102 ISSN Dezembro, 2015

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Transcrição:

102 ISSN 1678-1961 Dezembro, 2015 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Cenro de Pesquisa Agropecuária dos Tabuleiros Coseiros Minisério da Agriculura, Pecuária e Abasecimeno ISSN 1678-1961 Dezembro, 2015 Boleim de Pesquisa e Desenvolvimeno 102 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas Manuel Albero Guierrez Cuenca Anônio Dias Saniago Márcia Helena Galina Dompieri Hellen Alves Sá Aracaju, SE 2015

Embrapa Tabuleiros Coseiros Av. Beira Mar, 3250 49025-040 Aracaju, SE Fone: (79) 4009-1344 Fax: (79) 4009-1399 www.cpac.embrapa.br www.embrapa.com.br/fale-conosco Comiê Local de Publicações da Embrapa Tabuleiros Coseiros Presidene: Marcelo Ferreira Fernandes Secreária-execuiva: Raquel Fernandes de Araújo Rodrigues Membros: Ana Veruska Cruz da Silva Muniz, Élio César Guzzo, Hymerson Cosa Azevedo, Josué Francisco da Silva Junior, João Gomes da Cosa, Julio Robero de Araujo Amorim, Viviane Talamini e Walane Maria Pereira de Mello Ivo Supervisão ediorial: Raquel Fernandes de Araújo Rodrigues Normalização bibliográfica: Josee Cunha Melo Edioração elerônica: Raquel Fernandes de Araújo Rodrigues Capa: Thiago Calheiros 1 a Edição (2015) On-line (2015) Todos os direios reservados. A reprodução não auorizada desa publicação, no odo ou em pare, consiui violação dos direios auorais (Lei n o 9.610). Dados Inernacionais de Caalogação na Publicação (CIP) Embrapa Tabuleiros Coseiros Análise da evolução da canaviculura nos Tabuleiros Coseiros de Alagoas e decomposição do valor bruo da produção (VBP) nos efeios área produividade e preços, por meio do modelo Shif-Share / Manuel Albero Guierrez Cuenca... [e al.] Aracaju : Embrapa Tabuleiros Coseiros, 2015. 37 p. (Boleim de Pesquisa / Embrapa Tabuleiros Coseiros, ISSN 1678-11953; 102). Disponível em: <hp://www.bdpa.cnpia.embrapa.br> 1. Cana-de-açúcar. 2. Economia. 3. Produção. I. Cuenca, Manuel Albero Guierrez. II. Dompieri, Márcia Helena Galina. III. Cruz, Marcos Aurélio Soares. IV. Sá, Hellen Alves. V. Série. CDD 633.61Ed. 21 Embrapa 2015

Sumário Resumo... 4 Absrac... 5 Inrodução... 6 Maerial e Méodos... 8 Resulados e Discussão... 13 Conclusões... 34 Referências... 35

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas Manuel Albero Guierrez Cuenca 1 Anônio Dias Saniago 2 Márcia Helena Galina Dompieri 3 Hellen Alves Sá 4 Resumo Para fins de enendimeno do impaco de cada componene no Valor Bruo da Produção (VBP) agropecuária num deerminado período é necessário um processo de decomposição das variáveis a parir do valor gerado. Uma ferramena basane uilizada em esudos sobre mudanças na economia regional e que possibilia essa segmenação é o méodo Shif-Share. O objeivo principal dese rabalho foi analisar a influência das variáveis área colhida, produividade e preço sobre a axa de variação porcenual do VBP na culura da mandioca (Maniho esculena), por meio do méodo Shif-Share, em quaro períodos de seis anos (1990 a 1996, 1996 a 2002, 2002 a 2008 e 2008 a 2013) e ambém no período oal (de 1990 a 2013), no âmbio dos principais municípios produores no Esado de Alagoas, Nordese do Brasil. De uma forma geral, os resulados indicaram que as variáveis preço e produividade apresenaram efeios posiivos, enquano que a área colhida mosrou efeio negaivo sobre o VBP do produo. Os resulados ambém mosraram que enre 1990 e 2013, o Valor Bruo da Produção (VBP), a produividade e os preços da mandioca apresenaram acréscimos anuais de 2,5%, 0,5% e 2,3%, enquano que a área colhida diminuiu a uma axa anual de 0,3%. Palavras-chave: economia regional, mandioculura, méodo shif-share, preços agrícolas, produividade. 1 Economisa, mesre em Economia Agrícola, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Coseiros, Aracaju, SE 2 Engenheiro-agrônomo, douor em Produção Vegeal, pesquisador da Unidade de Execução de Pesquisa de Rio Largo (UEP-Rio Largo) da Embrapa Tabuleiros Coseiros, Rio Largo, AL 3 Graduada em Geografia e Tecnologia da Informáica, douora em Organização do Espaço, pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Coseiros, Aracaju, SE 4 Graduanda em Economia, esagiária da Embrapa Tabuleiros Coseiros, Aracaju, SE

Analysis of Evoluion and he Effecs of he Facors of Change in he Gross Value of he Cassava Producion, in he Sae of Alagoas Absrac In order o explain he variaion of each componen of he Gross Value of Producion (GVP) i is necessary o decompose he grouped value. Shifshare is a mehod used in sudies of changes in he regional economy ha allows he segmenaion of he facors ha affec he GVP of cerain produc. The objecive of his sudy was o analyze he influence of he variables harvesed area, yield and price in he rae of percenage variaion of he GVP of he cassava (Maniho esculena) producion, in he main producers counies, in Alagoas sae, for four periods of six years (1990-1996, 1996-2002, 2002-2008 and 2008-2013) and also for he enire period (1990-2013). Resuls indicaed ha he variables price and produciviy had posiive effecs, while harvesed area demonsraed negaive effec on he GVP. The sudy also highlighed he evoluion of he variables, showing ha beween 1990 and 2013, he GVP had annual increases of 2,5%, 0,5% and 2,3%, while he harvesed area decreased a an annual rae of 0,3%. Index erms: agriculural prices, cassava producion, produciviy, regional economy, shif-share mehod.

