MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS 4 PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO - CRSNSP 2O9 Sessão Recurso n 5994 Processo SUSEP n 15414.100180/2007-19 RECORRENTE: RECORRIDA: DBASIS CORRETORA DE SEGUROS E MARLY APARECIDA MACHADO ESTE VES SUPERINI'ENDNCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP EMENTA: RECtJRSO ADMINISTRATIVO. Denúncia. Não repasse à seguradora do prêmio recebido do segurado. Recurso conhecido e provido parcialmente. PENALIDADE ORIGINAL: Cancelamento de registro. BASE NORMATIVA: Art. 127 do I)ecreto-Lei n 73/66. ACÓRDÃO/CRSNSP N 5141/15. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decidem os membros do Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados. de Previdência Privada Aberta e de Capitalização, por unanimidade, nos termos do voto da Relatora e com esteio no art. 56 da Resolução CNSP n 243/20 1 1: (i) conhecer e dar provimento parcial ao recurso da DBASIS Corretora de Seguros, para convolar a penalidade de cancelamento de registro em multa no valor de R$ 30.00000 e (ii) conhecer e dar provimento parcial ao recurso de Mariy Aparecida Machado Esteves, para convolar a penalidade de cancelamento de registro em muita no valor de R$ 10.000,00. Participaram do julgamento os Conselheiros Ana Maria Meio Netto Oliveira, Claudio Carvalho Pacheco, Carmen Diva Beltrão Monteiro, Washington Luis Bezerra da Silva e Marcelo Augusto Camacho Rocha. Presentes o Senhor Representante da Procuradoria-Gerai da Fazenda Nacional, Dr. José Eduardo de Araújo I)uarte, e a Secretária-Executiva, Senhora Theresa Christina Cunha Martins. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Paulo Antonio Costa de Almeida Penido e Henrique Finco Mariani. Sala das Sessões (RJ), 2 de fevereiro de 2015. /- /-- /ANA MAkIA MELO NETTO OLIVEIRA Presidente e Rela ra JÇ SE EDUA DE ARAÚJO DUARTE curador da Fazenda Nacional
ri MINISTÉRIo DA FAZENDA CONSELHo DE RI:CURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE IREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO RECURSO CRSNSP N 5994 PROCESSO SL'SEI N 15414.100180/2007-19 RECORRENTE: DBASIS CORRETORA DE SEGUROS e MARLY APARECIDA MACI lado ESTEVES RELATORA: ANA MARIA MELO NETT() OLIVEIRA o RELATÓRIO Trata-se de processo instaurado para apurar reclamação contra D{3ASIS CORRETORA DE SEGUROS e a corretora responsável MARLY APARECIDA MACHADO ESTEVFS, por prejuízos acarretados a segurado, com infração ao art. 127 do Decreto-Lei n 73/66. A reclamação foi feita pela seguradora Mapfre Vera Cruz, relatando que a corretora emitiu proposta para seguro de veículo tipo caminhão baú ao cliente Carlos Vasquez Dizzio pelo valor de R$ 4.944.00, pagos em 04 parcelas, sendo a primeira em dinheiro e as demais em cheque. todas no valor de RS 1.23 600 (tis. 9/10). Posteriormente, apresentou à seguradora uma proposta de pagamento de prêmio em ID parcelas, todas em débito em conta, sendo que nenhuma delas foi paga. A seguradora apurou que a conta corrente era da titularidade do Sr. Carlos Alberto V. Barros Esteves. um dos sócios da empresa corretora. Em virtude do procedimento adotado pela corretora, a proposta apresentada foi cancelada por falta de pagamento, e, portanto, seu cliente não obteve a cobertura securitária que contratou. Apesar disso, a corretora emitiu apólice de seguro indicando a forma de pagamento inicialinente definido com seu cliente, indicado a Mapfre como garantidora do seguro, tendo inclusive emitido carteirinha da Mapfre para o "segurado" (ti. II). A seguradora protocolou no! ilia criminis junto ao 110 Distrito Policial. requerendo a instauração de inquérito policial. Em defesas de lis. 24/31 e 48/55. respectivamente, a corretora responsável Marly Aparecida Machado Esteves e a DBASIS corretora alegaram serem inverídicas as informações prestadas pela seguradora. Informam que a intermediação do seguro do cliente efetivamente foi feita pela Corretora, por um ex-funcionário de nome l)enílson, que negociou diretamente com o segurado sobre preço e condições do contrato. Os cheques nos valores de R$ 1.236,00 foram emitidos por Nelma Santos Pereira (Ii. 36). Aduz que a Mapfre não aceita pagamento do prêmio com cheque de terceiros. pelo que foi indicada conta corrente do sócio da corretora para recebimento dos débitos. Após o recebimento da apólice, a Corretora teria constatado divergências entre esta e o que fora contratado pelo
