Apelação Cível re 200.2011.019.522-5/001 Origem Relatora Apelante. 4 4 Vara de Família da Comarca da Capital Juiza de Direito Convocada Ma ria



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RELATÓRIO. Informações do MM. Juízo a quo, às fls. 55/56, comunicando a manutenção da decisão agravada.

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Transcrição:

Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete da Desa. Maria das Graças Morais Guedes ACÓRDÃO Apelação Cível re 200.2011.019.522-5/001 Origem Relatora Apelante 4 4 Vara de Família da Comarca da Capital Juiza de Direito Convocada Ma ria das Graças Morais Guedes Maria do Socorro Correa Dias Advogado João Alberto da Cunha Filho Apelado 1 Inácio Leomax Dias Advogado Edilvan Medeiros Marques e outros Apelado 2 Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil - Advogado : CASSI Max Saeger APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. DIVÓRCIO. MANUTENÇÃO DE EX-ESPOSA NO PLANO DE SAÚDE. ALTERAÇÃO DAS NORMAS DO ESTATUTO. IRRESIGNAÇÃO. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. MÉRITO. REINCLUSÃO DA APELANTE COMO DEPENDENTE. PEDIDO SUCESSIVO. OBRIGAÇÃO DO APELADO EM CUSTEAR PLANO DE SAÚDE NOS TERMOS DO DIVÓRCIO CONSENSUAL. MUDIFICAÇÃO NA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO ALIMENTANTE. COMPROVAÇÃO. BINÓMIO NECESSIDADE / POSSIBILIDADE. REDUÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR. RECURSO IMPROVIDO. Ante a impossibilidade da permanência da apelante como dependente do apelado no plano de saúde, em razão de alteração em seu estatuto, não há como prosperar a Apelação Cível 200.2011.019.522-5/002

pretensão de reinclusão de seu nome no referido plano como dependente do ex-cônjuge. Demonstrada alteração na situação financeira do alimentante e após análise do binômio necessidade-possibilidade, mostra-se razoável a minoração do quantum alimentício, nos termos do art. 1.699 do Código Civil. referenciados. VISTOS, relatados e discutidos estes autos acima ACORDAM os eminentes Desembargadores integrantes da Egrégia Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, seguindo o voto da Relatora, à unanimidade, em, rejeitada a preliminar, no mérito, negar provimento ao recurso. Trata-se de Apelação Cível, fls. 218/224, interposta por Maria do Socorro Correa Dias contra sentença de fls. 191/200, prolatada pelo Juízo da 4 4 Vara de Família da Comarca da Capital, que, nos autos da Ação de Obrigação de Fazer com pedido liminar, julgou improcedente o pleito constante na exordial ajuizada em face de Inácio Leomax Dias e Caixa de Assistência de Funcionários do Banco do Brasil - CASSI. Em suas razões recursais, a apelante argui preliminarmente cerceamento de defesa, face o julgamento antecipado da lide. Requer anulação da sentença e regresso dos autos à vara de origem, a fim de ser procedida instrução probatória. No mérito, pugna pela reforma da decisão vergastada, para que seu nome seja reincluído como dependente do apelado junto à CASSI, segunda apelada. Sucessivamente, requer seja custeado plano de saúde em seu favor pelo ex-marido, ora recorrido. Os apelados ofertaram contrarrazões intempestivas, as quais foram extraídas dos autos, após determinação judicial de fl. 235. Apelação Cível 200.2011.019.522-5/002 2

Instada a se manifestar, a Procuradoria de Justiça ratificou entendimento da Douta Promotora de Justiça (fls. 251/252), pelo não provimento do apelo. Em síntese, é o relatório. Conheço do recurso, porquanto adequado (art. 513 1, CPC) e tempestivo (fls. 215/223), cujo preparo é dispensado nos termos do art. 3, inciso IV, de Lei n.(2 1.060/50. Ab initio, insta analisar a preliminar de cerceamento de defesa arguida pela apelante, face o julgamento antecipado da lide. Alega a recorrente que não lhe fora dada a oportunidade para produzir as provas através de audiência, a qual seria necessária ao deslinde da questão, fato que lhe causou prejuízo ante a insuficiência probatória carreada aos autos. Ora, em que pesem os argumentos da apelante, observa-se que na parte final da Impugnação à Contestaç5o, fls. 189/190, a recorrente requereu a procedência da ação, bem assim o julgamento antecipado do feito "em face da questão ser meramente de direito". De concreto, o que se vislumbra nos autos é o pedido de julgamento antecipado da lide formulado pela própria apelante, não restando caracterizado nenhum prejuízo acarretado. No caso em análise, inexistr o cerceamento de defesa apontado. Neste sentido: (...) 1. O ônus de questionar matéria controvertida em momento oportuno pode gerar a preclusão como conçequência imediata da inércia do interessado. (...) 3. A desconsiderar a existência da preclusão, estar-se-ia admitindo um processo com vistas ao infinito, o que vai de encontro a um dos princípios basilares do do Estado Democrático de Direito: a segurança CPC, Art. 513 Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269) 2 Lei 1.060/50, Art. 3 2, II - A assistência judiciária compreende as seguintes isenções: II - dos emolumentos e custas devidos aos Juizes, órgãos cio Ministério Público e serventuários da justiça; Apelação ave]. 2002011.019.522-5/002 3