6 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas Inrodução Culivada em odas as regiões do Brasil, a mandioca (Maniho esculena) em posição de desaque na alimenação humana e animal. O processameno primário do produo no âmbio da agriculura familiar, a ransformação em farinha e fécula ou o emprego como maériaprima na indúsria alimenícia confere ao produo papel imporane na geração de emprego e renda, sobreudo na Região Nordese, que possui radição na produção e no consumo. Com produção de 224,8 mil oneladas, a mandioculura ocupa o segundo lugar em produividade enre os esados nordesinos com 12.322 kg/ha em 2013. No Esado de Alagoas, o culivo da mandioca é imporane na formação do PIB agropecuário esadual, assumindo em 2013 o segundo lugar na geração do valor agregado do agronegócio alagoano, conribuindo com R$ 100,6 milhões, que represenam 5% do oal gerado por odas as culuras no Esado (IBGE, 2015). O conhecimeno do VBP das várias aividades agrícolas desagregadas orna-se relevane para a análise da conribuição econômica individualizada em relação a geração de empregos e rendas. Não obsane, essas análises podem auxiliar no enendimeno do que aconece com cada aividade, auxiliando no planejameno e na geração de subsídios para políicas de foralecimeno às diversas culuras regionais (FILGUEIRAS e al., 2002). O méodo Shif-Share é uma idenidade formada pela adição e subração simulânea de axas de crescimeno, que são agrupadas para definir os componenes; porano permie um diagnósico global, possibiliando analisar em que medida a diferença enre o crescimeno de um seor regional concreo e a média do agregado nacional se deve a faores esruurais ou residuais (BROWN,1971). Também conhecido como méodo de análise diferencial-esruural, o referido modelo gera informações relevanes sobre problemas regionais específicos, ais como análise dos seores que iveram uma variação diferencial negaiva numa região e análise dos faores explicaivos para o desempenho diferencial de economias regionais (HADDAD, 1989).

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 7 Pereira (1997) aplicou o méodo esruural-diferencial para idenificar, denro da perspeciva regional, a razão pela qual deerminadas regiões crescem ou decrescem mais rapidamene em comparação com ouras. Magrini e al. (2003) esudaram séries hisóricas de preços por meio do Shif-Share e concluíram que as variações do VBP de alguns produos agrícolas foram consequência, principalmene das variações no preço. Percebe-se ao longo dos anos, o aumeno da uilização desse modelo na análise do desempenho da agropecuária brasileira (IGREJA e al.,1983; YOKOYAMA,1988; ALVES; SHIKIDA, 2001; ROCHA e al., 2010). Rolim (2008) empregou a meodologia Shif-Share radicional para analisar as alerações na paricipação das cinco regiões brasileiras no PIB nacional e verificou que as regiões Sudese e Nordese perderam espaço enre 1985 e 2004. Pospiesz e al. (2011) analisaram, por meio do modelo Shif-Share, os componenes esruurais por seor da economia de Sana Caarina, Paraná e Rio Grande do Sul, no período de 2005 a 2008. Duenhas e al. (2014) verificaram que o esado do Paraná apresenou maior crescimeno nas aividades da indúsria de ransformação e que o esado passou a concenrar segmenos que apresenam menor crescimeno na escala nacional, esudo ambém realizado por meio do modelo Shif-Share. A parir do exposo, noa-se que o referido modelo em sido uilizado ano para averiguação da realidade socioeconômica local, como para esar a validade das eorias explicaivas de fenômenos que ocorrem em deerminadas regiões, por meio de indicadores sociais, econômicos, demográficos, enre ouros. O objeivo do presene rabalho é analisar a Taxa de Variação Porcenual (TXV%) do Valor Bruo da Produção (VBP), por meio da segmenação dos efeios da área colhida, da produividade e do preço para a culura da mandioca no Esado de Alagoas, em quaro períodos de seis anos (1990 a 1996, 1996 a 2002, 2002 a 2008 e 2008 a 2013) e para o período oal (1990-2013), com base em dados

8 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas esaísicos dos municípios com produção desacada de mandioca no esado. Maerial e Méodos Nese esudo foram uilizadas as séries hisóricas, de 1990 a 2013, referenes à Produção Agrícola Municipal (PAM), obidos juno ao Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísica (IBGE). A área colhida em hecares (ha) e o rendimeno médio em oneladas por hecare (/ha) foram coleados direamene por meio do Sisema IBGE de Recuperação Auomáica (Sidra). Todavia, o preço médio não é fornecido como variável separada pelo SIDRA; mas como o banco de dados fornece a variável valor da produção a preços correnes que segundo IBGE (2015) é o produo da quanidade produzida pelo preço médio ponderado, opou-se por realizar a divisão do VBP pela produção para obenção do preço médio ponderado pago ao produor, em real/. Todos os valores moneários uilizados para análise foram deflacionados pelo Índice Geral de Preços Disponibilidade Inerna (IGP-DI), calculado pela Fundação Geúlio Vargas (FGV, 2013) em valores equivalenes a dezembro de 2013. Tais dados foram analisados graficamene para mosrar a relocalização e o comporameno das variáveis da mandioculura nos municípios e no Esado de Alagoas, enre 1990 e 2013. Poseriormene, as esimaivas das axas anuais de crescimeno desses indicadores econômicos foram calculadas. Para aingir o objeivo principal do rabalho procedeu-se com a análise dos deerminanes do crescimeno do VBP da mandioca nos principais municípios produores do Esado de Alagoas (Figura 1) por meio do modelo quaniaivo diferencial-esruural ou Shif-Share.

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 9 Mapa: Márcia Helena Galina Dompieri Figura 1. Localização do grupo de municípios considerados na análise da evolução e dos efeios dos faores da variação do valor bruo da produção de mandioca, no Esado de Alagoas, em 2015.