CRSNSP RECURSO N 5994 segurado. Consultou então o funcionário Denílson, que não soube explicar as razões da divergência, aventando a possibilidade de equívoco na transmissão eletrônica cia proposta. A Corretora reportou o ocorrido a seu cliente, comprometendo-se a emitir nova apólice, arcando com todas as difèrenças. O segurado, portanto, tomou ciência das novas condições. com as quais aquiesceu, não tendo suportado nenhum prejuízo. A nova apólice foi emitida pela Mapfre. ti. 4 1. por um prêmio de R$ 5.285.58. superior ao pago pelo segurado, tendo a Corretora assumido todos os prejuízos. Acrescenta que em nenhum momento o bem ficou descoberto, tendo em vista que. face ao pagamento da primeira parcela, a primeira apólice teve cancelamento somente após a vigência da segunda apólice. Entende que não há óbice legal à emissão de carleirinha pela Corretora, o que visa a facilitar o contato do segurado, que já teria inclusive utilizado os serviços da corretora para obter assistência 24 horas que estava sendo recusada pela seguradora. Requer a concessão de atenuantes. A seguradora, em nova petição de fis. 61/63, afirma que jamais atribuiu à corretora a prática de qualquer ato irregular. tendo apenas solicitado a apuração da conduta. a pedido do segurado. Esclarece que a primeira apólice vigeu até 1 8/05/2006. e a segunda apólice, emitida por solicitação do corretor, passou a viger a partir de 3 1/07/06, tendo o bem permanecido sem cobertura por 74 dias. A seguradora não pôde localizar a nova apólice em seus registros por divergências quanto ao nome do segurado, chassi e placa do veículo. A emissão da apólice de lis. 9/10, com timbre da Corretora, seria absolutamente irregular. porque não foi emitida pela seguradora e não corresponde ao que foi contratado. As acusadas. em petição de lis. 74/75, contestam a afirmação da seguradora de que o bem teria ficado descoberto, tendo em vista que o vencimento da segunda parcela da primeira apólice se daria em 28.07.2006, e a vistoria referente à segunda apólice foi realizada em 29.07.2006 (fl. 76). Os erros de nome, placa e chassi foram corrigidos por meio de endossos de lis. 82/86. A SUSEP requer nova manifestação da seguradora, que, em petição de lis. 90/92, alega que a Corretora está desviando o foco da questão principal, que é o. recebimento de um prêmio de RS 4.944,10, referente à primeira apólice, com repasse de apenas R$ 699,50 à seguradora. A segunda parcela da primeira apólice, conforme documento de ti. 67. venceu em 08/0712006, tendo o veículo ficado sem cobertura por um razoável período. O parecer técnico de tis. 99/103, com o qual concorda o parecer jurídico de ti. 105/107, aponta as divergências entre a primeira proposta e a primeira apólice emitida pela Corretora, que vigeu somente até 18/05/2006. A segunda apólice, emitida por solicitação do corretor, teve vigência a partir de 3 1/07/2006. demonstrando-se o prejuízo ao segurado pelo tempo durante o qual o bem íicou sem cobertura. Ademais, comprovou-se que a Corretora recebeu a primeira parcela referente ao prêmio da primeira apólice no valor de R 1.236.00 em espécie e não repassou integralmente o valor à seguradora. Conclui ter havido prática de ato nocivo à política de seguros, tendo em vista que a Corretora emitiu apólice com dados falsos, manipulando informações e usando indevidamente o nome da seguradora. 2
