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Transcrição:

Edição 10 - Março de 2015 Mercosul aprova texto do Acordo de Livre Comércio com Egito No dia 20 de fevereiro, a Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul aprovou texto do Acordo de Livre Comércio (ALC) entre o Mercosul e a República Árabe do Egito. O ALC foi assinado em San Juan, na República Argentina, no dia 2 de agosto de 2010. O texto terá de ser submetido à apreciação do plenário da Câmara dos Deputados, em regime de urgência. No entanto, antes, o documento terá de ser aprovado pelas comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional; Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; e de Constituição, Justiça e Cidadania. Depois de aprovado o texto será transformado em Decreto Legislativo a ser promulgado em sessão do Congresso Nacional, sendo posteriormente enviado à Casa Civil. Apesar de já assinado na Reunião de Cúpula do Mercosul, em San Juan, o ALC só entrará em vigor 30 dias após a aprovação do legislativo e da internalização de todas as partes signatárias. Nos últimos anos, o Egito tornou-se importante parceiro comercial do Brasil. No ano passado, aquele país foi também o décimo maior destino das exportações agropecuárias brasileiras, em termos de volume exportado. Dos US$ 2,3 bilhões exportados do Brasil para o Egito em 2014, US$ 1,8 bilhão pertenceu aos produtos do agronegócio. Com a assinatura do ALC, espera-se intensificação ainda maior na relação comercial entre os dois países. Devido às dificuldades relacionadas ao clima, o Egito é um grande importador de produtos agropecuários. Os principais produtos agrícolas importados pelos egípcios são: milho, soja, óleo de palma, açúcar bruto, carne bovina desossada, óleo de soja, óleo de girassol, favas e feijão cavalo (secos), produtos do tabaco, miudezas de bovinos comestíveis, leite desnatado seco, algodão em pluma e alimentos preparados. Com base na pauta de importações agrícolas do Egito, existe convicção sobre o elevado potencial do comércio bilateral entre o Brasil e o Egito. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil já é o terceiro principal exportador de bens agrícolas para o Egito. O Egito possui acordos comerciais com a União Europeia; com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, em inglês); com a Grande Área de Livre Comércio Árabe (GAFTA); com o Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA); com a Turquia; e com a Síria. Segundo números do Fórum Econômico Mundial, o Egito possui um PIB de US$ 280 bilhões, e espera-se um crescimento econômico médio de 3,8% nos próximos dois anos. Fonte: MDIC Elaboração: SRI/CNA Para mais informações sobre o texto e as ofertas do acordo acesse: http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=2716 Para acompanhar a tramitação do Projeto na Câmara acesse: http://www.camara.gov.br/proposicoesweb/fichadetramitacao?idproposicao=947628

Café verde é o produto agropecuário com maior receita de exportação brasileira O momento é complicado para o comércio exterior brasileiro. Esse é o comentário que se ouve frequentemente na mídia nos dias atuais. A base de tal afirmação está nos dados da balança comercial divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Segundo o MDIC, no acumulado dos dois primeiros meses de 2015, as exportações totais do país reduziram-se em 19,3%, em comparação com o mesmo período de 2014. As vendas externas caíram de US$ 32,0 bilhões para US$ 26,0 bilhões. O saldo negativo foi amenizado pela queda, também, nas importações. No acumulado janeiro/fevereiro de 2015, o país importou 16,6% menos do que o verificado no mesmo período do ano Saldo comercial brasileiro (US$ bilhões) Ainda que existam dificuldades no comércio exterior, alguns produtos brasileiros têm apresentando ótimo desempenho nas vendas externas. O destaque é para o café verde. No acumulado do ano, o produto já é o terceiro mais exportado pelo Brasil: foi o primeiro nas exportações do agronegócio. Alcançou US$ 1,04 bilhão em receita e respondeu por 10% do total exportado pelo setor. Se comparado ao mesmo período de 2014, houve aumento de 48% na receita de exportações com o produto. O bom desempenho nas vendas externas do café verde é atribuído, principalmente, ao aumento de 45,8% no preço médio da saca, hoje estimada em US$ 196,1. Em termos de volume exportado, o aumento foi de 1,8%, chegando a 5,24 milhões de sacas. