PENALIDADE ORIGINAL: Multa no valor de R$ 5.000,00. Sala das Sessões (RJ), 2 de fevereiro de ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA PresidenteÁ Relatora

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1 3á2o MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO - CRSNSP 2O9 Sessão Recurso n 6443 Processo SUSEP n / RECORRENTE: RECORRIDA: ALMEIDA GOMES ADMINISTRADORA E CORRETORA DE SEGUROS LTDA SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP EMENTA: RECURSO ADMINISTRATIVO. Denúncia. Apropriação indevida dos valores dos prêmios pagos pelo segurado. Recurso conhecido e improvido. PENALIDADE ORIGINAL: Multa no valor de R$ 5.000,00. BASE NORMATIVA: Art. 126 do Decreto-Lei n 73/66. ACÓRDÃO/CRSNSP N 5163/15. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decidem os membros do Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização, por unanimidade, negar provimento ao recurso da Almeida Gomes Administradora e Corretora de Seguros Ltda, nos termos do voto da Relatora. Participaram do julgamento os Conselheiros Ana Maria Melo Netto Oliveira, Claudio Carvalho Pacheco, Carmen Diva Beltrão Monteiro, Washington Luis Bezerra da Silva e Marcelo Augusto Camacho Rocha. Presentes o Senhor Representante da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dr. José Eduardo de Araújo Duarte, e a Secretária-Executiva, Senhora Theresa Christina Cunha Martins. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Paulo Antonio Costa de Almeida Penido e Henrique Finco Mariani. Sala das Sessões (RJ), 2 de fevereiro de ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA PresidenteÁ Relatora josé ED!)A1DO DE ARAÚJO DUARTE Prurador da Fazenda Nacional

2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO RECURSO CRSNSP N 6443 PROCESSO SUSEP N / RECORRENTE: ALMEIDA GOMES ADM. E CORRETORA DE SEGUROS LTDA. RELATORA: ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA RELATÓRIO Trata-se de processo instaurado para apurar reclamação contra ALMEIDA GOMES ADM. E CORRETORA DE SEGUROS LTDA., por ato noviço à atividade de seguros, com prejuízo ao segurado. Segundo a reclamação de fis.1/2, a segurada teria contratado o seguro de automóvel da Unibanco AIG por 5 parcelas iguais de R$ 210,34, tendo pago a primeira parcela à vista e as demais por meio de boleto bancário emitido pela corretora para pagamento em nome de ALMEIDA GOMES SEGUROS. No ano seguinte, durante a negociação para renovação do seguro, constatou que o valor que constava da apólice em vigor era de 5 parcelas de R$ 150,34, substancialmente inferior ao valor cobrado pela corretora nos boletos emitidos. Ao questionar a corretora, foi informada de que se trataria de comissão pela venda de seguro. A apuração pela SUSEP iniciou-se tendo como objeto a infração pelo não recolhimento, à seguradora, da totalidade do prêmio recebido do segurado. Ocorre que o Parecer do DIFIS de lis. 252/254, ao examinar a defesa da reclamada, constatou a existência de um contraio de prestação de serviços de consultoria em redução de riscos e assiskncia em sinistros", (fi. 194), que prevê assessoria e consultoria em análise e identificação de risco a uni preço correspondente a 10% sobre o valor do prêmio do seguro contratado, serviço de assessoria em vistorias, acompanhamento de sinistros e consultoria em processos de indenização, pelo valor de R$ 224,81. Computando-se esses valores, ao valor do prêmio, chegar-se-ia ao valor final de R$ 210,34, que corresponde àquele efetivamente cobrado pela corretora, donde se constatou que não teria havido a alegada retenção indevida. No entanto, considerado que os serviços previstos no mencionado contrato seriam típicos da atividade de corretagem, usualmente prestados sem qualquer cobrança de taxa adicional, entendeu a Autarquia que teria havido indução da segurada em erro, causando-lhe prejuízo, em atitude nociva à política de seguros. Dessa forma, teria a corretora incorrido na conduta vedada pelos artigos 126 e 127 do Decreto-Lei n 73/66. Foi