10 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas A Taxa Geomérica de Crescimeno As esimaivas das axas anuais de crescimeno das variáveis em esudo são obidas pelo méodo da Taxa Geomérico de Crescimeno (TGC). Em ermos écnicos, para se ober a TGC, subrai-se 1 da raiz enésima do quociene enre a valor final (V ) e o valor no começo do período considerado (V 0 ), muliplicando-se o resulado por 100, sendo n igual ao número de anos no período, meodologia amplamene usada pela Rede Ineragencial de Informações para a Saúde (RIPSA) nos cálculos das axas de crescimeno da população no Brasil (RIPSA, 2015). TGC = n V Em que: ( V / 1 0 )* 100 V = Valor final. V 0 = Valor inicial. n= número de anos do período. Uma vez obidas as TGC, foi calculado o impaco dessas variações decompondo-se a Taxa de Variação Porcenual do VBP (TXV% do VBP) da mandioca nos respecivos efeios, em quaro períodos de seis anos cada e no período oal (1990 a 2013). O méodo Shif-Share O mencionado modelo consise na uilização das equações a seguir. Cálculo do VBP no período inicial (1) VBP 0 = P 0 * R 0 * A 0 (2) Em que: VBP 0 = VBP da mandioca no período inicial 0. A 0 = Área colhida com mandioca no município, em hecares no período inicial 0. R 0 = Produividade média no município, em kg/ha no período inicial 0.

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 11 P 0 = Preço médio pago aos produores de mandioca no município em (R$/kg) no período inicial 0. Cálculo do VBP no período final VBP = P * R * A Em que: (3) VBP = VBP da mandioca no período final. A = Área colhida com mandioca no município, em hecares no período final. R = Produividade média no município, em kg/ha no período final. P = Preço médio pago aos produores de mandioca no município em (R$/kg) no período final. A variação oal no valor da produção enre os dois períodos e 0 seria: VBP - VBP 0 = (P. R. A ) (P 0. R 0. A 0 ) (4) Cálculo da variação oal no valor da produção considerando a variação de cada um dos faores individualmene A variação do VBP enre o período inicial e período final diane a variação ocorrida somene na área colhida, permanecendo consanes o preço e a produividade, é represenada pela equação: A VBP Em que: = A. R 0. P 0 (5) A VBP = VBP no período final variando apenas a área colhida. A variação do VBP enre o período inicial e período final diane variações ocorridas na área colhida e na produividade, permanecendo consane o preço, seria represenado pela equação: A,R VBP = A. R. P 0 (6)

12 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas Em que: A,R VBP = VBP no período final variando a área colhida e a produividade. Subsiuindo em (4) emos: A A,R A A,R VBP VBP 0 = (VBP VBP 0 ) + (VBP VBP ) + (VBP VBP ) (7) Em que: VBP VBP 0 = variação oal no valor da produção. A VBP VBP 0 = efeio-área. A,R VBP A - VBP A,R VBP - VBP = efeio-produividade. = efeio-preço. Cálculo da axa anual de crescimeno considerando a decomposição dos efeios Para represenar os rês efeios (área, produividade e preço) na forma de axas anuais de crescimeno, calculamos inicialmene os efeios relaivos, dividindo cada efeio pela variação do Valor Bruo da Produção (V - V0), resulando a soma das divisões igual a 1: 1 = A AR A ( VBP VBP ) ( VBP VBP ) VBP VBP 0 0 + ( VBP VBP ) AR ( VBP VBP ) ( VBP VBP ) Cálculo da axa de variação porcenual do VBP (TXV%) 0 Calcula-se a axa de variação porcenual do VBP enre os períodos considerados: + 0 (8) ( VBP / 0 1 )* 100 r = n VBP (9)

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 13 Muliplicando ambos os lados da equação de (8) pela axa de variação r são obidos os efeios área, produividade e preço que essas variáveis iveram sobre a TXV% do VBP expressos em percenagem por ano, conforme a fórmula a seguir: TXV % = A A, R A ( VBP VBP ) ( VBP VBP ) VBP VBP 0 0 r + ( VBP VBP ) A, R ( VBP VBP ) ( VBP VBP ) r O resulado permie apresenar os efeios área, rendimeno e preço em forma de axas de crescimeno anuais, que se somadas, correspondem à variação oal do VBP. 0 r + 0 (10) Resulados e Discussão Analisando as séries hisóricas referenes à produção municipal de mandioca, consaou-se que, enre 1990 e 2013, houve imporane redisribuição geográfica no culivo do produo enre os municípios alagoanos, conforme mosrado nas Figuras 2 e 3. Essa mudança de localização da culura alerou o comporameno das variáveis componenes do esudo - área colhida, produividade e preços pagos aos produores. Os preços pagos aos produores e o VBP de mandioca no esado apresenaram oscilações na maioria dos anos, mas é noória a endência de crescimeno, sobreudo enre 2001 e 2010, como mosra a Figura 4. Essas oscilações afearam as decisões dos produores quano ao planejameno do ano seguine, pois os preços pagos pelo mercado num deerminado ano esimularam ou desesimularam a exensão da área a ser planada e as ecnologias a serem empregadas no ano subsequene. Assim, a elevação dos preços da mandioca num deerminado ano não refleiu, na maioria dos municípios, no aumeno da produividade e da área colhida, evidenciando endências diferenes dessas duas variáveis em relação ao comporameno dos preços, como é possível consaar na maioria das Figuras que mosram a siuação da culura, para os municípios considerados.

14 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas Mapa: Márcia Helena Galina Dompieri Figura 2. Localização geográfica da produção de mandioca no Esado de Alagoas em 1990. Mapa: Márcia Helena Galina Dompieri Figura 3. Localização geográfica da produção de mandioca no Esado de Alagoas em 2013.