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estima que as expassado. Com isso, o saldo comercial foi negativo em US$ 6,1 bilhões. O agronegócio, ao contrário da balança comercial como um todo, apresentou superávit. No acumulado de 2015, as exportações brasileiras do agronegócio alcançaram US$ 10,6 bilhões. Se comparadas ao mesmo período de 2014, quando o setor contabilizou US$ 12,3 bilhões em vendas externas, houve queda de 13,9% no valor exportado. As importações do setor também caíram (13,7%), chegando a US$ 2,5 bilhões. Como mostra o gráfico abaixo, a balança comercial do agronegócio, no acumulado do ano, encerrou fevereiro com superávit de US$ 8,1 bilhões. Fonte: AliceWeb/MDIC Elaboração: SRI/CNA portações brasileiras de café, em 2015, responderão por 33,9% do total comércio mundial dessa cultura. O açúcar em bruto, que em janeiro foi o produto do agronegócio brasileiro mais vendido no mercado externo, passou a ocupar a segunda posição (quarta no geral) entre os mais exportados. As vendas do açúcar somaram US$ 896 milhões nos dois primeiros meses de 2015. Apesar da boa colocação, as exportações apresentaram queda de 29% em relação ao mesmo período do ano passado. O recuo é atribuído a fatores como a grande quantidade de estoques de açúcar em várias regiões do mundo; à seca que pode ter atrasado a colheita da cana ; e ao aumento da produção mundial de açúcar, principalmente em países como Índia e Tailândia. Diante desses fatores, espera- 2

-se uma produção maior de etanol este ano. O cenário brasileiro atual, de alta no preço da gasolina e incentivos ao uso do álcool, favorece a produção de etanol. Outro produto do agronegócio que não está na tabela abaixo, porém, merece destaque, é o trigo. Grande parte do trigo produzido no Brasil, normalmente, é voltada para o consumo interno. Como a produção doméstica não satisfaz a demanda interna, grande parte do trigo consumido no Brasil é importada de países como Argentina e Estados Unidos. As importações do cereal somaram US$ 1,8 bilhão em 2014 (5,8 milhões de toneladas). Nos dois primeiros meses desse ano, o Brasil importou US$ 193,8 milhões em trigo (742 mil toneladas). No entanto, diante de uma conjuntura de firmes preços no mercado internacional e uma perspectiva de oferta insuficiente para atender a crescente demanda, a produção brasileira tem uma grande oportunidade para se expandir. Em 2015, as exportações do trigo brasileiro vêm chamando atenção. Os valores vendidos em janeiro e fevereiro atingiram US$ 216,6 milhões (1,1 milhão de toneladas). Esse volume representa aumento de 26%, se comparado às exportações ocorridas no mesmo período de 2013, um ano positivo para as exportações do setor. Naquele ano, o Brasil exportou US$ 242,7 milhões (832 mil toneladas) do produto. Com a alta, o trigo já ocupa a 13ª posição entre os bens mais exportados do agronegócio. Só para comparar: nos dois primeiros meses do ano passado as exportações do cereal somaram US$ 6,2 milhões (20 mil toneladas). Com esse valor de vendas, o trigo ocupava apenas a 96º posição entre os produtos mais exportados do agronegócio brasileiro. Os países asiáticos foram os maiores compradores do trigo brasileiro este ano. A Tailândia, principal comprador do cereal, responsável por 31% do total das vendas brasileiras do produto, importou US$ 67,9 milhões (332 mil toneladas). Seguem-se: Vietnã, com importações de US$ 35,5 milhões (176 mil toneladas); Bangladesh, importações de US$ 32,1 milhões (155 mil toneladas); Coreia do Sul, importações de US$ 23,6 milhões (116 mil toneladas); e Filipinas, importações de US$ 21,8 milhões (112 mil toneladas). Produtos Principais exportações (janeiro e fevereiro de 2015) Valor (US$ milhões) Participação (%) 1. Minério de ferro 2.465 9,6% 2. Petróleo em bruto 1.865 7,2% 3. Café verde em grão 1.040 4,0% 4. Açúcar me bruto 896 3,5% 5. Carne de frango in natura 851 3,3% 6. Celulose 834 3,2% 7. Milho em grão 800 3,1% 8. Farelo de soja 708 2,7% 9. Carne bovina in natura 654 2,5% 10. Semimanufaturados de ferro/aço 560 2,2% Sete maiores do agronegócio 5.783 22,4% Demais produtos do agronegócio 4.765 18,5% Três maiores não agrícolas 4.890 18,9% Demais produtos não agrícolas 10.358 40,2% Exportações totais do Brasil 25.796 100% Fonte: MDIC Elaboração: SRI/CNA Em visita à CNA embaixador do Brasil junto à OMC debate negociações multilaterais No dia 24 de fevereiro, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, recebeu o embaixador do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), Marcos Bezerra Abbott Galvão. Na reunião, realizada na sede da CNA em Brasília, foram debatidas alternativas para as negociações, após a consolidação do Acordo de Bali, em dezembro de 2014. O embaixador fez um resumo dos últimos acontecimentos na OMC, desde o impasse da Rodada Doha até o quadro atual. Os países membros da Organização, no Embaixador Galvão (à esquerda) em reunião com Presidente João Martins (à direita). Fonte: Wenderson Araújo/CNA 3