3 CRSNSP RECURSO N 6443 proposto, ainda, o apensamento deste processo ao Processo SUSEP n / , à ri Ato contínuo, procedeu-se à regular intimação da reclamada para defender-se dos novos termos da acusação. Em sede de defesa, a reclamada pugnou pelo apensamento do processo ao / , por conexão. Alegou que haveria inobservância do mandamento contido no art. 42 da Resolução CNSP n 186/2008, tendo em vista que não haveria identificação suficiente do denunciante, da suposta infração cometida e dos elementos de prova em que teria se baseado a denunciante. Alega a ilegitimidade da Comissão de Ética Intersindical de Seguros do Estado de Minas Gerais para representar o consumidor final, tendo sido a denúncia apresentada por parte ilegítima. Sustenta que teria havido a perda de objeto do presente processo haja vista o pedido de arquivamento apresentado pela reclamante, que teria perdido interesse na causa, por já terem sido reparados eventuais prejuízos por meio da celebração de acordo com a corretora. Acrescenta que, como demonstram os documentos dos autos, a consumidora, quando da contratação do seguro, tinha plena ciência dos valores que estavam sendo pagos a título de prêmio, além de ter conhecimento de que também estava contratando a assessoria da empresa Almeida Gomes. nos termos do contrato de prestação de serviços, que havia sido assinado pelas partes, tendo a corretora emitido recibo da quantia paga pelo valor total do prêmio e do referido contrato. Requer, alternativamente, a aplicação da penalidade de advertência. O novo parecer do DIFIS, de fis. 292/295, opina pela procedência da reclamação, sustentando: Conveniência de apensar o presente processo ao processo / , a fim de que se evitem decisões conflitantes, embora as reclamações apuradas sejam independentes, e mereçam julgamentos autônomos; Poder-dever da Autarquia para apurar o cometimento de infração ao Sistema Nacional de Seguros Privados, devendo proceder diante de qualquer denúncia ou reclamação recebida, sendo desnecessário perquirir legitimidade do denunciante ou reclamante, ou ainda eventual interesse na causa em virtude de transação posterior com a reclamada, uma vez que a apuração de irregularidade atende ao interesse público, e não ao interesse particular; Os serviços prestados pela reclamante, que eram objeto de cobrança além do valor do prêmio, são típicos da atividade de corretagem de seguros, já remunerados por meio da comissão de corretagem paga pelas seguradoras. 1-louve indução da segurada a erro e oneração da segurada, fazendo-lhe crer que a contratação de seguro é muito mais dispendiosa do que efetivamente é, o que prejudicaria o desenvolvimento do mercado de seguros; Sugere a aplicação de pena pecuniária, nos termos do art. 57 da Resolução CNSI n 243/

4 364 CRSNSP RECURSO N 6443 O parecer jurídico de fis. 296/297 concorda com os fundamentos do parecer técnico, mas discorda da aplicação da pena pecuniária, sugerindo a aplicação da penalidade de cancelamento de registro, ante a gravidade da infração e a ocorrência de danos ao denunciante. Em decisão datada de 30 de novembro de 2012 (fi. 303), o Coordenador da Coordenação-Geral de Julgamentos julgou procedente a denúncia, aplicando à corretora a penalidade de multa no valor de R$ 5.000,00, reconhecendo a retroatividade da norma mais benéfica introduzida pelo art. 57 da Resolução CNSP n 243/2011. Intimada da decisão condenatória, a Corretora recorreu ao CRSNSP (fls. 313/330), alegando, preliminarmente, a ilegitimidade passiva da recorrente ALMEIDA GOMES ADMINISTRADORA E CORRETORA DE SEGUROS LTDA. para responder ao processo, eis que a segurada teria contratado a ALMEIDA GOMES PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA, que é empresa distinta. Afirma que a empresa prestadora de serviços não estaria sujeita à fiscalização da SUSEP, porque não é empresa do ramo de seguros. Reitera os demais argumentos apresentados em sede de defesa, reforçando que não houve irregularidade porquanto legítima a cobrança pelo serviço diferenciado que prestava ao consumidor. Ao examinar, em sede de reconsideração, os argumentos da recorrente, o parecer do DIFIS de fi. 333 refutou a preliminar aventada no recurso, afirmando: "(..) não há Como dissociar o vínculo entre as duas empresas. O contrato de assistência foi realizado pela ALMEIDA GOMES ADMINISTRADORA E PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA. fi. 194, em 21 de julho de 2006, mesma data em que fbi assinada a proposta de seguro defi. /95, mesma da/a e mesmo local, pois se observa que o endereço da rejèrida empresa era o mesmo da recorrente à época dos fatos, fi. 194 e fi. 16. A relação entre as empresas é tamanha que a negociação dos valores a serem pagos pelo segurado ocorreu considerando o valor do prêmio mais o valor da "assistência ",.fl. 194, sendo que o prêmio deveria ser recebido pela Corretora. A obrigação da Corre/ora nesse caso seria, inclusive, de zelar pela não realização do referido contrato, uma vez que os serviços vendidos como "assistência" ao segurado já flizem parte das obrigações envolvendo a corretora e a seguradora, quando da celebração de um contrato de seguro". A representação da PGFN junto ao CRSNSP, chamada a opinar sobre o feito nos termos regimentais, opinou pelo conhecimento do recurso e, no mérito, pelo seu desprovimento. É o relatório.,.. Brasília, 16 de outubro de ANA MÁ IA MELO NET OLIVEIRA Conselheira Relatora Representante do Ministério da Fazenda 3

