Indicadores de desempenho. Francisco de Salles Collet e Silva



Documentos relacionados
INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE SOFTWARE DE COLETA DE DADOS - MANUAL DE PREENCHIMENTO

MANEJO DA SEPSE: ENFOQUE MULTIPROFISSIONAL. Belo Horizonte 2014

PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PACIENTE COM CONDUTA PARA SEPSE (OPÇÃO 2 E 3 - COLETA DE EXAMES/ANTIBIÓTICO)

PROTOCOLO DE ABORDAGEM E TRATAMENTO DA SEPSE GRAVE E CHOQUE SÉPTICO DAS UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA)/ ISGH

Dimensão Segurança do Doente. Check-list Procedimentos de Segurança

Check-list Procedimentos de Segurança

Qualidade e Segurança do Paciente: A perspectiva do Controle de Infecção. Paula Marques Vidal APECIH Hospital São Camilo Unidade Pompéia

USO PRÁTICO DOS INDICADORES DE IRAS: SUBSIDIANDO O TRABALHO DA CCIH HOSPITAIS COM UTI

Programas de Qualificação dos Prestadores de Serviços - ANS

Sigla do Indicador. TDIHCVC UTI Adulto. TDIHCVC UTI Pediátrica. TDIHCVC UTI Neonatal. TCVC UTI Adulto

SEPSE GRAVE/CHOQUE SÉPTICO

Patient Safety. Diagnóstico da Realidade Nacional. 1º Workshop Formativo sobre Segurança Clínica. Susana Ramos

A segurança do paciente como um valor para os hospitais privados: a experiência dos hospitais da ANAHP. Laura Schiesari Diretora Técnica

Monitoramento e Gestão de Risco Sanitário os desafios do SNVS para o usuário que é sujeito, cidadão e cliente

Implementação das metas internacionais de segurança do paciente da Joint Commission

PROTOCOLO DE PREVENÇÃO DE PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA EIXO PEDIÁTRICO

INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFº FERNANDO FIGUEIRA - IMIP

TRANSFERÊNCIA DE PACIENTE INTERNA E EXTERNA

Indicações e Cuidados Transfusionais com o Paciente Idoso

Resumo do Projeto Nacional de Atendimento ao Acidente Vascular Cerebral

DA IH À IACS: A NOMENCLATURA MUDOU ALGUMA COISA? Elaine Pina

RELAÇÃO DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA COMPROVAÇÃO DOS ITENS DE VERIFICAÇÃO - UPA

Cirurgia Segura: O que muda após a RDC n 36/2013? Adriana Oliveira Abril

Corrente Sanguínea. Critérios Nacionais de Infecções. Relacionadas à Assistência à Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária

INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE CAMPANHA DE SOBREVIVÊNCIA A SEPSE PROTOCOLO CLÍNICO. Atendimento ao paciente com sepse grave/choque séptico

A implementação de diretrizes clínicas na atenção à saúde: experiências internacionais e o caso. da saúde suplementar no Brasil

Vigilância Epidemiológica

cateter de Swan-Ganz

AVALIAÇÃO TECNOLÓGICA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO EM SERVIÇOS DE SAÚDE

2. Quais os objetivos do Programa Nacional de Segurança do Paciente?

Remuneração Hospitalar. Modelo com Diária e Atendimento Semi-Global

Prevenção de Infecção de Corrente Sanguínea Associada ao Cateter na Prática. Drª Marta Fragoso NGSA Hospitais VITA

META 1. Identificar os pacientes corretamente

Cruz Vermelha Brasileira

Prevenção e Controle de Infecção em Situações Especiais: Pacientes em atendimento domiciliar. Enfª. Viviane Silvestre

Profissão Médica: ontem, hoje e amanhã

Palavras- chave: Vigilância epidemiológica, Dengue, Enfermagem

1. O QUE ANTECEDEU O LIVRO?

Gestão do Corpo Clínico Avaliação da Prática Médica Baseada em Evidências Antonio Antonietto agosto 2012

Dr. Massanori Shibata Jr. SEGURANÇA DO PACIENTE

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

RELATÓRIO PARA A. SOCIEDADE informações sobre recomendações de incorporação de medicamentos e outras tecnologias no SUS

Pós operatório em Transplantes

V. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Médicos da idoneidade e da capacidade formativa para ministrar o Ciclo de Estudos Especiais de Neonatologia.


