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Transcrição:

Perspectva Econômca, 14(1):33-46, janero-junho 2018 2018 Unsnos do: 10.4013/pe.2018.141.03 A crmnaldade no Ro Grande do Sul: uma análse espacal para anos de 2005, 2010 e 2015 Crmnalty n the state of Ro Grande do Sul: a spatal analyss for years 2005, 2010 and 2015 Fernanda Dach Carrets* FURG, Brasl fe.dach@gmal.com Jonatas de Olvera* FURG, Brasl jonatasolvera@furg.br Gabrelto Rauter Menezes** UFPel, Brasl gabreltorm@gmal.com Resumo. O objetvo deste estudo é realzar uma análse espacal da crmnaldade do Ro Grande do Sul, dentfcando padrões espacas para os anos de 2005, 2010 e 2015. Através do nstrumental espacal para a construção de ndcadores de dependênca espacal (Análse Exploratóra de Dados Espacas AEDE) para crmes contra a pessoa (homcídos) e crmes contra o patrmôno (furto e furto de veículo, roubo e roubo de veículo), espera-se apresentar, mapear e analsar o comportamento da crmnaldade no Estado com a dentfcação de clusters de muncípos com alta (ou baxa) taxa de crmnaldade. O trabalho apresenta uma breve revsão sobre a teora econômca do crme, logo depos a metodologa utlzada para mensurar a dependênca espacal das taxas de crmnaldade através da estatístca de I de Moran global e local. Na sequênca, utlzando o software GeoDa, apresentaremos os resultados que constatam a exstênca de forte dependênca espacal para as taxas de crmes na Regão Metropoltana de Porto Alegre (RMPA), demonstrando que o grave problema de alta crmnaldade presente nesta regão persste ao longo dos anos. Os resultados apontam para a exstênca de uma maor dnâmca espacal nas ocorrêncas dos crmes contra a pessoa (homcídos), dferentemente do que ocorre para os crmes contra o patrmôno (furto e furto de veículo, roubo e roubo de veículo) que apresentaram um grau de assocação espacal menor em suas taxas. Palavras-chave: Economa do crme. Análse espacal da crmnaldade. Ro Grande do Sul. Abstract. Ths artcle develops a crmnalty spatal analyss n the State of Ro Grande do Sul dentfyng spatal patterns for the years 2005, 2010, and 2015. It shows the mappng and analyss of crmnalty behavor wth dentfcaton of muncpaltes clusters wth hgh (or low) crme rate through spatal nstruments and constructon spatal ndcators dependence (Exploratory Spatal Data Analyss - ESDA) for crmes aganst the person (homcdes) and crmes aganst property (theft, vehcle theft, robbery, and vehcle robbery). After a bref lterature revew about economc theory of crme, the methodologcal approach measures the spatal dependence of crme rates through global and local I of Moran statstc. The results show a hgh spatal dependence of crme rate n Metropoltan area of Porto Alegre evdencng the crmnalty as a socal problem that perssts n ths regon for several years. In addton, the results show the exstence of greater spatal dynamc n the occurrence of crmes aganst the person. On the other hand, the crmes aganst property present a lower spatal rate assocaton. Keywords: Crme economy. Spatal analyss of crme. Ro Grande do Sul. * Unversdade Federal do Ro Grande. Avenda Itála Km 8, Barro Carreros, 96203-900, Ro Grande, RS, Brasl. ** Unversdade Federal de Pelotas. Rua Gomes Carnero, 1, Centro, 96010-610, Pelotas, RS, Brasl. Este é um artgo de acesso aberto, lcencado por Creatve Commons Atrbução 4.0 Internatonal (CC-BY 4.0), sendo permtda reprodução, adaptação e dstrbução desde que o autor e a fonte orgnas sejam credtados. 33

A crmnaldade no Ro Grande do Sul Introdução A questão da segurança públca tem sdo motvo de grande preocupação para a população braslera, sendo o crme uma prátca que traz perdas tanto monetára como de bem-estar para socedade. Dadas as elevadas taxas de crmes que o país vem enfrentando, o combate à crmnaldade se tornou o foco de dversas dscussões que buscam polítcas públcas efcentes para reduz-la de forma rápda e permanente. Mesmo com a mplementação de algumas polítcas públcas de combate à crmnaldade os índces se mostram persstentemente elevados ao longo dos anos. A taxa de homcídos braslera é uma das maores do mundo e chega a ser até cnco vezes maor que a de países europeus (Olvera, 2008). Um levantamento feto pelo Fórum Braslero de Segurança Públca revela que se somarmos todas as categoras de mortes volentas, o Brasl tera uma taxa de 28,8 mortes para cada 100 ml habtantes em 2014. Em um levantamento feto para 194 países pela Organzação Mundal da Saúde (OMS) e dvulgado em 2014 no Relatóro sobre a stuação mundal da prevenção à volênca, o nosso país apareceu com a 11ª maor taxa de homcídos do mundo para o ano de 2012. Outra preocupação é com relação à população carcerára que não para de crescer: em 2014 chegou a 607.373 pessoas (Fórum Braslero de Segurança Públca, 2015). O número de adolescentes cumprndo meddas socoeducatvas prvatvas de lberdade