Impactos dos Subsídios Agrícolas dos Estados Unidos na Expansão do Agronegócio Brasileiro

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Transcrição:

Impactos dos ubsídos Agrícolas dos Estados Undos na Expansão do Agronegóco Braslero Adelson Martns Fgueredo Mara Aparecda lva Olvera Maurnho Luz dos antos Antôno Carvalho Campos Resumo Nos fóruns de negocações multlateras da Organzação Mundal de Comérco subsste veemente debate com ntuto de elmnar as subvenções agrícolas nos países desenvolvdos. Contudo, os Estados Undos têm aumentado o volume desses subsídos, causando dstorções no comérco agrícola mundal. Assm, o objetvo desta pesqusa fo avalar os mpactos desses subsídos norte-amercanos (Loan Defcency Payments), conceddos no período de 2002 a 2007, sobre o crescmento do agronegóco braslero. Os resultados permtem nferr que a redução dos subsídos nos EUA propcara o crescmento da produção agrondustral braslera e amplara o superávt na balança comercal desse setor, com crescmento conjunto das exportações e mportações. Portanto, cortes nesses subsídos contrburam para maor compettvdade das exportações brasleras e geraram oportundades para o crescmento do agronegóco. Palavras-Chave subsídos agrícolas, EUA, agronegóco, Brasl Abstract In the forums of multlateral negotatons of the World Trade Organzaton (WTO) there has been a strong debate whch tres to elmnate the agrcultural subventons n the developed countres. However, the Unted tates has ncreased the amount of these subsdes causng dstortons n the world agrcultural trade. Therefore, the purpose of ths research has been to evaluate these Amercan subsdes mpacts (Loan Defcency Payments) gven between 2002 and 2007 upon the Brazlan agrbusness growth. The fndngs allow to deduce that the reducton of the subsdes n the Unted tates mght promote the growth of the Brazlan agrbusness producton and mght produce trade surplus n the trade balance n ths sector as well as the growth of both exports and mports. Hence the cuts n these subsdes would contrbute to a bgger compettveness of the Brazlan exports and would generate opportuntes to the agrbusness growth. Keywords agrcultural subsdes, Unted tates, agrbusness, Brazl JEL Classfcaton Q17, Q18, C68 Unversdade Federal de ão Carlos, Campus orocaba. E-mal: adelson@ufscar.br. Departamento de Economa Rural, Unversdade Federal de Vçosa (DER/UFV). E-mal: mlsantos@ufv.br. Unversdade Federal de ão Carlos, Campus orocaba. E-mal: aparecdaolvera@ufscar.br. Departamento de Economa Rural, Unversdade Federal de Vçosa (DER/UFV). E-mal: accampos@ufv.br. Endereço para contato: Unversdade Federal de ão Carlos, Campus orocaba Rod. João Leme dos antos, Km 110 P 264 Barro Itnga orocaba P. CEP: 18052-980. (Recebdo em setembro de 2008. Aceto para publcação em agosto de 2009). Est. econ., ão Paulo, v. 40, n. 2, p. 445-467, abrl-junho 2010

446 Impactos dos ubsídos Agrícolas dos Estados Undos na Expansão do Agronegóco Braslero 1 Introdução Os subsídos à produção agrícola nos EUA representam pelo menos duas grandes barreras ao crescmento do agronegóco braslero. Prmeramente, porque os subsídos à produção nterna dos EUA contrbuem para redução de suas mportações de produtos agrondustras, os quas, em grande parte, são comprados do Brasl. Em segundo lugar, os EUA são uma grande economa e, quando subsdam a produção a ponto de gerar excedentes exportáves, há aumento da oferta dos produtos agrícolas no mercado nternaconal. Assm, países exportadores agrícolas tradconas, como o Brasl, vendem menos e, portanto, obtêm menores recetas de exportação. Destacase que países em desenvolvmento, especalmente o Brasl, que é exportador líqudo de produtos de orgem agrícola, têm, nessa atvdade, uma fonte mportante de geração e manutenção de crescmento econômco. Apesar da assnatura do Acordo Agrícola da Rodada Urugua (AARU), bem como da proposção de novas metas de redução de subsídos em posterores rodadas de negocações multlateras de comérco, os países contnuaram subsdando a agrcultura de forma expressva. Nas notfcações de aplcação de subsídos pelos países desenvolvdos, verfca-se que os Estados Undos da Amérca (EUA) vêm aumentando o volume de subsídos da modaldade amber box ou caxa amarela. alentase que os subsídos classfcados como caxa amarela devem ser reduzdos, porque eles dstorcem o comérco nternaconal. Fazem parte dessa modaldade as polítcas de garantas de preços mínmos e os programas de pagamentos aos produtores, ou seja, quasquer polítcas que sejam capazes de dstorcer preços e quantdades de mercado. Na Fgura 1, é apresentada a evolução das concessões de subsídos à produção ou Medda Agregada de uporte (AM) de EUA, Unão Europea (UE) e Japão (JPN). A AM é a medda do montante de apoo nterno ou de subsídos doméstcos conferdos ao setor agrícola. Essa medda é utlzada como parâmetro para as notfcações à OMC, sendo frequentemente usada em análses e negocações comercas, envolvendo o setor subsdado (JANK; JALE, 2003). Percebe-se que, embora os subsídos conceddos pelos países da UE e pelo Japão sejam elevados, o montante dessas concessões tem se reduzdo sgnfcatvamente ao longo do tempo. As concessões da UE caíram de cerca de U$ 67 blhões, em 1995, para U$ 35 blhões, em 2001. O Japão, por sua vez, reduzu suas concessões de forma mas sgnfcatva e rápda do que a UE. O valor das concessões japonesas dmnuu de aproxmadamente U$ 36 blhões em 1995, para cerca de U$ 6 blhões, em 1998, establzandose nos anos subsequentes em torno desse mesmo patamar. Enquanto sso, os EUA têm elevado sgnfcatvamente os volumes de recursos conceddos aos produtores, mesmo sendo esses recursos de uma categora de subsídos a serem reduzdos. As

