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Transcrição:

MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS L... PRIVADOS, - CRSNSP 206 Sessão Recurso n 5829 Processo SUSEP n 15414. 100349/2006-50 RECORRENTE: RECORRIDA: BRADESCO AUTO/RE COMPANHIA DE SEGUROS SLJPER1N'1'ENi)lNClA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP EMENTA: RECURSO ADMINISTRATIVO. [)cnúncia. Trâmite prévio do processo por ouvidoria da seguradora. Pas de nulíiié sans grief Recusa de pagamento de indenização. Ausência de provas das causas extintivas da obrigação de indenizar. Revelia. E)emora do segurado para comunicar sinistro. As causas. extintivas da obrigação de indenizar, se conhecidas pela seguradora, devem ser invocadas no ato da recusa. Boa-fé objetiva. Recurso conhecido e improvido. PENALIDADE ORIGINAL: Multa no valor de R$ 32.000,00. BASE NORMATIVA: Art. 88 do Decreto-Lei n 73/66. Ø ACÓRDÃO/CRSNSP N 5001/1 4. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decidem os membros do Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização, por unanimidade, negar provimento ao recurso da Bradesco Auto/RE Companhia de Seguros. nos termos do voto da Relatora. Presente a advogada Dra. Ramani Passos que sustentou oralmcnte em favor da recorrente, intervindo nos termos do Regimento Interno deste Conselho o Senhor representante da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dr. José Eduardo de Araújo I)uarte. Participaram do julgamento os Conselheiros Ana Maria Meio Nctto Oliveira. Claud io Carvalho Pacheco. Thompson da Gama Moret Santos, Paulo Antonio Costa de Almeida Penido, Washington Luis Bezerra da Silva e Marcelo Augusto Camacho Rocha, Presentes o representante da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dr. José Eduardo de Araújo Duarte, e a Secretária-Executiva, Senhora Theresa Christina Cunha Martins. Sala das Sessões (RJ), 6 de novembro de 2014. \J&NA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA Presidente e Relatora JOSÉE DODEA I)UARTE Procurador da Fazenda Nacional

MINLSTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRJvAIos, Recurso n. 5829 Processo SUSEP no. i 5414.100349/2006-50 RECURSO ADMINISTRATIVO Recorrente: Recorrido: Bradesco Auto/RE Cia. de Seguros Superintendência de Seguros Privados - SUSEP RELATÓRIO Cuida-se de recurso interposto por Bradesco Auto/RE Cia. de Seguros, que se insurge contra a decisão proferida pelo Coordenador-Geral de Julgamentos da SUSEP (fls. 242), impondo-lhe a sanção de multa prevista na Resolução CNSP n 60/2001, art. 50, IV, g, considerando ainda reincidências e a atenuante do art. 53, 1, da mesma norma, por infração ao disposto no Decreto-Lei n 73/1 966, art. 88, consubstanciada na negativa de indenizaçãoo e atraso de emissão da apólice. Ô Em 23 de maio de 2006, a Transportes Gritsch Ltda. apresentou reclamação (fls. 03/04) contra a seguradora junto à Susep, alegando ser cliente de seguro de automóvel oferecido pela recorrente e apresentando a respectiva apólice (fls. 16/20), emitida em 04 de julho de 2005 e com vigência se estendendo de 28 de outubro de 2004 a 28 de outubro de 2005. Tendo sido furtado, em 28 de agosto de 2005, um dos veículos mencionados na apólice, a reclamante notificou a seguradora do fato em 12 de setembro do mesmo ano (fls. 21/22). Em carta datada de 23 de janeiro de 2006, a seguradora informou a reclamante do indeferimento do pedido de seguro (fls. 23), alegando que a reclamante, ao preencher a proposta de seguro, havia informado que o veículo possuía equipamento bloqueador ou rastreador antifurto, contudo, uma vez que a análise da documentação que instruía o processo permitiu constatar que o veículo não possuía tal equipamento por ocasião do sinistro, era aplicável uma cláusula das condições gerais do contrato que previa a perda de direito do segurado sobre o seguro em caso de inexistência ou inatividade do referido equipamento. A carta não trazia anexa a proposta de seguro, nem os documentos que permitiram verificar a inexistência do bloqueador ou localizador, tampouco referiam explicitamente o número da cláusula

MINNTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, mencionada, citando apenas seu texto. Assim, em 11 de abril de 2006: a reclamante solicitou junto à recorrente cópia da proposta de seguro mencionada na carta, bem como laudo da vistoria realizada no veículo (ou justificativa para a eventual inocorrência de vistoria). Sem ter obtido resposta, a reclamante veio solicitar à SUSEP, em 23 de maio, que interviesse para exigir da recorrente os referidos documentos, bem como explicação do motivo do atraso na emissão da apólice (249 dias após o início da sua vigência, em vez dos 15 dias permitidos pela legislação). 3. Por conseguinte, o Coordenador da GRFSP intimou a seguradora a manifestar-se, no prazo de 15 dias (fls. 25); a intimação foi recebida em 10 de junho de 2006 (fis. 111), pelo que o prazo encerrou-se em 16 de junho. Nesta data a SUSEP recebeu por fax (e, em 19 de junho, em formato impresso) a defesa da reclamada (fls. 26/29), em que ela alegava nulidade do procedimento administrativo então instaurado, com base no disposto na Circular SUSEP n 274/2004, art. 1, pelo qual as reclamações contra sociedades supervisionadas que contassem com ouvidoria reconhecida pela SUSEP deveriam ser encaminhadas aos respectivos ouvidores antes da abertura de processo administrativo. Também juntou numerosos documentos relativos à questão, mas não incluiu a proposta de seguro, afirmando que iria fazê-lo posteriormente. A reclamante, por sua vez, foi intimada a manifestar-se sobre a as informações apresentadas pela seguradora (fls. 110) em 03 de junho (fls. 112). A reclamante diverge da tese da nulidade do procedimento, poiso acesso do segurado à ouvidoria da seguradora seria, nos termos do direito do consumidor, mera faculdade conferida àquele, e jamais obrigação que o impedisse de acionar diretamente o órgão fiscalizador. Reiterou ainda a demanda pela proposta de seguro e pelo laudo de vistoria (ou justificativa para sua inexistência), que a recorrente deixara de incluir entre os documentos que juntara. 4. Em 23 de agosto de 2006, parecer jurídico da Procuradoria Especializada da SUSEP (fls 121/124) reconhece a existência das normas procedimentais invocadas pela recorrente, mas rejeita o argumento da nulidade do procedimento, fundando-se na inexistência de prejuízo efetivo para a reclamada e na natureza mesma da reclamação, que diz respeito à documentação de atos jurídicos já perfeitos e consumados, terreno em que os poderes de mediação e negociação da ouvidoria da seguradora não surtiriam qualquer efeito. Ressalvou apenas a necessidade de reconhecer, em caso de eventual condenação da reclamada, a atenuante prevista na Resolução CNSP n 60/2001, art. 53, 1, uma vez que a seguradora dispunha de ouvidoria reconhecida e expressamente reivindicou que a presente reclamação passasse por ela primeiro. O parecer foi confirmado pelas instâncias superiores (fls. 125 2