cresceu 443% entre 1996 e 2013 (Fórum Braslero de Segurança Públca, 2015), chegando a 23.066 adolescentes em 2014 (Fórum Braslero de Segurança Públca, 2015). O aumento da crmnaldade a nível naconal nada mas é que um reflexo das altas taxas de crmnaldade dos estados. No Ro Grande do Sul o cenáro não é muto dferente. Os índces de volênca evoluem assustadoramente, dexando a população anestesada e refém dante da constante crmnaldade. A taxa de homcídos para os três anos analsados 34 (2005, 2010 e 2015) cresceu consderavelmente. Enquanto que em 2005 a taxa de homcídos por 100 ml habtantes era de 13,0, em 2010 chegou em 15,5 e no ano de 2015 pulou para 22,4. Apesar de elevada e crescente, a taxa de homcídos do Ro Grande do Sul está longe de ser a maor do país 1, mas é mas que o dobro que a do Estado de São Paulo, que fo de 10,3 em 2014 (Secretara de Segurança Públca do Estado de São Paulo SSP/SP, 2016). Os roubos também não param de crescer, aumentando a sensação de nsegurança. Em 2005 foram regstrados 73.741 roubos em todo o Estado, já em 2015 foram 97.254 roubos, uma alta de 31,9% em 10 anos (Secretara de Segurança Públca do Estado do Ro Grande do Sul SSP/RS, 2016). Estes números dexam claro porque a crmnaldade passou a ser largamente dscutda por dversos setores da socedade e, prncpalmente, pelas dversas esferas de governo. Além dsso, a exposção dára da mída e o reconhecmento por parte das autordades governamentas da necessdade de se entender a dnâmca da crmnaldade (Olvera, 2008), desencadearam uma sére de trabalhos centífcos que abordam o tema nas mas dversas áreas do conhecmento. Por sso, o crme é pesqusado por dversas áreas de estudo. Na economa, a teora econômca do crme tem como um dos prmeros pesqusadores Gary Becker (1968) que ntroduzu o cenáro da crmnaldade como objeto de estudo. Ele consdera o crme uma atvdade econômca na qual o crmnoso é um ser raconal, e para tomar a decsão entre a atvdade legal ou legal ele consdera os benefícos de cada atvdade e a chance de punção da prátca legal. Neste contexto fo surgndo a construção de um arcabouço teórco de estudos no campo da crmnaldade que avançaram em todo o mundo e, assm, avançando na compreensão do fenômeno motvador da crmnaldade. 1 A maor taxa de homcído em 2014 fo regstrada no estado de Alagoas: 61,8 homcídos para cada 100 ml habtantes.

Fernanda Dach Carrets, Jonatas de Olvera e Gabrelto Rauter Menezes Portanto, o presente trabalho buscará verfcar se exstem padrões espacas (caracterzados pela formação de clusters) nos ndcadores de crmnaldade dos muncípos gaúchos para os anos de 2005, 2010 e 2015, referentes aos crmes contra o patrmôno (representados pelo furto e furto de veículo, roubo e roubo de veículo) e crmes contra a pessoa (representando pelos homcídos). As varáves utlzadas são dsponblzadas mensalmente pela Secretara de Segurança Públca SSP/RS e desempenham um papel determnante no comportamento do crme. Com sso esperase evdencar e analsar como a crmnaldade se comporta e se dstrbu no Estado, dentfcando assm quas são as regões do Ro Grande do Sul que estão mas vulneráves à ocorrênca de crmes. Além desta ntrodução, este artgo se dvde da segunte manera: a segunda seção trata das perspectvas teórcas da crmnaldade sob a ótca da Teora Econômca do Crme; a tercera seção apresenta a metodologa utlzada para dentfcar os padrões espacas da crmnaldade; na quarta seção são apresentados os resultados da análse exploratóra espacal 2 para o período analsado; e, fnalmente, são apresentadas as consderações fnas. A teora econômca do crme Fo a partr dos estudos de Gary Becker (1968) que os nteresses econômcos da atvdade crmnal passaram a ter relevânca centífca. Becker (1968) parte da dea de que o crmnoso é um ser raconal e responde a estímulos econômcos, ou seja, o crmnoso é o agente econômco e a atvdade crmnosa é um setor da economa. Nesse cenáro o ndvíduo va tomar a decsão de pratcar ou não atvdades legas, analsando 2 Para a estmação dos coefcentes de correlação espacal e construção dos mapas de clusters espacas, utlzamos o software GeoDa na versão 1.6.7. Este software é capaz de realzar uma sére de análses espacas nos dados, sendo dsponblzado gratutamente no endereço eletrônco https://spatal.uchcago.edu/software. raconalmente todos os custos (punções penal e moral) e benefícos (retornos fnanceros) nerentes à sua escolha. Por sso o autor evdenca a dea de que qualquer ndvíduo consegue ser um crmnoso, ou seja, os crmes podem ser cometdos por qualquer pessoa, ndependente das suas condções psíqucas. O autor também destaca que a prátca de um crme abarca um determnado rsco e, consequentemente, aqueles ndvíduos que tenham aversão ao rsco não cometeram nenhum crme. Com o passar dos anos, o modelo de Becker (1968) sofreu algumas alterações e fo aperfeçoado para que fossem encontrados resultados e