Adelson M. Fgueredo, Maurnho L. dos antos, Mara A.. Olvera, Antôno C. Campos 447 concessões norte-amercanas quase trplcaram de 1995 para 2001, passando de um valor aproxmado de U$ 7,7 blhões, em 1995, para pouco mas de U$ 21 blhões em 2001. Fonte: UDA/ER (2006). Elaborado pelo autor. Fgura 1 Notfcações de ubsídos à OMC no Período de 1995 a 2001 Com o Farm ecurty and Rural Investment Act (FRIA) de 2002, houve elevação do volume de recursos destnados a apoar a agrcultura nos EUA. Conforme Beraldo (2002), os gastos médos prevstos com subsídos nos EUA, para os anos compreenddos entre 2002 e 2011, são de U$ 41 blhões. Orden (2002) destaca que, apenas com pagamentos extras autorzados pelo Congresso, os agrcultores dos EUA receberam cerca de U$ 20 blhões de pagamentos dretos do governo em 2002, ou seja, aproxmadamente 40% da renda líquda desses agrcultores adveram de recursos governamentas. Em 2004, os subsídos totas dos EUA atngram U$ 43,45 blhões (BEA, 2005). Apesar da mportânca dos subsídos à produção agrícola nos demas países desenvolvdos (PDs), prncpalmente na Unão Europea (UE) e no Japão, os subsídos ncdentes sobre a produção agrícola dos EUA foram uma das causas prncpas da não concordânca do Brasl com a formação da Área de Lvre Comérco das Amércas (ALCA). Além dsso, segundo chuh (2004), os subsídos agrícolas dos EUA e da UE dferem substancalmente. Esta tende a usar subsídos explíctos às exportações, enquanto os EUA utlzam subsídos mplíctos às exportações, na for-

448 Impactos dos ubsídos Agrícolas dos Estados Undos na Expansão do Agronegóco Braslero ma de pagamentos aos produtores. Destaca-se que os subsídos mplíctos são mas prejudcas, pos causam fortes dstorções nos preços nternos de produtos exportáves, tornando-os mas baxos (CHUH, 2004). Assm, ajudam o país a adqurr vantagens compettvas em relação aos seus concorrentes no mercado externo. Portanto, nesta pesqusa, a hpótese é de que os subsídos à agrcultura norteamercana geram dstorções no comérco, causando empeclhos ao crescmento e desenvolvmento do agronegóco braslero. Assm, objetvou-se avalar os mpactos dos subsídos à produção agrícola dos EUA conceddos através dos Loan Defcency Payments 1 (LDP) sobre o crescmento do agronegóco braslero. Especfcamente, pretendeu-se determnar os mpactos de reduções nesses subsídos dos EUA sobre a produção, exportação e mportação das economas norte-amercana e braslera. Destaca-se que esse tpo de análse é mportante devdo à carênca de estudos que quantfquem os efetos das polítcas de subsídos à produção dos EUA sobre a economa braslera. 2 Metodologa Para mensurar as nterações entre os agentes econômcos, é precso modelar seus comportamentos. Essa modelagem é feta por meo dos Modelos Aplcados de Equlíbro Geral (MAEGs) para a economa dos EUA e do Brasl, em que são usadas formulações matemátcas para cada ação de nteresse dos agentes econômcos. Entretanto, apenas pela representação matemátca desses modelos nem sempre é possível perceber claramente as prncpas característcas do mesmo e o sentdo dos fluxos econômcos. Dessa manera, na Fgura 2, é apresentado um esquema em que, por meo da tecnologa dsponível, os produtores combnam os fatores produtvos. Conforme necessdades das frmas e das famílas norte-amercanas, são realzadas as mportações de bens e servços que, nesta pesqusa, foram desagregadas em mportações orundas do Brasl e do Resto do Mundo (RM). O somatóro das mercadoras doméstcas e mportadas forma a oferta total nterna ou dsponbldade doméstca. O total dos bens e servços dsponíves pode ser ofertado no mercado nterno ou no mercado externo, para o Resto do Mundo. De forma análoga, essa mesma análse pode ser feta para as atvdades produtvas da economa braslera, observando a Fgura 2 da dreta para a esquerda. A únca dferença é que as mportações brasleras são tratadas de forma agregada. egundo Castlho (1994), a presença do governo dá-se pelo recolhmento de mpostos e taxas e pelos gastos que efetua no lado da demanda. oma-se a sso o fato de que o governo pode afetar 1 Os LDP fazem parte das polítcas de suporte de preços dos EUA, por meo das quas os produtores recebem do governo um pagamento complementar equvalente à dferença entre os preços de mercado e os preços mínmos ou Loan Rates.

Adelson M. Fgueredo, Maurnho L. dos antos, Mara A.. Olvera, Antôno C. Campos 449 tanto a dstrbução dos fatores entre as atvdades econômcas como a produção e dsponbldade nternas, por meo de subsídos à produção. Nesse últmo caso, consdera-se anda que as dstorções na produção nterna dos EUA, devdo aos subsídos, podem, em alguns casos, gerar reações na produção e dsponbldade no Brasl, sendo essas reações maores ou menores, dependendo das parcelas de mercado desse últmo país no mercado mundal. Por fm, das vendas fnas dos bens e servços aos mercados nterno e externo, são gerados recursos fnanceros com os quas é feta a remuneração fnal dos fatores produtvos. Fonte: Adaptado de Castlho (1994) e Lro (2001). Fgura 2 Estrutura Hpotétca de um MAEG para Dos Países

