Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

Documentos relacionados
4 Modelagem e metodologia de pesquisa

MACROECONOMIA DO DESENVOLVIMENTO PROFESSOR JOSÉ LUIS OREIRO PRIMEIRA LISTA DE QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

4 O Papel das Reservas no Custo da Crise

Informativo Labor. Encontro de Pesquisa Labor Responsabilidade Social e Ambiental Corporativa e Gestão Ambiental em Empresas

3 Metodologia 3.1. O modelo

FONTES DE CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE MILHO SAFRINHA NOS PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES, BRASIL,

4 O modelo econométrico

3 Modelo Teórico e Especificação Econométrica

Apresentação ao Comitê Diretivo

5 Metodologia Probabilística de Estimativa de Reservas Considerando o Efeito-Preço

EFEITO DA ÁREA E DA PRODUTIVIDADE NA PRODUÇÃO DE CELULOSE NO BRASIL 1 EFFECT OF AREA AND PRODUCTIVITY IN PULP PRODUCTION IN BRAZIL

AULA 22 PROCESSO DE TORNEAMENTO: CONDIÇÕES ECONÔMICAS DE USINAGEM

O Efeito das Importações Mundiais sobre as Exportações do Agronegócio Brasileiro Uma Análise Empírica para o período 2000/2007

Utilização de modelos de holt-winters para a previsão de séries temporais de consumo de refrigerantes no Brasil

3 Metodologia do Estudo 3.1. Tipo de Pesquisa

NOTA TÉCNICA. Nota Sobre Evolução da Produtividade no Brasil. Fernando de Holanda Barbosa Filho

Expectativas, consumo e investimento CAPÍTULO 16. Olivier Blanchard Pearson Education Pearson Education Macroeconomia, 4/e Olivier Blanchard

MATEMÁTICA APLICADA AO PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO E LOGÍSTICA. Silvio A. de Araujo Socorro Rangel

Cálculo do valor em risco dos ativos financeiros da Petrobrás e da Vale via modelos ARMA-GARCH

MÉTODOS PARAMÉTRICOS PARA A ANÁLISE DE DADOS DE SOBREVIVÊNCIA

4 Análise Empírica. 4.1 Definição da amostra de cada país

UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS DEPARTAMENTO DE GESTÃO E ECONOMIA MACROECONOMIA III

Contabilometria. Séries Temporais

ABORDAGEM MULTIOJETIVA PARA SOLUCIONAR UMA MATRIZ ENERGÉTICA CONSIDERANDO IMPACTOS AMBIENTAIS

5 Erro de Apreçamento: Custo de Transação versus Convenience Yield

3 A Função de Reação do Banco Central do Brasil

INFLUÊNCIA DO FLUIDO NA CALIBRAÇÃO DE UMA BALANÇA DE PRESSÃO

CINÉTICA QUÍMICA LEI DE VELOCIDADE - TEORIA

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

A LEI DE THIRLWALL MULTISSETORIAL: NOVAS EVIDÊNCIAS PARA O CASO BRASILEIRO *

Séries temporais Modelos de suavização exponencial. Séries de temporais Modelos de suavização exponencial

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL JORGE LUIS SÁNCHEZ ARÉVALO

ANÁLISE DO VALOR DA PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO MERCADO DE GRÃOS BRASILEIRO

Considere uma economia habitada por um agente representativo que busca maximizar:

Modelagem e Previsão do Índice de Saponificação do Óleo de Soja da Giovelli & Cia Indústria de Óleos Vegetais

TIR Taxa Interna de Retorno LCF Economia de Recursos Florestais 2009

Gráfico 1 Nível do PIB: série antiga e série revista. Série antiga Série nova. através do site

ANÁLISE DO COMÉRCIO DE PESCADO ENTRE O CEARÁ E OS ESTADOS UNIDOS

3 Fluxos de capitais e crescimento econômico: o canal do câmbio

Jovens no mercado de trabalho formal brasileiro: o que há de novo no ingresso dos ocupados? 1

4 Método de geração de cenários em árvore

Motivação. Prof. Lorí Viali, Dr.

ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS NA PREVISÃO DA RECEITA DE UMA MERCEARIA LOCALIZADA EM BELÉM-PA USANDO O MODELO HOLT- WINTERS PADRÃO

Mudanças Cambiais e o Efeito dos Fatores de Crescimento das Receitas de Exportações Brasileiras de Algodão

DETERMINANTES DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE DE FRANGO: UMA MODELAGEM UTILZANDO VETORES AUTOREGRESSIVOS

MENSURAÇÃO DO PODER DE MERCADO NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL MEASURE OF THE MARKET POWER IN THE BRAZILIAN INDUSTRY OF PAPER

MACROECONOMIA II PROFESSOR JOSE LUIS OREIRO SEGUNDA LISTA DE EXERCÍCIOS

Interbits SuperPro Web

DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO:

1 Pesquisador - Embrapa Semiárido. 2 Analista Embrapa Semiárido.

Exportações e Consumo de Energia Elétrica: Uma Análise Econométrica Via Decomposição do Fator Renda.

ANÁLISE DO COMÉRCIO DE PESCADO ENTRE BRASIL E OS ESTADOS UNIDOS ROSEMEIRY MELO CARVALHO; PEDRO CARNEIRO KOLB; UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

3 Uma metodologia para validação estatística da análise técnica: a busca pela homogeneidade

EAE Modelo EFES

PREVISÃO DE PREÇO DO ETANOL ANIDRO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Modelos de Crescimento Endógeno de 1ªgeração

APLICAÇÃO DO MÉTODO DE HOLT NA PREVISÃO DE DADOS DE ÁGUA DA CIDADE DE RONDONÓPOLIS-MT

Influência dos incêndios na disponibilidade de madeira em Portugal Graça Louro, Luís Constantino, Francisco Rego

3 A Formação de Preços dos Futuros Agropecuários

MERCADO PARANAENSE DE MADEIRA EM TORA PROCEDENTE DE SILVICULTURA ENTRE 1999 E 2005

Exercícios sobre o Modelo Logístico Discreto

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS Escola de Pós-Graduação em Economia. Mestrado em Economia Empresarial e Finanças. Márcio Renato Picança

4 Modelo teórico Avaliação tradicional

DEMOGRAFIA. Assim, no processo de planeamento é muito importante conhecer a POPULAÇÃO porque:

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA MONOGRAFIA DE FINAL DE CURSO

O Impacto do Setor de Transporte Rodoviário na Produção Brasileira

3 Retorno, Marcação a Mercado e Estimadores de Volatilidade

GERAÇÃO DE PREÇOS DE ATIVOS FINANCEIROS E SUA UTILIZAÇÃO PELO MODELO DE BLACK AND SCHOLES

Séries de Tempo. José Fajardo. Agosto EBAPE- Fundação Getulio Vargas

Impulso fiscal e sustentabilidade da dívida pública

DFB 2006 Economia para Advogados: Microeconomia. Lista de exercícios sobre peso morto do imposto e de barreiras comerciais.

O IMPACTO DA ECONOMIA MUNDIAL NA ECONOMIA BRASILEIRA

COMPETITIVIDADE DOS PRODUTOS SELECIONADOS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA ELAINE APARECIDA FERNANDES; ANTÔNIO CARVALHO CAMPOS; ALEXANDRE BRAGANÇA COELHO.

Análise de séries de tempo: modelos de decomposição

8 Aplicações e exemplos

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

O Modelo Linear. 4.1 A Estimação do Modelo Linear

3 Modelos de Markov Ocultos

4 Análise de Sensibilidade

4 Metodologia Proposta para o Cálculo do Valor de Opções Reais por Simulação Monte Carlo com Aproximação por Números Fuzzy e Algoritmos Genéticos.