momento, estão elaborando o Plano de Trabalho Pós- -Bali. Marcos Galvão informou que a entrega desse plano de trabalho está prevista para 31 de julho de 2015, permitindo a retomada das negociações até a próxima rodada Ministerial da OMC. A Ministerial ocorrerá em dezembro deste ano, na cidade de Nairóbi, capital do Quênia. No entender do Embaixador, não há expectativa de conclusão das negociações até a Ministerial. Galvão explanou ainda sobre as mudanças nos posicionamentos de importantes atores da negociação da Rodada Doha, casos da Índia, China, Estados Unidos e União Europeia. O grande impasse na agricultura refere-se aos subsídios. Esses quatro países têm posições divergentes a respeito de possíveis soluções para esse grande desafio. Na ocasião, o Presidente João Martins entregou ao embaixador o posicionamento da CNA na agenda Pós-Bali e colocou a equipe da Confederação à disposição para trabalhar junto ao governo brasileiro por soluções com vistas a avançar na agenda das negociações multilaterais. Durante encontro com secretário de Comércio Exterior da Bélgica, presidente da CNA defende mais acordos bilaterais O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, defendeu, em encontro realizado no dia onze deste mês, que o Brasil faça mais acordos comerciais bilaterais, independente das negociações no âmbito do Mercosul, visando ampliar os mercados para o agronegócio brasileiro. A manifestação ocorreu durante reunião com o secretário de Estado de Comércio Exterior da Bélgica, Pieter de Crem, na sede da CNA, em Brasília (DF), ao avaliar as discussões em torno do acordo entre o bloco sul-americano e União Europeia, destino de 22% das exportações brasileiras do setor. Hoje o Mercosul é um impedimento para o acordo, disse João Martins. O presidente da CNA defendeu, também, um sistema de defesa sanitária cada vez mais forte para atender às exigências do mercado internacional, e destacou o esforço do governo federal para garantir a qualidade dos produtos brasileiros. Uma das medidas é a Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA), maior banco de dados do mundo de monitoramento do rebanho bovino, com informações em tempo real sobre a movimentação e comercialização dos animais em território nacional. Este sistema foi desenvolvido pela CNA e entregue ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). À comitiva belga, João Martins, relatou, ainda, o trabalho realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), que promove assistência técnica e extensão rural, que tem o objetivo de ampliar o número de propriedades com produção em escala comercial. Hoje, das 5,2 milhões de propriedades rurais no país, 300 mil respondem por 78% do Valor Bruto da Produção (VBP), que é o faturamento bruto das atividades dentro da porteira. Para os próximos anos, a meta é ampliar em 800 mil produtores este contingente. Não bastam apenas políticas públicas e financiamento. O produtor precisa de assistência técnica, ressaltou. Outro programa do SENAR, destacado pelo presidente da entidade, foi o Sertão Empreendedor, voltado para o semiárido nordestino, onde os produtores recebem capacitação e a as orientações necessárias para produzir com competitividade nas regiões mais afetadas pela seca. Agenda O secretário de Comércio Exterior da Bélgica está no Brasil para uma série de compromissos em Brasília e São Paulo. Além da CNA, Pieter de Crem, reuniu- -se com o ministro dos Portos, Edinho Araújo. No dia 12 deste mês, a comitiva do país europeu foi recebida pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Kátia Abreu. Um dos temas da pauta com a ministra foi a exportação da pera belga para o Brasil. A Bélgica é a maior exportadora mundial da fruta. Na balança comercial do agronegócio entre os dois países, em 2014, o Brasil obteve superávit de US$ 1,91 bilhão, com as exportações totalizando US$ 2,11 bilhões e as importações somando US$ 200 milhões. O setor respondeu por 64,3% das vendas externas totais brasileiras para o país europeu no ano passado. Os principais produtos adquiridos pelos belgas são sucos, café, fumo e derivados, produtos florestais e carnes. 4