450 Impactos dos ubsídos Agrícolas dos Estados Undos na Expansão do Agronegóco Braslero De acordo com a Fgura 2, fca evdente que a concessão de subsídos pode gerar uma sucessão de efetos capazes de afetar a produção doméstca, a necessdade de mportações e, portanto, a dsponbldade doméstca de bens e servços. Dessa forma, dependendo do efeto dos subsídos sobre a dsponbldade de bens e servços doméstcos, podem ocorrer mpactos sgnfcatvos na comercalzação nterna e externa desses bens e servços, devdo a alterações na remuneração nterna dos fatores produtvos e a reações na produção de outros países. 2 2.1 Formulação do Cenáro mulado No processo de montagem do cenáro de redução dos subsídos na agrcultura norte-amercana, fo seleconado o segunte nstrumento de polítca agrícola: Loan Defcency Payments (LDP). A escolha desse nstrumento é justfcada por sua capacdade de dstorção no comérco, além de o própro Unted tates Department of Agrculture (UDA) classfcá-lo como subsídos caxa amarela (amber box), devendo, portanto, ser reduzdos. No cenáro smulado fo efetuado um corte de 60% no valor médo dos subsídos LDP conceddos pelos EUA no período 2002-2007. Esse porcentual fo estpulado tendo como base as metas estpuladas pela OMC nas negocações multlateras de comérco da Rodada Doha, em que fo crado um sstema de bandas 3 para cortes porcentuas no valor dos subsídos amber box, sendo o corte de 60% o porcentual mínmo estpulado para a banda 2, na qual se enquadravam os EUA. Como foram smuladas polítcas de redução de subsídos à produção, as varáves alteradas no modelo de equlíbro geral da economa norte-amercana com os choques foram: s X X = subsídos à produção e t = alíquota do mposto ndreto ncdente sobre a produção doméstca. Quanto à economa braslera, foram alteradas a oferta setoral doméstca, X, e as demandas de exportação setoras, E. Os modelos de Brasl e EUA foram nterlgados pelos fluxos comercas. Para sso, usaram-se hpóteses de market-share constante, 4 ou seja, as reduções de subsídos são smuladas na economa norte-amercana e, sob a hpótese de que o Brasl mantenha seu market-share no mercado nternaconal, os choques são transmtdos para o modelo de equlíbro geral da economa braslera. 2 Um resumo do modelo matemátco usado nesta pesqusa é apresentado no Apêndce A. 3 Para detalhes, consultar OMC (2005). 4 Apresentação detalhada deste modelo pode ser encontrada em Leamer e tern (1970), Carvalho (1995), talder (1997), Burnqust e Mranda (1999) e Fgueredo (2004).

Adelson M. Fgueredo, Maurnho L. dos antos, Mara A.. Olvera, Antôno C. Campos 451 Denomnando o market-share do Brasl nas mportações setoras dos EUA de BRA BRA ( MM ) e o market-share do Brasl nas exportações setoras mundas de ( ME ), as varações nos fluxos da balança comercal do Brasl podem ser obtdas da multplcação de sua parcela de mercado pelas varações nas mportações dos EUA e pelas varações nas exportações mundas, respectvamente. Dessa manera, as varações BRA líqudas no balanço de comérco setoral do Brasl ( VLBC ) são guas à soma das varações nas mportações setoras dos EUA, multplcadas pela parcela de mercado EUA BRA do Brasl nas mportações dos EUA {( M ) ( MM )}, e das varações nas exportações mundas, multplcadas pela parcela de mercado do Brasl nas exportações EUA BRA mundas {( E ) ( ME )}. Na presença de apenas duas regões, as varações nas exportações mundas são guas às varações nas exportações dos EUA. A partr dsto pode-se escrever a segunte equação, que permte calcular as varações no balanço de comérco setoral do Brasl decorrentes da redução dos subsídos na agrcultura norte-amercana: {( ) ( )} {( ) ( )} = +, = 1, 2,...,15 (1) VLBC M MM E ME BRA EUA BRA EUA BRA A nclusão das hpóteses de market-share constante e a adoção desses procedmentos são mportantes, pos permtem computar as varações potencas de longo prazo das exportações brasleras, devdo ao efeto compettvdade. Outra hpótese utlzada é de que o Brasl reage às varações da produção setoral mundal, devdo às varações da produção setoral nos EUA, em proporção gual ao seu marketshare no valor da produção setoral mundal. Essa hpótese pode ser consderada conservadora, pos trata as mportações do Resto do Mundo de forma agregada, não permtndo mensurar as possíves varações na produtvdade das economas não desagregadas. Ademas, não ncorpora o efeto competção entre essas últmas economas e Brasl e EUA. 2.2 Fonte de dados Neste estudo, as matrzes nsumo-produto (MIP) do Brasl e dos Estados Undos foram utlzadas para montar as respectvas Matrzes de Contabldade ocal (MC), usadas como base de dados dos Modelos Aplcados de Equlíbro Geral (MAEGs). As tabelas de nsumo-produto para o Brasl foram obtdas no Banco do Amazonas /A (BAA). Essas tabelas são referentes ao ano de 1999 e foram construídas por Gulhoto e esso Flho (2005). Os demas dados usados na montagem da Matrz de Contabldade ocal do Brasl foram obtdos do Insttuto de Pesqusa Econômca Aplcada (IPEA), do Banco Central do Brasl (BACEN) e do Insttuto Braslero de Geografa e Estatístca (IBGE).