Capítulo 2: Proposta de um Novo Retificador Trifásico

CURVAS DE CRESCIMENTO E OTIMIZAÇÃO DE UM PROCESSO INDUSTRIAL DE FERMENTAÇÃO

REMOÇÃO DE RESÍDUOS DE EFLUENTES TEXTEIS UTILIZANDO PROCESSO DE ADSORÇÃO CONTÍNUA COM BAGAÇO DE LARANJA COMO ADSORVENTE

Índice de Avaliação de Obras - 15

CONTABILIDADE DOS CICLOS ECONÓMICOS PARA PORTUGAL*

BALANÇA COMERCIAL E DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BRASILEIRA NO MERCADO INTERNACIONAL

Inserção Internacional Brasileira: temas de economia internacional. Livro 3 Volume 2

Grupo de Pesquisa: Comércio Internacional

GRUPO XIII GRUPO DE ESTUDO DE INTERFERÊNCIAS, COMPATIBILIDADE ELETROMAGNÉTICA E QUALIDADE DE ENERGIA - GCQ

Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas (EPGE/FGV) Macroeconomia I / Professor: Rubens Penha Cysne

Insper - Instituto de Ensino e Pesquisa Faculdade de Economia e Administração. Daniel Cunha Coelho MODELOS DE PREVISÃO DA TAXA DE CÂMBIO NO BRASIL

A IMPORTÂNCIA DA DEMANDA AGREGADA PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO NO PERÍODO ENTRE 1970 A 2007

UTILIZAÇÃO DO MÉTODO DE HOLT-WINTERS PARA PREVISÃO DO LEITE ENTREGUE ÀS INDÚSTRIAS CATARINENSES

MODELOS USADOS EM QUÍMICA: CINÉTICA NO NÍVEL SUPERIOR. Palavras-chave: Modelos; Cinética Química; Compostos de Coordenação.

ANÁLISE DA OFERTA E DEMANDA DE EXPORTAÇÕES DE PESCADO: O CASO DO COMÉRCIO ENTRE O CEARÁ E OS ESTADOS UNIDOS

Função Exponencial 2013

Custo de Produção de Mandioca Industrial, Safra 2005

Transcrição:

Universidade de São Paulo Escola Superior de Agriculura Luiz de Queiroz Análise da evolução da indúsria brasileira de celulose no período de 1980 a 2005 Adriana Esela Sanjuan Monebello Disseração apresenada, para obenção do íulo de Mesre em Ciências. Área de concenração: Economia Aplicada Piracicaba 2006

Adriana Esela Sanjuan Monebello Bacharel em Ciências Econômicas Análise da evolução da indúsria brasileira de celulose no período de 1980 a 2005 Orienador: Prof. Dr. CARLOS JOSÉ CAETANO BACHA Disseração apresenada, para obenção do íulo de Mesre em Ciências. Área de concenração: Economia Aplicada Piracicaba 2006

Dados Inernacionais de Caalogação na Publicação (CIP) DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP Monebello, Adriana Esela Sanjuan Análise da evolução da indusria brasileira de celulose no período de 1980 a 2005 / Adriana Esela Sanjuan Monebello. - - Piracicaba, 2006. 114 p. : il. Disseração (Mesrado) - - Escola Superior de Agriculura Luiz de Queiroz, 2006. Bibliografia. 1. Economeria 2. Exporação 3. Indúsria de celulose 5. Inovações ecnológicas I. Tíulo CDD 338.476762 Permiida a cópia oal ou parcial dese documeno, desde que ciada a fone O auor

DEDICO Aos meus queridos pais, Fáima e Luiz, e ao meu irmão Maheus pelo amor consane e por nunca medirem esforços para que eu alcançasse meus objeivos. Ao meu esposo Filipe pelo amor e dedicação sempre presenes.

AGRADECIMENTOS A Deus pela vida, saúde e proeção. Por esa jornada, agradeço, especialmene, ao professor Dr. Carlos José Caeano Bacha que desde o curso de graduação vem me orienando com profissionalismo, paciência, compreensão e dedicação. Aiudes esas que me ajudaram a crescer e que levarei comigo para sempre. Sua orienação, aenciosa e compeene, foi um dos maiores aprendizados que ive durane esses anos e da qual semeou minha dedicação à pesquisa. Também sou exremamene graa por sempre me ransmiir novos conhecimenos e pela concreização de mais uma eapa de minha vida. Às Professoras Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes e Mirian Rumenos Piedade Bacchi pelas suas conribuições valiosas, as quais foram fundamenais para o desenvolvimeno dessa disseração. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Esado de São Paulo (Fapesp) pelo apoio financeiro. A odos os professores do Deparameno de Economia, Adminisração e Sociologia da ESALQ/USP pelos ensinamenos recebidos. Aos funcionários do Deparameno de Economia, Adminisração e Sociologia da ESALQ/USP, em especial, à Maielli, Ligiana, Álvaro, Helena e Pedro. Agradeço a colaboração das pessoas que dispuseram de seu empo para responder aos quesionários referenes às áreas floresal e indusrial e ao Maurício J. P. de Souza por ajudar na análise esaísica dos quesionários. A odos os amigos da Pós-Graduação em Economia Aplicada. E odos que, de forma direa ou indirea, conribuíram para a realização dese rabalho.

5 SUMÁRIO RESUMO...7 ABSTRACT...8 LISTA DE FIGURAS...9 LISTA DE TABELAS...11 1 INTRODUÇÃO...13 1.1 A quesão em análise...13 1.2 Objeivos...15 1.2.1 Objeivo geral...15 1.2.2 Objeivos específicos...15 1.3 Esruura da disseração...15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...17 2.1 Lieraura sobre a organização da indúsria brasileira de celulose...17 2.2 Lieraura sobre o papel das políicas públicas na indúsria brasileira de celulose...18 2.3 Lieraura sobre a geração de empregos...20 2.4 Esudo sobre ciclos de preços e produção de celulose...21 2.5 Lieraura sobre as pressões ambienais sofridas pela indúsria brasileira de celulose...21 2.6 Lieraura sobre a compeiividade da indúsria brasileira de celulose...23 2.7 Lieraura sobre pesquisas e inovações ecnológicas no seor de celulose e papel...23 2.8 Trabalhos sobre análise economérica do comércio inernacional de celulose...26 3 REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO...29 3.1 Referencial eórico...29 3.2 Meodologia e dados uilizados...30 3.2.1 Meodologia...30 3.2.2 Dados uilizados...33 4 ESTRUTURA E DESEMPENHO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CELULOSE...36 4.1 Disinção enre polpa, celulose e pasa de alo rendimeno...36 4.2 Esruura da indúsria brasileira de celulose...37 4.3 Desempenho da indúsria brasileira de celulose...45

6 4.3.1 Evolução da produção brasileira de celulose...45 4.3.2 Evolução das exporações brasileiras de celulose...48 4.3.3 Produção versus exporação de celulose: vanagens compeiivas do Brasil na produção de celulose...52 4.3.4 Comporameno dos preços recebidos pela celulose brasileira e evolução do lucro de algumas empresas...53 5 PESQUISAS E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS OCORRIDAS NA SILVICULTURA E NA INDÚSTRIA DE CELULOSE NO BRASIL...58 5.1 As pesquisas e inovações ecnológicas na silviculura...58 5.1.1 Evolução das pesquisas e inovações ecnológicas na silviculura...58 5.1.2 Imporância das inovações ecnológicas na silviculura...65 5.1.3 Impacos das inovações ecnológicas sobre a produividade da silviculura...73 5.2 Pesquisas e inovações ecnológicas na indúsria de celulose no Brasil...75 5.2.1 Evolução das pesquisas e inovações ecnológicas na indúsria de celulose no Brasil...75 5.2.2 Imporância das inovações ecnológicas na indúsria de celulose de 1980 a 2006...79 5.2.3 Impacos das inovações ecnológicas na qualidade e cuso de produção da celulose feia no Brasil...82 6 ESTIMATIVAS DAS EQUAÇÕES DE OFERTA E DEMANDA PELAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CELULOSE...87 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...92 REFERÊNCIAS...96 ANEXOS...103