respostas mas satsfatóras para o cenáro da crmnaldade. Segundo Fernandez e Perera (2001) a utlzação de fundamentos mcroeconômcos no estudo do crme possblta analsar a tomada de decsão do ndvíduo em pratcar uma atvdade legal sem desconectar da questão de problemas estruturas e conjunturas como educação, renda, desemprego entre outros. E anda salenta que: Dessa forma, qualquer tentatva de mplementar polítcas públcas de combate à crmnaldade, sem levar essas questões socoeconômcas em consderação, está fadada ao nsucesso (Fernandez e Perera, 2001, p. 797). Vale ressaltar, que a Teora Econômca do Crme não dstngue a pror quas ndvíduos seram mas propensos à prátca de deltos, dferndo de outras correntes que buscam explcações para a exstênca de comportamento crmnoso (Maran, 2011). Anda segundo Maran (2011), outras correntes de pesqusa buscam o motvo para uma pessoa ter prátcas crmnosas em dversos fatores, como por exemplo, bológcos, genétcos ou étncos. Então, o fato de a economa não buscar essa dferencação permte que, sob a vsão econômca, os ndvíduos que pratcam crmes não sejam consderados portadores de nenhuma patologa. Cerquera e Lobão (2003) ressaltam que além da vsão econômca do crme há dversas correntes de pesqusa na área 35

A crmnaldade no Ro Grande do Sul bológca. A questão de patologas ndvduas como determnantes para a crmnaldade fo muto utlzada antgamente por socólogos e trouxeram grandes contrbuções ao tema, porém cau em desuso após a 2ª Guerra Mundal vsto o conteúdo racsta nela mpregnado. Podemos desagregar os fatores que acarretam o acontecmento de um crme em alguns elementos prncpas. Sendo assm, Cerquera e Lobão (2003), fundamentados na Teora Econômca do Crme de Becker, condensam essa dea da segunte manera: [...] a decsão de cometer ou não o crme resultara de um processo de maxmzação de utldade esperada, em que o ndvíduo confrontara, de um lado, os potencas ganhos resultantes da ação crmnosa, o valor da punção e as probabldades de detenção e aprsonamento assocadas, e de outro, o custo de oportundade de cometer crme, traduzdo pelo saláro alternatvo no mercado de trabalho (Cerquera e Lobão, 2003, p. 12). Segundo Pexoto et al. (2004) quando o ndvíduo não atnge seu nível de bem-estar socal esperado por meo de atvdades legas, ele pode tender a prátca de atvdades legas. Alguns fatores estão dretamente lgados a nserção do ndvíduo no mercado de trabalho legal, como por exemplo o nível de escolardade e especalzação profssonal, que são fatores capazes de nterferr nessa escolha. Além dsso, quando tratamos da escolha do ndvíduo de pratcar ou não uma atvdade lícta, precsamos levar em conta que a decsão de cometer um crme envolve um processo evolutvo anteror ao momento da decsão em que o ambente de cada cdade é fundamental neste processo (Olvera, 2005). Sendo assm, a composção do mercado de trabalho legal de uma cdade determnará o custo de oportundade do ndvíduo ao optar pela atvdade legal, mas a estrutura da cdade também desempenha um papel extremamente mportante nessa tomada de decsão, pos o acesso de um ndvíduo ao mercado de trabalho pode depender, por exemplo, do seu acesso à escola, a cursos profssonalzantes e ao ensno superor. No campo dos estudos econômcos sobre a crmnaldade, dversos autores buscam realzar uma análse mas aprofundada com o ntuto de buscar fatores socoeconômcos que mpactam dreta ou ndretamente na prátca crmnosa. Nesse sentdo, Santos e Kassouf (2008) reúnem e dscutem os estudos econômcos da crmnaldade fetos no Brasl, apresentando as prncpas dfculdades, evdêncas e controvérsas encontradas nas pesqusas empírcas, além de algumas das prncpas bases de dados crmnas dsponíves. Os autores destacam que dentre as prncpas dfculdades nerentes à nvestgação econômca do crme encontra-se a geral ndsponbldade de dados e a alta taxa de sub-regstro nos dados ofcas, encontrando evdêncas nos estudos que ndcam que a desgualdade de renda e os retornos do crme são fatores de ncremento da crmnaldade. Olvera (2005) nvestga as causas da crmnaldade e sua relação com o tamanho das cdades. O autor apresenta um modelo formal em que a crmnaldade nas cdades pode ser explcada por característcas locas através de um modelo econométrco em panel utlzando dados das cdades brasleras na década de noventa do século XX. Os resultados obtdos confrmam a mportânca do tamanho da cdade na explcação da crmnaldade além da relevânca da desgualdade de renda e da pobreza como fatores que potencalzam a crmnaldade em cdades. Olvera (2005) dscute anda a mportânca da famíla e da escola na explcação da crmnaldade, mostrando que problemas na estrutura famlar e a nefcênca do ensno básco no Brasl afetam postvamente a crmnaldade. Marques et al. (2010), ao realzar uma análse exploratóra de dados para o número de furtos pratcados nos muncípos pertencentes à mesorregão de Presdente Prudente SP, aplcou técncas de estatístca descrtva e determnou a assocação espacal global e local para os anos de 2001 a 2008. Após realzar as análses, os autores observaram que há baxa dependênca espacal entre os furtos 36

