Gabinete do Desembargador Fausto Moreira Diniz 6ª Câmara Cível



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Transcrição:

APELAÇÃO CÍVEL Nº 398279-07.2008.8.09.0174 (200893982792) COMARCA DE SENADOR CANEDO APELANTE : JOAQUIM CÂNDIDO DA SILVA APELADO : MINISTÉRIO PÚBLICO RELATOR : DES. FAUSTO MOREIRA DINIZ RELATÓRIO Trata-se de recurso de apelação cível interposto por JOAQUIM CÂNDIDO DA SILVA contra sentença (f. 181/188) proferida pelo MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Cível, Criminal, Fazenda Pública, Registros Públicos e Ambiental da comarca de Senador Canedo, Dr. Leonardo Fleury Curado Dias, nos autos da ação civil pública por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO em face de JUCELINO BRAZ DE CASTRO e JOAQUIM CÂNDIDO DA SILVA. Na peça inicial, narrou o autor que, (...) ac 398279-07 1

desde o ano de 2002, o prefeito municipal Jucelino Braz de Castro firmou contrato de locação com o senhor Joaquim Candido da Silva, para a locação de salas comerciais no município de Caldazinha, em total afronta à Lei Orgânica do Município de Caldazinha, porquanto o locatário é parente por afinidade da vereadora Luzia Lopes. (sic, f. 03). Aduziu que o fato agride o princípio da legalidade, vez que a Lei Orgânica de Caldazinha veda a contração pelo município de qualquer parente afim ou consanguíneo do prefeito, vice-prefeito ou vereador. Discorreu sobre os atos de improbidade administrativa, ressaltando que a contratação realizada pelo prefeito municipal, afronta aos princípios constitucionais e legais que regem a administração, trazendo à colação julgados neste sentido. Ao final, pugnou o Ministério Público que seja... Reconhecida a prática de ato de improbidade administrativa tipificado no artigo 11, caput e inciso I, da Lei nº 8.429/92, condenar o Sr. JUCELINO BRAZ DE CASTRO, e JOAQUIM CANDIDO DA SILVA aplicando-se as sanções dispostas no artigo 12, inciso III, da Lei nº 8.429/92... (sic, f. 13). 15/82. Colacionou aos autos os documentos de f. ac 398279-07 2

Recebida a inicial (f. 103/106), não foi possível a citação do primeiro requerido Jucelino Braz de Castro, conforme certidão de f. 111, já o segundo requerido, Joaquim Cândido da Silva foi citado apresentando contestação às f. 114/121. A impugnação à contestação é vista às f. 138/144, que, além de rebater todos os termos da peça contestatória, informa o falecimento do ex-prefeito Jucelino Braz de Castro, pugnando pela sua exclusão do polo passivo da demanda. Pelo despacho de f. 145 o magistrado a quo determinou a notificação do cartório de registro civil para que informasse sobre o mencionado falecimento da parte, designando, em seguida, audiência de instrução e julgamento. Em f. 148 foi juntada a certidão de óbito de JUCELINO BRAZ DE CASTRO, ocorrido em 13/11/2009. Realizada a audiência de instrução, foram ouvidas duas testemunhas arrolados pelo 2º requerido (f. 166/168). Após, o autor apresentou alegações finais (f. 170/178). Finalizada a instrução processual, o ac 398279-07 3

magistrado a quo proferiu sentença às f. 181/188, na qual, preliminarmente, excluiu o primeiro requerido Jucelino Braz de Castro do polo passivo da demanda, ao fundamento de que... Tratando-se de ação civil pública por ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios norteadores da Administração Pública, não há que se falar em habilitação dos sucessores, tendo em vista, que neste caso, a ação não visa ao ressarcimento ao erário. (sic, f. 183) No mérito, julgou, com fundamento no artigo 11, caput e inciso I, c/c artigo 12, inciso III, todos da Lei Federal nº 8.429/92,... procedente o pedido do autor, para condenar o requerido JOAQUIM CANDIDO DA SILVA ao pagamento de multa civil de R$ 2.000,00 (dois mil reais) à Prefeitura Municipal de Caldazinha/GO e proibição de contratar com o Poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 03 (três) anos. Deixo de condenar o requerido na suspensão dos direitos políticos, por considerar desproporcional ao ato praticado. (sic, f. 188). Inconformado o réu, JOAQUIM CÂNDIDO DA SILVA interpôs recurso de apelação em f. 192/201, via fax, apresentando, posteriormente, no prazo legal, a peça original (f. 202/211). Em suas razões recursais aduz o apelante ac 398279-07 4