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 15 A área colhida com mandioca em Alagoas apresenou oscilações na maioria dos anos, mas é noória a endência de queda em dois períodos, o primeiro enre 1995 e 2003 e o segundo enre 2009 e 2013. Os aumenos de área se deram ambém em dois períodos, o primeiro enre 1991 e 1995 e o segundo enre 2006 e 2009, os picos de maior e menor quanidade de área colhida se deram, respecivamene, em 1995 e 2003. A produção de mandioca, induzida, em pare, pelo comporameno das variações de área, apresenou ambém dois períodos de aumenos, o primeiro enre 1991 e 1994 e o segundo enre 2003 e 2007, o pico máximo da produção ocorreu em 1995. Enre 2012 e 2013, a produção e área colhida com mandioca no esado apresenou endência decrescene, seguramene devido à fala de chuvas ocorridas na região Nordese (Figura 4). Observou-se que a produividade esadual maneve endência crescene aingindo seu máximo, de 16,3 /ha, em 2011, para logo diminuir nos úlimos dois anos do período em esudo, chegando em 2013 a ficar em orno das 12,3 /ha, devido aos problemas da seca regisrada no esado em 2012. Os preços pagos aos produores de mandioca e o VBP da culura maniveram comporamenos semelhanes na maioria dos anos do esudo, aingindo seus máximos no ano de 1999, ano em que os produores conseguiram vender a onelada do produo a R$ 710,00 arrecadando um VBP de 241,8 milhões de reais. O menor preço e menor VBP foram obidos, em 1993, quando os produores apenas receberam R$ 58,00/ e a culura conribuiu com apenas 13,8 milhões de reais, na formação do VBP agropecuário esadual. As oscilações dos preços, da área colhida e produividade podem ser aribuídas ao fao de que os produores agrícolas omam suas decisões de planio com defasagem de um ano, observando o comporameno do mercado, principalmene nos preços do produo no período anerior.

16 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas Figura 4. Comporameno das variáveis de produção, área colhida, produividade, VBP e preço da mandioca, no período de 1990 a 2013, no Esado de Alagoas. Observa-se pela Figura 5 que o grupo dos nove maiores municípios produores, enre 1990 e 2013, deerminam o comporameno das diferenes variáveis consideradas no esudo, em relação à endência observada na Figura 4, referene ao agregado esadual. Consaou-se que, para o período oal analisado (1990 a 2013) e para o conjuno de municípios considerados, as variáveis produividade, área colhida e produção da mandioca cresceram 11%, 93% e 115% respecivamene, levando o VBP a aumenar 358%. No período, o preço pago aos produores apresenou crescimeno de 118%, devido principalmene aos baixos preços recebidos pelos produores de mandioca no início do período de esudo. O grupo de municípios considerado conribuía, em 1990, com 34% da produção e 30% do VBP além de responder por 37% da área colhida esadual, passando, em 2013, a concenrar 75% da área colhida, 72% da produção e 78% do VBP da mandioca alagoana. Em ermos relaivos, a produividade da região, em 1990 e 2013

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 17 era respecivamene 7% e 4% superior à média esadual, devido seguramene ao fao de que os produores não se viram esimulados a adoar maior quanidade de ecnologias, haja visa que os preços da região em 1990 eram 26% inferiores à média esadual, pois os comercianes pagavam menos aos produores da região, devido às disancias percorridas para comercializar o produo nas Cenrais de Abasecimeno (Ceasa) de Maceió. Figura 5. Comporameno das variáveis de produção, área colhida, produividade, VBP e preço da mandioca, no período de 1990 a 2013, no grupo dos nove municípios principais produores do Esado de Alagoas. Para ilusrar o comporameno das variáveis produção, área colhida, produividade, VBP e preço da mandioca, no período de 1990 a 2013, em cada um dos nove municípios, pela ordem de imporância na produção de 2013, seguem as Figuras 6 (Arapiraca), 7 (Taquarana), 8 (Girau do Ponciano), 9 (Igaci), 10 (São Sebasião), 11 (Traipu), 12 (Palmeira dos Índios), 13 (Feira Grande) e 14 (Belo Mone).

18 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas Figura 6. Comporameno das variáveis de produção, área, produividade, VBP e preço pago aos produores de mandioca, no período de 1990 a 2013, no Município de Arapiraca. A mandioculura é imporane na geração de emprego e renda na população rural da maioria dos municípios onde ela é praicada. Noa-se, pela Figura 6, que a culura da mandioca é de relevane imporância no Município de Arapiraca, devido a sua ala conribuição na formação do PIB agropecuário oal do município, respondendo por 13% em 2000. Em 2012 passou a responder por 70%, crescendo em imporância na geração de renda e alimeno para a população. O município foi o desaque, nos úlimos anos, em evolução da culura passando da erceira posição em 1990, para o primeiro lugar enre os maiores produores de Alagoas em 2013. Arapiraca aingiu seus máximos em área colhida e produção em 1994, quando o produo alcançou os melhores preços. O valor máximo de VBP foi obido em 1999 e a máxima produividade em 2010. A maior crise de produção e planio da culura ocorreu nos primeiros rês anos da década de 90, aingindo as quanidades mínimas de produção, área colhida e VBP em 1991, chegando em 1993, a ober os seus mínimos de produividade e preços por onelada do produo.

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 19 Observa-se ambém que a mandioculura em Arapiraca obedeceu às leis da ofera e demanda, pois a redução da área colhida, produividade e consequenemene queda na produção, provocou uma elevação do preço em 2012, que esimulou os produores a aumenar a área e fazer novos invesimenos em ecnologias, fao que resulou em aumeno da produção em 2013. Observa-se que, no Município de Taquarana, as variáveis área colhida, produção e produividade maniveram-se consanes enre 1990 e 1999, aingindo seus mínimos em 2001 (Figura 7). A parir de 2001 ocorreu um crescimeno manido aé o final do período, alcançando os máximos de área e produção em 2009. O máximo e o mínimo de produividade aconeceram enre 2010 e 2012 e em 2001, respecivamene. Figura 7. Comporameno das variáveis de produção, área, produividade, VBP e preço pago aos produores de mandioca, no período de 1990 a 2013, no Município de Taquarana.