Fernanda Dach Carrets, Jonatas de Olvera e Gabrelto Rauter Menezes ocorrdos nos muncípos e também constataram que não há relação dreta entre o número de habtantes do muncípo com a quantdade desse tpo de delto. Gaulez e Macel (2015), com o ntuto de contrbur para o aperfeçoamento na mplantação e avalação de polítcas de combate ao crme, analsam os determnantes da crmnaldade contra o patrmôno no estado de São Paulo, utlzando-se de técncas que levam em conta a dstrbução espacal para entender suas causaldades. Os resultados encontrados pelos autores mostram que densdade demográfca e grau de urbanzação afetam postvamente a crmnaldade, ou seja, a ocorrênca de crmes contra o patrmôno tem maor ncdênca em regões mas urbanzadas, mas densamente ocupadas e com maor nível de renda, pos o retorno esperado ao se cometer tal crme é maor nessas regões. Fretas, Cadaval e Gonçalves (2015) também encontraram resultados que corroboram com o efeto postvo da densdade demográfca sobre a ncdênca de crmes. Em seu trabalho, Iglesas et al. (2012), smulou uma socedade artfcal na qual os agentes ganham saláros fxos provenentes de atvdades legas, mas podem aumentar (ou dmnur) sua renda pratcando um ato crmnoso bem-suceddo (ou não). Desta forma, os autores buscaram estudar os custos do sstema de aplcação da le necessáros para manter o crme dentro de lmtes consderados acetáves e comparálos com os danos produzdos pelos crmes nessa socedade. Além dsso, o trabalho analsou as consequêncas econômcas decorrentes de crmes sob dferentes cenáros de atvdade crmnosa e probabldades de apreensão (Iglesas et al., 2012). Já Nadal et al. (2012) consdera que cada agente possu um índce de honestdade que serve para parametrzar sua probabldade de obedênca à le. Os autores destacam que essa probabldade depende de um parâmetro composto assocado à atratvdade e à confguração do crme. Com sso, Nadal et al. (2012) 37 exploram algumas consequêncas de que a punção tem um efeto dssuasvo. Além dsso, o trabalho dscute como as mudanças nas condções socoeconômcas podem afetar os parâmetros do modelo e, portanto, a taxa de crmnaldade da população. Aplcações da econometra espacal ao estudo da crmnaldade O nstrumental econométrco-espacal tem sdo bastante empregado na análse da dspersão espacal do crme. Segundo Olvera (2008) as cdades possuem um papel relevante na dssemnação da crmnaldade sendo em nível nterno ou externo a elas, assm evdencando a exstênca de dependênca espacal entre as cdades. Por tanto, a metodologa de análse espacal é mportante para medr e dentfcar com mas clareza a formação desse fenômeno. E anda segundo Maran (2011) a heterogenedade entre as taxas de crmnaldade demonstram a mportânca de dentfcar padrões espacas entre as localdades, dado que verfcar a nfluênca do crme a partr de resultados aleatóros de acontecmentos dos eventos torna dfícl verfcar a ntensdade da crmnaldade. Por tanto, dado que cada crme tem suas característcas e que determnada regão desenvolve uma rede de ncentvos para realzação de tal delto, sso tonara essa regão mas propensa a esse crme e menos propensa a outro. Segundo alguns pesqusadores a crmnaldade está se espalhando pelo terrtóro braslero, desencadeando assm uma possível convergênca na taxa de crmnaldade ao longo dos anos. Para Santos e Santos Flho (2011) a hpótese de convergênca nas taxas de crmes no Brasl é faclmente observável, o que faz com que a crmnaldade tenda a aumentar mas rapdamente em áreas menos volentas do que nas mas volentas. Com sso, ao longo do tempo não haverá dferença entre crmnaldade nas regões, vsto que todas tendem a estaconar em taxas próxmas de crmnaldade. E acrescente que a dependênca espacal se dá prncpalmente

A crmnaldade no Ro Grande do Sul entre localdades próxmas, ou seja, os muncípos teram uma dependênca espacal sgnfcatva dado uma maor proxmdade geográfca com os outros muncípos nas relações crmnosas. Análse exploratóra de dados espacas O método de Análse Exploratóra de Dados Espacas (AEDE) está fundamentado em vsualzar e descrever os aspectos espacas contdos na base de dados, tratando dretamente dos efetos da autocorrelação e da heterogenedade espacal. A metodologa tem como objetvo apresentar a dstrbução espacal, os clusters espacas, verfcar a presença de dferentes regmes espacas ou outras formas de nstabldade espacal, além de dentfcar outlers (Almeda, 2012). Como explca Almeda (2012), a autocorrelação surge quando o valor de determnada varável em uma regão, por exemplo, está relaconado ao valor dessa varável em uma regão próxma j, ou seja, há fatores externos a regão que explcam determnado fenômeno, os