Programa Portal Único do Brasil é modelo de melhores práticas para o Acordo de Facilitação de Comércio O Acordo de Facilitação de Comércio é parte integrante do Pacote de Bali, assinado em 2013, na 9ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Esse acordo foi tema central do relatório intitulado Habilitando o Comércio: Catalisando a Implementação do Acordo de Facilitação de Comércio no Brasil (tradução direta), publicado em janeiro de 2015 pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com o Bain & Company e o International Trade Centre (ITC). O relatório analisa a execução do Acordo e afirma que a implementação dos artigos está diretamente ligada ao estágio de desenvolvimento dos países. Isso ocorre, entre outras razões, porque os países menos desenvolvidos enfrentam problemas ligados ao acesso a mercados, a seus ambientes de negócios, à administração de fronteiras e à infraestrutura inadequada. Até o momento, os países menos desenvolvidos só conseguiram implementar 26% dos compromissos assumidos no Acordo, enquanto os países desenvolvidos já implementaram 44%. Uma das ferramentas mais importantes na execução do Acordo de Facilitação de Comércio é a Janela Única, cujo principal objetivo é tornar o país mais competitivo por meio da redução de procedimentos ligados à importação, exportação e ao trânsito aduaneiro. Apontado como um modelo de melhores práticas, o Programa Portal Único do Brasil segue os moldes da Janela Única. Lançado em 2014, esse Programa é o principal esforço brasileiro na implementação do Acordo de Facilitação de Comércio. Na sua concepção, foi estabelecido um processo de mapeamento e discussão entre o setor privado e o setor público quanto à redefinição dos procedimentos aduaneiros, garantindo o envolvimento do setor privado em todas as fases do Programa. O estudo, em inglês, pode ser acessado em: http://www3.weforum.org/docs/wefusa_enablingtrade_brazil_report2015.pdf Tailândia é questionada por políticas de apoio ao setor sucroalcooleiro Em março, durante a reunião do Comitê de Agricultura da Organização Mundial do Comércio (OMC), a Austrália, o Brasil e a União Europeia apresentaram consulta informal sobre os programas de subsídios ao açúcar realizados pelo governo da Tailândia. A consulta foi apresentada após as discussões entre produtores e o governo brasileiro. Em um desses encontros, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA) apresentou relatório com dados indicando que a Tailândia aumentou em 50% as exportações de açúcar devido a subsídios dados aos produtores. De acordo com o relatório, o preço mínimo pago ao produtor pelo governo tailandês é de US$ 0,30 por libra-peso, enquanto as cotações giram em torno dos US$ 0,15. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o açúcar é a principal commodity produzida e exportada pela Tailândia, em volume, e a terceira em valor. Esse produto representa 14,3% da oferta total de alimentos no país. Em 2014 o complexo sucroalcooleiro foi o terceiro principal setor em valor exportado pelo Brasil: US$ 10,37 bilhões. Segundo o MAPA, apesar da importância em números absolutos, observou-se recuo de 11,8% no preço médio e de 14,3% no volume embarcado. 5

Mesmo com queda no valor das exportações brasileiras de açúcar (em bruto e refinado), o produto respondeu por 9,8% (US$ 9,46 bilhões) do total exportado pelo Brasil em 2014, demonstrando a importância do produto para o agronegócio brasileiro. O preço do açúcar no mercado internacional vem apresentando quedas desde 2011, ano em que alcançou valor recorde, com base na série analisada. O preço médio da libra (peso) de açúcar passou de US$ 0,21 em 2010 para US$ 0,17 em 2014, uma redução de 22,3%. Assim, como mostra a tabela, a queda de 25,8% no valor exportado pelo Brasil, naquele período, foi proporcional à variação do preço da commodity. A Tailândia, por outro lado, tem conseguido manter o valor de suas exportações praticamente constante, acima dos US$ 2,77 bilhões anuais. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o governo tailandês, com seu programa de manutenção dos preços para a produção de cana de açúcar, tem conseguido manter o preço do produto, variando entre 10% e 20% acima das cotações atuais de mercado, devido ao baixo preço global de açúcar. Assim como a Tailândia, a Índia também é conhecida por conceder subsídios ao setor agrícola. No dia 3 de março, foi emitida uma notificação na qual o Comitê de Ministros de Assuntos Econômicos (CCEA, sigla em inglês), órgão do governo indiano que define preços, prorrogou seu programa de subsídio à exportação de açúcar em bruto. O CCEA aprovou um volume total de 1,4 milhão de toneladas de açúcar em bruto como elegíveis para receber US$ 64,25 por milhão de tonelada sob o subsídio. Exportações de Açúcares (US$ bilhões) Período Brasil Tailândia Mundo* 2010 12,769 2,203 34,080 2011 14,958 3,665 42,011 2012 10,726 2,790 40,057 2013 11,849 2,872 37,786 2014 9,469 2,767 - =(2014-2010) -3,301 0,564 3,706 Variação (%) 2010-2014 Fonte: Trade Map/ITC Elaboração: SRI/CNA -25,8% 25,6% 10,9% Nota: * O valor das exportações mundiais é calculado pelo ITC como a soma dos países que reportaram e não reportaram seus valores de comércio ao UN Comtrade. Devido à indisponibilidade dos dados para o mundo em 2014 os cálculos foram feitos paras as variações entres os anos de 2010-2013. Portanto os valores apresentados ainda estão sujeitos a alterações. União Africana planeja criar órgão de segurança alimentar Há alguns anos, a Comissão da União Africana (AUC) estuda a criação de um órgão que ajude a solucionar, de forma coordenada, os desafios sistêmicos de segurança alimentar que afetam todo o continente. Esse órgão, que se chamaria Mecanismo de Coordenação de Gestão de Segurança Alimentar da União Africana, ou AU-FSMCM (sigla em inglês), foi inicialmente idealizado na Cúpula de Lisboa, em 2007. Naquela ocasião, líderes da União Africana e da União Europeia discutiram, dentre outros temas, a necessidade de melhorias na infraestrutura que regulamentaria a segurança alimentar na África e de medidas a nível continental. Segundo o relatório das Nações Unidas sobre o auxílio à União Africana e ao programa da Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD), a missão proposta pela AU-FSMCM é coordenar, comunicar, assessorar e fornecer capacitação para conceitos, princípios e procedimentos harmonizados que permitam aos Países Membros da União Africana e aos operadores do setor alimentício atender suas obrigações de gestão da segurança alimentar de forma mais eficaz (tradução livre). O AU-FSMCM complementaria iniciativas de segurança alimentar já existentes no continente, como a Parceria para o Controle da Aflatoxina na África (PACA) e a Participação das Nações Africanas nas Organizações de Estabelecimento de Normas SPS (PAN-SPSO). A ideia é aumentar também a comunicação sobre os riscos 6

à saúde pública através de um sistema de alerta rápido, conhecido como Mecanismo Rápido de Alertas de Alimentos (ARFFAM). Apesar de existir um consenso sobre os princípios que conduziriam esse órgão, ainda são necessárias deliberações mais detalhadas e um acordo com a AUC e os Estados Membros sobre os papéis propostos, a estrutura operacional, localização, orçamento, dentre outros temas. Assim, espera-se que esse processo de deliberação demore alguns anos para ser finalizado. A meta é que a validação das opções propostas para o estabelecimento desse órgão seja concluída até 2017. Moedas desvalorizadas acirram competição entre parceiros comerciais No dia 8 de fevereiro, a Comunidade Andina (CAN), união aduaneira sul-americana composta pela Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, emitiu resolução contra as salvaguardas impostas pelo Equador à importação de produtos do Peru e da Colômbia. Desde 5 de janeiro, o Equador adotou um imposto salvaguarda de 21% para as importações da Colômbia e de 7% para as importações do Peru, alegando que a desvalorização das moedas dos dois países havia afetado sua economia por meio de uma competição desleal dos produtos importados. A desvalorização cambial está frequentemente presente nas discussões de comércio exterior. O motivo é que a perda de valor de uma moeda específica pode tornar os preços dos produtos exportados por determinado país mais atrativos no mercado externo. No caso do Equador, a CAN alegou não haver provas