452 Impactos dos ubsídos Agrícolas dos Estados Undos na Expansão do Agronegóco Braslero As tabelas de nsumo-produto dos EUA, referentes também ao ano de 1999, foram dsponblzadas pelo Bureau of Economc Analyss (BEA). Os dados adconas, utlzados para estruturação da MC dos EUA, foram obtdos no BEA e no Federal Reserve Bank (FED). Os parâmetros de substtução entre fatores e produtos doméstcos e mportados, tanto para o Brasl como para os Estados Undos, foram obtdos do Global Trade Analyss Project (GTAP) versão 6.02. As matrzes de nsumo-produto de Brasl e Estados Undos foram estruturadas de acordo com a metodologa proposta pela Organzação das Nações Undas (ONU) em 1993, 5 que ntegra as matrzes de nsumo-produto ao sstema de contas naconas. Na montagem dessas matrzes, usou-se a tecnologa baseada na ndústra e suas apresentações fnas foram elaboradas em uma estrutura de setor por setor ou de ndústra por ndústra. A conversão dos valores em dólares para reas, e vce-versa, fo realzada utlzandose a méda da taxa de câmbo comercal de venda mensal em R$/U$ e fm de período referente ao ano de 1999. Essa sére da taxa de câmbo mensal fo obtda no IPEA; posterormente, calculou-se a sua méda anual, que fo de aproxmadamente R$ 1,85 por dólar. O modelo da economa braslera fo calbrado para uma taxa de desemprego de 7,56% e o da economa norte-amercana consderando uma taxa de desemprego de 4,20%. A taxa de desemprego do Brasl fo obtda no IBGE e a dos EUA, no Bureau of Labor tatstcs (BL). Os dados referentes aos subsídos por nstrumento de polítca agrícola dos EUA foram fornecdos pelo UDA, sendo que os valores dsponblzados são referentes ao período de 2002 a 2007. Os valores dos dos últmos anos das séres correspondem a projeções realzadas pelo própro UDA. Os dados de subsídos utlzados na smulação feta pelo MAEG referem-se ao período de vgênca do FRIA 2002, ou seja, 2002 a 2007. As agregações utlzadas para montagem das MC de Brasl e EUA são apresentadas no Quadro 1. As MC de EUA e Brasl têm dmensões dêntcas, com 15 setores, mas 6 componentes da demanda fnal. 5 Para detalhes sobre esta metodologa, ver Ramos (1996), Fejó et al. (2003) e Gulhoto e esso Flho (2005).

Adelson M. Fgueredo, Maurnho L. dos antos, Mara A.. Olvera, Antôno C. Campos 453 Agregações da pesqusa etores 01 Cana-de-açúcar e beterraba 02 oja 03 Mlho 04 Frutcultura 05 Outros da agrcultura 06 Pecuára 07 Carnes 08 Indústra do açúcar e álcool 09 Outros agrondustras 10 Adubos e fertlzantes 11 Energa 12 Madera e mobláro 13 Outras ndústras 14 Comérco 15 ervços Fonte: BAA (2004) e BEA (2005). Elaborado pelo autor. Quadro 1 Agregações das Matrzes de Insumo-Produto do Brasl e dos EUA A correspondênca entre os setores da economa braslera e dos EUA é garantda devdo à utlzação do sstema harmonzado, conforme agregações da North Amercan Industry Classfcaton ystem (NAIC). 3 Resultados e Dscussão O valor médo anual dos subsídos LDP conceddos na agrcultura norte-amercana no período de 2002 a 2007 fo de, aproxmadamente, U$ 2,55 blhões. Com a redução smulada de 60% na méda anual dos LDP, nos ses anos de FRIA, fo efetuado um corte de cerca de U$ 1,53 blhão nesses subsídos. 3.1 Alterações na Produção, Exportações e Importações Agrondustras de EUA e Brasl A redução smulada dos LDP gerou os resultados apresentados na Tabela 1. Desses resultados, verfca-se que as mudanças na produção setoral dos EUA seram, em geral, negatvas. Destaca-se que a queda na produção do agronegóco dos EUA dmnura os excedentes exportáves desse país, gerando maores oportundades de expansão do agronegóco em países concorrentes. Esse enuncado é verfcado para o Brasl, que apresentara mudanças, em geral, postvas na produção.

454 Impactos dos ubsídos Agrícolas dos Estados Undos na Expansão do Agronegóco Braslero Tabela 1 Varações Porcentuas na Produção, nas Exportações (E) e nas Importações (M) etoras Devdo à Redução de 60% na Méda Anual dos LDP dos EUA, no Período 2002-2007 etores Produção EUA BRA EUA BRA E M E M Cana-de-açúcar e beterraba -0,68 0,23-0,21-0,63 0,05 0,19 oja -5,73 3,80-2,82-5,23 3,27 3,05 Mlho -8,20 1,65-1,76-8,20 2,75-0,13 Frutcultura -0,23 0,53-0,09-0,20 0,04 0,47 Outros da agrcultura -1,31 0,95-0,22-0,98 0,34 0,76 Pecuára -0,30 0,39-0,03-0,29 0,05 0,39 Carnes -0,16 0,35-0,10-0,11 0,04 0,32 Indústra do açúcar e álcool -0,15 0,19-0,11 0,02 0,06 0,14 Outros agrondustras -0,15 1,28-0,14-0,03 0,44 0,94 Adubos e fertlzantes -0,02 0,91 0,00-0,02 0,00 0,91 Energa 0,00-0,01 0,00 0,00-0,01 0,02 Madera e mobláro -0,14 0,26-0,08-0,14 0,03 0,23 Outras ndústras 0,00-0,03 0,00 0,00-0,09 0,00 Comérco 0,01 0,03 0,00 0,01 0,00 0,03 ervços 0,01-0,03 0,00 0,01-0,05-0,03 Fonte: Resultados da pesqusa. Neste cenáro, os setores da economa norte-amercana com maores reduções porcentuas na produção seram os seguntes: Mlho, oja, Outros da agrcultura e Cana-de-açúcar e beterraba. Os porcentuas de queda na produção desses setores foram de 8,20%, 5,73%, 1,31% e 0,68%, respectvamente. A redução de subsídos na agrcultura norte-amercana promovera mpactos dferencados na produção setoral da economa braslera. Os resultados apresentados para o Brasl, na Tabela 1, mostram que poderam ocorrer ganhos em alguns setores e perdas em outros. Contudo, os setores agrondustras expandram suas produções. Os setores agrondustras com maor crescmento seram os de oja, Mlho, Outros agrondustras e Outros da agrcultura. As taxas de crescmento da produção desses setores chegaram a 3,80%, 1,65%, 1,28% e 0,95%, respectvamente. O Brasl apresentara anda quedas na produção das seguntes atvdades: Energa, Outras ndústras e ervços. Uma justfcatva para a queda na produção desses setores está assocada à combnação de estoque fxo de fatores com mobldade setoral. Dessa manera, choques que alteram os retornos margnas nos setores agrícolas levam à mgração do captal dos setores ndustras e dos servços para a agrcultura.