7 RESUMO Análise da evolução da indúsria brasileira de celulose no período de 1980 a 2005. O presene rabalho analisa a evolução da indúsria brasileira de celulose no período de 1980 a 2005, enfocando rês objeivos específicos: 1) analisar a esruura e o desempenho da indúsria brasileira de celulose, avaliando sua produção, exporação e cuso de produção. Ao mesmo empo, discue-se a reorganização dessa indúsria a parir da década de 1980 e ressala as mudanças que surgiram e seus impacos na compeiividade da indúsria; 2) idenificar as pesquisas e inovações ecnológicas que ocorrem nas áreas floresal e indusrial e ressalar seus possíveis impacos sobre a compeiividade da indúsria brasileira de celulose; e 3) analisar a evolução das exporações brasileiras de celulose, elaborando um modelo economérico para evidenciar os principais deerminanes de sua ofera e demanda. Quano ao primeiro objeivo desse rabalho, a esruura e o desempenho da indúsria brasileira de celulose foram analisados pelas seguines variáveis: produção, exporação, cuso de produção, número de empresas e, ambém, índices de concenração. Consaou-se que o Brasil vem ampliando e ganhando markeshare nas exporações de celulose. Esse desempenho exporador é causado, principalmene, pelas vanagens de cuso de produção. Para analisar o segundo objeivo dessa disseração, uilizou-se dados primários, coleados aravés quesionários e a revisão de lieraura, a fim de se realizar um levanameno das principais inovações ecnológicas ocorridas na silviculura e produção indusrial de celulose. Ao longo dos anos 80 e 90 e nos anos 2000, pesquisas ocorreram em diferenes inensidades, nas disinas eapas de produção floresal e indusrial. Os dados das enrevisas, organizados na forma abular e gráfica, bem como analisados pelo ese de Wilconox, ressalam melhoria nas inovações ecnológicas em eapas do processo produivo que rouxeram expressivos aumenos de produividade na silviculura e na produção indusrial de celulose e que implicaram redução no cuso de produção da celulose. Esa úima elevou a renabilidade do seor, causando sua expansão. No erceiro objeivo desse rabalho, foram realizadas esimaivas das equações de ofera e demanda de celulose para o período de 1980 a 2005. Em relação à ofera de celulose, as variáveis preço brasileiro da celulose exporada e exporações defasada foram significaivas a 20% e a 1%, respecivamene. Já o cuso de produção não apresenou significância esaísica, mas eve o sinal esperado. A elasicidade-preço da ofera brasileira de celulose foi de 0,40, ou seja, raa-se de inelásica em relação ao seu preço. Em relação à esimaiva da equação de demanda, o preço da celulose brasileira e a demanda inernacional de celulose foram significaivos a 1%. A elasicidade-preço da demanda de celulose enconrada foi - 0,69 indicando que a demanda pela celulose brasileira é inelásica com relação ao seu preço. Por ouro lado, a elasicidade da quanidade demandada de celulose brasileira em relação à demanda inernacional desse produo foi 2,17, indicando que a quanidade demandada da celulose brasileira é elásica em relação à demanda inernacional desse produo. Palavras-chave: Celulose; Exporação; Inovações ecnológicas; Modelo economérico

8 ABSTRACT Analysis of he evoluion of Brazilian pulp indusry from 1980 o 2005. The presen disseraion analyses he evoluion of Brazilian pulp indusry from 1980 o 2005, paying aenion o hree specific objecives: (1) analysis of he Brazilian pulp indusry s srucure and performance, evaluaing is producion, expors and producion coss. Besides ha, he disseraion discusses he reorganizaion of his indusry since he 1980 s and highlighs he changes ha happened and heir impacs on he secor s compeiiveness; (2) Idenify he researches and echnological innovaions ha ook place in fores and indusrial areas, and emphasize heir possible impacs on he compeiiveness of Brazilian pulp indusry; (3) analyze he evoluion of he Brazilian pulp expors, elaboraing an economeric model o evidence he main deerminans of supply and demand for hese expors. In relaion o he firs objecive of his work, he srucure and performance of he Brazilian pulp indusry were analyzed hrough he following variables: producion, expor, producion coss, number of enerprises, and also concenraion indexes. I was evidenced ha Brazil is increasing is marke share in pulp expors. The increase of expors is mainly due o producion cos advanages wha associae o innovaions in fores and indusrial areas. To analyze he second objecive of his disseraion, primary daa, colleced hrough quesionnaires, and lieraure review were used o realize a survey of he main echnological innovaions ha had occurred in silviculure and in Brazilian pulp producion. Throughou he 1980 s and 1990 s and during he six firs years of he 2000 s, researches occurred in differen inensiies, in he disinc sages of indusrial and fores producion. The primary daa organized in ables and graphs, as well as analyzed by Wilconox es, highligh he improves in he echnological innovaions in he sages of he producion process wha brough significan increases of produciviy in silviculure and in he pulp indusrial producion, causing he reducion of pulp producion cos. The laer enlarged secor s profiabiliy, causing is expansion. In he hird objecive, supply and demand equaions for pulp expors were run for daa ranging from 1980 o 2005. Regarding o he pulp supply, Brazilian expored pulp price and lagged expors were saisically significan a 20% and 1% level, respecively. The producion cos did no show saisically significan, bu i had he expeced signal. The price elasiciy of Brazilian pulp supply was 0.4, so i is inelasic in relaion o is price. The demand elasiciy price founded was -0.69, indicaing he quaniy of Brazilian pulp demanded is inelasic in relaion o is price. Meanwhile, he elasiciy of Brazilian pulp demanded quaniy in relaion o inernaional demand of his produc was 2.17, indicaing he demanded quaniy of Brazilian pulp is elasic in relaion o he inernaional demand of he produc. Keywords: Pulp; Exporaion; Technological innovaions; Economeric model

9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Sisema agroindusrial da celulose no Brasil...38 Figura 2 Paricipação dos esados na produção brasileira de celulose em 2005 (valores em %)...40 Figura 3 Evolução dos índices de concenração CR4 e HHI na indúsria de celulose no Brasil...43 Figura 4 Evolução da produção brasileira de pasas...46 Figura 5 Evolução da exporação brasileira de pasas...48 Figura 6 Evolução do cuso oal de produção de cada onelada de celulose branqueada de fibra cura para países selecionados...53 Figura 7 Evolução do cuso da energia, juros, produos químicos, rabalho e madeira para produção da celulose branqueada de fibra cura para países selecionados em 2005.54 Figura 8 Evolução dos lucros da Aracruz (em milhões de R$) e dos preços de exporação (em R$/on) da celulose no período de 1994 a 2005...56 Figura 9 Evolução dos lucros da Cenibra (em milhões de R$) e dos preços de exporação (em R$/on) da celulose no período de 1994 a 2005...56 Figura 10 Evolução dos lucros da Suzano Bahia Sul (em milhões de R$) e dos preços de exporação (em R$/on) da celulose no período de 1994 a 2005...57 Figura 11 Maiores países deenores de áreas cerificadas pelo FSC na América Laina aé janeiro de 2006...65 Figura 12 Percenagens dos enrevisados que classificaram as inovações ecnológicas de cada eapa da silviculura como relevanes na década de 80...67