Média de Permanência Geral

Relatório de Gestão da CCIH

especialidade Psic. Raquel Pusch

Contribuição da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar para a Segurança do Paciente

Programa de Acreditação Internacional. Gestão da Qualidade e Segurança

Cobrança de Procedimentos por pacote e diárias compactadas

Márcia Mascarenhas Alemão Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais

Metas Internacionais de Segurança do paciente

ROTEIRO DE IMPLEMENTAÇÃO DE PROTOCOLO ASSISTENCIAL GERENCIADO. Campanha de Sobrevivência à Sepse

DECLARAÇÕES EUROPEIAS DA FARMÁCIA HOSPITALAR

I International Symposium on Patient Safety and Quality. Segurança do Paciente: Cenário Nacional. Walter Mendes

A-6 Modelos de formulários de plano de ação do programa de prevenção de acidentes com perfurocortantes

REDE SÃO CAMILO. Seminário Nacional de Acreditação CBA - JCI. Assistência Segura ao Paciente: Uma Reflexão Teórica Aplicada à Pratica Assistencial

TÍTULO: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Á CRIANÇA NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE TRANSPLANTE CARDÍACO

PLANO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NORMA Nº 648

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SES/GO

DoctorClean Controle de Infecção Hospitalar

Biossegurança em Unidades Primárias de Saúde. IV Encontro Nacional de Tuberculose

PASSOS PARA A PRÁTICA DE MBE. ELABORAÇÃO DE UMA PERGUNTA CLÍNICA André Sasse sasse@cevon.com.br PASSOS PARA A PRÁTICA DE MBE ELABORAÇÃO DA PERGUNTA

Passos para a prática de MBE Elaboração de uma pergunta clínica Passos para a prática de MBE

Planejamento Estratégico

PREVENÇÃO DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO ASSOCIADA ÀSONDA VESICAL: UMA ABORDAGEM PRÁTICA

Avaliação de Desempenho das Organizações de Saúde

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO PARECER COREN-SP CAT Nº 026/2010

Modelo de Gestão Metas Internacionais: Times Internacionais Setoriais CAROCCINI TP, RIBEIRO JC

Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 36, DE 25 DE JULHO DE 2013.

Resolução nº 492 de 26 de novembro de 2008

Região da América Latina e Caribe e a Rede de Desenvolvimento Humano com o generoso apoio do Fundo Espanhol de Avaliação do Impacto

O PAPEL DO ENFERMEIRO NO COMITÊ TRANSFUSIONAL

INSTITUTO DE DOENÇAS CARDIOLÓGICAS

VIGILÂNCIA SOCIAL E A GESTÃO DA INFORMAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Márcia Mascarenhas Alemão Gerência Observatório de Custos/ Diretoria de Desenvolvimento Estratégico Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais

Márcia Mascarenhas Alemão Gerência Observatório de Custos/ Diretoria de Desenvolvimento Estratégico Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais

Relatório de Gestão da CCIH

Manual de Competências do Estágio dos Acadêmicos de Enfermagem-Projeto de Extensão

Case de Sucesso. Integrando CIOs, gerando conhecimento. FERRAMENTA DE BPM TORNA CONTROLE DE FLUXO HOSPITALAR MAIS EFICAZ NO HCFMUSP

Plano Local de Saúde Amadora

O CUIDADO QUE FAZ A DIFERENÇA

ANEXO I TERMO DE COMPROMISSO DE APOIO À ASSISTÊNCIA HOSPITALAR

Curso de Pós-Graduação

Qualidade e Infecção Hospitalar: Como as agências de acreditação avaliam o controle de infecção hospitalar. Thaiana Santiago

PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA

1. INTRODUÇÃO TIPOS DE TRANSPORTE Transporte intra-hospitalar: Transporte inter-hospitalar:...6

Relação do Melhor em Casa com os hospitais: viabilizando a desospitalização

TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO E HIPERTENSÃO INTRACRANIANA

Consulta Pública n.º 09/2013

PARECER COREN-SP 056/2013 CT PRCI n Tickets nº

Protocolos gerenciados Arritmias Cardíacas e Síncope

Saada Chequer Fernandez

Briefing Auditoria Médica ASSOCIAÇÃO EVANGÉLICA BENEFICENTE ESPÍRITO SANTENSE

Proposição de Indicadores do QUALISS Monitoramento e a Classificação dos Indicadores em Domínios Especificados

Projetos desenvolvidos para o Hospital e Maternidade Municipal de Uberlândia e a o Hospital Escola de Uberlândia - UFU

Transcrição:

Francisco de Salles Collet e Silva

1. O que é um indicador de desempenho? 2. Como escolher? 3. Como coletar esta informação? 4. Quais são as variáveis que ele esta sujeito? 5. Qual é a sua aplicação na prática hospitalar e clínica?

