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Transcrição:

Tribunal de Justiça do Distrito Federal Processo : 2010.01.1.006709-3 Ação : OBRIGAÇÃO DE FAZER Requerente : A.C. Requeridos : MEDIAL SAÚDE S.A. e outros SENTENÇA Vistos. Processo nº 2010.01.1.006709-3. Trata-se de ação de obrigação de fazer cumulada com pedido de indenização por danos morais ajuizada por A.C., representado por sua curadora M.L.X.C., em face de MEDIAL SAÚDE S.A., INSTITUTO MUTSAÚDE e ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA AOS TRABALHADORES DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL - ASEFE, partes qualificadas nos autos. O autor requereu, a título de antecipação de tutela, seja a primeira requerida instada a conceder cobertura ao plano de saúde contratado, autorizando a realização de exames solicitados pelo médico que o acompanha, mantendo o serviço de home care e promovendo a substituição da sonda gástrica, sob pena de multa diária. Requereu, ainda, fossem os dois últimos requeridos obrigados a repassar imediatamente, à primeira ré, o valor das mensalidades descontadas da titular do plano, abstendo-se de retê-las nos meses subsequentes. Narrou ser beneficiário do Plano de Saúde Essencial 240E prestado pela primeira ré, tendo por estipulante o segundo réu e administradora a terceira requerida. Informou que fora vitimado por dois "AVCs", estando em estado vegetativo persistente, traqueostomizado, gastrotomizado e dependente de ventilação mecânica para sobreviver. Ressaltou que se encontra submetido ao serviço home care, tendo a médica visitadora solicitado a substituição da sonda gástrica e a realização de exames, os quais não foram autorizados pela primeira requerida, sob o fundamento de que os serviços foram suspensos em razão do não repasse das mensalidades pagas pelos segurados.

Acrescentou que, em contato com o segundo ré, a titular do plano (filha do autor) fora informada que a retenção do repasse das mensalidades deveu-se às divergências quanto à planilha de gastos apresentada pela MEDIAL SAÚDE S/A. Requer, ao final, a condenação dos requeridos ao pagamento de indenização por danos morais, bem como a confirmação da tutela antecipada. Por meio da decisão de fls. 52-53, foi deferida, em parte, a antecipação dos efeitos da tutela (obrigação da primeira requerida). Tendo interposto agravo de instrumento (fls. 179-187) da decisão que deferiu a antecipação dos efeitos da tutela, ao qual foi negado provimento (fls. 274-283) a ré Medial Saúde S.A., contestou o pedido do autor às fls. 188-198. Sustenta ilegitimidade passiva, pois cabe à corré Mutsaúde a captação dos recursos e pagamento da taxa de manutenção do plano de saúde contratado. Afirma que, embora a curadora do autor tenha efetuado os pagamentos, a corré não lhe repassou os valores, ensejando o rompimento da prestação dos serviços. No mérito, alega não haver previsão contratual para cobertura do serviço home care. Alega, ainda, ausência de danos morais. Requer a improcedência dos pedidos. Apresentou os documentos de fls. 199-255. O réu Instituto Mutsaúde apresentou contestação às fls. 78-83, alegando ilegitimidade passiva para a demanda, pois é apenas o estipulante, figurando como mero contratante do plano coletivo. Assevera que cabe apenas à contratada Medial Saúde, primeira ré, a responsabilidade pela prestação dos serviços médicos ao autor. Trouxe documentos (fls. 84-178). A terceira ré, ASEFE, apresentou contestação às fls. 304-311. Alega ilegitimidade passiva, pois apenas disponibiliza o convênio aos seus associados. Réplica às fls. 343-346. As partes requereram o julgamento antecipado da lide (fls. 340, 341, 350 e 351). Por haver interesse de incapaz, o Ministério Público se manifestou às fls. 355-363. Sustenta a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor e, por conseguinte, da inversão do ônus da prova. Aponta fatos incontroversos no presente caso e existência de dano moral. Oficia favoravelmente à procedência do pedido. Vieram os autos conclusos para sentença. Processo nº 2010.01.1.227266-8