20 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas O preço pago aos produores de mandioca em Taquarana e o VBP apresenaram curos períodos de crescimeno enre 1990 e 1992 e enre 1993 e 1996. O preço máximo pago ocorreu em 1996, a parir desse ano os preços apresenaram o maior índice de decréscimo aé 2001. A pior remuneração recebida pelo produo no município ocorreu em 1993, quando os produores chegaram a receber apenas R$ 51,00 por onelada. O comporameno dos preços afeou direamene o VBP, que ambém regisrou seu mínimo em 1993. O VBP máximo aingido pela culura no município aconeceu em 2012, provocado principalmene pela quadruplicação dos preços enre 2011 e 2013. A culura desempenha papel fundamenal na economia agrária e na formação PIB agropecuário oal de Taquarana, pois em 2000 a mandioca conribuía com apenas 3%, passando, em 2012, a responder por 62%. O município ambém melhorou posição no ranking enre os municípios produores, pois enquano em 1990 ocupava a 17º posição, em 2013 se enconrava no segundo lugar enre os maiores produores de Alagoas. A culura ambém desempenha papel fundamenal no agronegócio de Girau de Ponciano e na formação PIB agropecuário oal do município. Verificou-se que em 2000 a mandioca conribuiu com apenas 12%, passando, em 2012, a responder por 83% do oal gerado pela agropecuária municipal. O município ocupava, em 1990, a primeira posição no ranking da mandioculura esadual, passando a ocupar, em 2013, a erceira posição enre os maiores produores de mandioca em Alagoas. Na Figura 8 pode-se observar que a mandioculura, em Girau de Ponciano, eve seu maior crescimeno no período enre 1991 e 2002, aingindo os picos máximos de área em 1995, de preço e VBP em 1999, enquano que a maior produividade foi obida em 2004. Os piores preços, VBP e produividade foram obidos em 1993, enquano que os mais baixos índices de área colhida e produção aconeceram em 2006. É ineressane observar que a parir de 2002 aé o final do período analisado, odas as variáveis apresenaram fore endência decrescene mosrando que o município apesar de maner-se no erceiro lugar enre os maiores produores de mandioca, em 2013, não possui

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 21 mais os níveis de produção e a represenaividade que maninha em anos aneriores. Figura 8. Comporameno das variáveis de produção, área, produividade, VBP e preço pago aos produores de mandioca, no período de 1990 a 2013, no Município de Girau do Ponciano. É noória a relevância do culivo da mandioca na agropecuária de Igaci, paricipando em 1990 com 4% na formação PIB agropecuário municipal, passou, em 2012, a responder por 48%. O município ocupou a oiava posição no ranking enre os municípios produores de mandioca em Alagoas, em 1990, e a quara posição, em 2013. A culura da mandioca junamene com as culuras do milho e do feijão consiuem-se nas principais fones de renda e emprego no município, que possui vocação predominanemene agrícola. Os preços e o VBP da mandioculura em Igaci apresenaram rês ciclos de crescimeno, sendo o mais represenaivo aquele compreendido enre os anos de 2001 e 2013. As maiores elevações dos preços e do VBP se deram enre 1994 e 1996, enquano que os valores mínimos dessas duas variáveis ocorreram em 1993. Os máximos de produção e produividade ocorreram em 2011, enquano que a área colhida aingiu seu máximo em 2008. Os mínimos

22 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas da produção, área colhida e produividade ocorreram, respecivamene, em 2001, 2003 e 2005. Apesar da Figura 9 mosrar que em Igaci ocorreu pequena queda da produção e área colhida, a parir de 2010, a endência crescene das ouras variáveis, desde 2001, indica que o município apresena vocação para a mandioculura e pode coninuar a maner a endência de crescimeno no fuuro. Figura 9. Comporameno das variáveis de produção, área, produividade, VBP e preço pago aos produores de mandioca, no período de 1990 a 2013, no Município de Igaci. O Município de São Sebasião não apresenou relevane evolução no ranking dos maiores produores de Alagoas, passando da quina para a sexa posição, enre 1990 e 2013. Apesar da grande imporância da mandioculura para o município, a conribuição na formação do PIB agrícola municipal baixou de 14% para 12% enre 2000 e 2012, devido ao crescimeno da paricipação da cana-de-açúcar no PIB do município. Na Figura 10, observa-se que os preços da mandioca, em São Sebasião, após aingirem seu mínimo em 1993, apresenaram uma

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 23 noável recuperação aé chegar ao seu máximo em 1999, seguindo uma clara deerioração aé 2010; a parir daí o mercado começa imidamene a criar melhores expecaivas de remuneração dos produores do município. Figura 10. Comporameno das variáveis de produção, área, produividade, VBP e preço pago aos produores de mandioca, no período de 1990 a 2013, no Município de São Sebasião. A noável elevação dos preços, ocorrida enre 1998 e 1999, esimulou os produores do município na adoção de novas ecnologias de produção, conseguindo elevar a produividade a parir de 1999 a paamares nunca anes aingidos pelos produores de mandioca em São Sebasião. A produividade aingiu seu máximo em 2004, com 25 /ha, decrescendo aé 2013, quando variou em orno de 12 /ha. A mandioculura consiui-se numa das principais aividades agrícolas geradoras de renda e emprego na área rural do Município de Traipu, paricipando em 2000 com 9% na formação do PIB agropecuário, passando, em 2012, a responder por 52%. O município apresenou noória evolução no ranking dos maiores produores de Alagoas, passou da 15ª para a séima posição no ranking esadual, enre 1990 e 2013.