10 Figura 13 Eapas da mecanização cujas inovações foram classificadas como muio relevanes nos anos 2000...68 Figura 14 Grau de relevância aribuído às inovações ecnológicas nas décadas de 1980, 1990 e nos anos 2000...69 Figura 15 Produividade média da silviculura em alguns países segundo as espécies floresais (m 3 /ha/ano)...74 Figura 16 Eapas do processo de produção da celulose cujas inovações foram classificadas como relevanes na década de 80...79 Figura 17 Eapas do processo de produção da celulose cujas inovações foram classificadas como muio relevanes na década de 90...80 Figura 18 Evolução do consumo anual de madeira e do consumo de água na produção de uma onelada de celulose...83 Figura 19 Evolução do cuso da energia, dos produos químicos e do rabalho na produção de uma onelada de celulose branqueada de fibra cura para o Brasil em US$/on...85 Figura 20 Evolução do cuso da energia, dos produos químicos e do rabalho na produção de uma onelada de celulose branqueada de fibra cura para o Brasil em R$/on...86

11 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Principais empresas produoras de celulose no Brasil em 2005...40 Tabela 2 - Número de empresas, produção (em oneladas) e concenração na indúsria de celulose no Brasil período de 1982 a 2005...42 Tabela 3 - Posição dos países enre os maiores produores de pasa celulósica do mundo período de 1961 a 2005...47 Tabela 4 - Paricipação dos principais países imporadores no oal exporado de celulose pelo Brasil período de 1989 a 2005...49 Tabela 5 - Paricipação do Brasil nas imporações de celulose de alguns países período de 1989 a 2005...51 Tabela 6 Maiores produores mundiais de celulose de mercado siuação em 2001...54 Tabela 7 Arigos sobre silviculura nas publicações nacionais (1980 2002)...61 Tabela 8 Média do grau de relevância de cada inovação ecnológica na silviculura nas décadas de 80 e 90 e nos anos 2000...70 Tabela 9 Tese de Wilcoxon para a diferença da relevância das inovações ecnológicas na silviculura enre diferenes períodos...72 Tabela 10 Taxa de recuperação de papéis recicláveis em 2005 nos principais países...78 Tabela 11 Média do grau de relevância de cada inovação ecnológica na área indusrial de produção de celulose nas décadas de 80 e 90 e nos anos 2000...81 Tabela 12 Tese de Wilcoxon para a diferença das inovações ecnológicas na produção indusrial de celulose enre diferenes períodos...82

12 Tabela 13 Quanidade exporada (y) em oneladas, preço da celulose brasileira (PBR) em dólares, cuso variável de produção (CP) em dólares, capacidade insalada em oneladas (CI), preço em dólar dos concorrenes (PCON); e demanda de imporação mundial (DI) e do nível de aividade econômica do imporador (PIB E ) 88

13 1 INTRODUÇÃO 1.1 A quesão em análise O presene rabalho preende analisar a evolução da indúsria brasileira de celulose, discuindo as quesões de reorganização e as inovações ecnológicas que ocorreram no período de 1980 a 2005, as quais influenciaram o ganho de compeiividade observado nessa indúsria e permiiram ao país aumenar significaivamene suas exporações. Segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), a produção brasileira de celulose oalizou 10,35 milhões de oneladas em 2005, o que correspondeu a 5% do oal mundial produzido de celulose. Os principais países exporadores de celulose são o Canadá, os Esados Unidos, a Suécia, o Brasil, o Chile e a Finlândia. Junos, eles conrolam mais de 70% das exporações mundiais. Observa-se que o Brasil é o 4 o maior país exporador de celulose, revelando sua significaiva paricipação no mercado mundial de celulose. O primeiro ano de regisro sisemáico de exporação brasileira de celulose é o de 1961, quando foram exporadas 3,3 mil oneladas. A parir de enão, essas exporações êm ampliado coninuamene, aingindo 39,4 mil oneladas em 1970, 890,5 mil oneladas em 1980, 1,04 milhão de oneladas em 1990 e 5,55 milhões de oneladas em 2005 (BRASIL, 2006). Os principais países compradores da celulose brasileira são os Esados Unidos, o Japão, a Bélgica, o Reino Unido, a Iália, a França, a Coréia e a China. Conjunamene, Esados Unidos, Japão e Bélgica lideram o ranking de maiores compradores do produo brasileiro. De 1989 a 2005, 62,03% das exporações brasileiras de celulose, em média, foram desinadas a esses países. Esse crescimeno das exporações foi possível porque se esabeleceram empresas no Brasil que, desde a sua concepção, dedicam-se a produzir celulose de mercado 1 e que aenderiam o mercado exerno. Ese é o caso da Celulose Nipo-Brasileira S.A. (Cenibra), Aracruz Celulose S.A. e da Veracel Celulose S.A. Ouras empresas ambém geram excedenes para exporação, como a Suzano e a Vooranim Celulose e Papel (VCP). Além disso, as crescenes vendas exernas de celulose foram deerminadas pelo aumeno da compeiividade brasileira na produção desse produo. A celulose brasileira é oalmene elaborada a parir de madeira oriunda de 1 11 Celulose de mercado refere-se ao produo (celulose) que é vendido no mercado e não uilizado pela própria empresa produora para elaborar papel. Difere-se da celulose de inegração, que é aquela desinada direamene pelo seu produor para elaborar papel pela mesma empresa ou oura perencene ao mesmo grupo.

14 floresas planadas (o que aende às pressões ambienais) e esá sendo elaborada a cusos decrescenes. Iso em esimulado as empresas siuadas no Brasil a pariciparem no mercado exerno. Como conseqüência da insalação de empresas produoras de celulose voladas ao aendimeno do mercado exerno e do crescimeno das exporações dese produo, as receias cambiais do Brasil com as exporações de celulose aumenaram. Em 1970, as exporações de celulose geraram US$ 5,7 milhões de receia cambial; em 1980, 364 milhões; e em 2005, US$ 2,033 bilhões de dólares. Um dos faores que afea subsancialmene a compeiividade brasileira na produção de celulose refere-se ao cuso de produção desse produo. O Brasil possui endência descendene no cuso oal de produção de cada onelada de celulose branqueada de fibra cura. O cuso brasileiro de produção por onelada de celulose passou de US$ 490,00 em 1980 para US$ 448,00 por onelada em 2005. Em reais deflacionados a preços de agoso de 1994, esses cusos foram, respecivamene, R$ 1.122,71 por onelada e R$ 827,01 por onelada, o que significou queda de 26,34%. Com isso, o Brasil salou da posição de país com maior cuso de produção da celulose branqueada de fibra cura (BHKP) para a de país com menor cuso na produção desse ipo de celulose em 2004. Os elemenos responsáveis pela redução desse cuso na produção da celulose brasileira associam-se aos cusos da madeira, da energia, dos produos químicos e do rabalho. Conudo, o Brasil apresena baixo desempenho em relação aos cusos com ranspore, juros e à depreciação, como evidenciado por Sanjuan e Bacha (2003). Observa-se, no enano, que há escassez de rabalhos analisando por que houve essa redução no cuso de produção da celulose e seus impacos na indúsria, em especial em sua exporação. Normalmene, as reduções de cuso de produção esão associadas a vários faores, ais como o surgimeno de economias de escala, inovação ecnológica e mudanças de preços relaivos. Aé o presene momeno, esses faores não foram analisados como gerador de redução no cuso de produção da celulose no Brasil. Os ganhos de escala podem surgir a parir da re-esruuração de uma indúsria, onde os processos de fusões e aquisições levam a ampliar o amanho médio das empresas. Esses ganhos de escala ambém se associam às inovações ecnológicas. Essas úlimas, por si só, levam as empresas a pouparem insumos gerando reduções de cusos.