CRSNSP RECURSo N 5994 Os autos foram submetidos ao Conselho Diretor da SLJSEP que. em decisão datada de 03.09.2010. julgou procedente a denúncia aplicando aos acusados a penalidade de cancelamento de registro, nos termos do inciso 1 do art. 42 da Resolução CNSI n 60/200 1. Intimados da decisão condenatória em 31.01.201 1 (lis. 161/162) os acusados recorreram ao CRSNSP em 02.03.2011. (fis. 141 / 159). Alegam que em nenhum momento houve a participação da corretora Marly Aparecida na conduta. Renovam os argumentos anteriores, inclusive reiterando que o veículo não ficou descoberto, invocando jurisprudência do STJ no sentido de que o atraso no pagamento do prêmio não gera automaticamente o cancelamento do seguro, havendo necessidade de expressa notificação do segurado. Invoca o Enunciado n 1, aprovado na 7a Sessão do C'RSNSP, alegando a desproporcionalidade na aplicação da penalidade de cancelamento de registro. Requer a. convolação da penalidade aplicada em multa pecuniária, e a concessão de efeito suspensivo ao recurso. A representação da PGFN junto ao CRSNSP, chamada a opinar sobre o feito nos termos regimentais, opinou pelo não conhecimento do recurso, entendendo-o intempestivo e, no mérito, pelo seu desprovimento, a fim de que seja mantida a penalidade de cancelamento. É o relatório. Brasília. 16 de outubro de 2014. a h 1 ANA ARIA MELO NETTO OLIVEIRA Conselheira Relatora Representante do Miii istério da Fazenda
bo MINISTÉRI(1) 1)A FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS I'RIVADOS, l)e I'REVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E I)E CAPITALIZAÇÃo RECURSO CRSNSP N 5994 PROCESSO StJSEPN 15414.100180/2007-19 RECORRENTE: D[3ASIS CORRETORA DE SEGUROS e MARLY MACHADO ESTEVES APARECIDA RELA1'ORA: ANA MARIA MEL() NE1IO OLIVEIRA VOTO S 1 n icialmente. cumpre registrar que, a despeito da respeitável mani 1stação da Procuradoria da Fazenda Nacional junto a este Conselho, não vislumbro intempestividade no presente caso. Os acusados Ibram intimados da decisão a quo e da íacu Idade de interpor recurso ao CRSNSP no prazo de 30 (trinta) dias. 31.01.2011 (lis, ló 1/162) e apresentaram recurso a este Conselho em 02.03.2011. (f1. 141/159). portanto, exatamente no trigésimo dia do prazo. Dessa forma. conheço o recurso. No mérito, entendo que a infração está deviclamente caracterizada. Embora tenha a seguradora e a corretora apresentado versões diferentes para a interpretação dos latos, o cerne da discussão é incontroverso: a corretora recebeu de seu cliente 04 parcelas de R$ 1.236.00. sendo a primeira em dinheiro e as demais em cheque, e repassou à seguradora apenas o valor de R$ 699.50, alterando a proposta original do segurado. O prejuízo ao segurado também está caracterizado, na medida em que teve o seu bem descoberto por razoável período de tempo. tendo que se submeter a novos. procedimentos para que a corretora regularizasse o seu seguro. Em que pesem essas constatações. entendo que a corretora buscou os meios possíveis para mitigar os prejuízos a seu cliente. Estão demonstradas nos autos a emissão de nova apólice, a pedido da corretora, em valor superior ao original. custeado pela corretora (li. 4 1). bem como a correção dos erros retèrentes à segunda apólice (ii. 82/86). tendo a própria seguradora verilicado que. com a emissão da segunda apólice, o segurado passou a constar de seus cadastros. 'ais latos, não ilidem, em absoluto. a responsabilidade dos recorrentes. mas servem ao propósito de demonstrar a verossimilhança das alegações da corretora. devendose sopesar as medidas de reparação adotadas para mitigar os danos ao se estabelecer a dosimetria da penalidade. sob pena de se adotar indistintamente a "pena capital" do cancelamento de registro equiparando-se situações de extrema gravidade, desídia e má-íé e outras que demonstram boa-fé na tentativa de corrigir o problema ocorrido, como se veri lica tio presente caso.
CRSNSP RECURSo N 5994 Diante do exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento parcial. para, em relação à recorrente DBASIS (TORREft)Ri\ DE SEGUROS. convolar a penalftlade de cancelamento de registro em multa de RS 30.000.00 (trinta mil reais), e. em relação à recoitente MARLY APARECIE)A MAC'I-iADO ESTEVES. convolar a penaliclade de cancelamento de registro em multa de RS 10.000.00 (dez mil reais), nos termos do art. 56 da Resolução CNSP n 243/2011. Em 2 de fivereiro de 2015. $ L4: t1vc iuí ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA Conselheira Relatora Representante do Ministério cia Fazenda