Fanfarra um toque além da música. Pôster

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1 Fanfarra um toque além da música Pôster Robison Bologna Oliveira 1 Universidade Estadual de Londrina (UEL) contato@robisonbologna.com.br Helena E. M. N. Loureiro 2 Universidade Estadual de Londrina (UEL) hloureiro@uel.br Resumo: Fanfarra um toque além da música constitui-se no projeto resultante da disciplina Atividades de Prática de Ensino I no ano letivo de 2016, integrada ao Projeto Música Criança 3, do curso de licenciatura em Música da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O desafio foi elaborar um projeto que unisse o aproveitamento de instrumentos de fanfarra recebidos em doação e uma proposta de apreciação musical aplicável especialmente à Educação Infantil, adaptável também e aos anos iniciais do Ensino Fundamental. A proposta deveria ser formulada de tal forma que pudesse ser apresentada a coordenações de escolas nesses dois níveis de ensino, sendo compreendido e, possivelmente, aceito por elas. Passamos a apresentar o resultado dessa produção. Palavras chave: Fanfarra. Projeto Música Criança. Educação Infantil. Justificativa e fundamentação A música tem se configurado de inúmeras formas no espaço escolar. Se a educação musical ainda não é prática efetiva nas escolas, os grupos vocais e instrumentais assumem papel importante no que se refere à socialização, à disciplina e à ampliação de experiências musicais. Desse modo, a fanfarra pode constituir-se em elemento importante na formação escolar e ser analisada como prática de ensino de música na escola (CAMPOS, 2008, p. 103). Conhecer e compreender a diversidade musical faz parte de um processo de autoconhecimento que gera uma reflexão crítica sobre o processo de construção do gosto 1 Graduando do curso de Licenciatura em Música na Universidade Estadual de Londrina (UEL), pesquisador, educador musical e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID). 2 Professora Adjunta do Depto. de Música e Teatro da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Licenciada em Música (FASM), Mestre em Educação (UEL), Doutora em Estudos da Linguagem (UEL). 3 Projeto integrado de ensino e extensão, voltado para a produção musical para crianças.

2 musical, tanto individual quanto coletivo. De acordo com Penna (2005, p. 12), existe uma necessidade de diálogo entre as diferentes práticas culturais, artísticas e musicais que contribuem para o crescimento de todos, ou seja, para a expansão (em alcance e qualidade) da experiência artística e cultural dos indivíduos. Vivemos numa época conturbada, em que a crise entre valores permanentes e novos valores emergentes da nossa sociedade em transição coloca em risco o ético e o estético. Quando o aprendizado da música é associado à participação num conjunto instrumental, como é o caso da fanfarra, os benefícios se ampliam também sob o ponto de vista social. Essa participação oportuniza à pessoa a convivência, a noção de responsabilidade dentro do grupo, o espírito de companheirismo e solidariedade, a noção de equipe e a conscientização de que os fins só se tornam reais quando todos colaboram para a sua consecução. Ademais, a apreciação de uma apresentação ao vivo de um conjunto musical como a fanfarra pode ser um meio de associar a percepção desses valores à fruição musical. Tal tipo de apreciação musical, como a da apresentação de uma fanfarra no espaço escolar, pode oportunizar aos alunos a vivência da escuta da música sendo produzida diante deles, através da execução dos instrumentos musicais em grupo, diferentemente de uma apreciação por meio de mídias eletrônicas, em que eles podem escutar, mas sem a referência direta da produção original do som. Além disso, as crianças teriam a possibilidade observar o trabalho executado pelo grupo como um todo, a performance dos músicos tanto em conjunto quanto individualmente. Esse tipo de experiência de apreciação musical, em geral de difícil acesso a grande parte das crianças da Educação Infantil, pode constituir-se em importante contribuição para o seu desenvolvimento, e até mesmo para a ampliação de seu interesse pela música instrumental. Alguns autores têm pesquisado os fazeres musicais na escola e destacado o potencial que vivências musicais como esta têm de transformar o cotidiano escolar. Segundo Tourinho (1993, p. 69), além do conteúdo afetivo sensivelmente aprendido em experiência com música, o ouvir e/ou produzir música em grupo pode provocar uma forma especial de prazer que tanto serve para integrar os participantes como para marca-los em suas especificidades de idade, função e mesmo gênero.