ser inaplicável, in casu, o artigo 11, inciso I, da Lei nº 8.429/92, bem como o artigo 82 da Lei Orgânica do Município de Caldazinha, vez que não restou comprovado a prática de qualquer ilícito. Reconhece que locou duas salas comerciais para a Prefeitura de Caldazinha, vez que... À época da celebração do aludido contrato de locação, a Prefeitura Municipal de Caldazinha não tinha estrutura física para abrigar, por exemplo, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e a Agência Rural, órgão do Estado de Goiás, assim como não dispunha de disposição orçamentária para construir ou adquirir qualquer edifício para abrigar toda a administração Pública Municipal e Estadual. (sic, f. 207). Defende o ato do prefeito municipal, ante a justificativa de que no município não existiam outras salas ou prédios comerciais passíveis de serem locados pela administração, restando, dispensável a realização de procedimento licitatório, e, não tendo o gestor municipal outra opção, viu-se... obrigado a locar as salas comerciais de propriedade do apelante, motivo pelo qual se tornou inaplicável o disposto no art. 82 da Lei Orgânica do Município de Caldazinha, sob pena de grave prejuízo à Administração Municipal. (sic, f. 207). Aduz que o apelado não comprovou o dano ou prejuízo sofrido pelo Município, não restando caracterizado o nexo de causalidade. ac 398279-07 5

Ressalta a ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade a justificar a anulação da multa civil, trazendo à colação julgado neste sentido. Ao final, pugna pela reforma da decisão atacada, para anular a multa civil aplicada em seu desfavor. em duplo efeito. Pela decisão de f. 213 o recurso foi recebido O apelado apresentou contra-razões ao recurso às f. 216/225, rebatendo todos os termos do apelo, pugnando pelo seu desprovimento. Remetidos os autos à douta Procuradoria Geral de Justiça, está em parecer emitido em f. 229/233 opinou pelo desprovimento do recurso apelatório, mantendo incólume o decisum atacado. Pelo despacho de f. 235/236 determinei ao apelante que efetivasse o preparo recursal, que foi por ele atendido, juntando a guia em f. 239. Em resumo, é este o relatório, que submeto ac 398279-07 6

ao revisor. Goiânia, 04 de outubro de 2011. DES. FAUSTO MOREIRA DINIZ RELATOR 04/C ac 398279-07 7

APELAÇÃO CÍVEL Nº 398279-07.2008.8.09.0174 (200893982792) COMARCA DE SENADOR CANEDO APELANTE : JOAQUIM CÂNDIDO DA SILVA APELADO : MINISTÉRIO PÚBLICO RELATOR : DES. FAUSTO MOREIRA DINIZ VOTO DO RELATOR ao seu exame. Satisfeitos os pressupostos recursais, passo Trata-se de recurso de apelação cível interposto por JOAQUIM CÂNDIDO DA SILVA contra sentença de f. 181/188, proferida pelo MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Cível, Criminal, Fazenda Pública, Registros Públicos e Ambiental da comarca de Senador Canedo, Dr. Leonardo Fleury Curado Dias, nos autos da ação civil pública por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO em face de ac 398279-07 1

JUCELINO BRAZ DE CASTRO e JOAQUIM CÂNDIDO DA SILVA, que, com fundamento no artigo 11, caput e inciso I, c/c artigo 12, inciso III, todos da Lei Federal nº 8.429/92, julgou procedente o pedido do autor, excluindo o primeiro requerido da relação processual e condenando o segundo... ao pagamento de multa civil de R$ 2.000,00 (dois mil reais) à Prefeitura Municipal de Caldazinha/GO e proibição de contratar com o Poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 03 (três) anos. (sic, f. 188). In casu, extrai-se da inicial que a ação de improbidade administrativa foi proposta em desfavor do ex-prefeito JUCELINO BRAZ DE CASTRO e de JOAQUIM CÂNDIDO DA SILVA. No curso da ação, o requerente, através da peça de impugnação (f. 138/144), noticia o falecimento do exprefeito, JUCELINO BRAZ DE CASTRO, sujeito passivo da ação de improbidade administrativa, requerendo, ao final, a sua exclusão do polo passivo da demanda. Comprovada a morte do ex-prefeito, através da certidão de óbito juntada em f. 148, pelo então procurador do exprefeito, Dr. Dalmy Alves de Faria, o douto magistrado a quo, ac 398279-07 2