'41 44. MINISTÉRIO DA FAZENI)A CoNsELHo DE RECURSOS DO SISTEMA NACiONAL DE SEGUROS PRIVADOS, e 181/182), com a ressalva de que a normatização vigente e aplicável ao caso era a Circular SUSEP n 292/2005 e não a invocada pela reclamada, àquela altura já revogada. Em 04 de setembro de 2006, sob nova demanda da SUSEP (fls. 119) recebida em 25 de agosto (fls. 183), a reclamada juntou novos documentos (fls. 127/179), esclarecendo ainda (fls. 126) que a apólice do seguro era reemissão de apólice anterior, cancelada por falta de pagamento de parcela do prêmio, em razão de divergência entre as partes quanto aos seus. valores. A nova apólice, por sua vez, havia sido regularmente quitada. O procedimento de reemissão havia sido a causa da defasagem temporal entre o início da vigência da apólice e a data de sua emissão. Esclareceu também que as apólices foram emitidas com cláusula especial de dispensa de vistoria prévia, motivo pelo qual a vistoria não fora realizada; em seu lugar, foi aceita a declaração do segurado de que o veículo se encontrava em perfeitas condições. Por fim, alegando que a proposta de seguro ainda não havia sido encontrada, protestou por sua juntada posterior. Em 17 de novembro de 2006, a seguradora recebeu da SUSEP notificação requerendo, pela terceira vez, a entrega da proposta de seguro, além de esclarecimentos sobre outros pontos levantados pela documentação do caso; ao que a reclamada respondeu, em 26 de novembro, que ainda não havia conseguido localizar a referida proposta. Um quarto requerimento semelhante, recebido pela seguradora em 15 de dezembro, foi respondido em 26 de dezembro em termos idênticos. Solicitação da mesma natureza enviada à corretora GFG Administradora e Corretora de Seguros Ltda., que intermediara a conclusão do negócio, e recebida em 14 de dezembro, não foi sequer respondida. 7. Em 16 de julho de 2007, parecer técnico da SUSEP (fls. 209/212) informou que o não atendimento da recorrente e da corretora GFG aos requerimentos da SUSEP resultou na abertura de duas representações, uma contra cada empresa, que tramitariam por processos próprios. Quanto ao presente processo, o parecerista constatou que o Manual do Segurado (versão de agosto de 2004) juntado pela seguradora em sua primeira manifestação (fls. 56/1 04) não incluía a cláusula mencionada pela seguradora, segundo a qual a ausência de equipamento bloqueador ou localizador antifurto resultaria na perda do direito ao seguro. Também observou que, ao longo do processo, a seguradora juntou aos autos diversas versões diferentes do Manual do Segurado; além da já mencionada, foram inseridas as de julho de 2002, maio de 2005 e outubro de 2005. Estas duas últimas evidentemente não eram aplicáveis à apólice tratada neste feito, cuja vigência começou em 28 de

MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, outubro de 2004. Mesmo assim, foram juntadas pela seguradora, no afã de comprovar a existência de certas cláusulas invocadas em momentos diversos do processo. O parecer técnico observou que os números das referidas cláusulas foram, em alguns casos, acrescentados à mão pela seguradora, pois não constavam dos documentos impressos; em pelo menos um caso, o agente da seguradora não apenas incluiu o número à mão, mas também riscou o número que se encontrava impresso, efetivamente "corrigindo" o documento. Quanto à versão mais antiga, de julho de 2002, foi a única em que se encontrou a cláusula invocada pela seguradora como fundamento para a. denegação do pagamento do seguro; contudo, tal versão já não se encontrava mais em vigor quando da contratação da presente apólice e, com efeito, ela não constava da página correspondente do Manual de agosto de 2004. Todas essas incoerências, lacunas e expedientes fragilizavam, no entendimento do parecer técnico, a devida documentação dos termos da apólice; e, sobretudo, continuavam a autorizar dúvidas sobre a legitimidade da denegação da indenização, agora não mais se restringindo à existência de uma declaração do segurado de que o veículo não possuía o equipamento solicitado, mas estendendo-se até à própria existência de uma cláusula que acarretasse a perda do direito ao seguro em tal circunstância. A vista desse cenário, o parecer constatou que a reclamada não comprovou os fundamentos invocados para recusar a indenização, produzindo indício de descumprimento de dever contratual; recomendou, assim, a conversão do procedimento em processo administrativo sancionador (PAS), com a finalidade de apurar e, eventualmente, punir a seguradora por descumprimento de condições contratuais. Verificou a existência de 29 reincidências nessa transgressão (fis.. 213/214). 8. Intimada a defender-se das irregularidades mencionadas, por ofício recebido em 20 de julho de 2007, a reclamada deixou transcorrer in a/bis o prazo de 15 dias, expirado em 06 de agosto de 2007. Diante da revelia da reclamada, novo parecer técnico da SUSEP foi produzido em 12 de novembro de 2007 (fis. 220/225), reiterando grande parte dos argumentos já trazidos anteriormente. Observando que a cláusula de dispensa da vistoria era admissível neste caso, o parecer concluiu que a única forma de comprovar a ausência do equipamento de proteção antifurto seria a declaração do segurado na proposta de seguro, que nunca foi apresentada pela seguradora, apesar das quatro determinações da SUSEP neste sentido. Mesmo assim, restava o fato de que a própria previsão/vigência da cláusula de perda do direito à indenização em caso de inexistência desse equipamento tampouco fora comprovada. A conjunção dessas duas circunstâncias tornava completamente injustificada a recusa da seguradora ao pagamento do seguro, caracterizando descumprimento de obrigação contratual.

