da equação característica é λ 1, = ± iω a solução da equação diferencial é uma combinação linear de funções de tipo e λt, x(t) = C 1 e λ 1t + C e λ t = C 1 e iωt + C e iωt onde C 1 e C são constantes arbitrárias que podem ser obtidas da imposição das condições iniciais do movimento (deslocamento e velocidade inicial). Usando a bem conhecida fórmula de Euler, que liga o número irracional e das funções trigonométricas, e ±ix = cosx ± i sin x a solução da equação diferencial pode ser escrita, x(t) = C 1 (cosωt i sin ωt) + C (cosωt + i sin ωt) x(t) = (C 1 + C ) cosωt + i(c C 1 ) sin ωt = A cosωt + B sin ωt onde A e B são constantes arbitrárias que podem ser obtidas da imposição das condições iniciais. A forma acima é equivalente a x(t) = X m sin(ωt φ) onde X m e φ são a amplitude e o desfazamento do movimento oscilatório, grandezas estas que devem ser determinadas das condições iniciais. Para mostrar que as duas formas são equivalentes, usa-se a fórmula trigonométrica, sin(a b) = sin a cosb sin b cosa Então, A cosωt + B sin ωt = X m sin(ωt φ) = X m (sin ωt cosφ sin φ cosωt) A cosωt + B sin ωt = X m sin φ cosωt + X m cosφsinωt { A = Xm sin φ B = X m cosφ X m = { π + arctan A A + B, se B < 0 φ = B arctan A, se B 0 B t p.175 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS Resumindo, o movimento harmónico simples é definido pela equação diferencial ẍ + ω x = 0 cuja solução geral pode ter uma das seguintes formas, Nestas equações, x(t) = C 1 e iωt + C e iωt x(t) = A cosωt + B sin ωt x(t) = X m sin(ωt φ) ω = m rad/s denomina-se por frequência (circular) do movimento oscilatório. O tempo necessário para a partícula descrever um ciclo completo chama-se período, T = π ω s enquanto o número de ciclos descritos na unidade de tempo, denomina-se por frequência natural, ν = 1 T = ω π Hz T X M t φ -X M A velocidade e a aceleração da partícula resulta pela definição, x(t) = X m sin(ωt φ) ẋ(t) = ωx m cos(ωt φ) x máx = X m ẋ máx = ωx m ẍ(t) = ω X m sin(ωt φ) = ω x(t) ẍ máx = ω X m p.176 Capítulo 6

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS Qualquer seja a forma sob a qual é apresentada a solução da equação diferencial, esta envolve duas constantes a determinar pela imposição das condições iniciais, ou seja, o deslocamento e a velocidade inicial da partícula. Admitindo a solução e as condições iniciais, x(t) = X m sin(ωt φ) x(0) = x 0 e ẋ(0) = v 0 resulta, { { x(0) = x0 Xm sin φ = x 0 ẋ(0) = v 0 ωx m cosφ = v 0 ( X m = x v0 ) 0 + φ = arctan ω x 0 ω v 0 Pêndulo simples (solução aproximada) Seja um pêndulo simples formado por uma esfera de massa m ligada a uma corda de comprimento l, que pode oscilar num plano vertical. Pede-se para determinar o período das pequenas oscilações (ângulo inferior à 10 ). θ l T Ft = ma t m mg sin θ = ml θ θ + g l sin θ = 0 P Para pequenas oscilações, sin θ θ θ + g l θ = 0 θ(t) = θ m sin(ωt φ) com ω = g l T = π ω = π l g Exercício (Beer 19.15) Um cursor com 5 g repousa sobre uma mola, não estando ligado a ela. Observase que, se o cursor for empurrado para baixo 180 mm ou mais, perde o contacto com a mola depois de libertado. Determine (a) a constante de rigidez da mola e (b) a posição, a velocidade e a aceleração do cursor, 0.16 s após ter sido empurrado para baixo 180 mm e, depois, libertado. p.177 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS mola indeformada m F e mg x 0 x equilíbrio estático Numa posição qualquer x, mẍ = mg F e = mg (x + x 0 ) = x + (mg x 0 ) mas tomando em conta que na posição de equilíbrio estático resulta mg x 0 = 0 mẍ + x = 0 ẍ + ω x = 0 ω A solução da equação diferencial pose ser escrita x(t) = C 1 sin ωt + C cosωt m onde C 1 e C são constantes arbitrárias a determinar aplicando as condições iniciais: x(0) = X m C = X m x(t) = X m cosωt ẋ(0) = 0 C 1 = 0 A velocidade a a aceleração serão dadas por, ẋ(t) = ωx m sin ωt ẍ(t) = ω X m cosωt (a) Sabe-se que, quando o cursor perde o contacto com a mola a sua velocidade é nula e a sua aceleração é a aceleração gravitacional, p.178 Capítulo 6 ẋ(t 1 ) = 0 sin ωt = 0 ωt 1 = π ẍ(t 1 ) = g ω X m cosπ = ω X m = g ω = g X m = m = mg X m = 5 9.81 0.18 = 7.5 N/m

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS (b) ω = g 9.81 = 7.38 rad/s X m 0.18 x(0.16) = 0.18 cos(7.38 0.16) 0.068 m ẋ(0.16) = 7.38 0.18 sin(7.38 0.16) 1.3 m/s ẍ(0.16) = 7.38 0.18 cos(7.38 0.16) 3.73 m/s Exercício (Beer 19.17) Um bloco com 35 g está apoiado pelo conjunto de molas mostrado na figura. O bloco é deslocado verticalmente para baixo e em seguida libertado. Sabendo que a amplitude do movimento resultante é de 45 mm, determine (a) o período e frequência do movimento e (b) a velocidade e a aceleração máxima do bloco. Considere 1 = 16 N/m, = 3 = 8 N/m. m 1 3 Determinar a constante de rigidez equivalente posição de equilíbrio (molas indeformadas) δ F 1 F e F F 3 P P P = F 1 + F + F 3 = F e ( 1 + + 3 ) δ = e δ e = 1 + + 3 = 16 + 8 + 8 = 3 N/m ou seja, o movimento do sistema dado é equivalente ao movimento oscilatório de um bloco de massa m = 35 g ligado a uma mola de rigidez e = 3 N/m. (a) ω = e 3000 m = 30.37 rad/s 35 T = π ω 0.08 s ν = 1 T 4.81 Hz p.179 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS (b) x(t) = X m sin(ωt φ) ẋ máx = ωx m ẍ máx = ω X m ẋ máx = 30.37 0.045 1.36 m/s ẍ máx = 30.37 0.045 41.14 m/s Exercício (Beer 19.8) Sabe-se da mecânica dos materiais que quando uma carga estática P é aplicada na extremidade B de uma viga encastrada com secção transversal uniforme, provoca uma flecha δ B = PL 3 /(3EI), em que L é o comprimento da viga, E o módulo de elasticidade do material e I o momento de inércia da secção transversal. Sabendo que L = 3.05 m, E = 00 GPa e I = 4.84 10 6 m 4, determine (a) a constante de rigidez equivalente da viga e (b) a frequência das vibrações verticais de um bloco com 313 N ligado à extremidade B da mesma viga. (Nota: 1 Pa = 1 N/m, 1 GPa = 10 9 Pa) P P A L, EI B δ B e (a) P = F e = δ B e = P 3EI PL 3 = 3EI L 3 e = 3 00 109 4.84 10 6 3.05 3 10.35 N/m (b) ν = 1 T = ω π = 1 π m = 1 g π P ν = 1 1035 9.81 π 313 3.316 Hz p.180 Capítulo 6