Adelson M. Fgueredo, Maurnho L. dos antos, Mara A.. Olvera, Antôno C. Campos 455 Com a contração na produção agrondustral dos EUA havera queda nas exportações agrondustras. Apenas setores como Adubos e fertlzantes, Energa, Outras ndústras, Comérco e ervços conseguram manter as exportações nos EUA. No entanto, as mudanças postvas nas exportações desses últmos setores seram pequenas e não sufcentes para compensar a redução nas exportações agrondustras totas. Os setores com as exportações e mportações mas mpactadas pela redução dos LDP, nos EUA, seram oja e Mlho. As exportações desses setores se reduzram em 2,82% e 1,76%, e as mportações, em 5,23% e 8,20%, respectvamente. Conforme resultados apresentados na Tabela 1, pode-se nferr anda que ocorreram quedas nas mportações dos EUA. As justfcatvas prncpas para esse fenômeno estaram na desaceleração do crescmento, além da transformação da produção de produtos destnados à exportação em produtos destnados ao mercado doméstco. O Brasl, por sua vez, apresentara elevação das exportações e mportações agrondustras. Os setores com as exportações mas mpactadas pela redução nos LDP seram oja e Mlho, dferencando-se nas mportações, que apresentaram mpactos maores nos setores oja e Outros agrondustras. Ademas, o setor Adubos e fertlzantes tera elevação nas mportações, sendo esse resultado esperado, devdo à expansão das atvdades agrícolas e, portanto, à maor demanda por esse produto. No entanto, as varações relatvas devem ser analsadas com cautela, pos um setor pode apresentar varação porcentual elevada, mas valor absoluto pouco expressvo. Na Tabela 2, são apresentados os resultados em valores absolutos 6 para produção, exportações e mportações de EUA e Brasl. Esses resultados colocam em destaque o potencal de dstorção dos LDP sobre a produção, as exportações e as mportações agrondustras dos EUA. Exemplo, se os LDP conceddos durante o FRIA fossem, em méda, menores em 60%, a produção de Mlho cara cerca de R$ 2,88 blhões ao ano ou mesmo U$ 1,56 blhão ao ano. 6 Os valores das varações absolutas apresentados no texto foram obtdos pela multplcação dos valores das varações relatvas, apresentados na Tabela 1, pelos valores da base de dados utlzada, ou seja, a Matrz de Contabldade ocal do Brasl e dos Estados Undos do ano de 1999.

456 Impactos dos ubsídos Agrícolas dos Estados Undos na Expansão do Agronegóco Braslero Tabela 2 Varações Absolutas na Produção, nas Exportações (E) e nas Importações (M) etoras Devdo à Redução de 60% na Méda Anual dos LDP dos EUA, no Período 2002-2007 (em Mlhões de Reas) etores Produção EUA BRA EUA BRA E M E M Cana-de-açúcar e beterraba -32,65 12,68-0,70-0,05 0,04 0,42 oja -1.450,07 306,49-49,83-50,22 80,68 9,73 Mlho -2.883,83 87,04-43,32-215,42 0,35-0,27 Frutcultura -49,29 32,02-1,35-23,41 0,12 1,14 Outros da agrcultura -2.696,64 427,71-31,03-85,90 2,96 13,57 Pecuára -654,50 218,70-4,48-57,11 0,31 8,66 Carnes -220,21 93,64-7,12-5,70 1,00 1,66 Indústra do açúcar e álcool -28,25 32,28-1,23 0,39 1,63 0,04 Outros agrondustras -1.789,15 1.278,07-98,21-42,19 54,97 49,26 Adubos e fertlzantes -10,89 69,63 0,11-3,51 0,00 35,94 Energa -31,91-14,63 0,13-6,07-0,23 2,62 Madera e mobláro -512,11 43,25-9,80-81,00 0,62 1,24 Outras ndústras 329,94-128,14 8,28 51,74-40,06 3,18 Comérco 270,07 35,73 2,21-2,28-0,24 0,40 ervços 1.279,67-212,27 5,02 24,84-6,43-6,16 Total do agronegóco -9.804,57 2.488,63-237,30-479,61 142,07 84,21 Total Líqudo -8.479,80 2.282,20-231,35-495,90 95,73 121,43 Fonte: Resultados da pesqusa. Brandão e Lma (2006) aplcaram um modelo econométrco, vsando medr os mpactos da elmnação total dos Marketng Loan Assstance 7 para soja nos EUA. Esses autores afrmam que a elmnação desses nstrumentos, entre os quas o LDP, que é um dos mas mportantes, levara a uma dmnução da produção de soja nos EUA de 4,2 mlhões de toneladas, em méda, no período de 1998 a 2004. Para comparação, multplcou-se esse montante pelo preço médo da soja nos EUA, nesse mesmo período, e constatou-se que essa queda na produção equvalera a uma queda de cerca de U$ 1,13 blhão, em méda, no valor da produção de soja no período de 1998 a 2004. alenta-se que nesta pesqusa, com a redução de 60% no valor médo anual dos LDP no período de 2002 a 2007, havera queda na produção de soja nos EUA de aproxmadamente U$ 783,23 mlhões. As dferenças encontradas nesses resultados são comuns, uma vez que Brandão e Lma (2006) aplcaram um modelo de equlíbro parcal, ou seja, apenas para o setor oja, ao passo que, nesta pesqusa, 7 egundo Brandão e Lma (2006), os recursos do Marketng Loan Assstance Program são conceddos por dos canas: os Loan Program e os Loan Defcency Payment (LDP). Os Loan Program são empréstmos de comercalzação, por meo dos quas os produtores obtêm recursos antecpadamente para comercalzação, podendo utlzar a produção como forma de pagamento do empréstmo.