21 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS I'RIVADOS, Quanto ao atraso na emissão da apólice, o parecer assinala que o silêncio do reclamante em face da justificativa alegada pela reclamada não autoriza a concluir necessariamente pela existência de alguma irregularidade. Por fim, observou ainda que o próprio reclamante descumprira uma obrigação contratual, a saber, a de levar imediatamente ao conhecimento da seguradora a ocorrência do sinistro; com efeito, este ocorreu em 29 de agosto de 2005, mas apenas em 12 de setembro (quatorze dias depois) é que a reclamante comunicou o fato à reclamada. A despeito disso, as irregularidades cometidas pela reclamada levaram a área técnica a manifestar-se pela procedência da denúncia, no que foi acompanhado pela Procuradoria Especializada. Acatando o parecer técnico, o Coordenador-Geral de Julgamentos da SUSEP, em 14 de julho de 2010, julgou procedente a denúncia (fls. 242). Com base no ad. 50, IV, g, da Resolução CNSP n 60/2001, e considerando tanto as reincidências arroladas no demonstrativo de fls. 213/214 (agravadas ao dobro da pena base) quanto a atenuante do ad. 53, 1, da mesma Resolução, a decisão fixou a multa de R$ 32.000,00 (trinta e dois mil reais). A recorrente foi intimada da decisão e notificada de seu direito de recorrer - ou de pagar multa descontada, mediante renúncia ao recurso - pelo Ofício de fls. 244, recebido em 25 de agosto de 2010 (fls. 258), que lhe fixava prazo de 30 dias para exercer qualquer uma de suas opções, esgotado em 24 de setembro de 2010. Tempestivamente, em 21 de setembro, a recorrente apresentou seu recurso (fls. 261/267), em que alegou que, uma vez que o segurado tardou em comunicar-lhe o sinistro, violando cláusula contratual que impunha notificação imediata, perdeu o direito à indenização, nos termos do Código Civil, ad. 771. Assim sendo, ficava justificada a denegação do pagamento do seguro e descaracterizava-se o descumprimento das condições contratuais. Pediu, portanto, a reforma da decisão, com o reconhecimento de improcedência da denúncia. A Representação da PGFN junto ao CRSNSP manifesta juízo positivo de conhecimento e negativo de provimento ao recurso. Aos 29 de agosto de 2012, foram encaminhados os autos ao Conselheiro Representante do Ministério da Fazenda, para sua manifestação. É o relatório. Brasília, 23 de maio de 2014

MINISTERIO DA FAZENDA CONSELHO DE REcuRsos DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, J)LtA jtn/~à~maria Meio Nett Oliveira Relatora Representante do Ministério da Fazenda 1.1