O que é um indicador de desempenho?

Indicador é uma dimensão definida e mensurável da qualidade ou adequação de um aspecto importante do cuidado do doente - Processos mensuráveis do tratamento - Eventos clínicos - Complicações - Infecção hospitalar, - Retorno ao centro cirúrgico, - Efeito adversos de medicações

Objetivos destas medidas e/ou triagem - Relaciona a qualidade - Fornecer comparações entre instituições - Educar os participantes - Avaliar e melhorar o desempenho

Como escolher?

Carateristicas do indicador Detectar cuidados de qualidade inferior - estrutura - processo ou resultado Informar os dados melhorar a qualidade do atendimento Orientar processo de melhoria da qualidade cuidados de saúde Monitorizar qualidade dos cuidados Fornecer informações para - iniciativas de melhoria da qualidade - transparencia para os médicos, hospitais e pacientes.

Processos de atendimento hospitalar - Eventos que podem retardar ou alterar a evolução do paciente - Quedas - Administração de medicação Processos de diagnóstico - Diagnósticos equivocados Processos de tratamento Processos de tratamento - Protocolos de tratamento (medicina baseada em evidências) AVC Síndrome coronariana Pneumonia Infecção associada a cateter e sondas Efeito adverso de medicação Reoperação não programada Mortalidade

A campanha de sobreviventes a sepse : resultados de um programa de melhoria da orientação baseada em atuação internacional visando sepse grave. Levy MM, Dellinger RP, Townsend SR, et al, Int Care Med 36:222 231, 2010

Após o diagnóstico de sepse grave realizar o mais breve possível (6 horas) 1. Medir o lactato sérico 2. Hemoculturas obtidas antes da administração de antibióticos. 3. A partir do momento da apresentação, os antibióticos de amplo espectro, administrado dentro de 3 horas de internação ED e 1 hora para não-ed internações em UTI. 4. Em caso de hipotensão e / ou lactato mmol> 4 / L (36 mg / dl): a) Entregar um mínimo inicial de 20 ml / kg de cristaloide (ou equivalente coloide). b) Aplicar vasopressores não para a hipotensão responder a fluidoterapia inicial manter a pressão arterial média (PAM)> 65 mm Hg. 5. Em caso de hipotensão persistente apesar da ressuscitação volêmica (choque séptico) e / ou lactato> 4 mmol / L (36 mg / dl): a) a pressão venosa central Conseguir (CVP) de> 8 mm Hg. b) alcançar a saturação de oxigênio venoso central (ScvO 2 ) de> 70%.* Pacote de Gerenciamento de Sepse (Para ser realizado o mais rapidamente possível e teve mais de primeiras 24 horas): 1 esteroides em baixas doses administradas para choque séptico, de acordo com uma política hospitalar padronizado. 2 drotrecogina alfa (activada) administrada de acordo com uma política hospitalar padronizado. 3 O controle da glicose mantiveram> limite inferior do normal, mas <150 mg / dl (8,3 mmol / L). 4 pressões de platô inspiratório <30 cm H 2 O para pacientes em ventilação mecânica. * Conseguir uma saturação venosa mista (SvO 2 ) de 65% é uma alternativa aceitável.

Como coletar esta informação?

Arquivo médico Indicadores de desempenho Coleta de informações Revisão periódica dos prontuários dos processos terapêuticos protocolados Notificação de eventos protocolados Comunicação dos eventos Bancos de dados Prontuário eletrônico com campos pesquisáveis relacionados aos protocolos e eventos e relatórios padronizados

Quais são as variáveis que ele esta sujeito? Prontuário médico - Manual - Diagnóstico correto (cid.10) - Legível e conter todas as informações - Número de prontuários revisados - Eletrônico - Diagnóstico correto com o cid. - Campos pesquisáveis - Relatórios contemplando as variáveis protocoladas Comunicação de eventos não esperados - Medo do erro e da punição

Quais são as variáveis que ele esta sujeito? - Escolha - Coleta - Características da instituição - Avaliação