Trata-se de ação de obrigação de fazer, com pedido de antecipação de tutela, distribuído por dependência aos autos do processo anteriormente relatado, em que o mesmo autor requer a condenação da ré (AMIL - ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL), sucessora da MEDIAL SAÚDE S/A, na obrigação de: autorizar o tratamento domiciliar de fisioterapia completa do autor, conforme plano anterior, ou seja, duas vezes ao dia; incluir todo o material necessário ao curativo do paciente, conforme suprimentos hospitalares; manter as "Balas" de Oxigênio, indispensáveis à respiração, ao invés de Aparelho Concentrador, solicitado pela Empresa-Ré. Narra ser beneficiário de Plano de Saúde prestado pela ré, estando submetido ao serviço home care e necessitando de fisioterapia motora e respiratória, capazes de prevenir futuras enfermidades, conforme relatório médico. Todavia, atualmente, somente um atendimento diário de fisioterapia está sendo ministrado ao requerente. Ressalta, ademais, que a empresa ré pretende substituir as "Balas de Oxigênio", que auxiliam na respiração e complementam o respirador, por um aparelho concentrador, supostamente menos dispendioso ao referido Plano, mas menos eficiente. Ainda, argumenta que, desde a transição do Plano de Saúde (da Medial Saúde S.A., ré no processo anterior, para a Amil, ora requerida), vem recebendo em menor quantidade o material necessário para realização dos curativos, dificultando drasticamente o bem-estar do paciente, conforme demonstram as fotos que acompanham a inicial. A antecipação dos efeitos da tutela foi concedida parcialmente às fls. 59-60. Citada, a ré ofertou contestação (fls. 78-85), alegando que não há previsão contratual de fornecimento do serviço de home care. No entanto, por liberalidade, tem prestado tal serviço ao autor, não se negando a custear os tratamentos necessários. Sustenta que não houve tentativa de retirada do aparelho respirador, mas sua substituição por equipamento convencional, uma vez que o utilizado era o de suporte de emergência. Requer seja o pedido julgado improcedente. Trouxe os documentos de fls. 86-144. O autor se manifestou em réplica (fls. 146-149). As partes requereram o julgamento antecipado da lide (fl. 153). Manifestou- o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (fls. 155-159), sustentando a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor e oficiando pela confirmação da antecipação dos efeitos da tutela, o que importa em procedência parcial do pedido. A seguir vieram os autos para sentença.

São os relatórios de ambos os processos. Decido. Realizo o julgamento simultâneo das demandas, em razão da conexão (artigo 103 do Código de Processo Civil), nos termos do artigo 105 do Código de Processo Civil. Processo nº 2010.01.1.006709-3. Promovo o julgamento antecipado da lide, como quer a dicção do art. 330, inciso I, do Código de Processo Civil. Analiso as preliminares de ilegitimidade passiva alegadas pelo réu INSTITUTO MUTSAÚDE e pela ré ASEFE. A relação jurídica estabelecida entre as partes é de natureza consumerista. A controvérsia deve ser solucionada sob o prisma do sistema jurídico autônomo instituído pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº 8.078/90), protetor da parte vulnerável da relação de consumo. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que o Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos contratos de plano de saúde (cf. Súmula 469). Nesse raciocínio, todos os fornecedores que tomam parte na cadeia negocial têm responsabilidade em caso de inadequação na prestação do serviço. Em situações como a dos autos, já decidiu o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO CONSUMIDOR. CONTRATO DE SEGURO SAÚDE. RELAÇÃO DE CONSUMO. PRELIMINAR. ILEGITIMIDADE PASSIVA. REJEIÇÃO. INTERNAÇÃO DO SEGURADO ANTERIOR AO INÍCIO DA VIGÊNCIA DO CONTRATO. PRAZO DE CARÊNCIA PARA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. 24 HORAS. DANOS MATERIAIS. CABIMENTO DE INDENIZAÇÃO. CUSTEIO DAS DESPESAS GERADAS APÓS CARÊNCIA. DANOS MORAIS. NÃO COMPROVAÇÃO. O CONTRATO DE SEGURO SAÚDE SUBMETE-SE AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E, EM RAZÃO DA APLICAÇÃO DA TEORIA DA APARÊNCIA, SÃO PARTES LEGÍTIMAS PARA COMPOR SOLIDARIAMENTE O PÓLO PASSIVO DA AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS TODAS AS PESSOAS JURÍDICAS QUE FIGURAM NA RELAÇÃO DE CONSUMO, INCLUSIVE A PESSOA JURÍDICA ESTIPULANTE E ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS, RESPONSÁVEL POR INTERMEDIAR A RELAÇÃO DE DIREITO

MATERIAL ENTRE O BENEFICIÁRIO DO PLANO DE SAÚDE E A OPERADORA, BEM COMO A PESSOA JURÍDICA TITULAR DA REDE REFERENCIADA DE ATENDIMENTO. (...). (Classe do Processo: APELAÇÃO CÍVEL 20100710204923APC DF; Registro do Acórdão Número: 620343; Data de Julgamento: 12/09/2012; Órgão Julgador: 6ª TURMA CÍVEL; Relator: ANA MARIA DUARTE AMARANTE BRITO; Publicação no DJU: 27/09/2012 Pág.: 161; Decisão: CONHECIDO. PARCIALMENTE PROVIDO. UNÂNIME). Grifei. CIVIL E PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. CONTRATO DE PLANO DE SAÚDE. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. SOLIDARIEDADE PASSIVA ENTRE ESTIPULANTE E SEGURADORA. TEORIA DA APARÊNCIA. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. LEGALIDADE. 1.TRATANDO-SE DE RELAÇÃO DE CONSUMO, NÃO SE COGITA A POSSIBILIDADE DE SER AFASTADA A RESPONSABILIZAÇÃO DE QUALQUER AGENTE QUE ATUE NA CADEIA NEGOCIAL EXISTENTE ENTRE O CONSUMIDOR E O FORNECEDOR, FICANDO EVIDENCIADA A RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE A SEGURADORA E O ESTIPULANTE, POR FORÇA DA APLICAÇÃO DA TEORIA DA APARÊNCIA. 2.VERIFICADA A PREVISÃO CONTRATUAL DE CANCELAMENTO DO CONTRATO DE PLANO DE SAÚDE A QUALQUER TEMPO E COMPROVADO O ENVIO DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA À SEGURADA, MOSTRA-SE LÍCITA A RESCISÃO UNILATERAL, NÃO SENDO POSSÍVEL DETERMINAR O RESTABELECIMENTO DO NEGÓCIO JURÍDICO SOB PENA DE AFRONTA AO PRINCÍPIO DO PACTA SUNT SERVANDA. 3.RECURSO DE APELAÇÃO E RECURSO ADESIVO CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS. (Classe do Processo: APELAÇÃO CÍVEL 20100110291527APC DF; Registro do Acórdão Número: 644060; Data de Julgamento: 13/12/2012; Órgão Julgador: 3ª TURMA CÍVEL; Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA; Publicação no DJU: 09/01/2013 Pág.: 161; Decisão: CONHECER. NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS. UNÂNIME). Grifei. Todos os réus admitem a existência do contrato em questão, sendo este um fato incontroverso. Assim, no presente caso, todos os requeridos possuem legitimidade para compor o polo passivo da demanda. Afasto, portanto, as preliminares de ilegitimidade passiva. No mérito, o pedido é parcialmente procedente.

