O ENSINO DO RITMO MUSICAL E A PRÁTICA MUSICAL COLETIVA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA

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Transcrição:

1 O ENSINO DO RITMO MUSICAL E A PRÁTICA MUSICAL COLETIVA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA Eric Gomes do Carmo 1 Resumo O presente artigo relata a experiência de Educação Musical, vivenciada na Escola Municipal Norman Prochet em Londrina-Paraná. Trata-se do Estágio Supervisionado realizado durante o ano de 2014. O trabalho foi realizado no 3º ano do curso de Licenciatura em Música da Universidade Estadual de Londrina. Semanalmente as crianças de 8 e 9 anos referente ao 3º ano do Ensino Fundamental I frequentaram aulas de música. Neste relato procuro trazer as reflexões sobre o processo de desenvolvimento da relação do movimento corporal na construção do conceito de ritmo a partir de um trabalho de prática musical coletiva, abrangendo os seguintes momentos: a) Movimento rítmico-corporal e pulso; b) Representação gráfica do ritmo; d) Prática musical em grupo: a construção da performance, partindo dos pressupostos de Dalcroze e Lucas Ciavatta. Palavras chave: Movimento; Ritmo; Percepção. Introdução O desenvolvimento da Educação Musical no Brasil tem sido um assunto intensamente debatido nos meios acadêmicos nas últimas décadas. As propostas para a educação musical oferecidas por autores como Émile Jacques-Dalcroze (Suíça,1865-1950), Zoltán Kodály (Hungria, 1882-1967), Carl Orff (Alemanha, 1895-1982), Edgar Willems (Suíça, 1890-1978) e Shinichi Suzuki (Japão, 1898-1998), estão presentes na educação musical brasileira. Cada um desses autores desenvolveu um trabalho com características peculiares, voltado para objetivos próprios e com determinada ênfase e atuação bem específica em 1 Eric Gomes do Carmo é formado no curso de Licenciatura em Música na Universidade Estadual de Londrina, formado em Educação Física também pela UEL, cursando a especialização em Educação Musical na Universidade Estadual de Maringá. Contato: cantatedeo@live.com

2 determinados grupos, como é o caso do método Suzuki para instrumentos e o de Dalcroze na dança e teatro. Embora esses autores tenham fundamental importância para a formação do pensamento pedagógico musical do educador contemporâneo, é necessário considerar as mudanças ocorridas no contexto social das últimas décadas, onde vários fatores como a globalização cultural e a tecnologia tem transformado a maneira de pensar do homem pós-moderno. Metodologia As propostas de Educação Musical das últimas décadas se abriram a diversas metodologias, derivadas de conceitos e métodos tradicionais e estilos musicais. Essas metodologias se utilizam de elementos, sons e estilos presentes no contexto sócio cultural, dando espaço ao que não é tradicional na formação cultural. Essas propostas não se limitam ao ensino específico de música, mas promovem também a integração da música a outras disciplinas e áreas de conhecimento, destacando o fazer e a criação musical como base essencial no processo. Para Gainza (1990), a manipulação ativa da realidade que a rodeia através do jogo espontâneo e educativo, a criança adquire novas experiências e com isso desfruta de uma crescente compreensão e capacidade de manipular tanto esta realidade como seu mundo interior. A Educadora acrescenta ainda que o jogo musical e a improvisação promovem a absorção de novos materiais e estruturas mediante a exploração e manipulação criativa dos objetos que produzem sons. No pensamento didático musical de Koellreutter, o professor deve orientar e guiar o aluno, porém não obriga-lo a sujeitar-se à tradição, valendo-se do diálogo e do debate. Para Brito (2012, p.102), em relação ao pensamento pedagógico-musical de Koellreutter, em vez de sistemas padronizados que se ocupam em repetir o mesmo, precisamos nos valer da música em sua condição de jogo da arte, conectado com a vida, com as capacidades de criar, de transformar, de realizar e de provocar sempre o movimento. Se faz necessário questionar o quanto o ensino de música tem sido relevante para o aluno na sua prática escolar. É no ambiente escolar que a prática musical coletiva

pode ser mais motivadora, no momento em que cria a oportunidade de experimentação para o aluno que vê a música como algo ainda muito distante. 3 Identificação do Problema O interesse em formular uma metodologia para o ensino da percepção rítmica se deu pela identificação da dificuldade pessoal nos estudos de ritmo, e também da constatação de que muitos sãos os que têm dificuldade em entender o que é pulsação, além de confundirem o entendimento do ritmo com o andamento em música. De fato, percebemos que para a prática musical é fundamental a percepção da pulsação, pois é a partir da clara identificação da mesma que é possível fazer as relações de divisão e subdivisão rítmica. O ponto de partida para o nosso trabalho foi o método de Dalcroze e o trabalho desenvolvido pelo professor Lucas Ciavatta 2 que utilizou a prática da percussão corporal e um novo tipo de leitura rítmica. A proposta se apoia no fluxo do tempo/contra tempo, e o espaço físico e musical onde eles acontecem. Para Dalcroze a música deve passar pelo ouvido e se tornar significativa na mente e no corpo. Dalcroze observou que a marcha, devido à sua regularidade, funcionava como um metrônomo natural, fornecendo ao caminhante um modelo perfeito de medida e divisão do tempo em partes iguais (MADUREIRA, 2008: 64-65). O Passo nos mostra que, sem a participação ativa e efetiva do corpo, processos, normalmente associados apenas à mente, tais como a leitura e a escrita simplesmente não pode acontecer (Cursos O Passo Música e Educação). Propõe que cada evento musical, rítmico ou melódico, seja identificado, compreendido e escrito, oral, corporal e graficamente. Proposta Metodológica Como proposta metodológica, no primeiro momento a decisão foi a de iniciar as aulas com atividades que estimulassem o movimento, o deslocamento e a percussão corporal. Com a estimulação muscular através do movimento rítmico-corporal e a estimulação visual através da representação gráfica do ritmo, pretendemos construir a performance musical em grupo. 2 Lucas Ciavatta, músico formado pela UNIRIO e Mestre em Educação pela UFF, é o criador do método de Educação Musical O Passo e diretor do grupo de percussão e canto BLOCO DO PASSO.