quando da prolação da sentença, excluiu-o da relação processual, ponderando que... não há que se falar em habilitação dos sucessores, tendo em vista, que neste caso, a ação não visa ao ressarcimento ao erário. (sic, f. 183), mantendo no polo passivo da demanda somente o Sr. Joaquim Cândido da Silva. Assim, impende ressaltar que, nesta parte, bem decidiu a questão o douto magistrado a quo, ao excluir da relação processual o ex-prefeito, dada a impossibilidade de habilitação de seus sucessores, providência possível somente quando a ação civil pública visa ao ressarcimento ao erário. Superior Tribunal de Justiça: Neste sentido, confira-se a orientação do PROCESSO CIVIL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - FALECIMENTO DO RÉU (EX-PREFEITO) NO DECORRER DA DEMANDA HABILITAÇÃO DA VIÚVA MEEIRA E DEMAIS HERDEIROS REQUERIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO - POSSIBILIDADE - ARTS. 1055 E SEGUINTES DO CPC - ART. 535 DO CPC. 1. Não pode o jurisdicionado escolher quais fundamentos devem ser utilizados pelo magistrado, que pauta-se na persuasão racional para "dizer o ac 398279-07 3

direito." Não-violação dos arts. 535, 165 e 458, II, do CPC. 2. A questão federal principal consiste em saber se é possível a habilitação dos herdeiros de réu, falecido no curso da ação civil pública, de improbidade movida pelo Ministério Público, exclusivamente para fins de se prosseguir na pretensão de ressarcimento ao erário. 3. Ao requerer a habilitação, não pretendeu o órgão ministerial imputar aos requerentes crimes de responsabilidade ou atos de improbidade administrativa, porquanto personalíssima é a ação intentada. 4. Estão os herdeiros legitimados a figurar no pólo passivo da demanda, exclusivamente para o prosseguimento da pretensão de ressarcimento ao erário (art.8, Lei 8.429/1992). Recurso especial improvido. ( 2ª T, REsp nº 732777/MG, Rel. Min. Humberto Martins, DJ 19/11/2007 p. 218). Prosseguindo, no que tange ao requerido remanescente, Sr. Joaquim Cândido da Silva, ao se defender na ação civil pública, disse ele não ter praticado qualquer dano ao erário decorrente dos contratos de locação, sob a justificativa de que a licitação era dispensável pelo fato de que inexistia no município ac 398279-07 4

sala comercial disponível que atendesse aos interesses da Prefeitura. Ao analisar suas súplicas, verifiquei que devem de fato ser socorridas, merecendo parcial reforma a sentença guerreada. Com efeito, apesar de o artigo 82 da Lei Orgânica do Município de Caldazinha vedar expressamente que o Prefeito, Vice-Prefeito, Vereadores e servidores municipais firmem contrato do município com seus parentes até o terceiro grau, sob pena de incorrerem em ato de improbidade administrativa, a Lei Geral de Licitações (Lei nº 8.666/93), de âmbito nacional, ressalva casos em que a licitação é dispensável. Diz o artigo 24, inciso X, da referida lei: Art. 24. É dispensável a licitação: X para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da Administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia. Note-se que o referido diploma legal, de ac 398279-07 5

cunho nacional, não restringe os casos de dispensa de licitação segundo critérios pessoais, mas considera tão somente o objeto a ser contratado, no caso, o imóvel destinado às finalidades precípuas da administração. Por este fato a lei de âmbito municipal não pode prever limitações além das que foram feitas na lei de cunho nacional, sob o risco de indevida violação de competência normativa. Superior Tribunal de Justiça: Sobre a questão, eis o entendimento do PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LEI 8.429/92. DISPENSA DE LICITAÇÃO. COMPRA E VENDA E DOAÇÃO DE IMÓVEIS REALIZADOS PELO MUNICÍPIO. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ DO AGENTE PÚBLICO. VIOLAÇÃO DOS VIOLAÇÃO DOS DEVERES DE MORALIDADE E IMPESSOALIDADE. NÃO COMPROVADOS. DANO EFETIVO. AUSÊNCIA. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 07/STJ. VIOLAÇÃO DO ART. 535, I e II, DO CPC. NÃO CONFIGURADA. 1. A compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização ac 398279-07 6

condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia, não carece de licitação, ante a ratio do art. 24 da Lei 8666/93.(...) (1ª T, REsp nº 797671/MG, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 16/06/2008). Apesar de inexistir nos autos documentação atestando a justificativa da dispensa, considero que o caso revela mera irregularidade do ente público municipal, insuficiente para ensejar a condenação do contratado-particular a todas as penalidades de improbidade administrativa arbitradas na sentença, ora atacada. Por certo, eventual condenação por esta falha deveria recair principalmente sob o gestor público municipal, que deixou de prestar as justificativas da dispensa, e não somente ao particular, que tão somente disponibilizou seu imóvel ao ente municipal para suas instalações. Ademais, seria temerário exigir do particular (dono do imóvel) que comprovasse a inexistência no município de outros imóveis que atendesse às necessidades da Prefeitura, eis que tal providência caberia sim à própria Prefeitura. ac 398279-07 7

Dito isso, por considerar excessiva a condenação arbitrada na instância singela, acolho o pedido de exclusão da multa civil aplicada em desfavor do Sr. Joaquim Cândido da Silva. Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E DOU-LHE PROVIMENTO para, reformando em parte a sentença, suprimir da condenação a multa civil aplicada em desfavor do apelante. É o voto. Goiânia, 31 de janeiro de 2012. DES. FAUSTO MOREIRA DINIZ 04/B RELATOR ac 398279-07 8

APELAÇÃO CÍVEL Nº 398279-07.2008.8.09.0174 (200893982792) COMARCA DE SENADOR CANEDO APELANTE : JOAQUIM CÂNDIDO DA SILVA APELADO : MINISTÉRIO PÚBLICO RELATOR : DES. FAUSTO MOREIRA DINIZ EMENTA: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. FALECIMENTO DO EX-PREFEITO. EXCLUSÃO DO POLO PASSIVO. CONTRATAÇÃO DE IMÓVEIS SEM LICITAÇÃO. CASOS DE DISPENSA. MERA IRREGULARIDADE. CONDENAÇÃO EXCESSIVA. EXCLUSÃO DA MULTA. 1 Não gera nulidade absoluta o ato de excluir do polo passivo da demanda o requerido (ex-prefeito) falecido no curso desta, quando latente a impossibilidade de habilitação de seus sucessores, ante a natureza das penalidades postuladas na ação civil pública, que não envolvem ac 398279-07 1

ressarcimento ao erário. 2 - No que tange ao requerido remanescente, particular que locou seu imóvel para as instalações do Município, revela-se desarrazoada sua condenação. 3 - Apesar de o artigo 82 da Lei Orgânica do Município de Caldazinha vedar expressamente que o Prefeito, Vice-Prefeito, Vereadores e servidores municipais firmem contrato do município com seus parentes até o terceiro grau, sob pena de incorrerem em ato de improbidade administrativa, o artigo 24, inciso X, da Lei Geral de Licitações (Lei nº 8.666/93), de âmbito nacional, ressalva que a licitação é dispensável para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da Administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia. 4. Se o diploma legal de cunho nacional não restringe os casos de dispensa de licitação segundo critérios pessoais, mas considera tão somente o objeto a ser contratado, no caso, o imóvel destinado às ac 398279-07 2

finalidades da administração, não pode a lei municipal prever limitações além das que foram feitas na lei nacional. 5 - A falta de apresentação pelo gestor municipal da justificativa da dispensa de licitação é mera irregularidade, insuficiente para ensejar a condenação do contratado-particular a todas as penalidades de improbidade administrativa arbitradas no édito primevo, que se revelam excessivas e desproporcionais em relação ao ato por ele praticado. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Apelação Cível nº 398279-07 (200893982792), Comarca de Senador Canedo, sendo apelante Joaquim Cândido da Silva e apelado Ministério Público. Acordam os integrantes da Terceira Turma ac 398279-07 3

Julgadora da Sexta Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, à unanimidade de votos, em conhecer e prover o apelo, nos termos do voto do Relator. Custas de lei. Votaram, além do Relator, que presidiu o julgamento, os Desembargadores Norival Santomé e Camargo Neto. Doutora Eliete Sousa Fonseca Suavinha. Presente a ilustre Procuradora de Justiça, Goiânia, 31 de janeiro de 2012. DES. FAUSTO MOREIRA DINIZ RELATOR ac 398279-07 4