PN:6236.05-5; Ap/Ag:Tc. M. Canavezes,2ºJ ( Ape.s Ap.os: os mesmos Em Conferencia no Tribunal da Relação do Porto I. Introdução: (a) Não se conforma a A com o despacho que indeferiu a reclamação por nulidade, arguida a omissão de chamada das testemunhas para a Audiência, na qual foram dadas em falta; depois, impugnou a decisão final, com a R, mas deixou deserto o recurso: ambas se não con formariam, naturalmente po r motivos diversos, com a sentença de procedência parcial do pedido, fixada a indemnização pelos danos decorrentes do sinistro rodoviário dos debates, em 32 481,97. (b) Do desp acho recorrido: 1. Sendo as testemunhas arroladas a apresentar pela A, competia-lhe assegurar que comparecessem em tribunal, e assinalar a sua presença: apenas é feita a chamada das pessoas que tenham sido convocadas. 2. Não tendi sido, como deviam ser convocadas as testemunhas da A, também não era legalmente imposta a chamada das mesmas: não se vislumbra a existência de qualquer lapso. 3. Por outro lado, entendendo a A que houv e lapso imputável ao Tribunal, mas encontrando-se o mandatário presente, competia-lhe arguir a respectiva nulidade, no momento do cometimento e enquanto não terminasse o acto, ou seja, a audiência de julgamento, artº205º/1 CPC: não o fez, apenas depois do encerramento. 4. Entretanto, a produção de prova suplementar, por conter directa e exclusivamente com a convicção do tribunal não pode nem deve ser 1 Adv: Dr. 2 Adv: Dr.
suscitada através de algum meio de suprir afinal, a falta de cumprimento d e um ónus, aqui preterido pela A. 5. Assim, p or se entender que nada cumpre promover no sentido julgado conveniente, necessário e adequado á descoberta da verdade material, e ao normal e correcto tramitar da instância: (para alem do que já foi determinado pela presidência do julgamento no uso dos seus poderes de direcção) vai indeferido o requerimento, por manifesta falta de motivos. 6. Considerando a natureza manifestamente dilatória do incidente assim como o processado inútil a que deu causa, com inerente e injustificada delonga, a A suportará as custas, com taxa de justiça de 4 UC, sem prejuízo do apoio judiciário concedido. (c) Da sentença recorrida: 1. A A alicerça a sua pretensão na circunstancia comprovada de a condutora do EU, numa subida assentuada, não ter sido capaz de engrenar a velocidade própria e ter deix ado descair o veiculo, que percorreu cerca de 100m de march a a trás, para cair num ribeiro: não pode deixar de concluirse pela imperícia, causa do acidente. 2. Devendo ser ressarcidos todos os prejuízos [das pessoas transportadas na modalidade de danos pessoais, por se tratar de transporte gratuito] há-de terse em conta a ausência de prova do vencimento da A, embora tivesse ficado comprovado que a mesma trabalhava como empregada domestica: o ordenado mínimo à data PTE 54 600 4$00. 3. Tendo em consideração que tinha 24 anos, então, prervisiveis 45 anos de vida activa e a prudente progressão do seu salário, a indemnização a atribuirlhe será de 25.000.00. 4. Já no que respeita às perdas salariais, como se não provou quanto tempo esteve sem poder trabalhar, improcede o pedido, o mesmo sucedendo quanto ao montante dispendido em medicamentos e d eslocações. 5. Pelas dores e angústia e pela tristeza da incapacidade, é ajustado o montante pedido de 7 481, 97. II. Cls Agravo:
(a) Disse-se no despacho recorrido que competia à A assegurar a comparência das testemunhas em Tribunal e assinalar a sua presença: a recorrente cumpriu-o no 1º caso, mas é certo que nem ela nem o mandatário foram junto do oficial de justiça dizer-lhe que não havia feito a chamada de uma das testemunhas arroladas. (b) Entretanto não tinha sido pedido o depoimento pessoal da recorrente, e o mandatário que constituiu tinha (e tem) procuração com poderes especiais. (c) Certo também que do Minho ao Algarve os oficiais de justiça fazem a chamada das testemunhas arroladas: em tribunal algum se faz distinção entre quem está indicado a apresentar ou não. (d) Depois, não estando pr esente a A, certo é, que o mandatário não conhecia, por qualquer forma, as testemunhas que arrolou, nunca falou com elas e tem obrigação legal de não contactar com testemunhas: não tomou conta, portanto, da ausência da chamada. (e) E de todo o modo, não terem sido ouvidas as testemunhas em causa, contribuiu para uma deficiente percepção da matéria levada a julgamento. (f) Ora, nos termos do artº265º/3 CPC, incumbe ao juiz realizar ou ordenar, mesmo oficiosamente, todas as diligências necessárias ao apuramento da verdade e à justa composição do litígio, quanto aos factos de que lhe é licito conhecer. (g) Esta sensibilidade [da necessidade de certas diligencias para o apuramento da verdade] é/ deverá ser essencialmente de natureza material: competirá ao magistrado que presidiu à audiência aferir. (h) Tratando-se de juízes diversos, não consta porem que a juiz presidente tenha sido ouvida antes da decisão crítica. (i) E para uma ocorrência manifestamente excepcional haveria que ter senso prático e sentido de justiça, evitando o impasse e sobretudo a incompreensível condenação em custas de 4UC pelo incidente. (j) Deve ser revogado o despacho e substituído por outro que defira o pedido em matéria de prova. III. Contra Alegações: não houve. IV. Cls. Alegações: ()