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS Vibrações de corpos rígidos No caso dos corpos rígidos, a equação diferencial do movimento oscilatório resulta directo das equações de equilíbrio dinâmico. Exercício (Beer 19.55) A barra uniforme AB com 8 g está articulada em C e ligada em A a uma mola de constante de rigidez = 500 N/m. Se for imposto à extremidade A um pequeno deslocamento e se depois for libertada, determine (a) a frequência das pequenas oscilações e (b) o menor valor da constante de rigidez para o qual ocorrerão oscilações. Considere L = 50 mm e d = 40 mm. A F e θ (a) MG... I G θ = Fe (L/) cosθ C t d L d A B G C G mg C Ft... ma t = C t + mg sin θ F e cos θ C t C n a t = θ d sin θ θ cosθ 1 Mas, e C t = m θd mgθ + F e I G θ = Fe L/ md θ + mgdθ Fe d ( ) ( ) L L F e = + d sin θ + d θ I G = 1 1 ml resultando, ω = θ + (L/ + d) mgd ml /1 + md θ = 0 (L/ + d) ω = mgd ml /1 + md 500 (0.5/ + 0.04) 8 9.81 0.04 13.87 rad/s 8 0.5 /1 + 8 0.04 p.181 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS f = 1 T = ω π.1 Hz (b) Não ocorrem oscilações quando o T ou ω 0, ou ainda se a frequência é um número imaginário, ω = (L/ + d) mgd ml /1 + md > 0 > mín > 8 9.81 0.04 115.3 N/m (0.5/ + 0.04) mgd (L/ + d) Exercício Determine o período das pequenas oscilações da placa rectangular homogénea representada. R MO = I O θ O G b θ G P I O = I G + m OG I O = 1 [ (b) + (b) ] + mb 1 b I O = 5 3 mb Pb sin θ = 5 3 mb θ mgb sin θ = 5 3 mb θ Mas, como θ << 1, sin θ θ, resultando, θ + 3g 5b θ = 0 ω = 3g 5b T = π ω = π 5b 3g Aplicação do princípio da conservação da energia O princípio da conservação da energia proporciona um meio conveniente para determinar o período de vibração de um sistema com um só grau de liberdade, desde que se admita o movimento harmónico simples. Escolhem-se duas posições particulares do sistema: 1 a Quando o deslocamento do sistema é máximo. Nesta posição a energia cinética do sistema T 1 é nula. Escolhendo o nível zero para a energia potencial a posição de equilíbrio estático, a energia potencial V 1 pode ser expressa em função da amplitude X m ou θ m ; p.18 Capítulo 6

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS a Quando o sistema passa pela sua posição de equilíbrio. A energia potencial do sistema V é nula e a energia cinética T pode ser expressa em função da velocidade máxima Ẋm ou da velocidade angular máxima θ m. O período das pequenas oscilações resulta escrevendo a conservação da energia, T 1 + V 1 = T + V e tomando em conta que, num movimento harmónico simples, Ẋ m = ω X m ou θm = ω θ m Exercício Utilizando o princípio da conservação da energia, determine o período das pequenas oscilações da placa rectangular homogénea considerada no exercício anterior. θ = 0 θ = 0 O b O θ M G P θ M G P nível de referência V = 0 b Posição do deslocamento máximo 1 cosθ m = sin ( θm T 1 = 0 V 1 = Pb(1 cosθ m ) ) ( θm ) = θ m V 1 = 1 Pbθ m Posição de equilíbrio T = 1 I O θ m V = 0 I O = I G + mog = 1 [ (b) + (b) ] + mb = 5 1 3 mb T = 1 5 3 mb θ m V = 0 p.183 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS Conservação da energia T 1 + V 1 = T + V 1 Pbθ m = 1 5 3 mb θ m e tomando em conta que θ m = ωθ m (movimento harmónico), mgbθ m = 5 3 mb θ mω ω = 3g 5b T = π ω = π 5b 3g Exercício (Beer 19.80) Uma barra AB com 8 g e comprimento L = 600 mm está ligada a dois cursores com massa desprezável. O cursor A está por sua vez ligado a uma mola de constante de rigidez = 1. N/m e pode deslizar numa barra vertical, enquanto o cursor B pode deslizar livremente numa barra horizontal. A θ L B Sabendo que o sistema está em equilíbrio e que θ = 40, determine o período de vibração se for imposto um pequeno deslocamento ao cursor B e depois libertado. Determinação da deformação estática da mola. Na posição de equilíbrio, Fh = 0 N A = 0 A N A MB = 0 F e mg B N B mg L cos θ F el cosθ = 0 δ est = mg Conservação da energia p.184 Capítulo 6