5 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRiVADOS, DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO RECURSO CRSNSP N 6443 PROCESSO SUSEP N / RECORRENTE: ALMEIDA GOMES ADM. E CORRETORA DE SEGUROS LTDA. RELATORA: ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA VOTO Preliminarmente. impende examinar a alegação de ilegitimidade passiva da recorrente ALMEIDA GOMES ADMINISTRADORA E CORRETORA DE SEGUROS LTDA. para responder ao processo, eis que a segurada teria contratado a ALMEIDA GOMES PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA, que é empresa distinta. Inicialmente, registra-se que, tendo a Corretora respondido a todas as intimações anteriores neste processo, aventou a pretensa ilegitimidade apenas em sede recursal. Além dos argumentos trazidos pela análise do DIFIS de fi. 333, que destaca a indissociabilidade entre as duas entidades, observa-se que o documento de fi. 5, denominado "Certificado de Apólice Compreensiva de Seguro de Automóveis", que o lançamento e recebimento das quantias pagas pela segurada "a título de prêmios e emolumentos", é expedido pela própria corretora, não tendo como se esquivar de sua participação na conduta, porquanto atestou a cobrança pelo serviço, ainda que a "prestadora" dos tais serviços de assessoria pudesse ser pessoa jurídica registrada sob diferente CNPJ. Quanto às demais preliminares alegadas, quais sejam, não submissão à fiscalização da SUSEP, ilegitimidade do denunciante, inobservância do comando do art. 42 da Resolução CNSP n 186/2008, perda de objeto do presente processo haja vista a superveniente perda de interesse na causa pela reclamante, entendo que tais alegações foram devidamente examinadas e rechaçadas pelo Parecer PGFN/CAF/CRSNSP/ME N 6365/20 13, de fis. 336/338, e pelo Parecer SUSEP/DIFIS/CGJUL/COAIP/N 481/12, de fis. 292/285, pelo que integro a fundamentação neles contida à presente decisão, como sua motivação, nos termos do lo do art. 50 da Lei n 9.784/99. No mérito, entendo que a materialidade está devidarnente comprovada. O art. 127 do Decreto-Lei n 73/66 determina que "caberá responsabilidade, perante a SUSEP, ao corretor que deixar de cumprir as leis, regulamentos e resoluções em vigor, ou que der causa dolosa ou culposa a prejuízos às Sociedades Seguradoras 01, aos segurados". Ainda

6 Ik C RSN SP RECURSO N 6443 que houvesse ciência e anuência da segurada quanto à cobrança por serviços adicionais ao prêmio de seguro, fato é que a cobrança se deu por atos inerentes à atividade de corretagem, o que é vedado. Entendo que a aplicação da pena pecuniária de R$ 5.000,00, prevista art. 57 da Resolução CNSP /2011, é adequada e proporcional à conduta em exame. Dessa forma, nego provimento ao recurso. É o voto. Em 02 de fevereiro de ( \&N'A ML&FA MELO \rt OL NETT O OLIVEIRA Conselheira Relatora Representante do Ministério da Fazenda.(ii. z_ / L IL OÀ