Adelson M. Fgueredo, Maurnho L. dos antos, Mara A.. Olvera, Antôno C. Campos 457 aplcou-se um modelo de equlíbro geral, consderando 15 setores e suas nterlgações. Ademas, há dferenças no período de análse e, portanto, no montante de subsídos consderados. Contudo, o mportante é que ambos os trabalhos mostram que a redução de subsídos dmnu a produção de soja nos EUA. Dos resultados em valores absolutos, pode-se nferr anda que a redução dos LDP promovera dmnução de R$ 9,80 blhões na produção dos setores do agronegóco nos EUA (Tabela 2). As perdas líqudas na produção da economa norte-amercana seram menores que as perdas do agronegóco, devdo à expansão na produção de Outras ndústras, Comérco e ervços, que compensara em parte a dmnução da produção agrondustral. As quedas líqudas de produção para a economa como um todo atngram R$ 8,47 blhões, comprovando que os LDP foram responsáves por fortes dstorções na produção agrondustral desse país. Portanto, pode-se nferr que a produção agrondustral dos EUA sera menor em cerca de R$ 60 blhões no FRIA. No Brasl, a redução desses subsídos elevara a produção em todos os setores agrondustras. Os aumentos na produção do agronegóco atngram R$ 2,48 blhões. As alterações geras na produção da economa braslera seram também menores que aquelas na produção agrondustral, sto é, há lgera contração da produção dos setores relaconados a manufaturados, energa e servços. Nessa conjuntura, havera aumento na produção total de R$ 2,28 blhões. A varação absoluta da produção do agronegóco no Brasl, no período 2002-2007, alcançara cerca de R$ 15 blhões. Esses resultados tornam-se anda mas sgnfcatvos quando se consdera que esses setores são fundamentas na geração de renda e de emprego na economa braslera. Gulhoto et al. (2006) destacam que grande parte do valor da produção desses setores prncpalmente de Outros da agrcultura e Pecuára é orunda da agrcultura famlar. egundo esses autores, o segmento da agropecuára famlar braslera e as cadeas produtvas a ela nterlgadas responderam por 10,1% do PIB braslero em 2003. As varações absolutas nas exportações e mportações setoras e totas dos EUA e do Brasl mostram que a redução dos LDP conceddos à agrcultura norte-amercana levara à dmnução das exportações e mportações agrondustras dos EUA em R$ 237,29 mlhões e R$ 479,61 mlhões, respectvamente, conforme Tabela 2. Brandão e Lma (2006) calcularam também as varações nas exportações de soja dos EUA e do Brasl devdo à redução dos Marketng Loan Assstance nos EUA. De acordo com esses autores, a elmnação total desses subsídos, no período de 1998 a 2004, gerara redução méda de U$ 177,42 mlhões nas exportações de

458 Impactos dos ubsídos Agrícolas dos Estados Undos na Expansão do Agronegóco Braslero soja norte-amercanas e elevaram as exportações de soja braslera em uma méda de U$ 239,14 mlhões. Nesta pesqusa, a mudança nas exportações de soja dos EUA, com corte smulado de 60% nos LDP, fo de U$ 26,92 mlhões. Quanto aos resultados encontrados para o Brasl, havera varações de U$ 43,58 mlhões. alenta-se que os valores encontrados por Brandão e Lma (2006) e nesta pesqusa apontam para uma mesma dreção: os subsídos agrícolas dos EUA dstorcem os fluxos comercas, devendo haver maores pressões nos fóruns da OMC para que ocorra a sua redução. O agronegóco braslero apresentara reação postva à redução dos LDP na agrcultura norte-amercana. Havera aumento nas exportações e mportações dos setores agrondustras. As exportações desses setores cresceram em R$ 142,06 mlhões e as mportações em R$ 84,20 mlhões, gerando um saldo postvo para a balança comercal do agronegóco de R$ 57,86 mlhões por ano. 4 Conclusões Constatou-se que a redução dos LDP nos EUA resultara em mpactos sgnfcatvos sobre a produção e sobre os fluxos comercas dos EUA. Os setores Mlho, Outros da agrcultura, Outros agrondustras e oja teram a produção mas mpactada por esse nstrumento. Quanto às dstorções nos fluxos de comérco externo, destaca-se que os setores com as exportações mas mpactadas foram Outros agrondustras, oja, Mlho e Outros da agrcultura. Destaca-se que a maor parte dos subsídos LDP consderados em Outros da agrcultura é orunda de subvenções conceddas aos produtores de algodão. Dessa manera, pode-se conclur que, além dos setores oja e Mlho, as subvenções conceddas aos produtores de algodão nos EUA certamente geram dstorções superores aos lmtes permtdos pela cláusula de mnms, que atualmente permte o uso de recursos para subsdar a produção agrícola nos EUA, desde que as dstorções não ultrapassem 5% do valor da produção do produto específco. A redução dos subsídos agrícolas dos EUA promovera maor compettvdade das exportações brasleras, porque propcara aumentos de produção e produtvdade, reduzndo os custos relatvos do Captal e do Trabalho na agrcultura braslera, crando assm oportundades para o crescmento do agronegóco braslero. Em especal, maores mpactos ocorreram na produção setoral de Outros agrondustras, Outros da agrcultura, oja e Pecuára. Quanto aos fluxos comercas da economa braslera, ocorrera aumento das exportações, porque a queda da produção e das