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS y y A A dy y ȳ G θ B x dθ G dȳ B x x x dx (A) (B) x = L cos θ dx = L sin θ dθ y = L sin θ dy = L cosθ dθ Tomando em conta que θ - o ângulo da posição de equilíbrio estático - é independente de tempo, dẋ = L sin θ d θ dẏ = L cosθ d θ Como x = x/ e ȳ = y/, d x = L sin θ d θ d ȳ = L cos θ d θ (A) - posição de equilíbrio (deformação da mola δ est, velocidade máxima) T 1 = 1 V 1 = 1 δ est + mgȳ T 1 = 1 I G(d θ) m + 1 m [ (d x) m + (d ȳ) ] m ( ) [ ml (L (d 1 θ) m + 1 ) ( ) ] L m sin θ + cosθ T 1 = 1 ( 1 1 + 1 ) ml (d 4 θ) m = 1 6 ml (d θ) m (B) - posição de deslocamento máximo (velocidade zero) (d θ) m V = 1 (δ est dy m ) + mg(ȳ + dȳ m ) T = 0 p.185 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS T 1 + V 1 = T + V 1 6 ml (d θ) m + 1 δ est + mgȳ = 0 + 1 (δ est dy m ) + mg(ȳ + dȳ m ) 1 6 ml (d θ) m = (δ estdy m + dy m) + mgdȳ m e substituindo a expressão do δ est, 1 6 ml (d θ) m = ( mg ) dy m + dym + mg dy m 1 3 ml (d θ) m = L cos θ(dθ) m Tomando em conta que o movimento é harmónico, = dy m resultando dθ = (dθ) m sin(ωt φ) (d θ) m = ω(dθ) m 1 3 ml ω (dθ) m = L cos θ(dθ) m ω = 3 m cos θ ω = 3 3 100 m cosθ = cos 40 16.5 rad/s 8 T = π ω 0.387 s Exercício (Beer 19.85) Uma barra AB com 800 g está rebitada a um disco com 1. g. Uma mola de constante de rigidez = 1. N/m está ligada ao centro do disco em A e à parede em C. Sabendo que o disco rola sem escorregar, determine o período das pequenas oscilações do sistema. Considere r = 50 mm e L = 600 mm. p.186 Capítulo 6 L A r 00 11C 00 11 000000 111111 000000 111111 01 B

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS r sin θ M rθ M r θ M 000000 111111 000000 111111 G B (A) A θ M θm (L/ r) A 000000 111111 G 000000 111111 (B) θ M B (A) - posição de equilíbrio estático (mola indeformada, velocidade máxima) Tomando em conta que o ponto de contacto entre o disco e a superfície horizontal é o centro instantâneo de rotação do sistema, a velocidade do ponto A é v A = r θ m A velocidade do ponto G resulta, v G = v A + v G/A v G = r θ m + L θ m = θ m (L/ r) T 1 = I G,AB θ m + m AB(L/ r) θ m + I A,disco θ m + m discor θ m I G,AB = m ABL = 1 I A,disco = m discor = 0.8 0.6 1 1. 0.5 = 0.04 gm = 0.0375 gm [ 0.04 T 1 = + 0.8 (0.3 0.5) + 0.0375 + ] 1. 0.5 θ m Escolhendo o nível zero para a energia potencial do sistema nesta posição, temos então, T 1 = 0.0695 θ m V 1 = 0 p.187 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS (B) - posição de deslocamento máximo (velocidade nula) A deformação da mola nesta posição é dada por, = r sin θ m rθ m V = 1 (rθ m) + m AB g L (1 cosθ m) Mas como, 1 cosθ m = sin ( θm ) ( θm ) = θ m V = 1 r θ m + m ABg L ( 100 0.5 V = + ( θm r = + m ABgL 4 0.8 9.81 0.6 4 ) θ m ) θ m Tomando em conta que nesta posição a velocidade do sistema é nula, T = 0 V = 38.677 θ m Aplicando agora o princípio da conservação da energia entre as duas posições, e tomando em conta que o movimento é harmónico ( θ m = ωθ m ), T 1 + V 1 = T + V 0.0695 θ m = 38.677θ m 0.0695 ω θ m = 38.677 θ m ω = T = π ω 0.66 s 38.677 3.64 rad/s 0.0695 Exercício Determine a frequência das pequenas oscilações do disco homogéneo de massa m representado, assumindo que se encontra em equilíbrio na posição mostrada e que não escorrega na superfície horizontal. A a O 0000 1111 0000 1111 B r p.188 Capítulo 6

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS (1) () θ M 0000 1111 0000 1111 B A θ M A 0000 1111 0000 1111 B (1) - posição de equilíbrio (a velocidade é máxima) Como o disco não escorrega na superfície horizontal, o ponto B é o C.I.R. para o disco e o movimento é uma rotação não-baricêntrica. T 1 = 1 I B θ m com I B = I O + mr = 1 mr + mr = 3 mr Escolhendo o nível zero para a energia potencial (gravítica e elástica) nesta posição, resulta T 1 = 3 4 mr θ m V 1 = 0 () - posição de deslocamento máximo (velocidade é nula) V = 1 (r + a) θ m + 1 (r + a) θ m = (r + a) θ m T = 0 Aplicando o princípio da conservação da energia entre as duas posições, e tomando em conta que o movimento é harmónico ( θ m = ωθ m ), T 1 + V 1 = T + V 3 4 mr ω θ m = (r + a) θ m ω = 4(r + a) 3mr rad/s Nota: Para que o resultado acima seja correcto, não é necessário que as molas sejam indeformadas na posição de equilíbrio estático. Apenas é necessário que o sistema seja em equilíbrio nesta posição. Como neste caso as duas molas tem a p.189 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS mesma constante de rigidez, para o sistema estar em equilíbrio a deformação nas duas molas deve ser a mesma. Seja esta deformação inicial x 0 (compressão ou tracção nas duas molas). A energia mecânica na posição de equilíbrio passa a ser, E 1 = 3 4 mr θ m + 1 x 0 + 1 x 0 = 3 4 mr θ m + x 0 = 3 4 mr ω θ m + x 0 Na posição de deslocamento máximo, E = 1 [x 0 + (r + a)θ m ] + 1 [x 0 (r + a)θ m ] = x 0 + (r + a) θ m E igualando a energia mecânica nas duas posições, 3 4(r + a) 4 mr ω θm + x 0 = x 0 + (r + a) θm ω = 3mr Exercício O cilindro de massa m e raio r rola sem escorregar numa superfície de raio R. Determine a frequência das pequenas oscilações do sistema. O 1 O 1 O θ A φ O C A (1) () B (1) - posição de equilíbrio estático (energia potencial zero, velocidade máxima) V 1 = 0 T 1 = 1 mv O + 1 I O(φ θ) = 1 ( ) 1 1 ( φ mr θ + φ mr θ T 1 = 3 ( ) φ 4 mr θ p.190 Capítulo 6 )