3 O objetivo primeiro da educação musical é facilitar o acesso à multiplicidade de manifestações musicais da nossa cultura, bem como possibilitar a compreensão de manifestações musicais de culturas mais distantes. Além disso, o trabalho com música envolve a construção de identidades culturais de nossas crianças, adolescentes e jovens e o desenvolvimento de habilidades interpessoais (HENTSCHKE; DEL BEN, 2003, p. 181). Bréscia (2003, p. 94) afirma que a música é tida como um dos melhores meios de expressão e socialização do ser humano. Ainda segundo a autora, a educação do individuo estará definitivamente incompleta se a música não constitui uma parte dela. Assim, este projeto visa trazer ao meio escolar uma atividade musical e artística, por meio de uma apresentação didática realizada por uma fanfarra, oportunizando assim, vivência de caráter educativo, cultural e musical. Objetivo geral O objetivo geral deste projeto é oportunizar às crianças da educação infantil a vivência da apreciação musical ao vivo, realizada por uma fanfarra ressaltando seu caráter educativo, cultural e musical, mostrando a importância do trabalho em grupo e do bom relacionamento a fim de ampliar sua experiência em relação à música instrumental executada nesse tipo de grupo musical. Objetivos específicos Criar condições para que a escola seja espaço de produção musical, acessível a toda a comunidade escolar. Oportunizar a aproximação e fruição das crianças da Educação Infantil à música instrumental executada ao vivo. Promover a interação entre as crianças e os músicos da fanfarra, por meio da apresentação de cada instrumento, naipe e do repertório, de maneira lúdica. Contribuir para o desenvolvimento musical das crianças, por meio da vivência da apreciação de música instrumental ao vivo.

4 Metodologia 1ª etapa Selecionar e organizar uma equipe de instrumentistas. Definir o repertório a ser executado. Elaborar e escrever os arranjos. Iniciar os ensaios. 2ª etapa Dar continuidade aos ensaios. Planejar interações de caráter lúdico entre músicos e crianças durante a apresentação. Organizar o programa e a apresentação em si de forma didática. Definir quantas e quais instituições de Educação Infantil serão contempladas com a apresentação didática. Visitar espaços disponíveis, condições físicas e necessidades técnicas para a apresentação. 3ª etapa Dar continuidade aos ensaios. Providenciar os recursos necessários para a realização da apresentação. Realizar a apresentação em uma ou mais instituições de Educação Infantil. Metodologia Verificação do impacto da apresentação na comunidade escolar, por meio de: entrevistas com crianças que tenham assistido à apresentação e com professores; questionários para os pais, buscando saber sobre possíveis relatos das crianças em casa; análise das atitudes e reações das crianças e professores registradas em vídeo.

5 Considerações finais Até a data da submissão deste trabalho, o projeto ainda havia sido realizado por questões operacionais que interferiram no andamento das atividades acadêmicas no ano letivo de Entretanto, pretendemos coloca-lo em prática assim que possível, incluindo-o na programação do Projeto Música Criança. Assim, pretendemos concretizar a experiência e poder avaliar sua contribuição para a educação musical, especificamente no contexto aqui apresentado, ou seja, o da educação infantil. Esperamos, com esse tipo de proposta, oferecer à área de educação musical uma experiência que possa dar acesso à fruição estética musical criteriosa ao público infantil em geral. Em especial, àquelas crianças economicamente menos favorecidas que estudam em escolas da rede pública, muitas das vezes em localidades com grande limitação de acesso a recursos e bens culturais. Sendo assim, esperamos oportunizar um processo de inclusão cultural, por meio de uma formação que até pouco tempo era relativamente comum na realidade das escolas brasileiras a fanfarra. Esperamos, ainda, contribuir para o resgate dessa tradição escolar que veio, com o tempo, se perdendo, em vista das condições socioeconômicas das escolas, bem como da falta de investimentos suficientes, tanto na educação quanto na cultura. Futuros trabalhos de pesquisa podem ser realizados a fim de verificar o real impacto de experiências como a aqui proposta para o processo de educação musical das crianças. Por hora, o que podemos afirmar é que elas se constituem numa experiência viva de apreciação musical. 4 Foi um ano de muitas mobilizações, greves e ocupações de escolas de educação básica e também de instituições de ensino superior, envolvendo estudantes e professores em todo estado do Paraná.

6 Referências BRÉSCIA, Vera L. P. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. Campinas: Átomo, CAMPOS, Nilcéia P. O aspecto pedagógico das bandas e fanfarras escolares: o aprendizado e outros aprendizados. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 19, 2008, p HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana. Aula de música: do planejamento e avaliação à prática educativa. In:. HENTSCHKE, L. DEL BEN, L. (Orgs.). Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003, p PENNA, Maura. Poéticas musicais e práticas sociais: reflexões sobre a educação musical diante da diversidade. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 13, p. 12, set. 2005, p TOURINHO, Irene. Música e controle: necessidade e utilidade da música nos ambientes ritualísticos das instituições escolares. Em Pauta, Porto Alegre, ano 5, n. 7, 1993, p