jurídica. 4. Recurso especial improvido. (REsp 198.813/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 30.08.2007, DJ 17.09.2007 p. 361). Destarte, não evidencio a ocorrência de qualquer ato processual que tenha prejudicado ou mesmo cerceado o direito de defesa da apelante, razão pela rejeito a preliminar arguida. No mérito, melhor sorte não assiste à apelante. Extrai-se dos autos que Maria do Socorro Corrêa Dias, ora apelante, ajuizou a referida ação em desfavor de seu ex-esposo, Inácio Leomax Dias e da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil - CASSI, alegando que, por ocasião do divórcio, ficou acordado que ela permaneceria como dependente do primeiro apelado no plano de saúde da CASSI, de forma vitalícia. Contudo, no ano de 2011, foi surpreendida com a notícia de que seu nome fora excluído do referido plano, em razão de solicitação da segunda apelada. Formulou, assim, pedido sucessivo, requerendo a reinclusão de seu nome como dependente do primeiro apelado no referido plano de saúde, ou, não o sendo possível, que seu ex-cônjuge fosse condenado ao pagamento de outro plano equivalente. Ao contestar, o primeiro recorrido argumentou não ter a intenção de deixar a recorrente desamparada, no entanto, arguiu que, quando da homologação do acordo judicial formulado entre ele e a apelante, não tinha como saber sobre futura alteração no estatuto da CASSI, que deixou de considerar excônjuge como dependente. Alegou que a autora, além da pensão, que importa mais de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais), aufere aposentadoria da Emater/PB no valor de aproximadamente R$ 2.000,00 (dois mil reais), ao passo que sua situação financeira piorou, porquanto sofreu um acidente vascular cerebral, necessitando de maiores cuidados e com mais gastos, pugnando, assim pela revisão dos termos da avença. A CASSI, por sua vez, afirma que, por força do disposto no art. 10 de seu Estatuto, o divórcio acarreta a perda automática da condição de Apelação Cível 200.2011.019.522-5/002 4

dependente da ex-esposa de funcionário do Banco do Brasil. Aduz que em momento algum participou da transação judicial celebrada entre as partes, motivo pelo qual os respectivos efeitos não podem repercutir em sua esfera jurídica. Decidindo a querela, o Magistrado a quo julgou improcedente o pleito inaugural, fls. 191/200, ao concluir que a apelante teria condições de custear seu próprio plano de saúde, ficando o primeiro apelado obrigado apenas a continuar pagando a pensão acordada na oportunidade do divórcio. É contra esta decisão que se insurge a recorrente. De fato, observa-se que, por ocasião do divórcio consensual homologado no ano de 1998, restou acordado entre os litigantes no item 5, letra c, que: "O cônjuge mulher continuará, vitaliciamente, como beneficiária da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil CASST, como dependente, neste caso, e somente neste caso, do cônjuge varão". Tal situação perdurou por mais de 10 (dez) anos. Todavia, em meados de 2010, o primeiro recorrido sofreu um acidente vascular isquêmico e, ao solicitar atendimento médico residencial, se viu obrigado a efetuar seu recadastramento e de seus dependentes junto à CASSI, ocasião em que foi informado de que a situação de sua ex-esposa, ora apelante, como sua dependente estaria irregular, face o impedimento previsto no regulamento interno do Plano de Saúde, fato que ensejou a exclusão da apelante como dependente do exmarido. Na hipótese, incontestável que o primeiro recorrido assumiu obrigação de pagar, como alimentos in natura, o custeio do plano de saúde da recorrente, no entanto, a alteração das normas internas da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil acabou por impossibilitar a permanência da apelante como beneficiária do plano. Ainda, restou demonstrado que desde o Estatuto da CASSI de 1997, fora criado um rol taxativo daqueles que poderiam figurar como dependentes diretos daquele Plano de Associados, dentre os quais não consta excônjuge. Em contrapartida, foi criado o Plano Cassi Família, destinado àqueles. Apelação Cível 200.2011.019.522-5/002 5