MINISTÉRIO DA FAZENI)A CoNsELho DE RECURSOS DO SISTE- NIA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, Recurso n. 5829 Processo SUSEP n. 15414.100349/2006-50 RECURSO ADMINISTRATIVO Recorrente: Recorrido: Bradesco Auto/RE Cia. de Seguros Superintendência de Seguros Privados - SUSEP EMENTA Trâmite prévio do processo por ouvidoria da seguradora. Pas de nullité sans grief. Recusa de pagamento de indenização. Ausência de provas das causas extintivas da obrigação de indenizar. Revelia. Demora do segurado para comunicar sinistro. As causas extintivas da obrigação de indenizar, se conhecidas pela seguradora, devem ser invocadas no ato da recusa. Boa-fé objetiva. VOTO O recurso é tempestivo e atende todos os requisitos que dele se espera. Conheço-o. O presente processo administrativo é válido; a ausência de prévio trâmite junto à ouvidoria da seguradora em nada o prejudica. A Circular SUSEP n 274/2004 já não mais vigia por ocasião da abertura da presente reclamação (23 de maio de 2006), substituida que fora pela Circular SUSEP n 292/2005, em vigor desde 19 de junho de 2005. E verdade que, nos termos dos arts. 10, II, e 11 da referida Circular, a SUSEP deveria ter primeiro enviado correspondência à reclamada, para que sua ouvidoria prestasse atendimento satisfatório à reclamante dentro do prazo estabelecido, e só posteriormente, 1

MINISTÉRIO DA FAZENDA CoNsELho DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIvADos, DE PREVII)ÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE, CAPITALIZAÇÃO diante da eventual frustração desse meio, é que caberia a instauração de procedimento de atendimento ao consumidor (PAC). A precipitação da SUSEP em abrir diretamente o PAC, apesar de censurável violação às regras administrativas da entidade, não acarretou contudo nenhum prejuízo efetivo à reclamada, conforme se verificou ao longo do processo. Instada em nada menos de quatro ocasiões a apresentar a proposta de seguros, peça essencial à instrução do processo, a seguradora não o fez em nenhum momento; aliás, não o fez até hoje, decorridos mais de oito anos da abertura do procedimento. Também demonstrou desinteresse em defender-se, caindo em revelia quando da conversão do PAC em processo administrativo sancionador (PAS). Diante de tamanha desídia em apresentar os documentos imprescindíveis à própria defesa, no curso de processos que podem acarretar sanções relevantes, não é possível admitir que a ausência de uma breve fase preliminar sem a interferência direta do órgão fiscalizador tenha sido dramaticamente prejudicial à seguradora, ao segurado ou à ordem pública. Os documentos que a seguradora não forneceu nem mesmo sob perspectiva de sanção estatal, teriam sido fornecidos no ambiente seguro de sua própria ouvidoria? A defesa que a seguradora deixou de apresentar em julho/agosto de 2007, preferindo antes cair em revelia, com todas as graves consequências desse ato, teria sido melhor cuidada se a ouvidoria da seguradora tivesse cuidado do caso em maio/junho de 2006? Evidentemente, custa-se a crer nessas hipóteses. Nenhum suposto prejuízo à recorrente por irregularidades procedimentais no presente feito assumiu uma proporção sequer comparável aos que a própria recorrente causou a si mesma - e à instrução do processo, de interesse notadamente público -, pelas suas flagrantes omissões. Não é admissível, portanto, a anulação deste processo, apesar da inobservância aos arts. 10 e 11 da Circular supramencionada, em vista da manifesta ausência de prejuízo à parte. 3. Da análise dos autos, emerge com clareza a constatação de que a recorrente não demonstrou a veracidade dos fundamentos que alegou para recusar o pagamento da indenização à sua segurada. A seguradora alegou, na carta de recusa (fls. 23), que o segurado havia declarado, na proposta de seguro, a existência de equipamento bloqueador ou rastreador antifurto no veícub. Em nenhum momento a recorrente juntou aos autos a referida proposta de seguro, o que equivale a dizer que a declaração que atribuiu ao segurado não foi comprovada. Além disso, verificou-se ao longo do processo que o seguro incluía cláusula especial de dispensa de vistoria, o que virtualmente tornava a declaração do segurado o único meio de prova possível neste caso. Também afirmou a recorrente que, por ocasião do furto, constatouse que o veículo não possuía tal equipamento. Também esta alegação ficou sem comprovação. Nos autos, consta apenas a cópia de um email, enviado por 2