quas podem estar assocados ao valor dessa varável na regão vznha j. A heterogenedade espacal exste quando há nstabldade estrutural no espaço fazendo com que haja dferentes Fgura 1. Matrzes de pesos espacas. Fgure 1. Spatal weghts matrces. Convenção Ranha respostas, dependendo da regão ou da escala espacal analsada (ALMEIDA, 2004). Nesta perspectva, Anseln (1988) enfatza que a noção de dependênca espacal mplca na necessdade de determnar a nfluênca de uma undade partcular nas outras undades do sstema espacal. Convenconalmente, sto é expresso na noção de vznhança medante a construção de matrzes de pesos espacas. Matrz de pesos espacas (W) Segundo Almeda (2012), o conceto de matrz de pesos espacas (W) tem como fundamento a contgudade (vznhança) das regões. A mesma pode ser estabelecda em função da proxmdade geográfca, relatvo a proxmdade socoeconômca; ou a combnação de ambas. Anseln (1988) destaca a mportânca da escolha entre as matrzes, pos os resultados podem varar dependendo da escolha da matrz de peso espacal utlzada. Fgueredo (2002) relata que a percepção dos efetos espacas de uma undade sobre as outras é dada por meo de ponderações, ou seja, a varável observada em cada regão recebe uma ponderação quando a mesma for vznha da regão analsada. A matrz de pesos espacas ndca qual o modelo de frontera será consderado na análse. Os dos prncpas tpos de matrz de pesos são: Ranha (Queen) e Torre (Rook), como mostrada na Fgura 1. Convenção Torre A B Fonte: Baseado em Almeda (2012, p. 77). Na convenção de contgudade dta Ranha são consderadas vznhas todas as undades que dvdem qualquer tpo de frontera com a undade analsada: uma borda comum ou um nó comum. Enquanto que, na contgudade consderada Torre, são consderadas vznhas apenas as 38 undades que compartlham uma borda comum (Almeda, 2012). Nesta perspectva, conforme exposto por Monastero e Ávla (2004), Ávla (2007), Olvera e Marques Junor (2008) e Olvera (2008), optou-se por utlzar o padrão de contgudade Ranha (Queen), com grau de vznhança gual a um. Ou seja, serão

Fernanda Dach Carrets, Jonatas de Olvera e Gabrelto Rauter Menezes consderadas vznhas todas as undades que compartlham qualquer tpo de frontera com a undade analsada. Autocorrelação espacal global Incalmente, o estudo da AEDE examna a aleatoredade dos dados espacas, verfcando se exste alguma relação espacal entre as undades em estudo. Analsando se os valores do atrbuto numa regão não dependem dos valores desse atrbuto nas regões vznhas. Na lteratura há um conjunto de estatístcas que nvestgam a presença da autocorrelação espacal, ou seja, se exste a concdênca da semelhança de valores de uma varável com a semelhança da localzação dessa varável (Almeda, 2004). Segundo Olvera (2008), a manera mas utlzada para testar a autocorrelação espacal é o I de Moran. Ávla (2007) ressalta que o mesmo se restrnge a responder se a dstrbução espacal é nãoaleatóra, não sendo possível dentfcar quas undades são espacalmente correlaconadas. Matematcamente, essa estatístca é dada pela equação (1): n = 1 n j= 1 = 1 w x x j I = (1) n x 2 Onde: n = número de observações; w = representa os elementos da matrz de j pesos espacas; x e x = são os valores da varável j analsada em desvos da méda. De acordo com Almeda (2012), a estatístca I de Moran é um tpo de coefcente de autocorrelação. Isto é, quando próxma do valor +1, ndca que exste uma autocorrelação postva, ou seja, valores altos (baxos) tendem a estar localzados próxmos de valores altos (baxos). Se for próxmo de -1, ocorre o oposto, valores altos estarão próxmos de j valores baxos, e valores baxos próxmos de valores altos. Na ocasão em que o mesmo for zero, ndca ausênca de autocorrelação espacal. A sgnfcânca da estatístca I de Moran é fundamentada em uma abordagem de permutação, que analsa a probabldade do I de Moran calculado ter sdo encontrado casualmente. Ou seja, gera-se uma dstrbução aleatóra de índces de Moran e compara-se com o valor encontrado. Dessa forma, é possível conhecer a probabldade do I de Moran ser estatstcamente sgnfcatvo ou não (Anseln, 2003; Ávla, 2007). Dagramas de dspersão de Moran O dagrama de dspersão de Moran é uma alternatva para vsualzar a autocorrelação espacal. Nesta dreção, Almeda (2012) dz que é possível vsualzar grafcamente a assocação espacal, que mostra a defasagem espacal da varável de nteresse no exo Y e o valor dessa varável no exo X. Os pontos que se encontram no prmero quadrante mostram as undades que apresentam valores altos para a varável em análse rodeadas por undades que também apresentam valores acma da méda para as varáves em análse. Esse quadrante é classfcado como Alto-Alto. No segundo quadrante são ndcadas as undades com valores baxos da varável analsada cercada por vznhos que apresentam valores altos. Esse quadrante é geralmente classfcado como Baxo-Alto. Já os pontos no tercero quadrante, mostram as undades que apresentam valores abaxo da méda para a varável em análse cercada por undades que gualmente apresentam valores abaxo da méda. Esse quadrante é classfcado como Baxo-Baxo. Por fm, o quarto quadrante é consttuído pelas undades que apresentam altos valores para a varável em análse cercados por undades de valores baxos. Esse quadrante é classfcado como Alto- Baxo. As undades que estão localzadas nos quadrantes Alto-Alto e Baxo-Baxo 39