que não mais poderiam ser considerados dependentes, como o ex-cônjuge, podendo as mensalidades serem assumidas tanto pelo associado, quanto por aquele que foi excluído. É o que se extrai da leitura dos artigos 10 e 12 do Estatuto da CASSI, o qual dispõe expressamente no 6Q deste último dispositivo que "a extinção do casamento ou da união estável gera, automaticamente, a perda da qualidade de dependente do ex-cônjuge (...)". Ressalte-se que o divórcio dos litigantes se deu no ano de 1998, quando já estava vigendo o novo Estatuto, no qual a apelante já não poderia figurar como dependente do primeiro apelado no Plano de Associados, em que pese terem perdurado em tal situação por mais de 10 (dez) anos. Ante a impossibilidade de a apelante figurar como dependente do primeiro apelado no Plano de Associados da CASSI, não haveria como prosperar a pretensão da apelante de reinclusão de seu nome no referido plano como dependente de seu ex-cônjuge, embora não houvesse impedimento para que ela contratasse um outro plano de saúde ou até mesmo fosse beneficiária da assistência médica da CASSI, através do Plano Cassi Família. Contudo, neste caso, a mensalidade do plano de saúde da recorrente seria no importe de R$ 1.039,34 (hum mil e trinta e nove reais e trinta e quatro centavos), consoante se observa na tabela de fl. 56. Nesse contexto, insta analisar o binômio necessidade/ possibilidade, previsto no 1 2 do art. 1.694 do Código Civil, o qual dispõe que os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. In casu, no decorrer da instru ção probatória, o ex-cônjuge apelado comprovou que, após o acidente vascular isquêmico, sofreu alteração em sua situação financeira, o que o fez contratar uma cuidadora e um motorista para conduzi-lo às sessões de fisioterapia, afora os diversos medicamentos que passou a tomar, tudo convergindo para um considerável aumento de suas despesas, o que o impossibilitaria de pagar o Plano Cassi Família para sua ex-esposa, notadamente em razão do alto valor da mensalidade. Demais disso, restou incontroverso nos autos que a apelante, Apelação Cível 200.2011.019.522-5/002 6

além da pensão que percebe do primeiro apelado, no importe de mais de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais), aufere aposenl adoria da Emater/PB no valor de aproximadamente R$ 2.000,00 (dois mil reais), valores que possibilitam que ela própria arque com o pagamento de seu plano de saúde. No que concerne à alegação de que a decisão que homologou o acordo fez coisa julgada e lhe concedeu direito adquirido, cediço que a sentença de alimentos não faz coisa julgada material, mas apenas formal, deduzindo-se daí a possibilidade de eventual modificação posterior em seu preceito. Acerca do assunto, o art. 15 da Lei 5.478/68 é explícito ao dispor que : "A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação da situação financeira dos interessados", sendo este o entendimento jurisprudencial: CIVIL. PROCESSO. CIVIL. AUMENTOS. COISA JULGADA MATERIAL. INOCORRÊNCIA. DOCUMENTO NOVO EM FASE RECURSAL. ADMISSIBILIDADE 1. A sentença que decide sobre alimentos não faz coisa julgada material, mas tão somente formal, haja vista tratar-se de relação continuativa, passível de modificação a qualquer momento, em face de alteração no binômio necessidade/capacidade. 2. A juntada de documento inédito em fase recursal não é vedada pelo ordenamento jurídico pátrio, em consonância com o disposto no artigo 397 do Código de Processo Civil. 3. Recurso conhecido. Sentença cassada. (Acórdão n. 603611, 20100910255740APC, Relator GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA, 3 4 Turma Cível, julgado em 11/07/2012, DJ 19/07/2012 p. 107) Lado outro, trata-se de pedido sucessivo, também conhecido como cumulação eventual de pedidos, previsto no art. 289 do Código de Processo Civil, no qual o autor requer ao juiz que acolha um pedido posterior quando não acolher pedido anterior. Na hipótese, o magistrado a quo vislumbrou a impossibilidade de a apelante continuar como dependente do primeiro apelado no plano de saúde da CASSI e, após, analisou a situação financeira dos litigantes, "7 ^ Apelação Cível 200.2011.019.522-5/002 7