4 A pesar de não utilizarmos a notação proposta por Ciavatta, foi através de sua ideia principal que nos apoiamos e fundamentamos nosso pensamento de construção da metodologia utilizada. Começamos com uma visão de trabalho, partindo do geral para o específico, dá pratica coletiva musical para uma apresentação teórica posterior mais detalhada. Desta forma o aluno desenvolveria o interesse e a prática musical antes de qualquer coisa, enfim, fazendo música. Na elaboração de nossa proposta, fizemos primeiramente uma adaptação gráfica visual, afim de, podermos introduzir a notação musical, cujo objetivo foi o de facilitar o aprendizado da leitura rítmica. Começamos utilizando o material em nossas aulas, porém percebermos que ainda poderíamos usar uma sequência pedagógica mais clara e eficiente. Para o trabalho de pulsação e introdução a ideia de subdivisão ritmica, utilizamos a figura da carinha sorrindo e para as pausas um traço que dispomos em quadros conforme nossa intensão de frase ritmica. Em cada carinha e traço colocamos um pezinho para indicar que o movimento do caminhar deveria estar presente o tempo todo. O passo seguinte dentre as várias atividades ritmicas que fizemos, foi a introdução da ideia da métrica em música quando mostramos quatro figuras limitadas por barras. Os alunos entenderam que cada barra signifca um tempo no compasso; que os pés significam a marcação do pulso através do movimento; as palmas o som, e a ausência das mesmas a pausa.

5 Poderíamos ter continuado utilizando esse material, mas não queríamos que isso significasse um maior distanciamento posterior do nosso objetivo, que era o de chegar a escrita e leitura musical tradicional. Então inserimos as figuras musicais de mínima, semínima e colcheia no lugar das barras. Material criado por Eric Gomes do Carmo - 2014 Em nossa prática nas aulas, esse método estava funcionando muito bem e concluímos que poderíamos tirar as barras e deixar somente as figuras. Porém ao chegarmos nas cocheias percebemos um retrocesso na capacidade de solfejo das crianças, pois identificamos a dificuldade de entender a parte fraca do tempo. Provavelmente se intensificaria essa dificuldade quando mostrássemos as semicolcheias. Nessa altura do estágio não poderíamos correr o risco de terminar o ano letívo sem que as crianças pudessem tocar em grupo utilizando-se da leitura ritmica. Foi então que tivemos a ideia de relacionar palavras com as figuras ritmicas. PÃO PÃO PÃO PÃO Com este recurso e as atividades ritmicas realizadas durante o estágio, finalizamos com os alunos realizando a leitura ritmica de ostinatos relativamente bem e uma composição ritmica; com grupos realizando ostinatos diferentes ao mesmo tempo. Considerações Finais Este trabalho nos possibilitou testar e experimentar maneiras de ensinar música para crianças no ambiente escolar. A maioria das atividades foram realizadas numa sala de aula pequena para os vinte alunos da turma. Mesmo em atividades de caráter lúdico, era grande a dificuldade de consentração e disciplina com relação ao respeito mútuo entre os alunos.

6 Ao longo do processo identificamos a necessidade do domínio da noção de pulso musical e que não poderíamos avançar na prática coletiva do solfejo ritmico antes que as crianças demosntrassem bom reconhecimento do pulso em váriadas músicas e atividades musicais. Desta forma realizamos diversas atividades lúdicas com ênfase na pulsação. Embora tenhamos utilizado a dança juntamente com uma canção, na nossa percepção, poderiamos ter explorado muito mais a movimentação corporal livre, assim como brincadeiras de roda, com a utilização de bolas, bastões e etc., que estimulassem a sensação do pulso, como Dalcroze propôs. Concluímos que a metodologia que inclui a utilização da movimento corporal, da representação gráfica da pulsação e do ritmo musical, são ferramentas excelentes para promover as relações psicomotoras do ritmo na prática musical coletiva. Nesta metodologia previmos a continuação do processo, avançando para o entendimento das pausas de semínima, colcheia e semicolcheia, assim como as figuras de som semibreve e a mínima, porém nosso ano letivo terminou e não conseguimos continuar. Acredito que esse trabalho possa contribuir para o ensino de música na escola com a utilização dos recursos propostos. Referências BRITO, Teca Alencar de. Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Editora Fundação Peirópolis, 2001. BRITO, Teca A. de. Hans-Joachim Koellreutter: por quê? In: Gisele Jordão, Sergio Molina. (Org.). A Música na Escola. São Paulo: Editora Allucci & Associados Comunicações, 2012, v.1. Disponível em: <http://www.amusicanaescola.com.br/pdf/teca_brito.pdf> Acesso em: 02 junho 2014. GAINZA, Violeta Hemsy de. A improvisação musical como técnica pedagógica. Cadernos de Estudo - Educação Musical Nº1 - Agosto de 1990. MADUREIRA, José Rafael. Émile Jaques-Dalcroze: Sobre a Experiência Poética da Rítmica - uma exposição em 9 quadros inacabados. 2008. 209 p. Tese (Doutorado em Educação Área de Concentração: Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte). Faculdade de Educação. UNICAMP. Campinas - SP. O PASSO. Disponível em: http://www.opasso.com.br/portugues/opasso.htm. Acesso em: 10 jan. 2013.