Os fatos narrados na petição inicial são incontroversos. Todos os réus os admitiram nas contestações, ressalvando a controvérsia quanto à existência de danos morais oriundos dos fatos. A primeira ré (Medial Saúde) alega ter suspendido os serviços por conta da ausência de repasse por parte do segundo réu (Mutsaúde) dos valores descontados em folha de pagamento da titular do plano (filha do autor). No entanto, a ausência do repasse não pode prejudicar o consumidor, mormente em se tratando de plano de saúde, onde o serviço prestado objetiva a tutela da vida humana. Quanto à ASEFE, o documento de fls. 46-47 (Nota de Esclarecimento emitida por ela) demonstra que é a responsável pelo fornecimento do plano de saúde, ainda que através da Mutsaúde. A existência de cláusula contratual que afasta a cobertura do serviço home care é abusiva quando frustra a expectativa do consumidor em ter sua saúde e vida tuteladas. O sistema de home care, como é de conhecimento até mesmo entre leigos (como o juízo), apresenta como particularidade fundamental a viabilização de tratamento domiciliar que, em princípio, deveria ser prestado em ambiente hospitalar. Sob o ponto de vista do paciente, a recuperação é auxiliada pelo afastamento de focos de infecção hospitalar e pela sensível melhora do quadro psicológico, decorrência da proximidade com parentes e do retorno ao lar. O home care proporciona a saída do paciente do hospital em situações nas quais, no passado, ele prosseguiria internado, com redução de despesas para as operadoras, considerando os elevados custos hospitalares. Em casos como o dos autos, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios assim decidiu: AGRAVO DE INSTRUMENTO - ANTECIPAÇÃO DE TUTELA - PLANO DE SAÚDE - ATENDIMENTO DOMICILIAR (HOME CARE) - APLICAÇÃO DAS GARANTIAS CONSTICIONAIS DO DIREITO À VIDA E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - CUSTOS DOS MEDICAMENTOS - INTERNAÇÃO DOMICILIAR - CONFRONTO DE DIREITOS - DECISÃO MANTIDA. 1) - O ATENDIMENTO DOMICILIAR A PACIENTE QUE APRESENTA QUADRO CLÍNICO GRAVE, NECESSITANDO DE CUIDADOS DESSA NATUREZA POR RECOMENDAÇÃO MÉDICA, ENCONTRA FUNDAMENTO NO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, QUE PRECONIZA O DIREITO À VIDA E À SAÚDE E QUE DEVE INFORMAR A INTERPRETAÇÃO CONTRATUAL. 2) - AINDA QUE O CONTRATO NÃO AUTORIZE O ATENDIMENTO DOMICILIAR, NÃO SE PODE PERDER DE VISTA SEU PRÓPRIO OBJETO, QUE É A SAÚDE DO CONTRATANTE, ESTANDO SUJEITA À NULIDADE, CONFORME PRESCREVE ARTIGO 51, 1º, II DO CPC A RESTRIÇÃO A ESTE DIREITO FUNDAMENTAL. 3) - CONSIDERANDO QUE A AGRAVANTE DEVE ARCAR COM OS

CUSTOS DOS MEDICAMENTOS EM CASO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR DA AGRAVADA, ELA TAMBÉM DEVE SUPORTAR OS MESMOS CUSTOS DOS MEDICAMENTOS UTILIZADOS EM INTERNAÇÃO DOMICILIAR. 4) - NO CONFRONTO DE DIREITOS, O DE SE VER DE ALGUÉM AFASTADO O RISCO DE MORTE, O DE VER RESTABELECIDA SUA SAÚDE, E O DA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE NÃO PAGAR O QUE NÃO DEVE, NECESSÁRIO QUE PREVALEÇA O PRIMEIRO, QUE É O MAIS IMPORTANTE DELES. 5) - PRESENTE A VEROSSIMILHANÇA FUNDAMENTADAS NO DIREITO CONSTITUCIONAL À VIDA E À SAÚDE, E CARACTERIZADO O PERICULUM IN MORA EM FACE DO RISCO À PRÓPRIA SOBREVIVÊNCIA, PREENCHIDOS ESTÃO OS PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. 6) - RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (Classe do Processo: AGRAVO DE INSTRUMENTO 20120020273787AGI DF; Registro do Acórdão Número: 655773; Data de Julgamento: 20/02/2013; Órgão Julgador: 5ª TURMA CÍVEL; Relator: LUCIANO MOREIRA VASCONCELLOS; Publicação no DJU: 26/02/2013 Pág.: 115; Decisão: CONHECER. NEGAR PROVIMENTO. UNÂNIME). Grifei. AÇÃO COMINATÓRIA. SEGURO-SAÚDE. APLICAÇÃO DO CDC. TRATAMENTO HOME CARE. RESOLUÇÃO ANS 211/10. ENCERRAMENTO DE PLANO COLETIVO. CONTINUIDADE DA COBERTURA MEDIANTE PLANO INDIVIDUAL OU FAMILIAR. RESOLUÇÃO Nº 19 DO CONSELHO DE SAÚDE SUPLEMENTAR. DANO MORAL. HONORÁRIOS. I - AS OPERADORAS DE SEGURO-SAÚDE SE SUBMETEM ÀS NORMAS DO CDC QUANDO, NA QUALIDADE DE FORNECEDORAS, CONTRATAREM COM PESSOAS FÍSICAS OU JURÍDICAS DESTINATÁRIAS FINAIS DOS PRODUTOS OU SERVIÇOS. SÚMULA 469 DO E. STJ. II - O ART. 13 DA RESOLUÇÃO ANS 211/10 PREVÊ EXPRESSAMENTE AS CONDIÇÕES PARA O FORNECIMENTO DO SERVIÇO DE INTERNAÇÃO DOMICILIAR, QUANDO OFERECIDA EM SUBSTITUIÇÃO AO TRATAMENTO HOSPITALAR. III - É NULA A CLÁUSULA DO CONTRATO DE SEGURO-SAÚDE QUE EXCLUI O TRATAMENTO HOME CARE, NOS TERMOS DO INC. IV DO ART. 51 DO CDC. IV - O PLANO DE SAÚDE PODE ESTABELECER AS DOENÇAS QUE TERÃO COBERTURA, MAS NÃO O TIPO DE TRATAMENTO UTILIZADO PARA A CURA DE CADA UMA DELAS - RESP 668.216 DO C. STJ. V - A RESOLUÇÃO Nº 19 DO CONSELHO DE SAÚDE SUPLEMENTAR DISPÕE QUE PARA A ABSORÇÃO DO UNIVERSO DE BENEFICIÁRIOS PELAS OPERADORAS DE PLANOS E SEGUROS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE QUE OPERAM OU ADMINISTRAM PLANOS COLETIVOS QUE VIEREM A SER LIQUIDADOS OU ENCERRADOS, DEVERÁ SER REALIZADA MEDIANTE DISPONIBILIZAÇÃO DE PLANO OU SEGURO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE NA MODALIDADE INDIVIDUAL OU FAMILIAR. VI - O ENCERRAMENTO DO PLANO COLETIVO E A NEGATIVA DE CONCESSÃO DE PLANO INDIVIDUAL COM ISENÇÃO DE PRAZO DE CARÊNCIA, BEM COMO A NÃO AUTORIZAÇÃO PARA O REGIME DE INTERNAÇÃO FAMILIAR PARA TRATAMENTO DO PACIENTE, SOMENTE FORAM

REVERTIDAS EM CUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. É INEQUÍVOCO QUE TAIS CIRCUNSTÂNCIAS CAUSARAM ABALO PSÍQUICO, TEMOR, AFLIÇÃO, MEDO E ANGÚSTIA AO PACIENTE E SEUS FAMILIARES, QUE NÃO SE CONFUNDEM COM MEROS DISSABORES OU ABORRECIMENTOS. VII - A VALORAÇÃO DA COMPENSAÇÃO MORAL DEVE OBSERVAR O PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE, A GRAVIDADE E A REPERCUSSÃO DOS FATOS, A INTENSIDADE E OS EFEITOS DA LESÃO. A SANÇÃO, POR SUA VEZ, DEVE OBSERVAR A FINALIDADE DIDÁTICO- PEDAGÓGICA, EVITAR VALOR EXCESSIVO OU ÍNFIMO, E OBJETIVAR SEMPRE O DESESTÍMULO À CONDUTA LESIVA. MANTIDO O VALOR FIXADO NA R. SENTENÇA. VIII - NOS TERMOS DO ART. 20, 4º, DO CPC, OS HONORÁRIOS SERÃO FIXADOS MEDIANTE APRECIAÇÃO EQUITATIVA DO JUIZ, OBSERVADAS AS ALÍNEAS A, B E C, DO 3º. MANTIDO O VALOR DOS HONORÁRIOS. IX - APELAÇÕES DESPROVIDAS. (Classe do Processo: APELAÇÃO CÍVEL 20110111814872APC DF; Registro do Acórdão Número: 648775; Data de Julgamento: 23/01/2013; Órgão Julgador: 6ª TURMA CÍVEL; Relator: VERA ANDRIGHI; Publicação no DJU: 29/01/2013 Pág.: 204; Decisão: CONHECIDAS AS APELAÇÕES. DESPROVIDAS AS APELAÇÕES. UNÂNIME). Grifei. A gravidade do quadro clínico do autor, fato incontroverso, demanda o tratamento com o serviço home care, inclusive por prescrição médica. Portanto, os três réus possuem responsabilidade solidária, nos termos do artigo 25, 1º, do Código de Defesa do Consumidor, de proporcionar o adequado tratamento ao autor, de acordo com as prescrições médicas. Contudo, o dever direto de cobrir o tratamento é da primeira ré, conforme requerido na inicial. Mesmo porque a