Adelson M. Fgueredo, Maurnho L. dos antos, Mara A.. Olvera, Antôno C. Campos 459 exportações agrondustras dos EUA gerara a possbldade de maor produção e exportações agrondustras brasleras. Tendo em vsta o exposto, pode-se conclur que as negocações multlateras com a Organzação Mundal de Comérco são necessáras para que cada país possa garantr uma fata dos ganhos advndos da lberalzação do comérco. Para os países em desenvolvmento, especalmente o Brasl, ganhos expressvos são mas prováves se houver contrapartdas dos países desenvolvdos em propcar maor acesso aos mercados agrondustras, em que as economas emergentes são mas compettvas. Entre as lmtações da metodologa aplcada nesta pesqusa, cta-se a não desagregação de setores como arroz e algodão, que recebem volumes consderáves de subsídos nos EUA. Deve-se também menconar o caráter estátco do modelo de equlíbro geral, que não permte verfcar o comportamento das varáves econômcas no tempo, além de não permtr ncorporar os efetos das expectatvas nas decsões de nvestmentos. No entanto, os resultados desta pesqusa contrbuem, sobremanera, para o entendmento dos prncpas mpactos dos subsídos agrícolas dos EUA na própra economa norte-amercana, bem como sobre a economa braslera. Ademas, fca como sugestão para pesqusas futuras a desagregação de setores cuja mportânca é destacada para o Brasl, como, por exemplo, do setor algodoero. Referêncas BANCO DA AMAZÔNIA /A BAA. Matrzes nsumo-produto Amazôna, regão Norte e seus Estados. Belém, PA: BAA, 2004. 1 CD-ROM. BEA BUREAU ECONOMIC ANALYI. Annual ndustry accounts. BEA, 2005. Dsponível em: <http://www.bea.gov/>. Acesso em: 10 jan. 2006. BERALDO, A. D. U.. Farm ecurty aumenta subsídos à produção. Revsta Gleba, Brasíla, v. 47, n. 184, p. 8-9, mao./jun. 2002. BL BUREAU OF LABOR TATITIC. Unemployment rates. BL, 2007. Dsponível em: <http://www.bls.gov/>. Acesso em: 10 jan. 2007. BRAGA, M. J. Reforma fscal e desenvolvmento das cadeas agrondustras. 1999. 155 f. Tese (Doutorado em Economa Rural) Unversdade Federal de Vçosa, 1999. BRANDÃO, A.. P.; LIMA, E. C. R. Impacts of the U.. subsdy to soybeans on world prces, producton and exports. Revsta de Economa e ocologa Rural, Brasíla, v. 44, n. 4, p. 631-676, out./dez. 2006. BURNQUIT, H. L.; MIRANDA,. H. G. Desempenho recente das exportações brasleras de açúcar: uma abordagem de market share constante. Revsta de Economa e ocologa Rural, Brasíla, v. 37, n. 3, p. 69-90, jul./set. 1999.

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462 Impactos dos ubsídos Agrícolas dos Estados Undos na Expansão do Agronegóco Braslero Apêndce A Resumo do Modelo Analítco As prncpas relações econômcas dos agentes são representadas por um conjunto de equações não lneares, que fo montado baseando-se em Dervs et al. (1984), Najberg et al. (1995), Fossat (1996), hoven e Whaley (1998), Braga (1999), Poncano (2000) e Lro (2001). As equações do modelo foram subdvddas em dez subconjuntos, representando os prncpas agregados macroeconômcos para uma economa aberta. Para smplfcar a dentfcação e letura das varáves, suas apresentações foram fetas da segunte forma: varáves em letra maúscula são endógenas; em letra mnúscula, exógenas, e em letras gregas, parâmetros. As equações efetvamente computadas pelo modelo matemátco são apresentadas nos tens A.1. a A.11. A.1 Utldade dos Agentes Função de preferêncas: 1 ϕ ϕ ϕ 1 U =ψ δ D +δm = 1,2,...,15 (1) A.2 Estruturas Produtvas e Demanda dos Fatores Consumo ntermedáro: CI = αj X j, j = 1,2,...,15 (2) j 1 ρ ρ ρ Valor adconado: VA =φ δ L +δ1 K = 1,2,...,15 (3) 1 ρ 1+ ρ L 1 Demanda de trabalho: δp K ( ) ( ) DF = φ 1 δ + δ 1 δ P L ρ = 1,2,...,15 (4)

Adelson M. Fgueredo, Maurnho L. dos antos, Mara A.. Olvera, Antôno C. Campos 463 ρ 1+ρ K 1 1 L Demanda de captal: DF =φ δ + ( 1 δ ) δ P δ PK 1 ρ = 1,2,...,15 (5) A.3 Produção e Demandas Doméstcas e Externas Produção doméstca: 1 T T T ρ ρ ρ =β γ +γ1 X VD E = 1,2,...,15 (6) Oferta de exportação: E ( 1 γ) E P = VD D γ P 1 T ρ 1 = 1,2,...,15 (7) Vendas doméstcas: VD γ P = D E E ( 1 γ) P 1 T ρ 1 = 1,2,...,15 (8) 1 ω ω ω Oferta de bens e servços: =φ δ + ( 1 δ ) Q D M = 1,2,...,15 (9) Demanda de exportação: E = E v n µ v E 1+ v o ( P ) E o E v P = 1 ( ) 1,2,...,15 n M 1+µ o ( P ) M = 1 = (10) Demanda por bens doméstcos: D = M δ M ( 1 δ ) P P D 1 1+ϕ = 1,2,...,15 (11) Demanda por bens mportados: M = D ( 1 δ ) δ P D M P 1 1+ϕ = 1,2,...,15 (12)

464 Impactos dos ubsídos Agrícolas dos Estados Undos na Expansão do Agronegóco Braslero A.4 Equações de Renda Renda nterna dos fatores: RN = PF DF = 1,2,...,15 (13) f f f Renda total das famílas: 1,2,...,15 f RNh = RN + TGF = (14) Receta do governo: RG = ID + II + RT + IE (15) Impostos dretos: ID = RNh th (16) Impostos ndretos: II = P X ( X X X t s ) = 1,2,...,15 (17) Recetas de tarfas: M M 1,2,...,15 RT = pw M t CN = (18) IE = pw E t s CN = 1,2,...,15 (19) E E E Impostos de exportação: ( ) A.5 Equações de Poupança e Investmento Poupança prvada: p RN ( 1 t ) = τ (20) h h h Poupança do governo: g RG = P CG Q 1,2,...,15 = (21) Poupança naconal: Investmento: N N = p + g + se CN (22) = I (23) A.6 Equações de Dspêndo Consumo prvado: Cp RN ( 1 t ) = η (24) h h h