24 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas Os preços pagos aos produores, a produividade e a área colhida com mandioca em Traipu iveram, enre 1993 e 2000, endências noadamene crescenes, elevando o VBP da culura no mesmo período, conforme Figura 11. Observa-se ambém que os ganhos de produividade, aumeno da área colhida e produção, provocaram enre 1999 e 2001 uma sensível diminuição dos preços, que veio prejudicar o comporameno do VBP e consequenemene gerou uma diminuição na área colhida e produção enre 2000 e 2004. Figura 11. Comporameno das variáveis de produção, área, produividade, VBP e preço pago aos produores de mandioca, no período de 1990 a 2013, no Município de Traipu. A produção e produividade em Traipu aingiram seus máximos em 2000, enquano que os preços e o VBP obiveram seus máximos em 1999. O máximo da área colhida foi regisrado em 2002. Os valores mínimos de área e produção ocorreram em 2004, a produividade em 2006, enquano que os preços e o VBP aingiram seus mínimos em 1993. A parir de 2004, a área colhida, a produção e o VBP iniciaram um ciclo de ímida recuperação, mas devido à produividade não er alcançado os paamares do ano 2000, o VBP não cresceu na magniude desejada.

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 25 O VBP da mandioculura no município de Palmeira dos Índios, conforme consa na Figura 12 apresenou oscilações, pois a decisão de aumenar a área e adoção de novas ecnologias não depende apenas da vonade dos produores, é influenciada por muios faores exógenos, que fogem do seu conrole, ais como fenômenos naurais e oscilação dos preços pagos pelo seu produo. Figura 12. Comporameno das variáveis de produção, área, produividade, VBP e preço pago aos produores de mandioca, no período de 1990 a 2013, no Município de Palmeira dos Índios. A economia agrícola do Município de Palmeira dos Índios é alavancada pelo ripé de culuras mandioca, milho e feijão (IBGE, 2015). No período analisado, o culivo do produo eve expressivo crescimeno, favorecido pela melhoria dos preços pagos ao produor que iveram uma elevação brua de 288%, aumeno que juno com os crescimenos da área colhida, produção e produividade evoluíram, respecivamene em 28%, 78% e 39%, levaram o VBP a aumenar 589%. Tais melhorias nos índices de aividade da culura fizeram com que o município ganhasse imporância no cenário esadual passando da 13ª para a nona posição enre os principais produores esaduais no período

26 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas analisado. A relevane evolução da culura fez ambém com que o VBP da mandioca no município aumenasse sua conribuição na formação do PIB agropecuário municipal, haja visa que em 1990 a conribuição era de apenas 4% e em 2012 passou a responder por 31% do PIB produzido. Em ermos de aumenos de área e produção de mandioca, o município apresenou seus melhores anos enre 1990 e 1998, mas a inexisência de ganhos de produividade nesse período não permiiu melhores resulados aos produores. Os preços se maniveram oscilanes, mas com endência crescene enre 1990 e 1998; aingiram seu mínimo em 1993 e seu máximo em 1996. A parir de 1998, ano os preços como as demais variáveis da culura diminuíram drasicamene, manendo oscilações aé a produção, área colhida e produividade aingirem os picos mínimos, em 2003, quando se inicia um novo ciclo, com crescimeno de odas as variáveis consideradas. Enre 2012 e 2013, observou-se uma considerável diminuição da produção, produividade e do VBP, devido à seca ocorrida enre 2011 e 2012 no Nordese. Vale noar o reflexo nos preços, pois devido à fala do produo no mercado os compradores ofereceram em 2013 melhores preços aos mandioculores. A conribuição do VBP da mandioca na formação do PIB oal em Feira Grande passou de 10% para 33%, enre 2000 e 2012. No ranking dos principais produores, o município passou do quaro lugar em 1990 para o décimo, em 2013. Em ermos de área colhida e produção, a mandioculura eve seus melhores anos enre 1990 e 1998, mas as oscilações dos níveis produividade não permiiram melhores resulados aos produores. A produividade aingiu seu máximo em 1991, a parir daí apresenou oscilações (Figura 13). Os preços e o VBP, após aingirem seus mínimos em 1993, iniciaram um processo de crescimeno, aingindo seus máximos em 1999, e oscilaram aé o final do período de esudo. Enre os anos de 2005 e 2008, a siuação da culura no município apresenou crescimeno, mas não com os índices experimenados enre 1993 e 1999, época do

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 27 auge da mandioculura no município. Em 2010, a culura iniciou um novo ciclo de crescimeno que parou em 2012. Em geral, a culura ao longo do período analisado apresenou curos ciclos, de mais ou menos quaro anos, alernando períodos de crescimeno e de decréscimos. Figura 13. Comporameno das variáveis de produção, área, produividade, VBP e preço pago aos produores de mandioca, no período de 1990 a 2013, no Município de Feira Grande. A culura da mandioca é radicionalmene grande conribuine na formação PIB agropecuário do Município de Belo Mone, pois em 2000 já conribuía com 25%, porcenual que aumenou para 43% em 2013. No ranking dos principais produores, o município passou do 22º lugar, em 1990, para o sexo em 2013. Observa-se, pela Figura 14, que Belo Mone maneve enre 1991 e 1997 um consane crescimeno na produção e área colhida. Apesar de não er conseguido ganhos de produividade, o aumeno considerável dos preços permiiu que o município aingisse um noável crescimeno do VBP. Os preços e o VBP aingiram seus máximos em 1999, ano que gerou boa renabilidade aos produores e consequenemene produividade máxima em 2000. Com o aumeno da produção houve maior ofera e o preço do produo reduziu bruscamene causando ambém redução do VBP e da área planada.

28 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas Figura 14. Comporameno das variáveis de produção, área, produividade, VBP e preço pago aos produores de mandioca, no período de 1990 a 2013, no Município de Belo Mone. De acordo com os dados da Tabela 1, é possível visualizar o comporameno das variáveis analisadas para cada município. O Município de Arapiraca, apesar de ocupar lugar de desaque no ranking de produores, apresenou Taxa Geomérica de Crescimeno (TGC) anual negaiva de produividade. Em função disso e das baixas TGC do preço, produção e área colhida, Arapiraca não conseguiu acompanhar a TGC do VBP dos municípios de Taquarana e Belo Mone. Siuação similar ocorreu no Município de Palmeira dos Índios, em que os dados indicaram a maior TGC anual dos preços pagos aos produores. O Município de Girau do Ponciano apesar de er apresenado TGC anual dos preços denro da média do resane dos municípios, regisrou baixa TGC do VBP devido às TGC da área e da produção negaivas.