15 A mudança de preços relaivos, por exemplo, a razão preço de insumo/preço do produo, se associa à aberura comercial de um país, ao seu sisema ribuário, à mudança na sua paua de produção, enre ouros faores. 1.2 Objeivos 1.2.1 Objeivo geral O objeivo geral desse rabalho é analisar a evolução da indúsria brasileira de celulose no período de 1980 a 2005, dando desaque à reorganização e às inovações ecnológicas que ocorreram e seus impacos sobre a compeiividade, e desa sobre as exporações brasileiras de celulose. 1.2.2 Objeivos específicos 1) Analisar a esruura e o desempenho da indúsria brasileira de celulose, a parir da década de 1980, avaliando sua produção, exporação e cuso de produção, bem como sua reorganização, ressalando as mudanças que surgiram e seus impacos na compeiividade da indúsria; 2) Idenificar as pesquisas e inovações ecnológicas que ocorrem nas áreas floresal e indusrial e ressalar seus possíveis impacos sobre a compeiividade da indúsria brasileira de celulose no mercado inernacional; 3) Analisar a evolução das exporações brasileiras de celulose, elaborando um modelo economérico para evidenciar os principais deerminanes dessas exporações e que se relacionam com a compeiividade da indúsria nacional. Preende-se especificar e esimar as equações de ofera e demanda exerna por celulose brasileira, no período de 1980 a 2005. 1.3 Esruura da disseração O presene rabalho esá organizado em see capíulos, incluindo esa inrodução. O capíulo 2 analisa a lieraura sobre o ema em discussão, evidenciando a conribuição desse

16 rabalho. O capíulo 3 apresena o referencial eórico e meodológico usado nese rabalho. Os capíulos 4, 5 e 6 referem-se aos resulados do rabalho. O capíulo 4 caraceriza o sisema agroindusrial da celulose e analisa a esruura e o desempenho da indúsria brasileira de celulose, a fim de ressalar as mudanças que surgiram e seus impacos na compeiividade dessa indúsria. O capíulo 5 analisa as pesquisas e inovações ecnológicas ocorridas na silviculura e na indúsria brasileira de celulose, procurando mosrar como essas pesquisas e inovações conribuíram para a expansão do segmeno produivo de celulose no Brasil. O capíulo 6 faz a análise economérica do comporameno das exporações brasileiras de celulose, verificando quais são os principais deerminanes da ofera e demanda por essas exporações. O capíulo 7 apresena as considerações finais do rabalho.

17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Há diversos rabalhos analisando a evolução e a organização da indúsria de celulose no Brasil. Esses esudos podem ser agregados nos seguines ópicos: a) rabalhos analisando a organização da indúsria; b) rabalhos analisando o papel das políicas públicas em esimular a indúsria de celulose no Brasil; c) esudos sobre a geração de empregos; d) esudos sobre ciclos de preços e produção de celulose; e) esudos sobre pressões ambienais sofridas pela indúsria brasileira de celulose f) rabalhos sobre a compeiividade da indúsria; g) rabalhos sobre a ecnologia e inovação ecnológica na indúsria de celulose brasileira; e h) rabalhos sobre a dinâmica das exporações brasileiras de celulose e esudos sobre o comércio exerior desse produo. 2.1 Lieraura sobre a organização da indúsria brasileira de celulose Avaliando a organização da indúsria, foram enconrados rabalhos analisando a esruura da indúsria de celulose no Brasil, rabalhos aplicando a economia dos cusos de ransação na análise da indúsria e rabalhos sobre a reesruuração da indúsria brasileira de celulose. O rabalho de Pizzol e Bacha (1998b) analisou a esruura da indúsria de celulose no Brasil e ambém abordou suas vanagens e desvanagens frene aos principais concorrenes inernacionais. De acordo com esse rabalho, a indúsria brasileira de celulose caraceriza-se por uma produção pouco diversificada, há inegração verical com a base floresal e ela é basane concenrada em poucas empresas e em alguns esados. Além disso, o rabalho de Pizzol e Bacha (1998b) desaca que a indúsria brasileira de celulose enconrava, na década de 1990, algumas barreiras à compeiividade no mercado inernacional, como infra-esruura inadequada de serviços de ranspore e de elecomunicações, financiamenos com alas axas de juros, alo cuso de depreciação, por exemplo. Denro do enfoque da Economia dos Cusos de Transação - ECT, podem ser ciados os rabalhos de Ribeiro, A. (1998) e Ribeiro, B. (1998). No esudo de caso de Ribeiro, A. (1998), aplicou-se a ECT à Cia. Suzano de Papel e Celulose em dois momenos caracerizados por ambienes insiucionais diferenes: 1) período do esabelecimeno da indúsria de celulose no país e 2) período de érmino dos incenivos fiscais ao refloresameno. Os principais resulados

18 mosraram que a mudança insiucional com o fim dos incenivos fiscais represenou elevação de cusos para a aividade floresal e mudou a esruura da governança da empresa analisada de 100% hierárquica para esruuras de menor cuso de ransação composas de 80% de hierarquia e 20% de conraos. Já Ribeiro, B. (1998) uilizou o arcabouço eórico da ECT para analisar as esraégias de coordenação verical das empresas produoras de celulose em relação ao ranspore de madeira. De forma genérica, os resulados obidos no rabalho foram compaíveis com o resulado de que alos níveis de especificidade de aivos esariam associados à conraação de grandes ransporadoras. Por ouro lado, a conraação de pequenas ransporadoras ou caminhoneiros auônomos esá associada aos baixos níveis de especificidades, enreano, a conraação de grandes ransporadoras não esá resria apenas a ransações com alos valores de especificidade. O rabalho de Silva (2000) evidencia a imporância da reesruuração das empresas do seor de celulose e papel no Brasil, mediane o processo de alianças, fusões e aquisições, com a finalidade de ganhar escala de produção, reduzir cusos e aingir níveis de produção compaíveis com a compeição no mercado inernacional. Além disso, o rabalho refere-se à reesruuração como endência mundial diane de clienes cada vez maiores e globalizados. Para ilusrar, de acordo com Bacha e al. (2004), nos úlimos anos, a Suzano passou a conrolar inegralmene a Bahia Sul, a VCP comprou 28% da Aracruz e, em 2004, a Suzano Papel e Celulose e a VCP adquiriram a inegralidade das ações da Ripasa. Esses processos de reesruuração êm como mea o surgimeno de grupos com maior força para auar no mercado inernacional. 2.2 Lieraura sobre o papel das políicas públicas na indúsria brasileira de celulose Ao longo dos anos, as políicas federais iveram imporância fundamenal para o desenvolvimeno do seor de celulose e papel. Essas políicas permiiram a criação de um parque indusrial inernacionalmene compeiivo e a formação de uma base ecnológica floresal capaz de garanir aumenos consanes de produividade. O esudo de Silva (1996) relaa o panorama da expansão da produção indusrial de celulose na década de 1970. O auor relaa que nessa época, em que a celulose de eucalipo produzida pelo Brasil já era considerada de ala qualidade, a indúsria obeve grande apoio governamenal, aravés de incenivos fiscais para refloresameno, aravés da auação do