(a) A reparação do dano patrimonial a título do lucro cessante deve efectuar-se em 15.000.00 por ser mais justa e equitativa, dada a matéria de facto provada. (b) Os juros de mora sobre a indemnização por danos não patrimoniais e patrimoniais futuros devem contar-se apenas a partir da data da sentença. (c) Decidindo de outra maneira, o Tribunal recorrido infringiu entre outros os artº 496º, 562º, 566º, 805º CC. (d) Deve ser revogada a sentença recorrida e reformada no sentido das conclusões precedentes. V. Contra Alegações: não houve VI. Matéria Assente: (a) No caminho municipal que liga à EM de Penha Longa, em Arrif ana, Sande, M. Canavezes, 96.06.22, 10H30 ocorreu um acidente de viação em que interveio o veículo ligeiro de p assageiros de matrícula EU.09.59. pertença de e por ela conduzida. (b) Circulava no sentido do trânsito Caminho Municipal/ Estrada municipal. (c) A dona do EU havia transferido a responsab ilidade civil emergente da circulação rodoviária do veículo para a R, atr avés de contrato de seguro: ap.90-096403. (d) Quando o automóvel se encontrava no cimo de uma subida que o caminho referido forma no local, a condutora do EU tentou engrenar uma velocidade reduzida, mas não o conseguiu fazer, e veículo iniciou a descida de marcha atrás, percorrendo entretanto cerca de 100m. (e) Imobilizou-se num ribeiro sito do lado esquerdo, atento o sentido de trânsito em que seguia. (f) O piso da estrad a estava seco. (g) No local a via tem cer ca de 5m de largura, (h) Após o sinistro, a A foi transportada ao HMM. Canavezes, onde entrou com traumatismo da grade costal e cotovelo esquerdo.
(i) Devido a estas lesões a A teve de se sujeitar a exames de raio x e tratamento medicamentoso, regressando a casa para convalescer. (j) Foi assistida pelo menos três vezes pelo médico ortopedista na consulta ex terna desse hospital. (k) Fez tratamentos de fisioterapia. (l) E em consequência directa que lhe advieras do acidente ficou com IPP20%. (m) Sofreu dores e continua a sofre-las devido àquelas lesões. (n) Esteve incapacitada de mover o braço esquerd o com grave incómodo para a sua vida pessoal limitada no trabalho, a passear e a visitar familiares e amigos. (o) Estas alterações de modo de vida abalou-a psicologicamente. (p) À data do acidente era pessoa forte e sadia, não padecendo de qualquer doença. (q) Sente-se triste por não poder usar a fo rça do trabalho da forma que o fazia anteriormente. (r) A A., à d ata do acidente, trabalhava como empregada doméstica: esteve sem trabalhar após o acidente. (s) O automóvel estava em bom estado de funcionamento. VII. Recurso: Pronto para julgamento nos termos do art.705 CPC, depois de o A. ter mantido o interesse do agravo. VIII: Sequencia: (a) A chamada das testemunhas deve ser feita de todas as testemunhas indicadas para serem ouvidas em Audiência, independentemente de terem sido notificadas ou de deverem ser apresentadas pela parte. (b) Na verd ade, o ritual destina-se a certificar quem está presente ou quem não está, com a finalidade, p. ex., de poder ser decidido ou sobre adiamento (com o acordo da parte contrária) ou sobre a eventual n ecessidade de continuação noutro dia do julgamento a iniciar. (c) E, depois, tem razão a ag.e quando diz ser do ofício do juiz sopesar as concretas necessidades da prova num quadro que não faça violência ao impulso das partes.
(d) Ora, neste caso, indicadas certas testemunhas que porventura se perderam da porta da sala de Audiências, não há qualquer entorse à regra do impulso da parte que sejam ouvidas depois, enquanto a necessidade probatória dos depoimentos que dá base a esta solução está já definida na mera e oportuna indicação delas para os debates da causa. (e) Por conseguinte, procede o agravo, devendo retomar-se a Audiência de Discussão e Julgamento para serem ouvidas as testemunhas que não foram enunciadas na chamada para a sala. (f) Vai, pois, revo gado o despacho, que não acolheu esta pretensão de seguimento da Ag.e, visto o disposto nos arts. 16 1/2.6 e 226B/3.4 CPC, também no art.265/3 do mesmo diploma, decisão esta qu e, aqui, afasta o interesse e a necessidade da Ap elação, pois, a sentença cai com a queda do julgamento de facto, o qual tem de ser renovado de raiz. IX- Custas: sem custas, por não ter havido oposição