Tabela 1. Crescimeno médio anual (TGC) da produção, área colhida, produividade, preços e VBP da mandioca nos principais municípios produores no Esado de Alagoas, de 1990 a 2013. Produção () Área (ha) Produividade (kg/ha) Preço (R$/kg) VBP (Mil R$) TGC (%) enre 1990 e 2013 1990 2013 1990 2013 1990 2013 1990 2013 1990 2013 Produção Área Produividade Preço VBP Arapiraca 13.200 55.000 1.000 4.500 13.200 12.222 225 400 2.965 22.000 6,4 6,8-0,3 2,5 9,1 Taquarana 2.500 38.080 250 2.505 10.000 15.202 187 640 468 24.390 12,6 10,5 1,8 5,5 18,8 Girau do Ponciano 24.320 19.500 2.000 1.500 12.160 13.000 225 400 5.462 7.800-1,0-1,2 0,3 2,5 1,6 Igaci 8.000 13.060 800 910 10.000 14.352 225 591 1.797 7.717 2,2 0,6 1,6 4,3 6,5 São Sebasião 9.691 12.000 971 1.000 9.980 12.000 225 256 2.177 3.072 0,9 0,1 0,8 0,6 1,5 Belo Mone 600 8.400 50 850 12.000 9.882 225 400 135 3.360 12,2 13,1-0,8 2,5 15,0 Traipu 3.500 8.000 350 700 10.000 11.429 225 400 786 3.200 3,7 3,1 0,6 2,5 6,3 Palmeira dos Índios 4.000 7.100 400 510 10.000 13.922 168 654 674 4.640 2,5 1,1 1,4 6,1 8,8 Feira Grande 12.400 7.000 1.000 680 12.400 10.294 225 400 2.785 2.800-2,5-1,7-0,8 2,5 0,0

30 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas O Município de Feira Grande não apresenou variação da TGC do VBP, pois os ganhos de produividade e a melhoria nos preços foram anulados pelas TGC negaivas da área colhida e da produção enre 1990 e 2013. Na Tabela 2, esão elencadas as TXV% do VBP denominadas de efeio oal, a variação ocorrida no VBP devido às variações na área colhida, na produividade e nos preços. As TXV% do VBP são resulado das TGC da área, produividade e preços, apresenadas na Tabela 1, as quais expressam a variação anual média para o respecivo período. Enquano que os efeios da variação de cada uma das variáveis sobre a TXV% do VBP, expressos em porcenuais, indicam o quano elas conribuíram na formação da variação porcenual do VBP. De acordo com os dados, no primeiro subperíodo (1990 a 1996), o Município de Palmeira dos Índios apresenou a maior TXV% anual do VBP (efeio oal) e foi essa variação posiiva dos preços o principal faor responsável pelo efeio de 52,9% sobre o VBP; a produividade não eve nenhum impaco e o efeio área foi muio baixo naquele período. O efeio preço foi negaivo em mais da meade dos maiores produores de mandioca no esado, sendo que em Arapiraca os preços impacaram mais negaivamene a TXV% do VBP. A aleração na área colhida apresenou efeios significaivos nos municípios de Arapiraca e Belo Mone, enquano que os ganhos de produividade refleiram mais em Arapiraca e Girau do Ponciano.

Tabela 2. Efeio oal, efeio área, efeio rendimeno e efeio preço sobre a TXV% da mandioca nos municípios principais produores alagoanos nos diferenes períodos de análise. Período de 1990 a 1996 Período de 1996 a 2002 Período de 2002 a 2008 Período de 2008 a 2013 Período de1990 a 2013 TXV% do VBP Efeio área Efeio produividade Efeio preço TXV% do VBP Efeio área Efeio produividade Efeio preço TXV% do VBP Efeio área Efeio produividade Efeio preço TXV% do VBP Efeio área Efeio produividade Efeio preço TXV% do VBP Efeio área Efeio produividade Efeio preço Arapiraca 37,7 45,4 11,0-18,7 9,0-3,3 0,0 12,4-15,1-11,4 2,1-5,9 11,7 6,6-7,7 12,8 9,1 5,0-0,5 4,6 Taquarana 39,2 0,9 0,0 38,3-0,5 71,1 10,6-82,2 19,9 9,4 8,5 2,0 20,0-1,8-0,6 22,5 18,8 3,3 1,9 13,5 Girau do Ponciano 7,7 6,9 9,9-9,1 15,1 1,9-1,5 14,7-17,1-12,7 0,3-4,8 4,0-2,6-3,3 9,9 1,6-0,9 0,2 2,3 Igaci 35,1 1,0 0,0 34,0-29,2-4,4-3,6-21,2 13,6 5,9 4,6 3,1 21,2-3,2 3,0 21,4 6,5 0,3 1,0 5,3 São Sebasião 7,1 3,1-3,7 7,7 9,5 0,9 20,0-11,5-3,3-5,2 2,7-0,8-7,9 2,6-12,5 2,0 1,5 0,1 0,8 0,6 Belo Mone 7,9 27,3-10,2-9,1 6,9-4,7 0,0 11,6-17,4-12,7 0,0-4,6 101,5 50,4 5,2 45,8 15,0 10,0-1,9 6,9 Traipu 7,8 11,8 5,1-9,1 20,8 3,8 0,0 17,0-15,3-10,2 0,1-5,2 17,9 4,9-1,1 14,1 6,3 2,0 0,6 3,7 Palmeira dos Índios 57,3 4,4 0,0 52,9-33,5-10,3-4,4-18,8 16,5 8,3 3,9 4,4 16,0-7,5 2,8 20,7 8,8 0,4 0,7 7,6 Feira Grande 5,3 7,3 6,4-8,4 11,7-1,7 0,0 13,3-12,0-6,9 1,0-6,1-3,9-5,3-6,4 7,8 0,0-1,4-0,5 1,9 ALAGOAS 14,0 5,6 3,9 4,5-2,1-1,5-0,2-0,4-6,9-3,0 1,4-5,3 6,8-3,5-1,7 12,0 2,5-0,3 0,5 2,3