obrigação dos demais requeridos está relacionada à administração e repasse de valores pagos pelos titulares do plano. Com o não repasse, respondem solidariamente com a primeira ré na reparação do dano. Não é possível acolher o pedido de determinar ao segundo e terceiro réus que promovam o repasse das mensalidades, uma vez que a titular do plano não compõe o polo ativo da demanda. Quanto ao pedido de indenização por danos morais, merece guarida. A suspensão indevida da cobertura do tratamento médico em caso tão grave não gera mero dissabor ou aborrecimento. Tenho que o abalo psíquico sofrido com esse fato é passível de indenização por dano moral. Esse é o entendimento também do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios: PROCESSO CIVIL E CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. RELAÇÃO DE CONSUMO. TRATAMENTO NA MODALIDADE HOME CARE. NEGATIVA. ABUSIVIDADE. DANO MORAL. CONFIGURADO. I - A RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE OS PLANOS E SEGUROS

PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE E O SEGURADO É TIPICAMENTE DE CONSUMO, SUBMETENDO-SE AS REGRAS E PRINCÍPIOS DO CDC; II - O PLANO DE SAÚDE PODE ESTABELECER AS DOENÇAS QUE TERÃO COBERTURA, MAS NÃO O TIPO DE TRATAMENTO UTILIZADO PARA A CURA DE CADA UMA DELAS - RESP 668.216 DO C. STJ. III - A CLÁUSULA DO CONTRATO QUE RESTRINGE DIREITOS INERENTES À NATUREZA DO NEGÓCIO JURÍDICO, IMPOSSIBILITANDO A REALIZAÇÃO PLENA DO SEU OBJETO E FRUSTRANDO AS LEGÍTIMAS EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR, É MANIFESTAMENTE NULA, PORQUANTO ABUSIVA. IV - A NEGATIVA DE ATENDIMENTO E COBERTURA DO PLANO DE SAÚDE INDUBITAVELMENTE CAUSA SOFRIMENTO, COM ABALO À DIGNIDADE E À HONRA. V - NEGOU-SE PROVIMENTO AO RECURSO. (Classe do Processo: APELAÇÃO CÍVEL 20110710305930APC DF; Registro do Acórdão Número: 612125; Data de Julgamento: 15/08/2012; Órgão Julgador: 6ª TURMA CÍVEL; Relator: JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA; Publicação no DJU: 23/08/2012 Pág.: 156; Decisão: CONHECIDO. DESPROVIDO. UNÂNIME.). E o montante indenizável por dano moral será fixado por meio de um juízo de equidade, de sorte a propiciar uma compensação para o lesado e uma punição para o agente lesante, visando coibir reincidências, mas, em hipótese alguma, deve-se permitir sua utilização como fonte de enriquecimento sem causa. Na fixação do valor da indenização, deve-se levar em conta as circunstâncias da causa, o grau de culpa, bem como a condição sócio-econômica do ofendido, não podendo ser ínfima, para não representar ausência de efetiva sanção ao ofensor, nem excessiva, para não constituir enriquecimento sem causa do ofendido. Nas circunstâncias do caso o arbitramento de dez mil reais a serem pagas por cada réu (conforme requerido pelo autor) não se mostra dentro dos padrões acima referidos. Nesse sentido está a doutrina. Tanto que discorrendo sobre o dano moral e o valor da respectiva indenização, preleciona Carlos Roberto Gonçalves que cabe ao juiz, "em cada caso, valendo-se dos poderes que lhe confere o estatuto processual vigente (arts. 125 e s.), dos parâmetros traçados em algumas leis e pela jurisprudência, bem como pelas regras de experiência, analisar as diversas circunstâncias fáticas e fixar indenização adequada aos valores em causa". Atento a esses parâmetros, fixo o valor da indenização a ser paga, solidariamente, pelos requeridos em R$ 6.000,00 (seis mil reais). Processo nº 2010.01.1.227266-8.