19 Conselho de Desenvolvimeno Indusrial - CDI e aravés dos invesimenos realizados com a paricipação acionária do Banco Nacional de Desenvolvimeno Econômico e Social - BNDES. Segundo o BNDES (2002) foi com o II Plano Nacional de Desenvolvimeno que foram ampliadas as bases para a indúsria nacional de celulose. A fim de reduzir a dependência em relação a fones exernas, foi formulado o Primeiro Programa Nacional de Papel e Celulose - I PNPC - em 1974. O objeivo desse programa era impulsionar o aprimorameno da ecnologia floresal e alcançar a auo-suficiência ano em papel quano em celulose, possibiliando a geração de excedenes exporáveis. Esse programa, segundo o BNDES (2002), recomendou ao BNDES as seguines medidas para o seor: 1. apoiar ampliações e modernizações das unidades indusriais exisenes; 2. esimular a implanação de novas fábricas de papel, celulose e pasa mecânica, bem como a fusão, incorporação ou ouras formas de associação de empresas do seor, visando a melhorar a eficiência e ober economias de escala; 3. esimular a redução dos efeios poluidores das unidades fabris, bem como a recuperação de produos químicos empregados no processo indusrial; 4. esimular a inegração floresa-indúsria, em ermos espaciais e empresariais, eviando a dispersão de recursos floresais e minimizando os cusos de exploração, ranspore e produção; 5. apoiar a pesquisa floresal, com o objeivo de ober melhoria dos resulados écnicos e econômicos no refloresameno, na seleção de mudas e melhoria de espécies, no espaçameno, na adubação, na mecanização, na exploração floresal ec. Sendo assim, o governo, por meio do BNDES, desempenhou papel significaivo na execução das políicas nos segmenos de refloresameno, produção de celulose e papel, de celulose de mercado e de máquinas e equipamenos. Conforme o BNDES (2002), as aprovações para o seor oalizaram R$ 8,68 bilhões enre 1974 e 1980, correspondendo a uma média anual de R$ 1,24 bilhão. Os resulados desse supore proporcionaram a aual configuração do seor de celulose e papel no Brasil. Hilgemberg e Bacha (2001) mosraram de que maneira a políica pública levada a cabo pelo Brasil, em boa pare pelo BNDES, conribuiu de maneira decisiva para a criação e organização do seor exporador de celulose brasileira, al qual ele se apresena hoje. Segundo os

20 auores na década de 1980, a indúsria brasileira de celulose alcançou sua mauridade e se consolidou operando com equipamenos compaíveis com a ecnologia mundial e inegrada com a produção floresal. A indúsria brasileira já era, nessa época, auo-suficiene na produção de maéria-prima floresal planada e, assim, adapada a esse ipo de pressão ambienal. Isso proporcionou ao país alcançar posição de desaque na produção mundial de celulose e papel nos anos 80. Foi nesse período, de expressivo crescimeno da produção de celulose, a enrada em operação de dois projeos financiados pelo BNDES: a Aracruz Celulose e a Cenibra, que produziam celulose branqueada de fibra cura (eucalipo), para exporação. Com o novo ciclo de invesimenos, no período de 1985 a 1995, nasceu o Segundo Programa Nacional de Papel e Celulose - II PNPC, o qual inha como mea ampliar a ofera de celulose, a fim de aumenar suas exporações; implanar floresas desinadas ao auoabasecimeno das fábricas; e proporcionar incenivos fiscais para imporação de equipamenos para o seor. Assim, foi no âmbio desse programa que nasceram novos players no seor: Bahia Sul Celulose, aual Suzano Bahia Sul, e o Grupo Vooranim. O BNDES paricipou aivamene do ciclo de invesimenos desse período agindo mais inensamene no mercado de capiais, adminisrando sua careira de aivos do seor, a fim de reduzir os riscos das operações. Nos anos 2000, segundo Sanjuan e Bacha (2003), a parceria BNDES com o seor de celulose e papel coninua sendo imporane para viabilizar os invesimenos das empresas de celulose. Como exemplo, noa-se a paricipação do BNDES na viabilização da erceira fábrica da empresa Aracruz Celulose, conhecida como Fábrica C, que foi inaugurada em maio de 2002. Tal empreendimeno consumiu US$ 807 milhões em invesimenos, dos quais o BNDES financiou US$ 300 milhões (ARACRUZ DESENVOLVE..., 2006). Pode-se concluir que o papel das políicas públicas, principalmene as capaneadas pelo BNDES, permiiu que os invesimenos realizados pelo seor amadurecessem e foi crucial para que o Brasil ocupasse lugar de desaque na produção mundial de celulose e papel. 2.3 Lieraura sobre a geração de empregos Esudos que comprovam a imporância da paricipação do seor de base floresal (que inclui celulose, papel, papelão e produos de madeira sólida enre ouros) na paricipação do PIB e na geração de empregos ambém foram enconrados. Conforme a Associação Brasileira da

21 Indúsria de Madeira Processada Mecanicamene ABIMICI (2004) esima-se que o PIB do seor de base floresal alcançou US$ 25 bilhões em 2004, o que represena 4,1% do PIB brasileiro nese mesmo ano. Além disso, esse esudo desaca que o seor de base floresal é um dos principais segmenos geradores de emprego na economia brasileira. Em 2004, a cadeia produiva do seor de base floresal gerou 6,5 milhões de empregos direos e indireos, o que represena 7,4% da população economicamene aiva do Brasil, demonsrando uma fore conribuição socioeconômica para o país. 2.4 Esudo sobre ciclos de preços e produção de celulose Pizzol e Bacha (1998a) analisaram o comporameno dos ciclos de preços e produção referenes à celulose, procurando idenificar ciclos em uma série anual de preços recebidos pela celulose exporada pelo Brasil. A celulose apresena ciclos de preços de duração não periódicos. Os preços caracerizam-se por apresenar inensa fluuação e períodos imprevisíveis de ala e baixa. Para sobreviver às fluuações de preços, as empresas devem aproveiar o melhor momeno dos ciclos de preços para invesir. Elas devem invesir na fase de queda dos preços, para que a mauração de seus invesimenos surja na fase de preços favoráveis. (PIZZOL; BACHA, 1998a, p. 9). 2.5 Lieraura sobre as pressões ambienais sofridas pela indúsria brasileira de celulose Os rabalhos de Pizzol e Bacha (1998b), Silva (1996) e Hilgemberg e Bacha (2003) desenvolveram esudos sobre as pressões ambienais imposas sobre as indúsrias de celulose e papel. O primeiro evidenciava a siuação do Brasil, da Europa Ocidenal, da América do Nore e da Ásia frene às pressões ambienais na década de 1990; o segundo mosra as medidas ambienais relacionadas com o comércio inernacional - Trade-Relaed Environmenal Measures TRENS; e o erceiro analisa a organização indusrial da produção de celulose de mercado no Brasil e os impacos das pressões ambienais sobre essa indúsria. Em pare, essas pressões refleem um pouco do proecionismo disfarçado sob o mano da preocupação ecológica. Os