Adelson M. Fgueredo, Maurnho L. dos antos, Mara A.. Olvera, Antôno C. Campos 465 Consumo do governo: CG = DTG + TGF = 1,2,...,15 (25) A.7 Equações de Preços Preços doméstcos de mportações: M M ( 1 M ) Preços doméstcos de exportações: E E ( 1 E ) P = pw + t CN = 1,2,...,15 (26) P = pw t CN = 1,2,...,15 (27) Preços dos bens e servços: P Q = P D + P M = 1,2,...,15 (28) Q D M Preços de mercadoras doméstcas: P X = P VD + P E = 1,2,...,15 (29) X D E A.8 Condções de Equlíbro e Fechamento do Modelo Função de lucro: Π ( p) = R ( p) C ( p) 0, j = 1, 2,...,15 (30) j j Oferta e demanda de bens e servços: Q = CI + Cp + CG + VET = 1,2,...,15 (31) Demanda e dotação de fatores: f DF f = fs 1,2,...,15 = (32) Balanço de pagamentos: pw E + s = pw M + y = 1,2,...,15 (33) E M e e Poupança e nvestmentos: N = I (34) A.9 Numeráro do Modelo Índce de preços ao consumdor: X IPC = Ω P = 1,2,...,15 (35)

466 Impactos dos ubsídos Agrícolas dos Estados Undos na Expansão do Agronegóco Braslero A.10 Meddas de Bem-Estar A I ( U U ) Varação equvalente: I VE = RN (36) I h U A.11 Número de Equações Estmadas e Defnção das Varáves Consderando os dez blocos de equações apresentados, verfca-se que, representando cada grupo entre parênteses, o modelo possu (1)+(4n)+(7n)+(7)+(4)+(2) +(4n)+(4n+1)+(1)+(1) equações, totalzando 19n+18 equações. Nesta pesqusa, o número de setores é n=15, tendo, portanto, o modelo utlzado um número total de 302 equações para cada país. O software utlzado na solução das equações fo o Mathematcal Programmng ystem for General Equlbrum (MPGE). egundo Vera (1997), o uso desse programa dspensa a lnearzação das equações, pos ele é adaptado para obter soluções de sstemas de equações não lneares. Varáves endógenas: U = utldade dos agentes; VD = vendas domés- E = exportações; C = custo untáro de produção; tcas; D = demanda por bens doméstcos; Q = oferta de bens e servços; governo; DF = demanda por trabalho; DF L Π = lucro; X = produção doméstca; M = mportações; CI = consumo ntermedáro; K R j = receta untára; CG = consumo do = demanda por captal; DF = demanda por fatores; VET = varação de estoques; I = nvestmento; N = poupança naconal; p = poupança prvada; g = poupança do governo; IPC = numeráro; ID = mpostos dretos; II = mpostos ndretos; IE = mpostos sobre exportações; RT = receta com tarfas de mportação; CN = taxa de câmbo nomnal; P = preços das vendas doméstcas; doméstco das mportações; da produção doméstca; P = preço doméstco das exportações; E Q f P = preço doméstco dos bens compostos; PF = preço médo dos fatores; f D M P = preço X P = preço f RN = renda dos fatores; RN h = renda total dos consumdores; RG = receta do governo; VA = valor adconado de cada setor; Cp = consumo prvado total; TGF = transferênca do go- verno para as famílas, e DTG = dspêndos totas do governo. Varáves exógenas: M pw nternaconal das exportações; E E pw = preço = alíquota das tarfas sobre as mportações; = preço nternaconal das mportações; M t t = alíquota das tarfas sobre as exportações; E s = subsídos às exportações; h X t t = alíquota do mposto dreto ncdente sobre a renda das famílas; = alíquota do

Adelson M. Fgueredo, Maurnho L. dos antos, Mara A.. Olvera, Antôno C. Campos 467 mposto ndreto ncdente sobre a produção doméstca; s e = poupança externa; envada ao exteror. X s f fs = oferta de fatores (dotação), e Parâmetros: ψ = parâmetro da função utldade; = subsídos à produção; y e = renda líquda α j = coefcentes técncos calculados para a matrz de nsumo-produto ou parâmetro de produtvdade; β = parâmetro de tecnologa das funções CET; φ = parâmetro tecnológco das funções CE; δ = parâmetro de dstrbução da função CE; γ = parâmetro de dstrbução da função CET; ϕ = ω = parâmetro de substtução no consumo de bens e servços; ρ = parâmetro de substtução de fatores; T ρ = parâmetro de transformação; T T σ = 1 1+ ρ = elastcdade de substtução de fatores; σ = 1 ρ 1 = elastcdade de transformação da função CET; σ = 11+φ = elastcdade de C substtução no consumo de bens e servços doméstcos e mportados; η h = propensão margnal a consumr das famílas; τ h = propensão margnal a poupar das famílas, e Ω = parâmetro do índce de preço. Os parâmetros utlzados para obtenção das soluções de um MAEG são comumente obtdos por meo da calbração e estmados econometrcamente e, ou, por outros métodos. Entretanto, a maora dos parâmetros é obtda por meo da calbração, 8 que consste em encontrar os parâmetros necessáros para geração das soluções do MAEG, de manera que os dados referentes a um ano-base das varáves endógenas sejam uma solução de equlíbro para a economa, ou benchmark equlbrum. Os parâmetros são calculados utlzando-se apenas uma únca observação das varáves exógenas em um ano-base e, ou, quando não puderem ser calculados, deverão ser obtdos na lteratura econômca, em outras pesqusas ou, em últmo caso, arbtraramente (FERREIRA FILHO, 1998). 8 Dscussão mas detalhada sobre a calbração de modelos de equlíbro geral pode ser obtda em Fossat (1996), Ferrera Flho (1998) e Olvera (2006).