1 TÍTULO: A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL ATRAVÉS DA HISTÓRIA E O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL, POR FLORESTAN FERNANDES (1920-1995) AUTOR: IGOR TEODORO GUIMARÃES CONTATO: igortg.sociais@gmail.com OBJETIVO GERAL: Abordar a partir da formação social e histórica de nosso país como a população negra foi desvalorizada e marginalizada mesmo após a abolição da escravidão, pensando na Integração do negro na sociedade de classes (obra de Florestan Fernandes), pautando também nas questões da eugenia e do mito da democracia racial que contribuíram com essa prática racista durante a construção histórico-social brasileira. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: a) Apresentar a análise de Florestan Fernandes sobre a questão racial em nosso país (o estudo foi realizado em São Paulo, mas contempla a situação de todo o Brasil) e a marginalização da população negra, onde os negros foram forçados a virem e serem brutalmente escravizados e violentados. Depois da abolição da escravidão, não houve políticas de inserção e qualificação da população negra para se inserir de fato na sociedade, antes agrária e depois industrial. b) Abordar a questão da eugenia como política nas primeiras décadas do século XX. c) Discutir o mito da democracia racial e no que tal mito contribuiu para reforçar o racismo num falso discurso de relação harmoniosa entre as etnias que aqui vivem. d) O objetivo então é a reflexão e problematização, por parte dos educandos, sobre a influência de anos e anos de exploração do negro através do trabalho escravo aqui no Brasil, onde após a abolição, a população negra ainda sofre preconceito, descaso e marginalização. Onde a desigualdade social existe e se manifesta além de outras formas, na questão racial.
2 1. PRÁTICA SOCIAL INICIAL DO CONTÉUDO: 1.1 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS A SEREM TRABALHADO DURANTE A AULA: a) Primeiro, perguntar aos educandos sobre o que eles recordam da democracia racial (Gilberto Freyre) para então chegar à desmistificação desse conceito. Partindo daí, discutirei as questões levantadas por Florestan Fernandes. b) Florestan Fernandes analisou um longo período histórico, desde a colônia até a época em que realizou sua pesquisa. Falar-se-á então um pouco sobre a população negra durante a escravidão, passando pela abolição e o período pós-abolição. c) Trabalhar as ideologias vigentes na época, que tratavam a eugenia como solução para que o país se desenvolvesse melhor durante a industrialização e urbanização. Com isso, chegaram imigrantes europeus que se inseriram no meio de trabalho e na sociedade, não sobrando espaço para os negros. d) Por último, o mito da democracia racial, pois é sabido que relação entre as diferentes etnias, entre a dominante e a dominada, não foi e não é harmoniosa. 1.2 VIVÊNCIA COTIDIANA DOS ESTUDANTES: a) O que os alunos já sabem do conteúdo: Os educandos conhecem a história brasileira e seus períodos, sabem que o negro foi escravizado e que houve a abolição. Conhecem a teoria da democracia racial cunhada por Freyre. (Obs.: Sabe-se que os alunos já viram os conteúdos mencionados. Acompanho as aulas, converso com o professor e essa regência possui um caráter de revisão). Considerando tais afirmações, desmistificar a democracia racial trabalhar de fato a questão do negro na sociedade de classes, e as relações raciais que nela acontecem. b) O que os alunos gostariam de saber a mais? Como no processo histórico, não houve a valorização e a devida inserção da população negra em nosso país, pelo contrário, houve a marginalização e completa desvalorização. O racismo existe e deve ser combatido, mas ele é velado pelo mito da democracia racial.