32 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas É imporane aenar para o fao de que a diminuição da área colhida nos municípios de Belo Mone e São Sebasião provocaram efeios negaivos sobre o VBP municipal. O Município de Feira Grande foi o que apresenou menor axa anual de variação do VBP, devido ao efeio negaivo dos preços. O efeio área e o efeio produividade foram superiores aos dos demais municípios que iveram maior crescimeno do VBP enre 1990 e 1996. Nesse subperíodo, a mandioca apresenou, em Alagoas, efeios posiivos muio similares, em odas as variáveis consideradas, provocando um crescimeno esadual do VBP a uma TXV anual de 14%. Observa-se, no segundo subperíodo, que ao conrário do que ocorreu no subperíodo anerior, a mandioca apresenou efeios negaivos gerando uma TXV anual de -2,1% no VBP. Os municípios de Palmeira dos Índios e Igaci foram os que apresenaram o pior desempenho, com TXV% do VBP alamene negaivas. O efeio mais negaivo foi consaado no Município de Taquarana, consiuindo-se no principal faor da esagnação da TXV% do VBP, pois o efeio preço anulou os efeios posiivos da área e produividade. Nos municípios de Traipu e Girau do Ponciano, foram consaados os maiores valores do efeio preço e TXV% do VBP; nesses municípios, a práica da mandioculura eria sido mais posiiva caso os produores ivessem aproveiado os preços e aumenado as áreas de planio, invesindo ambém em mais ecnologias para provocar maiores efeios área e produividade sobre o VBP, haja visa que ais efeios foram baixos nos mencionados municípios enre 1996 e 2002. Siuação parecida aconeceu nos municípios de Feira Grande e Igaci, naquele subperíodo. O erceiro subperíodo apresenou o cenário menos vanajoso, pois a maioria dos principais municípios produores apresenaram axas negaivas do VBP. O principal faor de diminuição foi a área que eve efeios negaivos anuais variando de -5,2% aé -12,7% nos diversos municípios. A diminuição dos preços ambém provocou efeios negaivos sobre a TXV do VBP. O efeio produividade foi o único posiivo devido aos ganhos em odos os municípios. É ineressane observar que o Município de Taquarana apresenou o maior efeio produividade e ambém a maior TXV do VBP, confirmando que os

Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas 33 produores dos municípios que souberam aproveiar a melhoria dos preços e aumenaram o uso ecnologias para aumenar a produividade, obiveram as melhores TXV do VBP. No quaro subperíodo, o Município de Belo Mone se desacou com a maior TXV do VBP, devido aos efeios posiivos da área e preços provocados pelo crescimeno da área colhida e melhoria dos preços pagos aos produores, enre 2008 e 2013. Apenas os municípios de São Sebasião e Feira Grande apresenaram TXV do VBP negaivas, em função da diminuição da produividade que provocou efeios de -12,5% e -6,4% sobre o VBP nos mencionados municípios. É ineressane observar que na oalidade dos municípios e no esado, esse foi o único subperíodo em que o efeio preço resulou posiivo variando enre 2,0% e 45,8%, enquano que o efeio área e efeio produividade foram negaivos na maioria dos municípios. Para o período oal, odas as TXV% do VBP foram posiivas, mosrando o quano a mandioculura se dinamizou no âmbio dos principais municípios produores em Alagoas, que concenram mais de 75% da produção esadual. O Município de maior desaque é Taquarana, pois apresenou efeios posiivos em odas as variáveis que compõem a TXV % anual do VBP, e os maiores efeio preço e produividade enre odos os municípios e do esado. Por fim, além dos iens discuidos ao longo do rabalho quano à variação dos preços do produo, há ouros faores aponados por Maos e Cardoso (2003), que devem ser levados em cona, a saber: Ciclo da culura, que é função direa da combinação das variedades de mandioca culivada e das condições ambienais. Esruura de mercado, em que o processo de formação de preço se aproxima de uma esraégia concorrencial. Ademais, as informações incompleas ou mesmo a fala de informação a respeio do mercado favorece a ação de inermediários. Fala de barreiras no mercado de farinha. Em função da simplicidade da ecnologia, os invesimenos não precisam ser alos. Assim, quando o preço do produo esá araivo, ocorrem enradas de

34 Análise da Evolução e dos Efeios dos Faores da Variação do Valor Bruo da Produção de Mandioca, no Esado de Alagoas agriculores no negócio e a produção de raízes e farinha aumena rapidamene, colaborando para a redução dos preços. A ofera de maéria-prima local não leva em consideração a capacidade insalada das unidades de processameno, havendo assim períodos de excesso e de escassez de maéria-prima, com reflexos direos no processo de formação de preços. A inexisência de conraos de fornecimeno de longo prazo nas unidades individuais concorre para a inexisência de volume e regularidade desejada de produção, fazendo com que a cadeia perca compeiividade, dado o inadequado grau de coordenação enre os seus segmenos. A inerdependência enre os mercados das regiões Cenro-Sul e Nordese. No caso de quebra de safra no Nordese há esímulo no aumeno da produção de farinha no Cenro-Sul, o que acarrea aumeno da demanda de raízes para a produção de farinha e, consequenemene, uma compeição enre os mercados fornecedores de maéria-prima. Conclusões Consaou-se que a TXV% do VBP da mandioca ano para o esado como para os principais municípios produores, enre 1990 e 2013, foi posiiva. A conribuição posiiva dos preços pagos aos produores de mandioca resulou em efeio preço que variou enre 0,6% e 13,5% sobre a TXV% do VBP. O efeio produividade variou enre 0,2% e 1,9%, sobre as oscilações do VBP (de 1,5% a 18,8%). Por fim, o aumeno da área colhida ocorreu na maioria dos municípios e provocou efeios enre 0,1% e 10,0% sobre a variação do VBP no período.

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