concluindo que houve alteração na situação econômica do recorrido, o qual deveria continuar obrigado tão somente a pagar o valor da pensão alimentícia à apelante, desincumbindo-o do pagamento do plano de saúde. Registre-se, todavia, que não houve julgamento ultra petita em desfavor da apelante, uma vez que o juízo de lg grau não tratou de exonerar alimentos, como alegado, mas sim de redução o quentura da prestação alimentícia, ante a alteração na situação econômica do apelado, que restou devidamente comprovada nos autos, nos termos do art. 1699 do Código Civil, em conformidade com os tribunais pátrios. Para se ver exonerado da prestação alimentícia, deve o requerente comprovar de forma segura a sua impossibilidade de pagar e/ou a desnecessidade do alimentando em continuar recebendo aquele valor. Não é o caso dos autos. O que restou demonstrado foi uma piora na situação financeira do alimentante, que ensejou na redução da pensão alimentícia, tão somente no tocante a arcar com pagamento do plano de saúde da alimentada, ora recorrente, que possui, além da pensão alimentícia outra fonte de renda. decidindo: Nesse sentido, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal vem CIVIL. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. MODIFICAÇÃO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO ALIMENTANTE. COMPROVADA. REDUÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR. IMPROCEDENTE. RECURSO DESPROVIDO. 1. O pedido revisional de alimentos é cabível desde que demonstrada alteração na situação financeira de uma dns partes, seja o alimentante ou alimentando, conforme dispõe e artigo 1.699 do Código Civil, devendo, também, ser analisado o binômio necessidade - possibilidade. 2. Quando demonstrada a redução dos rendimentos do alimentante, em face de rescisão do contrato de trabalho, mas, também, verificada a existência de outra fonte de renda, mostra-se proporcional e razoável a minoração da pensão alimentícia pelo magistrado a quo. 3.Negou-se provimento ao recurso. (Acórdão n. 599944, 20110110717360APC, Relator LEILA ARLANCH, la Turma Cível, Apelação Cível 200.2011.019.522-5/002 8

julgado em 20/06/2012, DJ 04/07/2012 p. 103) APELAÇÃO CÍVEL - FAMÍLIA - CONVERSÃO SEPARAÇÃO JUDICIAL EM DIVÓRCIO - EXONERAÇÃO DE PAGAMENTO DE PLANO DE SAÚDE - EX-MARIDO - BINÔMIO POSSIBILIDADE/NECESSIDADE - PROVAS DA ALTERAÇÃO DAS CONDIÇÕES FINANCEIRAS DAS PARTES - SENTENÇA MODIFICADA. Deve ser acolhido o pedido de exoneração de pagamento de plano de saúde nquerido pela ex-mulher, após comprovar que sua situação financeira alterou para pior e que seu ex-marido vem recebendo benefícios do INSS. (Apelação Cível 1.0145.05.262549-11001, Rel. Des.(a) Mauro Soares de Freitas, 5 2 CÂMARA CÍVEL, julgamento em 18/03/2010, publicação da súmula em 09/04/2010) Finalmente, é sabido que, à medida que envelhecemos, infelizmente, os problemas de saúde vão surgindo, fazendo com que as despesas com médicos, remédios e tratamentos de saúde nos onere significativamente, o que atinge ambas as partes e, em razão do que foi colhido nos autos, é inconcusso que a apelante possui condições de pagar seu plano de saúde, sem prejuízo de seu próprio sustento,consoante delineado na sentença dc primeiro grau. Com essas considerações, NEGO PROVIMENTO ao recurso, mentando incólume a sentença vergastada. Presidiu o julgamento, realizado na Sessão Ordinária desta Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Par aíba, no dia 23 de agosto de 2012, conforme certidão de julgamento de f. 266, o Exmo. Des. Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho, dele participando, além desta Relatora, o eminente Desembargador Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. Presente à sessão, o Exmo. Sr. Dr. José Raimundo de Lima, Procurador de Justiça. Gabinete no TJ/PB, em João Pessoa-PB, 24 de agosto de 2012. Desa. Maria das Gradas Morais Guedes 1 Relatora Apelação Cível 200.2011.019.522-5/002 9

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