3 2. PROBLEMATIZAÇÃO 2.1 DISCUSSÃO SOBRE OS PROBLEMAS MAIS SIGNIFICATIVOS: Como foi a vivência da população negra no Brasil no período colonial? Depois que os negros saíram da condição de escravos, como viveram? O que é eugenia? A democracia racial é um mito? Por quê? São a favor ou contra as políticas públicas e sociais de inserção (como por exemplo, as cotas)?se Florestan ainda estivesse vivo, conseguiria encontrar alguma semelhança entre o período em que ele analisou e o nosso contexto? E vocês conseguem apontar alguma semelhança? A partir de tais questionamentos, discutir a questão racial e as desigualdades produzidas a partir dela. 2.2 DIMENSÕES DO CONTEÚDO A SEREM TRABALHADAS NA AULA: DIMENSÃO SOCIOLÓGICA: Leitura da realidade social e percepção da desigualdade racial produzida desde o período colonial, reforçada pelo mito da democracia racial. DIMENSÃO HISTÓRICA: Florestan analisou um longo período temporal. Lançar um olhar sobre esse período auxilia na compreensão do conteúdo. DIMENSÃO POLÍTICA: A dominação exercida sobre a população negra e a total influência que isso gera no cotidiano. DIMENSÃO ECONÔMICA: Essa dominação também gera desigualdade econômica, sendo que o negro não possui as mesmas oportunidades que o branco, por exemplo. 3.INSTRUMENTALIZAÇÃO 3.1AÇÕES DIDÁTICAS-PEDAGÓGICAS Aula dialogada com o seguinte roteiro: PASSO 1: Traçar as relações raciais desde o período colonial. É um longo período, mas pode-se falar de maneira sintética, abordando as principais características. PASSO 2: Lançar os conceitos e a análise promovida pelo autor, pensando em diversas questões que até hoje se fazem presentes. A maioria da população brasileira é negra, e a maioria da população negra é pobre. Ao mesmo tempo em que a maioria da população
4 carcerária é negra, a maioria da população em situação de rua também. A juventude negra é a mais assassinada no país. Todos esses dados nos trazem indagações das quais temos que problematizar para entender e no mínimo nos conscientizar. Abordar tais questões pensando nos conceitos de Florestan. PASSO 3: Exibir os vídeos e pensar no contexto passado e na conjuntura atual, na questão sócio histórica e racial em nosso país, tentando extrair o que foi apreendido e pensado pelos educandos. A intenção por trás da exibição dos vídeos é trazer a discussão para o atual contexto, onde a população negra ainda é marginalizada e tratada de maneira subhumana. O primeiro vídeo: um documentário que narra a história do assassinato do jornaleiro Jonas Eduardo Santos de Souza, executado ao ser barrado indevidamente na porta do banco Itaú (banco em que Jonas foi cliente por 10 anos) com um tiro no peito pelo segurança da agência (que também era negro) no centro do Rio de Janeiro, em 22 de dezembro de 2006. Até hoje a motivação do crime não foi solucionada. Seguranças e policiais trabalham para defender um patrimônio que não é deles, como os capitães do mato do período escravocrata. No próprio documentário, os familiares de Jonas usam esse termo. O segundo vídeo retrata o caso de Rafael Braga, jovem negro que foi preso nas manifestações de 2013 (em que ele nem estava participando) portando água sanitária e pinho sol. Foi condenado a 11 anos de prisão, diziam que ele estava fabricando explosivos. O caso gerou comoção internacional e Rafael passou por diversas situações desde então. Os dois vídeos trazem à tona a marginalização, violência e atéa questão do genocídio contra o povo negro, indícios de que a democracia racial está longe de existir. Vídeo 1: Jonas só mais um, documentário lançado em 2008, dirigido por Jeferson De, faz parte do projeto Marco Universal. Feito no Rio de Janeiro. Disponível em: https://vimeo.com/62903840 Vídeo 2: Minidocumentário: Liberdade para Rafael Braga, produzido neste ano pela equipe da Deputada Federal pelo PT do RJ, Benedita Silva. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9g1c8bgy6ce PASSO 4: Aplicar a atividade que será a mesma da regência anterior (Sérgio Buarque de Holanda). 3.2RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS: Quadro, giz, apagador, TV e pendrive para exibição das charges. Texto didático para consulta durante a explicação de conceitos e memorização dos mesmos.
5 4.CARTASE Os alunos podem se dividir em duplas. Junto ao texto didático, estará uma questão, para que eles escrevam sobre o que apreenderam dos dois autores e que possam dar um exemplo atual relacionado aos conceitos. Seja esse exemplo, cotidiano e que faça parte de suas vidas ou não. A intenção da avaliação é notar se os educandos compreenderam os conceitos discutidos durante as regências. E, se conseguem trazer para suas realidades tais conceitos. Mesclando a ciência com suas vivências. ANEXO: ATIVIDADE Os dois autores estudados até aqui, Sérgio Buarque de Holanda e Florestan Fernandes deram forma científica à sociologia brasileira. Sérgio Buarque um pouco antes, pois fez parte da geração de 1930 da Sociologia Brasileira. Já Florestan, revolucionou a visão aplicada na Sociologia, trazendo sempre o ponto de vista do dominado, não o do dominador. Além disso, foi ele quem deu à Sociologia o status de profissão além de tudo, mudando os rumos da academia (universidade). Pensando na cordialidade e as ações de favorecimento pessoal exercida pela elite e na exclusão da população negra na sociedade, trace um paralelo entre esses conceitos e cite exemplos que ilustrem a cordialidade e os problemas raciais no Brasil. Observações: a atividade deve ser entregue no dia da aula e deve ter no mínimo 8 linhas. REFERÊNCIAS: DE, Jeferson. Jonas só mais um. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: https://vimeo.com/62903840. FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Ática, 1978. GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica.4ª edição, Campinas, SP: Ed. Autores Associados, 2007. SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-Crítica: Primeiras Aproximações. Campinas, SP: Ed. Autores Associados, 2000. 7ª edição, SILVA, Benedita. Minidocumentário: Liberdade para Rafael Braga. Rio de Janeiro, 29 de Julho de 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9g1c8bgy6ce. Acesso em: 10 set. 2017.