22 países europeus e da América do Nore querem barrar a enrada, em seus mercados, de fibras mais compeiivas (brasileira, chilena e da Indonésia, por exemplo) minimizando o risco de suas radicionais indúsrias produoras de celulose quebrarem. Segundo Hilgemberg e Bacha (2003), as pressões ambienais são aquelas oriundas das legislações dos países imporadores, dos consumidores e de grupos ambienalisas e referemse à aceiação volunária, por pare dos oferanes de celulose nos mercados mais exigenes, de deerminados padrões de condua, os quais, segundo Pizzol e Bacha (1998b), esão relacionados aos seguines faores: adoção de práicas susenáveis de manejo floresal, o combae ao uso de cloro elemenar no branqueameno da celulose e o esímulo ao crescimeno do uso de fibras recicláveis. Em relação ao uso de fibras recicláveis, há na lieraura esudos que mosram as vanagens e desvanagens do uso de fibras recicláveis na fabricação de papéis. As desvanagens enconradas foram: a) as fibras recicladas não apresenam a mesma cor branca das fibras virgens; b) como as fibras recicladas já sofreram raameno mecânico durane o novo processo de branqueameno, essas fibras podem perder suas formas esruurais; c) em média, as fibras recicladas são mais curas e apresenam menor capacidade de dilaação que as fibras virgens. Assim, os papéis fabricados com as fibras recicladas apresenam menor qualidade e resisência, se comparados aos papéis fabricados com fibras virgens; d) necessidade de padronização do maerial reciclado. Já as vanagens do uso de maerial reciclado são: a) baixo consumo de energia nos processos indusriais; b) apresenam propriedades de menor resisência e baixa densidade, podendo ser aproveiadas na fabricação de papéis de parede e alguns papéis de impressão (RECYCLED PULP..., 2004). Também foi enconrado denro desse ema, assunos relacionados à preocupação dos países em relação ao Proocolo do Kyoo. Möllersen (2004) analisou em seu esudo alernaivas para minimizar as emissões de gás carbônico nas indúsrias de papel e celulose na Suécia, idenificando ecnologias de capura e seqüesro de gás carbônico, como forma de ornar o processo indusrial mais susenável.

23 2.6 Lieraura sobre a compeiividade da indúsria brasileira de celulose Oura bibliografia de fundamenal imporância para ese rabalho relaciona-se ao conceio de compeiividade e seus geradores. O rabalho de Sanjuan e Bacha (2003) define e avalia compeiividade na indúsria brasileira de celulose. De acordo com os auores, um dos faores que afea subsancialmene a compeiividade brasileira na produção de celulose refere-se ao cuso de produção da celulose. O mencionado rabalho consaou que o Brasil possui endência descendene no cuso oal de produção de cada onelada de celulose branqueada de fibra cura. O cuso brasileiro de produção por onelada de celulose passou de US$ 490,00 em 1980 para US$ 359,00 por onelada em 2001. Com isso, o Brasil salou da posição de país com maior cuso de produção da BHKP para a de país com menor cuso na produção desse ipo de celulose. Já o esudo de Jorge (2001) relaciona compeiividade aos faores inernos às empresas, aos faores esruurais e aos faores sisêmicos. Além disso, esse esudo idenificou que as vanagens compeiivas do seor de celulose e papel esão associadas a melhores condições de infra-esruura física e cienífico-ecnológica, maior ineração com fabricanes de equipamenos e possibilidade de se favorecer de políicas proecionisas que venham a ser adoadas. Em sua pesquisa, é relaado que a concorrência, cada vez mais globalizada, indica que não será suficiene um diferencial de cusos de produção ou a inegração com uma base floresal eficiene. A engenharia financeira dos projeos, dados os elevados cusos de capial, as ecnologias de processo e produo e as formas de comercialização, enre ouros, passam a ser variáveis críicas do processo compeiivo. 2.7 Lieraura sobre pesquisas e inovações ecnológicas no seor de celulose e papel O esudo do Minisério da Ciência e Tecnologia - MCT (BRASIL, 2002) raz as principais demandas públicas e privadas em ermos de pesquisa na área de ecnologia de celulose e papel. Esas demandas são divididas nos seguines iens: 1. novas ferramenas analíicas para avaliação de parâmeros de qualidade da madeira, de forma a permiir a avaliação de um maior número de maeriais em reduzido espaço de empo;

24 2. desenvolvimeno de sisemas de simulação de processos modificados de polpação e branqueameno - modelagem maemáica; 3. processos de polpação e branqueameno para fibras longas oriundas de floresas planadas no Brasil; 4. desenvolvimeno/modificação de processos visando a superação da barreira do rendimeno; 5. uilização da bioecnologia em processos de polpação e branqueameno de polpa celulósica, ais como o desenvolvimeno e uilização de enzimas; 6. morfologia de fibras e sua relação com a silviculura e caracerísicas de polpa e papel; 7. genômica funcional aplicada à celulose e papel; 8. desenvolvimeno de ecnologias de polpação e branqueameno para recursos fibrosos não-convencionais; 9. fechameno de circuios - redução/eliminação de emissões ambienais. Com relação às fones de recursos públicos e privados para a pesquisa no seor floresal brasileiro, o rabalho do MCT (BRASIL, 2002) concluiu que 54 organizações conribuem para a pesquisa e desenvolvimeno em ciência, ecnologia e inovação. O rabalho ressala que apesar da maior pare da produção cienífica floresal no Brasil ser gerada por pesquisadores ligados às Universidades, à Embrapa e por poucos insiuos de pesquisa especializados, há noável produção cienífica de dezesseis empresas de base floresal. Conforme o MCT (BRASIL, 2002), o seor de celulose e papel em um modelo insiucional de invesigação cienífica e ecnológica dividida enre o seor privado e o seor público. Esa divisão, no enano, segundo esse rabalho, deve ser avaliada de forma crieriosa, pois as aividades desenvolvidas pelas empresas do seor de celulose e papel esão voladas, quase que exclusivamene, para a solução de problemas inrínsecos de cada empresa, não podendo ser efeivamene classificadas como invesigação cienífica e ecnológica. Assim, as aividades efeivas de invesigação cienífica e ecnológica esão ligadas ao seor público, nese caso, represenados pelas universidades. O esudo ambém mosrou que, no Brasil, exisem aualmene dois cenros de pesquisa e ensino auanes na área de celulose e papel, localizado na Universidade Federal de Viçosa MG e na Universidade de São Paulo - SP.

25 Segundo o MCT (BRASIL, 2002), as fones de recursos desinados à pesquisa em processameno químico, que abrange celulose e papel, carvão, resinas e óleos essenciais, são oriundas quase que exclusivamene do seor público. Os recursos do seor público são disponibilizados por agências de fomeno à pesquisa ais como Conselho Nacional de Desenvolvimeno Cienífico e Tecnológico - CNPq, Financiadora de Esudos e projeos - FINEP, Minisério da Ciência e Tecnologia - MCT, Fundação de Amparo à Pesquisa do Esado de São Paulo - FAPESP, Fundação de Amparo à Pesquisa do Esado de Minas Gerais FAPEMIG, enre ouras. Analisando a ecnologia usada no Brasil pela indúsria de celulose, em-se o rabalho de Cruz (2001). O auor relaa que a ecnologia floresal brasileira já pode ser considerada consolidada, uma vez que após 25 anos de pesquisa, o desenvolvimeno genéico alcançado para o eucalipo permie o core para indusrialização aos see anos, com ala produividade, enquano as floresas boreais do hemisfério nore êm um ciclo de no mínimo rina anos, sendo que, usualmene, coram-se maas naivas. Oura bibliografia, em relação a esse ema de ecnologia e inovação ecnológica, engloba os esudos genômicos considerados significaivos para o seor de celulose e papel. O projeo Genolypus, desenvolvido pelos laboraórios da Klabin, permie consolidar a liderança do país na produção de fibras de eucalipo e permie que a indúsria nacional concorra com os experimenos realizados por laboraórios esrangeiros. Tal projeo, por meio de mapeameno genéico, possibilia desenvolver espécies de eucalipo propícias para cada região, como as que são resisenes à geada, ao solo mais arenoso ou a reduções de índices pluvioméricos, por exemplo. Dessa maneira, essa experiência reflee uma forma de agregar valor ao seor e ampliar a compeiividade brasileira no mercado inernacional de papel e celulose (PARA EMPRESÁRIOS..., 2002). Faz-se necessário ressalar que a lieraura acima mencionada não mosrou como as políicas públicas afearam as aividades de pesquisas ocorridas na silviculura brasileira. Além disso, não foram mencionadas como essas pesquisas se maerializaram em inovações ecnológicas e como essas inovações, ocorridas na silviculura e na produção indusrial de celulose, conribuíram para a expansão do seor. Sendo assim, ese rabalho irá conribuir para compreender mais dealhadamene esses processos.