A crmnaldade no Ro Grande do Sul apresentam autocorrelação espacal postva, ou seja, estas undades apresentam valores altos (baxos) de uma varável contornados por valores altos (baxos). Todava, os quadrantes Baxo-Alto e Alto-Baxo apresentam autocorrelação espacal negatva, sto é, estas undades apresentam valores altos (baxos) cercados por valores baxos (altos) (Pnhero, 2007). Indcador local de assocação espacal (Lsa) A estatístca I de Moran captura a autocorrelação espacal na área analsada. Contudo, o mesmo não é capaz de dentfcar se exstem undades específcas que estão espacalmente assocadas (Monastero et al., 2008). Como ressalta Anseln (1995) em algumas stuações é possível a exstênca de padrões espacas em regões soladas mesmo quando a estatístca do I de Moran aponte sua ausênca, e também presença de dvergênca entre o padrão encontrado em algumas regões com o ndcado pela estatístca. Por sso é mportante analsar o padrão local de autocorrelação espacal com o objetvo de consegur um maor detalhamento. Sendo assm, recomenda um novo ndcador, o Indcador Local de Assocação Espacal (LISA), que é capaz de observar os padrões locas de assocação lnear estatstcamente sgnfcatvos. Segundo Anseln (1995), o LISA deve ndcar aquelas undades ao redor das quas há aglomeração de valores semelhantes e mostrar que o somatóro do LISA, para todas as undades, é proporconal ao ndcador de autocorrelação espacal global. A estatístca LISA, baseada no I de Moran local pode ser especfcada da segunte forma: x j I = (2) 2 x w j Onde: w = representa os elementos da matrz de j pesos espacas; x e x = são os valores da varável j analsada em desvos da méda. Assm como o I de Moran, valores próxmos de +1 ndcam a exstênca de relação espacal do tpo Alto-Alto e Baxo- Baxo. Valores próxmos de 1 sugere à exstênca de relação espacal do tpo Alto- Baxo e Baxo-Alto. Enquanto que, valores próxmos de zero ndcam que a undade não está sgnfcatvamente assocada espacalmente aos seus vznhos. Indcadores de dependênca espacal Dependênca espacal A estatístca I de Moran para os muncípos gaúchos nos anos de 2005, 2010 e 2015 referente aos três tpos de deltos aqu apresentados (Taxa de Homcído TXH; Taxa de Furto e Furto de Veículo TFFV; e Taxa de Roubo e Roubo de Veículo TRRV) estão condensadas no Quadro 1. x j 40

Fernanda Dach Carrets, Jonatas de Olvera e Gabrelto Rauter Menezes Quadro 1. Coefcentes I de Moran para os anos 2005, 2010 e 2015. Chart 1. Moran s I coeffcents for the years 2005, 2010 and 2015. Ano TXH p-valor TFFV p-valor TRRV p-valor 2005 0,195 0,001 0,102 0,002 0,128 0,001 2010 0,242 0,001 0,141 0,001 0,162 0,001 2015 0,222 0,001 0,117 0,001 0,122 0,001 Méda 0,220 0,120 0,137 Desvo-Padrão 0,023 0,020 0,022 Fonte: Elaboração própra com software GeoDa 1.6.7. Analsando os resultados podemos constatar que as evdêncas apontam para a exstênca de dependênca espacal. Tal resultado está de acordo com o encontrado por Olvera (2008), que também constatou que há dependênca espacal global postva entre os três tpos de deltos. Maran (2011), ao analsar Taxa de Homcído-TXH, Taxa de Furto e Roubo-TFR e Taxa de Furto de Veículo e Roubo de Veículo-VTFR, encontrou resultados que corroboram com os aqu encontrados. Desta manera, sabendo que as motvações para se cometer um crme são dstntas, podemos dzer que exstem benefícos monetáros e não monetáros ao se pratcar um dos três tpos de deltos. No caso dos crmes contra a pessoa, o homcído pode ter motvação passonal, acerto de contas e até mesmo estar relaconado ao tráfco de drogas e entorpecentes, não tendo assm uma motvação exclusvamente monetára. Sendo assm, sua concentração espacal depende de dversos fatores e por sso apresenta uma concentração espacal maor. Por outro lado, para os crmes contra o patrmôno (furtos e roubos) a motvação econômca se torna mas clara, e a concentração de rqueza se torna fundamental para que haja a concentração espacal desses crmes. Dependênca espacal local Conforme vsto, para dentfcar quas observações se encontram correlaconadas espacalmente, dentfcando regões que exbem padrões semelhantes de crmnaldade, calculamos as estatístcas locas de dependênca espacal (LISA). Dessa forma, a estatístca LISA possblta a construção de mapas que destacam tas regões, sendo a compreensão desses mapas dada pelo Quadro 2: Quadro 2. Legenda para letura