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS Mas, BC= AC Rθ = rφ φ = R r θ φ = R r θ e como nesta posição θ = θ m, T 1 = 3 4 mr ( R r 1 ) θ m = 3 4 m(r r) θ m () - posição de deslocamento máximo (energia potencial máxima, velocidade nula) T = 0 V = mg(r r)(1 cosθ) Mas como, ( ) θ 1 cosθ sin ( ) θ V mg(r r) sin = mg(r r) θ 4 = 1 mg(r r)θ e tomando em conta que nesta posição θ = θ m, V = 1 mg(r r) θ m Aplicando o princípio da conservação da energia, T 1 + V 1 = T + V 3 4 m(r r) θ m = 1 mg(r r) θ m Como o movimento oscilatório é harmónico, θ m = ωθ m resultando 3 m(r r) ω θm = mg(r r) θ m ω g g = ω = 3 (R r) 3 (R r) Nota: Método alternativo para o cálculo do T 1 T 1 = 1 mv O + 1 I Oω = 1 mv O + 1 1 mrv O r = 3 4 mv O = 3 4 m(r r) θ p.191 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS Exercício Admitindo que não há escorregamento entre o fio inextensível e o disco de massa M, determine a frequência das pequenas vibrações do sistema representado. m M r A G θ M B C.I.R. A θ M G B (1) () (1) - posição de equilíbrio estático ( θ = θ m ) V 1 = 1 0 T 1 = 1 Mv G + 1 I θ G m + 1 mv A = 1 Mr θ m + 1 1 Mr θ m + 1 m4r θ m ( ) 3 T 1 = 4 M + m r θ m () - posição de deslocamento máxima (θ = θ m ) V = 1 ( 0 + x G ) mgx A Mgx G V = 1 ( 0 + rθ m ) (m + M)grθ m T = 0 Escrevendo agora o princípio da conservação da energia, p.19 Capítulo 6 T 1 + V 1 = T + V

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS resulta, 1 0 + ( ) 3 4 M + m r θ m = 1 ( 0 + rθ m ) (m + M)grθ m ( ) 3 4 M + m r θ m = 1 r θm + [ 0 (m + M)g] rθ m Na expressão acima, 0 representa a deformação da mola na posição de equilíbrio estático. Se nesta posição escreve-se somatório de momentos em B, resulta MB = 0 mgr + Mgr 0 r = 0 0 (m + M)g = 0 Com este resultado, do princípio da conservação da energia resulta, ( ) 3 4 M + m r θ m = 1 r θm e admitindo o movimento harmónico, ( ) 3 4 M + m ω θm = 1 θ m ω = 3 M + 4m Nota: Para simplificar as contas no estudo das pequenas vibrações em torno da posição de equilíbrio estático, pode-se sempre admitir que a força elástica e as forças que a equilibram nesta nesta posição (pesos) anulam-se umas as outras. Então, estas forças podem ser deixadas fora das seguintes contas e na posição de deslocamento máximo apenas terão de ser contabilizadas as restantes forças e o suplemento da força elástica. No problema considerado, isto significava, V 1 = 0 T 1 = ( 3 4 M + m) r θ m V = 1 r θ m T = 0 6.1. Vibrações forçadas ω = 3 M + 4m As vibrações forçadas ocorrem sempre que um sistema está sujeito a uma força periódica, ou quando está elasticamente ligado a um apoio com movimento oscilatório. p.193 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS Força periódica Considere-se uma partícula de massa m ligada a uma mola de constante de rigidez, sujeita a acção de uma força periódica F = F m sin ω f t (a) (b) (c) mola indeformada equilíbrio estático x est F e P x F F e P Fx = mẍ mẍ = mg F e + F = mg (x est + x) + F Tomando em conta que na posição de equilíbrio estático mg = x est e substituindo a expressão para a excitação harmónica, mẍ + x = F m sin ω f t ẍ + ω x = F m m sin ω ft onde ω = m (6.) Uma equação diferencial que possui o membro direito diferente de zero, diz-se não homogénea. A sua solução geral obtém-se pela adição da solução particular da equação dada à solução geral da correspondente equação homogénea, x = x p + x 0 Solução particular Como o membro direito é uma função harmónica, a solução particular também é uma função harmónica. Seja a solução particular uma função de tipo x p = A sin ω f t + B cosω f t Nesta expressão, A e B são constantes arbitrárias que serão determinadas substituindo a solução particular na equação diferencial, p.194 Capítulo 6 ẋ p = ω f A cosω f t ω f B sin ω f t

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS ẍ p = ω f A sin ω ft ω f B cosω ft ω f A sin ω ft ω f B cosω ft + ω (A sin ω f t + B cosω f t) = F m m sin ω ft A(ω ω f) sinω f t + B(ω ω f) cosω f t = F m m sin ω ft t A(ω ω f ) = F m m e B = 0 x p = F m m(ω ω f ) sin ω ft = F m / 1 (ω f /ω) sin ω ft Solução geral A solução geral obtém-se juntando à solução particular a solução da equação homogénea (oscilações livres), x(t) = C 1 sin ωt + C cos ωt }{{} solução homogénea onde, com a notação Ω = ω f /ω, + X m sin ω f t }{{} solução particular X m = F m/ 1 Ω Nota-se que o movimento representado pela equação acima consiste em dois movimentos oscilatórios sobrepostos. Os dois primeiros termos representam a vibração livre do sistema. A frequência desta vibração é a frequência natural do sistema e depende apenas da rigidez e da massa do sistema. As constantes C 1 e C podem ser determinadas a partir das condições iniciais. Está vibração é também designada por vibração em regime transitório, uma vez que, no caso de vibrações amortecidas, a amplitude deste movimento decresce rapidamente. O último termo da equação acima represente a vibração em regime estacionário. Este movimento é produzido e mantido pela força aplicada. A sua amplitude depende da relação entre a frequência da excitação e a frequência natural do sistema. A razão entre a amplitude das vibrações estacionárias e a deformação estática F m /, chama-se factor de amplificação dinâmica, R d = 1 1 Ω p.195 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS Movimento de base Considere-se uma partícula de massa m ligada a uma mola de constante de rigidez, sujeita a um movimento de base harmónico, y f = x g sin ω f t (a) (b) (c) 00 11 00 11 00 11 00 11 y f mola indeformada equilíbrio estático x est F e P x F e P Fx = ma m(ẍ + ÿ f ) = mg F e = mg (x est + x) Tomando em conta que na posição de equilíbrio estático, mg = x est e substituindo a expressão para o movimento harmónico de base, mẍ + x = mω f x g sin ω f t ẍ + ω x = ω f x g sin ω f t onde ω = m (6.3) Solução particular Como o membro direito é uma função harmónica, a solução particular também é uma função harmónica. Seja a solução particular uma função de tipo x p = A sin ω f t + B cosω f t Nesta expressão, A e B são constantes arbitrárias que serão determinadas substituindo a solução particular na equação diferencial, p.196 Capítulo 6 (ω ω f )(A sin ω ft + B cosω f t) = ω f x g sin ω f t t A = x g Ω 1 Ω e B = 0