suficientes de que a desvalorização do sol peruano ou do peso colombiano tenha alterado o cenário competitivo. O presidente do Equador, Rafael Correa, decla- rou que vai apelar contra a resolução do CAN e pensa até: deixar o bloco comercial. Desde 2000, o Equador adotou o dólar americano como moeda oficial, limitando a possibilidade de adotar políticas monetárias capazes de enfrentar a concorrência de parceiros comerciais. O Peru e a Colômbia possuem políticas de livre mercado, e suas moedas flutuam livremente. Os bancos centrais desses países só intervêm no mercado por meio da compra e venda de dólares, para evitar mudanças bruscas e repentinas na taxa de câmbio. O Brasil também vem enfrentando uma constante desvalorização do real. O dólar americano subiu e superou os R$ 3,25, no dia 13 de março. A desvalorização do real já traz consequências para alguns setores. E já afeta o agronegócio brasileiro. O avanço da cotação do dólar atinge diretamente os produtores rurais que dependem de insumos importados para utilizarem em suas lavouras. Por outro lado, a alta do dólar pode minimizar os impactos da queda da cotação de algumas commodities. Políticas de apoio doméstico ao setor agrícola são debatidas no Comitê de Agricultura da OMC Entre os dias 4 e 5 de março, o Comitê de Agricultura da Organização Mundial do Comércio (OMC) realizou sua 76ª sessão ordinária. A agenda abordou temas relevantes para alcançar os compromissos assumidos pelo programa de reforma do Acordo sobre Agricultura (AsA) da OMC. Algumas dessas questões são: revisão das notificações aos membros; revisão da lista dos países em desenvolvimento que são importadores líquidos de alimentos; e implementação do Pacote de Bali, dentre outros itens. Durante a reunião, um documento recentemente lançado pelo Grupo de Cairns, coalizão composta pe- 7

las principais nações exportadoras de produtos agrícolas, apresentou uma análise das notificações mais recentes enviadas ao Comitê. Essas notificações são referentes aos dez principais atores no comércio agrícola mundial: Austrália, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Japão, Rússia e União Europeia. Com o objetivo de avançar nos temas propostos na Rodada Doha, o documento ilustra o uso dos subsídios agrícolas por esses atores entre 2001 e 2013. O documento mostra também que o nível de auxílio dado por esses atores aumentou. Ainda que o crescimento dos auxílios dos países em desenvolvimento (PEDs) tenha sido mais rápido, o nível inicial era expressivamente mais baixo. Por isso, a proporção entre auxílio e valor de produção dos países desenvolvidos manteve-se estável, enquanto nos PEDs observou-se crescimento. O Brasil foi o único país entre os PEDs que apresentou níveis baixos no uso de medidas de manutenção de preços, enquanto na China e na Índia observaram-se níveis crescentes. No entanto, esses dois países ainda se encontram abaixo de seus níveis mínimos permitidos. Apesar dos esforços recentes de alguns membros, a falta de comprometimento com as obrigações das notificações continua sendo um obstáculo para o processo de revisão do Comitê de Agricultura. Durante um encontro informal de negociação agrícola da OMC, que ocorreu após a reunião do Comitê, a Bloomberg BNA anunciou que a China rejeitou a proposta norte-americana para alteração das políticas chinesas de apoio à agricultura. O trabalho do Comitê de Negociação Agrícola é considerado um componente crucial dos esforços da OMC para promover um programa de trabalho até 31 de julho, com o objetivo de concluir a Rodada Doha. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) tem acompanhado ativamente o debate agrícola na OMC, monitorando políticas dos principais parceiros comercias do Brasil e de outros países que sejam capazes de provocar distorções no comércio internacional agrícola. A Superintendência de Relações Internacionais (SRI) elaborou um trabalho intitulado Proposta de Prioridades do Agronegócio Brasileiro Para a Agenda de Negociações Multilaterais da Organização Mundial do Comércio que descreve os pontos prioritários para ao agronegócio brasileiro na agenda Pós-Bali. Boletim do Agronegócio Internacional é elaborado pela Superintendência de Relações Internacionais. 8 CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL SGAN - Quadra 601 - Módulo K CEP: 70.830-021 Brasília/DF (61) 2109-1419 cna.comunicacao@cna.org.br