OBJECTIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS DA EDUCAÇÃO AFECTIVO- SEXUAL Apesar das características específicas de algumas NEE, os objectivos da intervenção não terão necessariamente de se afastar daqueles que se definem para a Educação Afectivo- Sexual em geral. Estão em causa, também, conhecimentos, valores, atitudes e comportamentos. Todavia, dadas as particularidades de algumas NEE, é possível e aconselhável definir alguns objectivos e actividades que levem em conta essa especificidade, nomeadamente com a pessoa com deficiência mental, o que não impede a busca de outras actividades não nomeadas no quadro.
OBJECTIVOS ÁREAS GERAIS ESPECÍFICOS ACTIVIDADE - Identificar e localizar as diferentes partes do corpo humano. - Identificar as principais diferenças anatomo fisiológicas entre os sexos masculino e feminino. CONHECIMENTO E VALORIZAÇÃO DO CORPO Como é o nosso corpo - Aumentar e consolidar os conhecimentos acerca da anatomia masculina e feminina. - Adquirir e reforçar um vocabulário socialmente adequado para nomear as diferentes partes do corpo, em especial no que se refere aos órgãos sexuais externos. - Reforçar e adquirir conhecimentos acerca do desenvolvimento e crescimento do corpo ao longo da vida. 1-11 (pg 90-93) O nosso corpo em mudança - Identificar o sexo de pertença das pessoas através da observação do seu aspecto físico. - Identificar as principais diferenças entre o corpo das crianças e dos adultos de ambos os sexos. 12-21 - Identificar as principais alterações físicas ao longo da vida, em especial as que caracterizam a puberdade e as diferenças de cada sexo nesse processo. (pg 93-96) - Perceber em que consiste a menstruação. - Conhecer as regras de higiene corporal durante o período menstrual.
- Identificar expressões utilizadas para exprimir sentimentos. - Facilitar a expressão de sentimentos. RELAÇÕES INTERPESSOAIS Como nos sentimos e relacionamos - Reforçar as atitudes de compreensão e respeito pelos sentimentos dos outros. - Desenvolver a consciência de si próprio e a auto-confiança. 1-18 - Consciencializar o facto de sermos física e psicologicamente diferentes uns dos outros. (pg 179-186) - Interpretar e adequar as reacções pessoais face a vários contextos de interacção social, desenvolvendo, nomeadamente, capacidades para ouvir, expressar-se e esperar. - Desenvolver capacidades para identificar e analisar situações que podem produzir prazer, desagrado ou mal-estar. - Entender que as crias das diferentes espécies podem desenvolver-se dentro do corpo materno. REPRODUÇÃO E SAÚDE SEXUAL A nossa origem - Adquirir conhecimentos básicos sobre a fecundação, a gravidez e o parto nos seres humanos. - Entender a relação sexual num contexto amoroso. 1-5 (pg 223-224) Como cuidamos do nosso corpo - Adquirir e reforçar conhecimentos relacionados com a higiene, nomeadamente com a saúde oral. - Reforçar e treinar comportamentos de higiene corporal. - Reconhecer os hábitos de higiene como regra básica da sociabilidade. 6-13 (pg 224-227)
Se a integração (social, profissional e escolar) é importante, haverá que entender que as questões da sexualidade devem ser também objecto de atenção. Só desse modo a integração poderá ser almejada; caso contrário, será sempre incompleta, pela carência de competências no domínio afectivo-sexual (Félix, 1995). Tal como pode ocorrer com as crianças e jovens não portadoras de NEE, não tendo acesso a informações adquiridas através da intervenção directa e explícita dos pais e/ou outros familiares e dos profissionais, ganha saliência e quase exclusividade a informação difundida por outros agentes. A televisão, o cinema e alguma literatura podem ser alguns dos agentes de socialização importantes neste contexto e os pares podem também desempenhar um papel activo na troca de informações acerca da sexualidade e da afectividade. Embora seja possível à criança e ao jovem recolher informações acerca da sexualidade através desses agentes e dos seus pares, o que não representa algo negativo, alguns autores argumentam a insuficiência e a dificuldade da aprendizagem realizada por esses meios. Com efeito nem sempre as crianças com determinadas NEE conseguem ler livros e revistas e descodificar mensagens mais complexas que a televisão e o cinema emitem, podendo ser até fonte de más interpretações (Katz, 1985; Mariani, 1994). Por outro lado, os amigos e colegas, eles próprios tendencialmente portadores de NEE, poderão ter iguais dificuldades e carências de informação, sendo por isso pobre o nível de saberes que podem trocar (Katz, 1985; Félix,1995). Para que estas estratégias sejam bem sucedidas será conveniente considerar alguns princípios que enunciamos, tendo em conta algumas NEE: - Clareza das instruções. Os alunos só podem pôr em prática uma tarefa, com êxito, se entenderem os procedimentos necessários para a levar a cabo; - Prática intensiva; - Práticas diversificadoras para a exploração dos mesmos conteúdos, devem ser utilizadas várias actividades, especialmente os de elevada complexidade; - Apresentação pausada dos conteúdos; - Tarefas desafiantes. É importante que as tarefas propostas sejam relativamente desafiantes para que mereçam o empenho do(s) aluno(s). Assim, o aluno ensaiará a estratégia ou estratégias que considerar adequada(s), o que permite o seu desenvolvimento. Se nos programas de Educação Afectivo-Sexual para populações sem necessidades educativas especiais se preconiza e aconselha o envolvimento das famílias (pelo menos na facilitação e aceitação da intervenção), no caso da deficiência este preceito faz ainda mais sentido. Com a comunicação entre encarregados de educação e técnicos/professores/educadores, não só as crianças e os jovens poderão garantir a possibilidade de ajuste entre a casa e a Escola no que respeita à sua aprendizagem (sexual), como o esforço de ambas as partes tem uma probabilidade acrescida de sucesso. Para chegar
a uma situação de cooperação, é necessário um trabalho prévio, paciente e de transdisciplinaridade pelos educadores/professores. Entre outras habilidades, é preciso saber descodificar os receios e as ansiedades dos encarregados de educação face à temática da sexualidade, saber propor e defender os conteúdos essenciais dos programas evitando o envolvimento na esfera moral ou da religião, normalmente infrutífero, e saber ir ao encontro das suas crenças reais.