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS Ω x p = X m sin ω f t com X m = x g 1 Ω No caso de movimento de base, interesse relacionar a amplitude das vibrações estacionárias com o deslocamento máximo da base. A razão entre estes dois deslocamentos máximos, chama-se factor de transmissibilidade. Para o calcular, nota-se que o deslocamento absoluto da massa em regime estacionário é dado por, ( ) x t (t) = x p (t) + y f (t) = x g 1 + Ω 1 sin ω 1 Ω f t = x g 1 Ω sin ω ft T r = x t,máx x g = 1 1 Ω As características das vibrações forçadas não-amortecidas, são resumidas no seguinte quadro. Vibrações forçadas não-amortecidas Força harmónica Movimento harmónico de base ẍ + ω x = (F m /m) sin ω f t ẍ + ω x = ωf x g sin ω f t x p (F m /)/(1 Ω ) sin ω f t x g Ω /(1 Ω ) sin ω f t x 0 C 1 sin ωt + C cos ωt x(t) x 0 (t) + x p (t) x t (t) x(t) x(t) + x g (t) R d 1/(1 Ω ) T r 1/(1 Ω ) 1 1 Ω 8 6 4 1 3 4 Ω p.197 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS Observa-se que, quando a frequência da excitação é igual a frequência natural do sistema a amplitude de vibração torna-se infinita. Diz-se que a excitação está em ressonância com o sistema. A amplitude do movimento é igual ao deslocamento estático para ω f = 0 e depois começa a crescer com ω f. Depois de ultrapassar a frequência de ressonância, a amplitude do movimente decresce, chegar a ser mais baixa do que o deslocamento estático para excitações com frequências muito altas. Exercício (Beer 19.11) A esfera com 1. g forma um pêndulo com comprimento L = 600 mm que está suspenso a partir de um cursor C com 1.4 g. O cursor é obrigado a deslocar-se de acordo com a relação, x C = Y m sin ω f t com amplitude Y m = 10 mm e uma frequência f f = 0.5 Hz. Considerando apenas o regime estacionário, determine (a) a amplitude do movimento da esfera e (b) a força que deve ser aplicada ao cursor C para o manter em movimento. x C = Y m sin ω f t C L θ T x mg Fx... mẍ = T sin θ Fy... mÿ = T cosθ mg Admitindo pequenas oscilações, sin θ tanθ θ cosθ 1 e o movimento ocorre segundo um eixo horizontal. Resulta então, T = mg p.198 Capítulo 6

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS mẍ = mg x x C L ẍ + g L x = g L x C ẍ + ω x = ω Y m sin ω f t com ω = (a) A solução particular será dada por, Tomando em conta que x p = X m sin ω f t onde X m = g L Y m 1 (ω f /ω) ω = g L ω f = (πf f ) X m = Y m 1 4π ff L/g = 0.01 1 4 π 0.5 0.6/9.81 0.05 m (b) x C C N mg T θ a C = ẍ C = ω fy m sin ω f t = ω fx C Fx... m C a C = F + T sin θ F = m C a c T sin θ Tomando em conta que T = mg, sin θ (x x C )/L e ω = g/l, F = m c ω f x C mg x x c L = m c ω f x C mω x + mω x C F = [ ] (mω m C ωf)y m mω X m sin ωf t Para os valores numéricos dados, F 0.44 sin πt N p.199 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS Exercício (Beer 19.118) Um motor com 180 g está fixo a uma viga horizontal de massa desprezável. O desequilíbrio do rotor é equivalente a uma massa de 8 g situada a uma distância de 150 mm do eixo de rotação, e a deformação estática da viga devida ao peso do motor é igual a 1 mm. A amplitude de vibração devida ao desequilíbrio pode ser atenuada através da adição de uma placa à base do motor. Se a amplitude de vibração em regime estacionário tiver que ser menor que 60 µm para velocidades do motor acima de 300 rpm, determine a massa necessária da placa. Rotor Motor ω f δ est m ω f t P m sin ω f t Mg x P m sinω f t P m = mω f r F e sumf x... Mẍ = Mg F e + P m sin ω f t ẍ + ω x = P m M sin ω ft onde ω = M A vibração em regime estacionário vai ter uma amplitude dada por, X m = p.00 Capítulo 6 P m / 1 (ω f /ω) = mω f r/(mω ) = rm/m 1 (ω f /ω) (ω/ω f ) 1

6.1. VIBRAÇÕES NÃO AMORTECIDAS X m ω f > 300 rpm r m M 1 ω f /ω Escrevendo o equilíbrio estático da viga, δ est = Mg = Mg 180 9.81 = δ est 0.01 = 147150 N/m A frequência da estrutura, depois da adição da placa, será dada por, ω = M Tomando em conta esta definição, X m = ( rm/m /(M ωf ) 1 X m M ωf 1 ) = r m M M = ω f rm X m Como ω f = 300 π/60 = 10π rad/s e X m = 60 10 6 m (... veja o enunciado e a figura) resulta O peso da placa será M = 147150 0.15 0.08 + 19.1 g 100π 60 10 6 M = M M = 19.1 180 = 39.1 g p.01 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS Exercício (Beer 19.15) Um pequeno reboque e o barco possuem a massa total de 50 g. O reboque está apoiado em duas molas, cada uma com 10 N/m e desloca-se ao longo de uma estrada cuja superfície se pode aproximar a uma curva sinusoidal com uma amplitude de 40 mm e um comprimento de onda de 5 m. Determine (a) a velocidade para a qual ocorre a ressonância e (b) a amplitude da vibração do reboque à velocidade de 50 m/h. y v Y m s λ F e δ est x m(ẍ ÿ) = x mẍ + x = ÿ mg y = Y m sin ω f t ω = m ẍ + ω x = ω Y m sin ω f t ω f = π T = π λ/v = πv λ A solução da equação diferencial é x(t) = X m sin ω f t onde a amplitude do movimento oscilatório é dada por X m = Y m 1 (ω f /ω) (a) A ressonância ocorre quando a amplitude do movimento é máxima, ou seja, quando ω = ω f m = πv λ v = λ π m v = 5 10000 7.1 m/s 5.6 m/h π 50 p.0 Capítulo 6