Promovo o julgamento antecipado da lide, como quer a dicção do art. 330, inciso I, do Código de Processo Civil. A existência do contrato de plano de saúde entre as partes e a necessidade dos cuidados especiais que tem o autor são fatos incontroversos, pois admitidos pela ré. Esta, contudo, nega o dever de custear o tratamento na modalidade home care, por ausência de previsão contratual, afirmando que, apesar disso, o faz por mera liberalidade, não tendo em nenhum momento recusado a cobertura de custos. Para não ser repetitivo, faço remissão à fundamentação acima relativa aos autos em apenso quanto à previsão contratual que exclua o tratamento adequado. A ré, ao cobrir os custos com o home care, no presente caso, não o faz por liberalidade, por cumprimento de um dever jurídico. Por outro lado, no caso dos autos não trouxe o autor qualquer documento que confirmasse a suposta pretensão da ré de substituir as "Balas de Oxigênio" ou mesmo prescrição médica que recomende procedimento fisioterápico em quantidade superior àquele que vem sendo ministrado. É certo, também, que somente o profissional da área médica possui capacidade técnica para dizer qual o tratamento mais adequado ao autor e os equipamentos que deverão ser utilizados na terapêutica. Portanto, deverá a ré cobrir as despesas com o tratamento adequado do autor. E tratamento adequado é aquele prescrito pelo médico. Dispositivo para os dois processos. Diante do exposto: 1. (Processo nº 2010.01.1.006709-3) JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS para a) condenar a primeira ré (MEDIAL SAÚDE S. A.) a cobrir os custos com os exames de que necessita o autor (Hemograma, PCR, Hemocultura, VHS, EAS, Urocultura, Sódio, Potássio, Creatinina), com a susbtituição da sonda gástrica e com o serviço de home care. Tal cobertura deve ser suportada pela ré MEDIAL SAÚDE S. A. até a data em que foi parte no contrato; b) condenar os réus, solidariamente, a pagar ao autor a quantia de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a título de danos morais. Sobre tais valores deverão incidir correção monetária a partir desta data e juros de 1% ao mês a partir da citação. Considerando a sucumbência mínima do autor, condeno os réus ao pagamento das custas processuais, pro rata, e de honorários advocatícios equivalentes a 10% sobre o valor da

condenação, nos moldes do 3º do artigo 20 do CPC e atendendo ao enunciado da súmula 326 do Superior Tribunal de Justiça. Advirto, ainda, os réus, para observância de que, após o trânsito em julgado da presente sentença, terão o prazo de 15 (quinze) dias para cumprimento voluntário da obrigação, sob pena de multa de 10% (dez por cento) sobre o débito, na forma do art. 475-J do CPC. 2. (Processo nº 2010.01.1.227266-8) JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO, CONFIRMANDO A ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, para condenar a requerida na obrigação de abster-se de adotar medidas relacionadas ao tratamento do autor sem que haja prévio relatório médico atestando a necessidade de alteração, bem como na obrigação de autorizar todos os procedimentos recomendados pelo profissional médico, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), limitada ao teto de limitada ao teto de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) sem prejuízo de outras medidas judiciais cabíveis. Ante a sucumbência recíproca, arcarão as partes com os honorários de seus respectivos patronos e com as custas processuais pro rata. Ressalvo que a exigibilidade de tais verbas, quanto ao autor, deverá ficar suspensa na forma prevista no artigo 12 da Lei nº 1.060/50, uma vez que é beneficiário da gratuidade de justiça. 3. Oportunamente, transitada em julgada, não havendo outros requerimentos, intimando-se ao recolhimento das custas em aberto, dê-se baixa e arquivem-se. Sentença registrada nesta data. Publique-se. Intimem-se. Brasília - DF, sexta-feira, 22 de março de 2013. GILMAR DE JESUS GOMES DA SILVA Juiz de Direito Substituto