(1 2 MINISTÉRIO DA FAZENI)A CoNsELho DE RECURSOS DO SIsTE1A NACIONAL DE SEGURos PRIVADOS, DE IREVIDÊNCIA PRIV..DA ABERTA E DE CAPn'AuzAçÃo S um indivíduo identificado apenas como "Mauro", aparentemente o corretor do seguro (mauro.reqionakbol.com.br), a um funcionário da recorrente, em 05 de janeiro de 2006, declarando que não havia equipamento antifurto no veículo (fls. 39/40). A sequência de emails indica que foi essa comunicação que levou a seguradora a concluir pela inexistência do equipamento. No entanto, se a própria identidade do autor da comunicação é incerta, necessariamente incerta é a sua qualificação para testemunhar no caso e, consequentemente, o incerto ou insignificante o valor probatório de sua declaração. E mesmo que se admitisse que o equipamento não integrava o veículo e que o reclamante declarou a sua existência (ambas as afirmações, repita-se, restaram por provar), ainda seria necessário confirmar que a ausência do equipamento importaria na perda do direito à indenização - cláusula cuja existência a seguradora tampouco conseguiu demonstrar, e que não consta do Manual do Segurado em vigor por ocasião da contratação do seguro (mas apenas de uma versão anterior, já caduca à época da entrada em vigor da apólice). De tudo isso, resulta muito claro que a seguradora recusou-se a pagar a indenização sem motivação comprovada, caracterizando descumprimento de obrigação contratual. Em sede de recurso, vem a reclamada alegar que o pagamento da indenização não é cabido, pois a reclamante levou quatorze dias para comunicar-lhe o sinistro. Em verdade, a comunicação da reclamante não foi imediata e, nos termos do Código Civil, isso autorizaria a reclamada a recusar o pagamento do seguro. Contudo, não foi esse o fundamento que a reclamada alegou para a sua recusa. Poderia ter sido; mas não o foi, e isso não pode deixar de produzir efeitos no mundo jurídico. O contrato de seguro, do ponto de vista da seguradora que se vê diante de um fato extintivo de sua obrigação de pagar a indenização contratual, trata de direitos de natureza patrimonial e dispositiva. Isso significa que a seguradora pode optar por desconsiderar aquele fato extintivo, tratá-lo como inexistente - e então necessariamente pagará a indenização-, ou necessitará de outro fato extintivo para poder escusar-se do pagamento. E este último é que passará a ser o fato relevante para se apurar o fundamento da recursa. Em janeiro de 2006, a seguradora comunicou ao segurado sua recusa ao pagamento da indenização, amparada sobre certos fundamentos então alegados - todos os quais mostraram-se carentes de comprovação no decurso do presente processo. A demora na comunicação do sinistro, que existiu e era de fácil comprovação, não foi alegada naquela oportunidade. Não é em setembro de 2010, quase cinco anos depois, em sede de recurso ao CRSNSP, que a seguradora pode, pela primeira vez, invocar esse fundamento para eximir-se de atender um pedido de ressarcimento. Ao deixar de invocar

2 MINISTÉRIO I)A FAZENDA CONSELHO DE REcuRsos DO SIsTENI.k NcioNAL IW Scuios PRIVADOS, DE PREVIDÍ:NCIA PRIv..DA ABERTA E DE CPlTAIizAçÃo esse fato na oportunidade própria, que era a resposta direta ao segurado, a recorrente deu a conhecer sua vontade de desconsiderá-lo, relevá-lo, e ficou vinculada aos motivos então expressamente alegados. Descaracterizados estes, resta injustificada a recusa. Qualquer entendimento em contrário comprometeria o princípio da boa-fé objetiva, que dentre outras coisas proíbe às partes o venire contra factum proprium - isto é, comportar-se em desacordo com sua própria conduta anterior. 6. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso e mantenho a decisão recorrida. 7. Éovoto. Em 06 de novembro de 2014. i l t Ana Maria Meio Netto Oliveira Relatora Representante do Ministério da Fazenda E 4