6.. VIBRAÇÕES AMORTECIDAS (b) X m = Y m 1 (ω f /ω) = Y m ( ) πv m 1 λ v = 50 m/h = 15 9 m/s X m = 0.040 1 4 π 15 5 9 50 0000 0.014 m 6. Vibrações amortecidas Na realidade, todas as vibrações são amortecidas, em maior ou menor grau, pela acção das forças de atrito. Estas forças podem ser causadas por atrito seco - entre corpos rígidos, por atrito fluido - quando um corpo rígido se desloca num fluido, ou por atrito interno - entre as moléculas que constituem um corpo. Um tipo de amortecimento com especial interesse é o amortecimento viscoso em que a força de atrito é proporcional e oposta a velocidade do corpo em movimento F a = c ẋ A constante c expressa em Ns/m chama-se coeficiente de amortecimento viscoso. 6..1 Vibrações livres Seja uma partícula de massa m ligada a uma mola de rigidez e a um amortecedor de coeficiente de amortecimento viscoso c. (a) (b) (c) F e x est mg F e F a x mg p.03 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS Na posição de equilíbrio estático (b), o sistema está em repouso, portanto no amortecedor não se desenvolve força nenhuma. Escrevendo a equação de equilíbrio estático resulta mg = x est. Seja uma posição qualquer (c) caracterizada pela posição x e a velocidade ẋ da partícula. Escrevendo as equações de movimento nesta posição, resulta mẍ = mg cẋ (x est + x) = mg x }{{ est cẋ x } 0 ou, dividindo pela massa, mẍ + cẋ + x = 0 ẍ + c mẋ + ω x = 0 com ω m (6.4) O movimento definido pela equação (6.4) representa um movimento oscilatório amortecido. A solução desta equação diferencial homogénea é de tipo e λt, Resulta a equação característica cuja solução é dada por x = e λt ẋ = λe λt ẍ = λ e λt (λ + c ) m λ + ω e λt = 0 t λ + c m λ + ω = 0 λ 1, = c ( c ) m ± m m Designa-se por coeficiente de amortecimento crítico, c cr o valor do coeficiente de amortecimento c que anula o radical, c cr = m m = mω Por vezes, o amortecimento de um sistema costuma ser dado em percentagem sobre o valor do amortecimento crítico, p.04 Capítulo 6 ζ = c c cr

6.. VIBRAÇÕES AMORTECIDAS Os valores recomendados para o factor de amortecimento ζ no cálculo de estruturas variam entre 5 10% para estruturas metálicas, 7 10% para estruturas em betão e 10 0% para estruturas em madeira. Com esta notação, a equação diferencial das vibrações livres amortecidas toma a seguinte forma, ẍ + ζωẋ + ω x = 0 (6.5) Dependendo do valor do coeficiente de amortecimento, distinguem-se três casos: Amortecimento super-crítico (c > c cr ou ζ > 1) As raízes da equação característica são reais e distintas, ambas negativas. λ 1, λ < 0 x(t) = Ae λ 1t + Be λ t lim x(t) = 0 t O movimento resultante não é oscilatório. O x tende para zero quando t aumenta indefinidamente, ou seja, o sistema readquire a sua posição de equilíbrio estático após um intervalo de tempo suficientemente longo. Amortecimento crítico (c = c cr ou ζ = 1) A equação característica tem uma raiz dupla, λ 1, = ω x(t) = (A + Bt)e ωt O movimento não é vibratório, retomando o sistema a sua posição de equilíbrio no menor tempo possível, sem oscilar. Amortecimento sub-crítico (c < c cr ou ζ < 1) As raízes da equação característica são complexas conjugadas, Definindo, resulta e λ 1, = c m ± i m ( c m ωa = ( c ) [ m = 1 m m m ( ) ωa = c ω 1 m /m λ 1, = ζω ± iω a ) ( c ) ] m = ω (1 ζ ) x(t) = e ζωt (C 1 sin ω a t + C cos ω a t) p.05 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS O movimento é oscilatório, com amplitude decrescente. A frequência de vibração, ω a = ω 1 ζ < ω pelo que o período de vibração do sistema amortecido é maior do que o período de vibração correspondente ao sistema não amortecido. O sistema readquire a sua posição de equilíbrio estático após um intervalo de tempo suficientemente longo. Amplitude do movimento amortecimento crítico amortecimento supra-crítico Tempo amortecimento sub-crítico Exercício (Beer 19.134) Um bloco A com 4 g é solto de uma altura de 800 mm sobre um bloco B com 9 g, que está em repouso. O bloco B está apoiado numa com constante de rigidez = 1500 N/m e está ligado a um amortecedor com coeficiente de amortecimento c = 30 Ns/m. Sabendo que não existe qualquer ressalto, determine a distância máxima percorrida pelos blocos após o choque. h A B c A velocidade do bloco A antes de choque obtém-se aplicando o princípio de conservação da energia. m A gh = 1 m Av A v A = gh A velocidade dos dois blocos após o choque resulta da conservação da quantidade de movimento, tomando em conta que não há forças impulsivas externas e que o choque é perfeitamente plástico. m A v A = (m A + m B )v v m A = gh m A + m B p.06 Capítulo 6 v = 4 4 + 9 9.81 0.8 1.19 m/s

6.. VIBRAÇÕES AMORTECIDAS As forças que actuam em seguida sobre o sistema formado pelos dois blocos são o peso, à força elástica e à força de amortecimento viscoso. Tomando em conta que a nova posição de equilíbrio estático, devida ao suplemento de peso provocado pelo bloco A é dada por, temos, x 0 = m Ag = 4 9.81 1500 0.06 m Mg x 0 x F e F a Mẍ = Mg (x 0 + x) cẋ ẍ + c M ẋ + M x = 0 ou seja, onde ω = ẍ + ζωẋ + ω x = 0 1500 M = 4 + 9 10.74 rad/s c cr = Mω = (4 + 9) 10.74 79.66 Ns/m ζ = c c cr = 30 79.66 8% Como o amortecimento é sub-crítico, o movimento resultante será dado por x(t) = e ζωt (C 1 sin ω a t + C cos ω a t) com ou seja ω a = ω 1 ζ = 10.74 1 0.8 6.15 rad/s x(t) = e 8.81 t [C 1 sin(6.15 t) + C cos(6.15 t)] As constantes C 1 e C vão ser determinadas a partir das condições iniciais do movimento: x(0) = x 0 e ẋ(0) = v x(0) = C = x 0 C = 0.06 ẋ(t) = e 8.81 t [(6.15 C 1 8.81 C ) cos(6.15 t)+ ( 8.81 C 1 6.15 C ) sin(6.15 t)] p.07 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS ẋ(0) = 6.15 C 1 8.81 C = v C 1 = v + 8.81 C 6.15 C 1 = 1.19 8.81 0.06 6.15 0.161 A equação do movimento oscilatório em torno da posição de equilíbrio estático, fica então definida por x(t) = e 8.81 t [0.161 sin(6.15 t) 0.06 cos(6.15 t)] 0.0 x 0 x M 0.01 0.01 0.0 0. 0.4 0.6 0.8 1 t 0.03 x O deslocamento máximo x m, será alcançado quando a velocidade do sistema será nula. ẋ(t) = e 8.81 t [1.19 cos(6.15 t) 1.59 sin(6.15 t)] ẋ(t) = 0 t = 1 ( ) 1.19 6.15 arctan 0.15 s 1.59 O deslocamento máximo será então, x m = x(0.15) 0.031 m A distância máxima percorrida pelos blocos após o choque será, p.08 Capítulo 6 d máx = x 0 + x m = 0.06 + 0.031 = 0.057 m