dos mapas de dependênca espacal (Fguras 1, 2 e 3). Chart 2. Legend for the Spatal dependence maps readng (Fgures 1, 2 and 3). Tpo de Assocação Descrção Alto-Alto Alta crmnaldade cercada por alta crmnaldade Alto-Baxo Alta crmnaldade cercada por baxa crmnaldade Baxo-Alto Baxa crmnaldade cercada por alta crmnaldade Baxo-Baxo Baxa crmnaldade cercada por baxa crmnaldade Não-sgnfcante Não há assocação espacal nessas regões Fonte: Elaboração própra utlzando os crtéros do software GeoDa 1.6.7. Nota: Indcadores locas construídos sob o crtéro de contgudade do tpo ranha. Todos os clusters são sgnfcatvos a 5%. Na Fgura 1 é possível verfcar a evolução da assocação espacal na taxa de homcído para os anos de 2005, 2010 e 2015. Podemos observar um comportamento bastante heterogêneo, prncpalmente para alguns muncípos da regão metropoltana, durante os anos analsados. Para o ano de 2005, temos a exstênca de um cluster alto-alto que 41 compreende os muncípos de Porto Alegre, Alvorada, Cachoernha, Canela, Canoas, Estânca Velha, Esteo, Farrouplha, Gravataí, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaa do Sul, Taquara, Ro Grande e Vamão. No ano de 2010, além dos muncípos de Porto Alegre, Alvorada, Cachoernha, Canela, Canoas, Esteo, Farrouplha, Gravataí, Novo Hamburgo,

A crmnaldade no Ro Grande do Sul São Leopoldo, Sapucaa do Sul e Vamão, aparecem os muncípos de Eldorado do Sul e São Francsco de Paula, sendo que para este ano Ro Grande não aparece como formação de cluster alto-alto. Quando comparamos o ano de 2015 com o ano de 2010, observamos que o muncípo do Ro Grande volta a aparecer, e nca a ocorrênca de cluster alto-alto nos muncípos de Imbé, Nova Santa Rta, Portão e Trunfo, além de todos os muncípos que já apareceram no ano de 2010. Uma análse mas aprofundada nos permte observar que alguns muncípos apareceram com padrão alto-alto durante os três anos analsados. São eles: Porto Alegre, Alvorada, Cachoernha, Canela, Canoas, Esteo, Farrouplha, Gravataí, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaa do Sul e Vamão. Com exceção de Canela e Farrouplha, todos os outros muncípos pertencem à Regão Metropoltana de Porto Alegre (RMPA), evdencando assm, a vulnerabldade dessa regão com relação ao crme de homcído. Por fm, os muncípos com formação de cluster tdos como baxo-baxo tenderam a se stuar, bascamente, na Serra Gaúcha e na Regão Norte. Fgura 1. Análse de dependênca espacal local (LISA) para taxa de homcído nos anos 2005, 2010 e 2015. Fgure 1. Local ndcators of Spatal assocaton (LISA) analyss for homcde rates n years 2005, 2010 and 2015. 2005 2010 2015 Fonte: Elaboração própra utlzando o software GeoDa 1.6.7. Quanto à taxa de furto e furto de veículo no Estado, a Fgura 2 mostra a exstênca de assocação espacal do tpo alto-alto no ano de 2005 para Porto Alegre, Alvorada, Cachoernha, Canela, Canoas, Eldorado do Sul, Imbé, Quaraí, Ro Grande, São Lourenço do Sul, Sapranga, Sapucaa do Sul e Vamão. Já para o ano de 2010, podemos verfcar a persstênca de assocação espacal alto-alto para todos os muncípos ctados anterormente, exceto Quaraí, além dos muncípos de Campo Bom, Dom Pedrto, Estânca Velha, Esteo, Farrouplha, Gramado, Gravataí, Novo Hamburgo, Portão, Santa Vtóra do Palmar, São Leopoldo e Trunfo. Quando analsamos a assocação espacal para o ano de 2015 podemos observar que a quantdade de muncípos com formação de cluster do tpo alto-alto reduzu consderavelmente, sendo apenas para os muncípos de Porto Alegre, Alvorada, Cachoernha, Canela, Canoas, Eldorado do Sul, Igrejnha, Nova Santa Rta, Pelotas, Portão, Trunfo e Vamão. Os muncípos de Porto Alegre, Alvorada, Cachoernha, Canela, Canoas, Eldorado do Sul e Vamão apareceram com tpo alto-alto durante os três anos analsados. Com exceção de Canela, todos os muncípos ctados pertencem a RMPA, evdencando, mas uma vez, a fragldade dessa regão quanto a formação de clusters de alta crmnaldade, desta vez para os crmes de furto e furto de veículo. Quanto ao padrão baxo-baxo, mas uma vez são pequenos focos concentrados nas regões da Serra Gaúcha e Norte, mas sendo estes dspersos ao longo do período analsado. 42