Quais são as variáveis que ele esta sujeito? Escolha do indicador - Possibilidade de efeito adverso Queda Erro de medicação - Características da instituição Hospital geral Maternidade Pronto Socorro Hospital de retaguarda - Frequência da moléstia neste tipo de instituição

Quais são as variáveis que ele esta sujeito? Coleta de informações - Manual e retrospectiva avaliação de prontuário - Informatizada Prontuário eletrônico com campos pesquisáveis - Prospectivo Iniciado atendimento assim que diagnosticado entra em formulário específico - Comunicação de eventos adversos

Quais são as variáveis que ele esta sujeito? Características da instituição Atividade Ambiente ensino Público / Privado Hospital de corpo clínico fechado Hospital de corpo clínico aberto

Quais são as variáveis que ele esta sujeito? Avaliação Eventos Isolado (Estudo de caso) Histórico institucional Estudo da evolução e modificação do processo na Instituição de acordo com resultados Comparação interinstitucional Estudo comparativo entre instituições para melhorar o processo Um método comparável os indicadores devem os mesmos e possuir critérios de coleta e avaliação iguais

Qual é a sua aplicação na prática hospitalar e clínica?

Estudo de caso Agency for Healthcare Research and Quality The Case A 49-year-old woman underwent an uneventful total abdominal hysterectomy bilateral salpingo-oophorectomy. Postoperatively, the patient complained of severe pain and received intravenous morphine sulfate in small increments. She remained alert and oriented and, while in the post-anesthesia care unit (PACU), she began receiving a continuous infusion of morphine via a patient-controlled analgesia (PCA) pump. A few hours after leaving the PACU and arriving on the floor, she was found pale with shallow breathing, a faint pulse, and pinpoint pupils. The nursing staff called a code and the patient was resuscitated and transferred to the intensive care unit on a respirator. A search for reversible causes was unrevealing and, despite aggressive supportive care, the patient had no improvement in her mental status. Several days later, an electroencephalogram result revealed no brain activity. Based on family wishes, life support was withdrawn and the patient died. Review of the case by providers implicated a PCA overdose, though no autopsy was performed to exclude other etiologies. The precise mechanism of the overdose was never elucidated.

Desenvolvimento de protocolos, monitoramento dados e programas educativos do indicador: Redução do padrão taxa de mortalidade Bradford Hospital - Reino Unido

Avaliação de 21 estudos: Estratégias eficazes para implementar indicadores de qualidade na prática diária, a fim de melhorar o atendimento hospitalar não existem, mas há uma variação considerável entre os métodos utilizados e do nível de mudança conseguida. Relatórios Feedback combinado com outra estratégia de implementação parece ser mais eficaz. Vos M, Graafmans W, Kooistra M et al. Using quality indicators to improve hospital care: a review of the literature. Int J Quality Health Care 21(2): 119 129, 2009

Vos M, Graafmans W, Kooistra M et al. Using quality indicators to improve hospital care: a review of the literature. Int J Quality Health Care 21(2): 119 129, 2009

Uma revisão sistemática dos resultados e medidas de qualidade em Os pacientes adultos atendidos por Nonhospitalists vs Hospitalares Existem diferenças de custo ou qualidade da assistência médica hospitalar com os adultos por hospitalistas vs não hospitalistas? Mayo Clin Proc. 2009, 84 (3) :248-254

Hospital Alemão Oswaldo Cruz Avaliações periódicas: Síndrome Coronariana Acidente vascular cerebral Infecção associada a cateter venoso UTI Pneumonia associada a ventilação mecânica Infecção em sitio operatório Quadril Joelho Intestino Revascularização do miocárdio Retorno ao centro cirúrgico Mortalidade periopertoria Quedas

Implantação do protocolo de sepses em conjunto PA e UTI Elaboração do protocolo adaptado ao hospital - Medidas a serem seguidas de modo padronizado quando do diagnóstico inicial de sepses - Rotinas a serem utilizadas nos diagnósticos de sepses - Monitorização desta rotinas - Avaliação dos casos e discussão dos resultados Treinamento das equipes do PA e UTI para utilização do protocolo Treinamento das equipes adjuvantes laboratório, equipes de retaguarda. Monitorização e avaliação de resultados divulgação e estratégias de melhorias

Ferramentas úteis na avaliação dos processos em saúde Estrutura para avaliar um evento adverso Avalia os processos na instituição ao longo do tempo e demarca as intervenções para melhoria Permite comparar processo interinstitucionais locais e internacionais Cuidado com as variáveis uniformizar os processos para realizar as comparações.