6.. VIBRAÇÕES AMORTECIDAS 6.. Vibrações forçadas Força periódica Seja uma partícula de massa m ligada a uma mola de rigidez e a um amortecedor de coeficiente de amortecimento viscoso c sob a acção de uma força periódica, F = F m sin ω f t (a) (b) (c) F e x est mg F e F a x A equação de movimento em torno da posição de equilíbrio estático será ou, dividindo pela massa, F mg m ẍ + c ẋ + x = F m sin ω f t ẍ + ζω ẋ + ω x = F m m sin ω ft (6.6) A solução geral desta equação diferencial não-homogénea obtém-se pela adição de uma solução particular à solução geral da equação homogénea. A solução geral da equação homogénea, que foi obtida no caso das vibrações livres amortecidas, depende do amortecimento do sistema, mas de qualquer modo esvanece com o tempo. O intervalo de tempo inicial em que esta solução tem valores não desprezáveis, chama-se zona transitória. A solução particular representa a vibração em regime estacionário, significando que depois de um intervalo suficientemente longo, esta solução caracteriza sozinha o movimento do sistema. Se a excitação fosse harmónica, a solução particular é também harmónica, x p = A sin ω f t + B cosω f t p.09 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS e substituindo na equação diferencial, temos ω f A sin ω ft ω f B cosω ft + ζωω f A cosω f t ζωω f B sin ω f t+ ω A sin ω f t + ω B cosω f t = F m m sin ω ft t [ ω ω f ζωω f ζωω f ω ω f ]{ A B } = { Fm /m 0 } ou, dividindo cada linha por ω e utilizando as notações Ω = ω f /ω e δ 0 = F m /, [ ]{ } 1 Ω ζω A ζω 1 Ω = B { δ0 0 } A = B = (1 Ω ) (1 Ω ) + (ζω) δ 0 ζω (1 Ω ) + (ζω) δ 0 Para por em evidência a amplitude do movimento, a solução particular pode ser escrita sob forma x p = X m sin(ω f t φ) onde e X m = A + B = 1 (1 Ω ) + (ζω) δ 0 ( φ = arctan B ) ( ) ζω = arctan A 1 Ω A razão entre a amplitude das vibrações em regime estacionário e a deformação estática provocada pela aplicação da força F m, designa-se por factor de amplificação dinâmica, 1 R d = (1 Ω ) + (ζω) O factor de amplificação dinâmica depende da razão das frequências, Ω = ω f /ω e do factor de amortecimento do sistema ζ. p.10 Capítulo 6

6.. VIBRAÇÕES AMORTECIDAS 4 3 1 R d ζ = 0 ζ = 0.15 ζ = 0.50 ζ = 0.375 ζ = 1.000 0.5 1 1.5.5 3 Observa-se que a amplitude de uma vibração forçada pode manter-se pequena, quer através da escolha de um elevado coeficiente de amortecimento viscoso, quer mantendo afastadas uma da outra a frequência natural do sistema e a frequência da excitação. Movimento de base Ω Seja uma partícula de massa m ligada a uma mola de rigidez e a um amortecedor de coeficiente de amortecimento viscoso c. O sistema está sujeito a um movimento harmónico de base, m c x h δ est x f (t) = x g sin ω f t 000000 111111 x f 000000 111111 Para uma posição qualquer x, a equação de movimento é dada por, F = ma ma = P + Fe F a onde Resulta, a = d dt (x f + h + x) = ẍ f + ẍ F e = (δ est x) F a = cẋ m(ẍ f + ẍ) = mg + (δ est x) cẋ mẍ + cẋ + x = mẍ f p.11 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS e dividindo pela massa, e substituindo a expressão da aceleração da base, Observa-se que, fazendo a notação, a equação (6.7) transforma-se em ẍ + ζωẋ + ω x = ω fx g sin ω f t (6.7) F m = mω f x g ẍ + ζωẋ + ω x = F m m sin ω ft ou seja, numa forma idêntica à (6.6) que representava a equação diferencial das vibrações amortecidas forçadas, provocadas por uma força harmónica. A solução particular da equação (6.7) resulta, x p = δ 0 R d sin(ω f t φ) = F m R d sin(ω f t φ) = mω f x g mω R d sin(ω f t φ) x p (t) = x g ( ωf ω ) Rd sin(ω f t φ) Viu-se que, no caso de uma força aplicada, calculou-se o factor de amplificação dinâmica, R d. Este factor permite relacionar os deslocamentos máximos da massa obtidos para uma aplicação estática, respectivamente dinâmica da força. No caso de movimento de base, interesse relacionar o deslocamento máximo da base com o deslocamento máximo da massa. O coeficiente que permite este relacionamento, chama-se factor de transmissibilidade, T r. Para o calcular, nota-se que o deslocamento absoluto da massa em regime estacionário é dado por, x t (t) = x(t) + x f (t) = x g ( ωf ω ) Rd sin(ω f t φ) + x g sin ω f t Para por em evidência a amplitude do movimento, o deslocamento absoluto escreve-se como x t (t) = X m sin(ω f t Φ) e identificando os termos, ( ωf X m cos Φ = x g + x g ω ) Rd cosφ ( ωf ) X m sin Φ = x g Rd sin φ ω p.1 Capítulo 6

6.. VIBRAÇÕES AMORTECIDAS Utilizando a notação Ω = ω f /ω, X m cos Φ = 1 + Ω R d cosφ x g X m x g sin Φ = Ω R d sin φ T r = X m x g = 1 + (ζω) (1 Ω ) + (ζω) Observa-se que uma redução na transmissibilidade nem sempre se consegue com um aumento do amortecimento. 3.5 1.5 T r ζ = 0 ζ = 0.15 ζ = 0.50 ζ = 0.375 1 0.5 ζ = 1.000 0.5 1 1.5.5 3 Ω Exercício Considere o sistema da figura que representa um carro que sobe a rampa de transição para o tabuleiro de uma ponte. a) Escreva a equação de movimento do carro, admitindo que mantêm a velocidade horizontal v 0 constante e que a rampa tem uma inclinação h/l constante; b) Sendo M = 1000 g, c = 0.05 c cr, v 0 = 40 m/h, = 50 N/cm, h = 1 m e L = 100 m, qual é a aceleração máxima de M no trajecto ao longo da rampa? M v 0 u t c u g h L p.13 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS a) Como a velocidade horizontal é constante, o movimento do carro segundo o eixo horizontal é rectilíneo e uniforme definido pela equação x(t) = v 0 t No estudo que se segue será considerada apenas a componente vertical deste movimento. Uma vez na rampa inclinada, as forças que actuam no corpo de massa M são o peso, a força elástica e a força de amortecimento. Ma u est h 0 M P c 000000000000000000 111111111111111111 000000000000000000 111111111111111111 F e F a u h 0 u g onde Resulta, Ma = P + F e F a ( ) a = d dt (u g + h 0 + u) = d v0 h dt L t + h 0 + u = ü ou, dividindo pela massa, F e = (u est u) F a = c u Mü = Mg + u }{{ est u c u } 0 Mü + c u + u = 0 ü + ζω u + ω u = 0 A solução desta equação diferencial representa o movimento da massa M em relação à posição de equilíbrio estático. O movimento absoluto da massa é dado por p.14 Capítulo 6 u t (t) = u g (t) + h 0 + u(t) = v 0h L t + h 0 + u(t)