26 2.8 Trabalhos sobre análise economérica do comércio inernacional de celulose A análise das exporações brasileiras de celulose e a dinâmica do mercado exerno desse produo já foram raadas nos rabalhos de Hilgemberg e Bacha (2001) e Cruz (2001), por exemplo. Há, na lieraura especializada, muios ipos de modelos que podem ser usados para esudar o comércio inernacional de celulose. Como exemplo, pode-se ciar o modelo consan marke share de Richardson (1971) 2. Ese modelo, como mosra Oliveira (1995), procura explicar as mudanças no comporameno das exporações de deerminado produo com base no crescimeno oal do comércio mundial, no crescimeno de cada mercado imporador e na esruura dos acordos inernacionais de comércio. Ouros rabalhos economéricos procurando analisar a dinâmica do mercado exerno de celulose ambém foram enconrados. O esudo de Silva (1996) procurou especificar e esimar as relações esruurais do mercado brasileiro de celulose. Para iso, foram esimados modelos dinâmicos de ofera oal, demanda inerna e demanda de exporação, que expressam as relações do mercado a curo e longo prazos. O período de empo analisado foi de 1978 a 1993. Denre as principais conclusões do rabalho de Silva (1996) em-se que as elasicidades-preço da ofera de celulose foram 0,11 e 0,18 a curo e longo prazos, respecivamene, indicando que esa ofera é inelásica em relação ao seu preço. Além disso, na demanda inerna de celulose verificou-se que as elasicidades-preço foram 0,12 e 0,18, a curo e longo prazos, respecivamene, indicando que a demanda ambém é inelásica com relação ao preço do produo. As elasicidades-renda foram de 1,14 e 1,17, a curo e longo prazos, respecivamene, concluindo-se que a demanda inerna é mais sensível às variações na renda do que a variações nos preços. Em relação à demanda de exporação, os resulados foram semelhanes. As elasicidades-preço foram de 0,17 e 0,37, a curo e longo prazos, respecivamene, enquano as elasicidades-rendas foram de 0,67 e 1,14, respecivamene. Dessa maneira, verifica-se, ambém, que a demanda de exporação é mais sensível às variações na renda dos países imporadores do que às variações no preço de celulose. A demanda de exporação de celulose ambém mosrou-se pouco sensível às variações no preço de papel e papelão. 2 RICHARDSON, D. Consan: marke shares analysis of expor growh. Journal of Inernaional Economics, Michigan, v. 1, n. 2, p. 227-239, 1971.

27 O rabalho de Oliveira (1995) empregou um modelo de comércio inernacional para esimar a demanda de imporação da celulose originada pelos see principais mercados imporadores (Esados Unidos, Japão, Iália, Alemanha, França, Inglaerra e Bélgica). Além disso, ese auor consruiu um modelo mundial de comércio inernacional de celulose, para simular os efeios nos preços e nos fluxos dese produo ocasionados por qualquer choque exógeno que ocorra no mercado inernacional. Com relação às principais conclusões do rabalho de Oliveira (1995), em-se que as mudanças exógenas, que esimulam o crescimeno da demanda de celulose no Japão e na Europa, beneficiam odos os países exporadores, com mais vanagens para Canadá e Esados Unidos, que êm paricipações maiores naqueles mercados. Os aumenos na produção de celulose dos Esados Unidos promovem as maiores quedas de preço no mercado inernacional, afeando os fluxos comerciais dos países exporadores. A axação de celulose no mercado europeu é prejudicial a odos os países exporadores, enquano os aumenos na produção de celulose brasileira praicamene não afeam os fluxos e preços do comércio mundial. Sanjuan e Bacha (2003) realizaram uma análise economérica dos deerminanes das exporações brasileiras de celulose no período de 1980 a 2001 esimando apenas uma equação de ofera. As variáveis deerminanes das exporações de celulose foram: preço em dólar da celulose exporada, cuso de produção da celulose (em dólar), capacidade insalada de produção e axa de câmbio bilaeral real. Consaou-se que as exporações brasileiras de celulose pouco respondem a variações de preços e cuso de produção, sendo afeadas, principalmene, pela capacidade insalada e pela axa de câmbio. Esses resulados são consisenes com o fao de que parcela expressiva da indúsria de celulose de mercado foi esabelecida para aender ao mercado exerno, independene das conjunuras de preços que ocorram nesse mercado. Essa disseração difere dos rabalhos já analisados na lieraura, pois preende-se esimar as equações de ofera e demanda pela exporação brasileira de celulose no período de 1980 a 2005, uilizando o méodo dos mínimos quadrados ordinários em dois eságios, considerando como variáveis endógenas ao modelo a quanidade da celulose exporada pelo Brasil e o preço de exporação da celulose brasileira. As variáveis predeerminadas do modelo são o cuso de produção, a capacidade insalada, o preço dos concorrenes e a renda dos países imporadores da celulose brasileira. Comparando o presene rabalho com os rabalhos exisenes na lieraura, noou-se que o rabalho de Sanjuan e Bacha (2003) apenas analisou a ofera de

28 exporação de celulose para o período de 1980 a 2001. O rabalho de Oliveira (1995) eve objeivo diferene ao dessa disseração, já que considerou somene a esimaiva da demanda de imporação da celulose originada pelos see principais mercados imporadores de celulose (Esados Unidos, Japão, Iália, Alemanha, França, Inglaerra e Bélgica). Além disso, o auor uilizou, para o período de 1973 a 1989, a formulação do modelo especificado por Armingon (1969) 3 conhecido como a eoria da demanda por produos, disinguidos por local de origem. O rabalho de Silva (1996), por sua vez, esimou as relações esruurais do mercado brasileiro de celulose por meio de rês equações, ofera oal, demanda inerna e demanda de exporação. As equações do sisema foram ajusadas pelo méodo dos mínimos quadrados ordinários, já que o mencionado auor considerou odas as variáveis explicaivas como sendo predeerminadas. As variáveis que foram uilizadas para explicar as variações na quanidade de ofera oal de celulose foram produção de celulose defasada de um ano, o preço médio da celulose, o preço médio das máquinas e equipamenos indusriais e a endência (variável que procura capar alerações emporais em variáveis como a evolução ecnológica). Já as variáveis que se mosraram relevanes para explicar a demanda inerna foram: quanidade demandada defasada, preço inerno da celulose, produo inerno bruo per capia e a endência (para demanda inerna). As variáveis explicaivas da demanda exerna de celulose foram: demanda exerna de celulose defasada de um ano, preço da celulose recebido pelos exporadores, renda inerna dos cinco maiores imporadores de celulose e a endência (variável que procura capar mudanças esruurais ao longo do empo). O rabalho de Silva (1996) realizou essa análise para o período de 1978 a 1993. Além disso, na lieraura enconrada, ambém há escassez de rabalhos analisando a reorganização da indúsria de celulose e as inovações ecnológicas como fones geradoras do ganho de compeiividade obido pela indúsria brasileira de celulose e responsáveis pelo incremeno expressivo das exporações brasileiras desse produo. As informações que serão geradas nese rabalho serão úeis a esudiosos e formuladores de políicas referenes à indúsria de celulose no Brasil. 3 ARMINGTON, P.S. A heory of demand for producs disinguished by place of producion. Inernaional Moneary Fund Saff Papers, Washingon, v. 16, p. 159-178, 1969.