Fernanda Dach Carrets, Jonatas de Olvera e Gabrelto Rauter Menezes Fgura 2. Análse de dependênca espacal local (LISA) para furto e furto de veículo nos anos 2005, 2010 e 2015. Fgure 2. Local ndcators of Spatal assocaton (LISA) analyss for theft and vehcle theft n years 2005, 2010 and 2015. 2005 2010 2015 Fonte: Elaboração própra utlzando o software GeoDa 1.6.7. Por últmo, ao analsarmos a exstênca de assocação espacal do tpo alto-alto para roubo e roubo de veículo no ano de 2005 na Fgura 3, podemos observar que há uma formação de cluster nos muncípos de Porto Alegre, Alvorada, Cachoernha, Canoas, Portão, Ro Grande, São Leopoldo, Sapucaa do Sul e Vamão. Para o ano de 2010, o muncípo do Ro Grande não aparece com dependênca espacal altoalto. Em contrapartda, todos os outros muncípos menconados anterormente reaparecem acompanhados dos muncípos de Campo Bom, Eldorado do Sul, Estânca Velha, Esteo, Farrouplha, Gravataí, Novo Hamburgo, Sapranga e Taquara. Em 2015, os muncípos que apresentaram dependênca espacal do tpo alto-alto foram: Porto Alegre, Alvorada, Cachoernha, Canoas, Eldorado do Sul, Ro Grande, Sapucaa do Sul e Vamão. Mas uma vez os muncípos de Porto Alegre, Alvorada, Cachoernha, Canoas, Sapucaa do Sul e Vamão, todos pertencentes à Regão Metropoltana de Porto Alegre (RMPA), aparecem durante os três anos analsados como padrão alto-alto para formação de clusters, agora para roubo e roubo de veículos. Como podemos observar, o padrão baxo-baxo contnua aparecendo na Serra Gaúcha e na Regão Norte, e também conta com alguns focos concentrados na Regão das Mssões e Frontera Oeste. Fgura 3. Análse de dependênca espacal local (LISA) para roubo e roubo de veículo nos anos 2005, 2010 e 2015. Fgure 3. Local ndcators of Spatal assocaton (LISA) analyss for robbery or vehcle robbery n years 2005, 2010 and 2015. 2005 2010 2015 Fonte: Elaboração própra utlzando o software GeoDa 1.6.7. 43

A crmnaldade no Ro Grande do Sul Consderações fnas Este artgo teve como objetvo fazer uma análse espacal da crmnaldade para os muncípos do Ro Grande do Sul, verfcando a formação de clusters. Sendo assm, constatou-se que para os crmes analsados (homcídos, furto e furto de veículo, roubo e roubo de veículo) fcou nítda a dependênca espacal acentuada em todos os anos analsados neste trabalho, embora não tenha sdo sgnfcatva para todos os muncípos do Estado. A formação de clusters de muncípos com elevadas taxas de crmnaldade se concentra na Regão Metropoltana de Porto Alegre (RMPA), evdencando o profundo problema de crmnaldade que a regão mas populosa do Estado enfrenta ao longo de anos. Esse resultado corrobora com a hpótese levantada por Maran (2011), que concluu que a Regão Metropoltana de Porto Alegre desenvolve uma rede de ncentvos para a realzação de deltos, quando comparada com outras regões do Estado. Certamente, os resultados encontrados sugerem aos formuladores de polítcas públcas a necessdade de uma ntervenção de curto e longo prazo na estrutura funconal de combate à crmnaldade na regão afetada, suprmndo assm os estímulos de propagação da crmnaldade. Contudo, os resultados encontrados para o grau de assocação espacal das taxas de homcídos para os muncípos gaúchos foram consderavelmente maores que aqueles encontrados para os outros tpos de crmes (furto e furto de veículo, roubo e roubo de veículo), sugerndo a hpótese de uma dnâmca espacal na ocorrênca de homcídos no Estado. Podemos observar que a formação de clusters do tpo altoalto para as taxas de homcídos durante os três anos analsados se concentram na Regão Metropoltana de Porto Alegre, corroborando com os dados apresentados no Anuáro Braslero de Segurança Públca 2015, que constatou que 28,4% dos crmes volentos letas ntenconas (ou seja, que resultaram em morte) ocorreram em captas e/ou regões metropoltanas no ano de 2014 (Fórum Braslero se Segurança Públca, 2015). Por fm, podemos enfatzar que há um largo campo para se explorar com novas pesqusas sobre o tema, tanto no que se refere a ntegrar elementos espacas à nvestgação dos determnantes da crmnaldade quanto às outras subdvsões de estudos já apresentados e dscutdos na lteratura. É ndscutível que, apesar do alto grau de multplcdade que o tema contém, desenvolver uma agenda de pesqusa na área de economa do crme é fundamental para que se possa desenvolver polítcas públcas efcentes, capazes de combater de forma coordenada e raconal o aumento desenfreado da crmnaldade. Só assm alcançaremos o amadurecmento necessáro para que esses estudos sejam de fato nserdos na agenda dos gestores públcos ao analsarem panoramcamente o cenáro da segurança públca. Contudo, para chegarmos a esse nível de maturdade tanto de pesqusadores quanto de agentes públcos, precsamos mprescndvelmente melhorar a dsponbldade e qualdade dos dados, prncpalmente à nível muncpal. Anda assm, é consderável a melhora na qualdade dos estudos elaborados, extremamente mportante para a dfusão do conhecmento que vem sendo agregado ao tema nos últmos anos. Referêncas ALMEIDA, E. S. 2004. Curso de econometra espacal aplcada. Praccaba-SP, 2004. Dsponível em: https://edoc.ste/apostla-econometraespacal-pdf-free.html. Acesso em: 16 mar. 2016. ALMEIDA, E. S. 2012. Econometra espacal aplcada. Campnas-SP: Alínea. ANSELIN, L. 2005. Explorng Spatal Data wth GeoDa: A Workbook. Center for Spatally Integrated Socal Scence, Unversty of Illnos, 2005. Dsponível em: http://www.csss.org/clearnghouse/geo Da/geodaworkbook.pdf. Acesso em: 16 mar. 2016. 44

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