6.. VIBRAÇÕES AMORTECIDAS onde u g é a componente vertical do deslocamento da base e h 0 uma constante (altura do veículo). b) Como o movimento oscilatório definido pela equação diferencial tem um amortecimento sub-critico (ζ = 5%), u(t) = e ζωt (C 1 sin ω a t + C cos ω a t) u(t) = e ζωt [(C 1 ω a C ζω) cosω a t (C ω a + C 1 ζω) sinω a t] com ω a = ω 1 ζ. As constantes C 1 e C vão ser determinadas a partir das condições iniciais do movimento, u(0) = 0 e u(0) = v 0y = v 0h L Resulta u(0) = C = 0 C = 0 u(0) = C 1 ω a C ζω = C 1 ω a = v 0h L u(t) = v 0h ω a L e ζωt sin(ω a t) C 1 = v 0h ω a L u(t) = v 0h ω a L e ζωt [ω a cos(ω a t) ζω sin(ω a t)] ü(t) = v 0h ω a L e ζωt [ (ζ ω ω a ) sin(ω at) ζωω a cos(ω a t) ] 0.0006 u [m] 0.0004 0.000 0.000 t [s] 0.05 0.1 0.15 0. 0.0004 p.15 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS Para os valores numéricos dados, ω = 50 10 5 M = 1000 158.11 rad/s ω a = ω 1 ζ = 158.11 1 0.05 157.91 rad/s ü [m/s ] 10 5 5 0.05 0.1 0.15 0. t [s] 10 15 u(t) 0.000703636 e 7.9055t sin(157.91t) ü(t) e 7.9055t [ 1.75678 cos(157.91t) 17.5016 sin(157.91t)] A aceleração máxima resulta então, d ü dt = 0 t 0.009s a máx 16.4 m/s O deslocamento absoluto da massa é apresentado na figura seguinte. p.16 Capítulo 6

6.3. EXERCÍCIOS PROPOSTOS PARA AS AULAS PRÁTICAS 0.0 u t [m] 0.015 0.01 0.005 0.05 0.1 0.15 0. h 0 t [s] 6.3 Exercícios propostos para as aulas práticas Exercício O sistema representado na figura consiste numa barra rígida, apoiada num ponto fixo em O, ligada a uma mola e a um amortecedor. A massa total m 1 = m do troço OB está uniformemente distribuída no seu comprimento. Os troços AO e BC não possuem massa estando uma placa circular de massa m = m ligada rigidamente ao ponto C. Sabendo que m = g, L = 3m, = 800N/m e c = 00Ns/m, determine: (a) a equação de movimento do sistema para pequenas oscilações. Tome o ângulo θ de rotação da barra em torno do ponto O como coordenada generalizada; (b) a frequência das vibrações amortecidas ω a e o factor de amortecimento do sistema ζ. R = L/8 C c A O θ B L/4 L/ 3L/4 L/4 p.17 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS (a) Considerando as pequenas vibrações em torno da posição de equilíbrio, MO = I O θ mg L 4 θ ( 3L 4 ) θ ( ) ( 3L L c 4 θ ) ( ) L = I O θ I 0 = 1 1 m 1L + m 1 ( ) [ L + 1 m R + m L + ( ) ] L 4 I O = 1 1 ml + m L 4 + 1 ml 64 + ml17 16 = 667 384 ml Resulta: 667 384 ml θ L + c 4 θ + ( 9L 16 L ) 4 mg θ = 0 ou, m θ + c θ + θ = 0 onde m = 667mL 384 31.7 c = cl 4 = 450 9L = 16 L mg = 4035.3 4 (b) A frequência natural do sistema sem amortecimento é dada por, ω n = O factor de amortecimento, ζ = c c cr = c mω n m A frequência das vibrações amortecidas, 11.36 rad/s 450 0.633 (sub-crítico) 31.7 11.36 ω a = ω n 1 ζ 8.79 rad/s p.18 Capítulo 6

6.3. EXERCÍCIOS PROPOSTOS PARA AS AULAS PRÁTICAS Exercício A massa m 1 é suportada pela mola estando em equilíbrio estático. Uma segunda massa m cai de uma altura h e choca com a massa m 1, ficando as massas, a partir do instante do choque, ligadas uma à outra. Determine o subsequente movimento u(t) medido a partir da posição de equilíbrio estático da massa m 1 antes do choque. a velocidade da massa m no instante do choque calcula-se aplicando o princípio da conservação da energia: m gh = 1 mv 0 v 0 = gh A velocidade das duas massas imediatamente após o choque calcula-se aplicando o princípio da conservação da quantidade de movimento: (m 1 + m )v = m v 0 v = A nova posição de equilíbrio estático será dada por, δ e = m g δ e = m g h m m 1 + m gh A frequência das pequenas oscilações em torno da nova posição de equilíbrio será ω = m 1 + m As vibrações em torno da posição de equilíbrio são definidas por u(t) = A sin ωt + B cosωt onde A e B são constantes arbitrárias que vão ser determinadas a partir das condições iniciais. Admitindo o eixo u dirigido para cima, as condições iniciais são u(0) = δ e = m g Resulta então u(t) = A sin ωt + B cos ωt u(t) = ωa cosωt ωb sin ωt u(0) = u 0 ; u(0) = u 0 u(0) = v = m m 1 + m gh m 1 m { B = u0 ωa = u 0 A = u 0 /ω p.19 Capítulo 6

CAPÍTULO 6. VIBRAÇÕES MECÂNICAS u(t) = gh u(t) = u 0 ω sin ωt + u 0 cosωt m m1 + m sin ( ) ( ) t + m g m 1 + m cos t m 1 + m u choque u Mu0 u 0 u 0 posição equilíbrio t u 0 u M a amplitude do movimento será, u M = A + B = u 0 + u 0 ω Em relação à posição de equilíbrio estático da massa m 1 antes do choque, ū = u u 0 p.0 Capítulo 6