JUIZ DE FORA MINAS GERAIS

Transcrição

1 Ao EXMO SENHOR TIAGO VIDAL DE CAMPOS DD. PRESIDENTE DA COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUDESTE DE MINAS GERAIS CAMPOS DE MURIAÉ MG JUIZ DE FORA MINAS GERAIS Tomada de Preços nº 005/2013 CSC CONSTRUTORA SIQUEIRA CARDOSO LTDA, já devidamente qualificada no processo licitatório acima, neste ato representada por seu sócio diretor abaixo assinado, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, apresentar as CONTRA RAZÕES ao RECURSO ADMINISTRATIVO apresentado pela empresa licitante: SCALLBERI CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA - EPP, já devidamente qualificada no processo licitatório acima, pelas razões de fato e de direito, a seguir:

2 O procedimento da douta comissão permanente de licitação está correta nos termos da legislação em vigor lei nº 8.666/93, vejamos: E quanto ao edital à recorrente não cumpriu as determinações do edital e não impugnou o mesmo em prazo hábil. Prevalecendo valido edital in totum. 1)- O Atestado de capacidade técnica apresentado pela recorrente cumpre em parte ao item para o Engenheiro Eletricista ou outro profissional legalmente habilitado, execução de instalações elétricas de baixa tensão; O CAT é em nome da empresa e do responsável técnico para válido para execução de obras civis e eletrica de baixa tensão. No nosso entendimento (técnico) o CAT não contempla as exigências previstas no edital, para os itens de montagem de subestação de energia elétrica, contemplando exclusivamente aos QGD Quadro Geral de Distribuição. Diante da aceitação do CAT pela CPL do IFSUDESTE, apresentamos a nossa impugnação ao item do edital, por discordar da decisão da CPL. 2)- A recorrente não apresentou CAT da empresa ou do responsável técnico para cumprimento do item execução de ramal de alimentação de instalações elétricas, do edital. Em suas razões de recurso a recorrente cita artigos da lei de licitações e resoluções do Confea (CREA), e mais nada. Por fim solicita a sua habilitação ao certame. claro: O item combinado com subitem do edital é Quanto à capacitação técnico-operacional: apresentação de Atestado de Capacidade Técnica, registrado no CREA ou CAU da região pertinente e acompanhados(s) da(s) respectiva(s) Certidão(ões) de Acervo Técnico CAT. Fornecido por pessoa jurídica de direito publico ou privado devidamente identificada, em nome do licitante, (grifo nosso), relativo à execução de obras/serviços, para edifícios públicos ou privados comerciais, compatível em características, quantidade e prazos com o objeto da presente licitação, envolvendo os serviços de: execução de ramal de alimentação de instalações elétricas;.

3 Todavia, conforme será destrinchado adiante, e revelando-se insubsistentes os motivos que dão azo ao recurso apresentado pela empresa SCALLBERI CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA - EPP, sob pena, inclusive, de prejuízo ao interesse público consubstanciado no bom andamento dos trabalhos da Administração, bem como aos demais licitantes interessados. A impugnante acima mencionada apresentou recurso constante especificamente o item do Instrumento Convocatório, sendo que a questão mencionada será abaixo abordada e abalizada por estas contra-razões Do item do Edital Podendo a impugnante que a dicção dos itens editalícios rebatidos vão se ao encontro de forma inaceitável com as disposições da Resolução n 1.025/2009 do CONFEA ( Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), bem como do art. 30 da Lei 8.666/93. Para tanto, ajuíza, em linhas gerais, ser aferida a capacidade técnico-profissional da pessoa jurídica tão somente pelo conjunto dos acervos técnicos dos profissionais que integram seu respectivo quadro técnico, conforme disposições constantes na Resolução mencionada. De forma a corroborar suas conclusões, utiliza-se, ainda, do suposto entendimento expresso no artigo legal referenciado, o qual, a seu ver, limita a qualificação técnica à comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, qualidades e prazos com o objeto de licitação. Por fim, fundamentado o pedido de correção de Edital e CPL no que tange á limitação da qualificação técnica ao profissional habilitado e possuidor de conhecimento técnico, alega a impugnante o reprovável abuso de se exigir o atestado técnico expedindo por pessoa jurídica de direito publico e privado para pessoa jurídica, circunstância que, supostamente sem qualquer amparo legal, é capaz até mesmo de restringir o caráter competitivo do certame. Nestes termos, têm-se os pontos serem analisados e esclarecidos por estas contra-razões, o que se faz na forma a seguir discriminada: Da capacidade técnico operacional da pessoa jurídica

4 Utilizando-se de dispositivos da Resolução n /2009 do CONFEA, bem como do art. 30 da Lei 8.666/93, a impugnante parece confundir os conceitos existentes e aplicáveis nos processos licitatórios referentes à qualificação técnica. Isso porque, de forma tumultuada em sua Impugnação, utiliza da expressão capacidade técnico-profissional para tratar da capacidade inerente à pessoa jurídica como um todo, subjugado a existência a autonomia do conceito da capacidade técnico-operacional, tão aplicável e necessária quanto à primeira. Nesse sentido, a titulo de esclarecimento, compete transcrever os didáticos preceitos de Joel de Menezes Niebuhr, em sua obra Licitação Publica e Contrato Administrativo (2. Ed. Belo Horizonte: Fórum, Pg. 389): Os atestados de capacitação técnica são de dois tipos: profissionais e operacionais. Ao apresentar atestado de capacitação técnicoprofissional, o licitante comprova a Administração que conta em sua equipe com profissional que já tenha executado algo semelhante ao objeto da licitação. Ao apresentar atestado de capacitação técnicooperacional, o licitante comprova que ele mesmo já executou algo semelhante ao objeto da licitação. Trocando-se em miúdos, o atestado profissional referese à experiência dos profissionais que fazem parte da equipe do licitante, e o atestado operacional à experiência do próprio licitante. Considerando tal ensinamento e, ainda, verificando-se a falta de tratamento pela impugnante do conceito de capacidade técnico-operacional, é de se constata que todas as suas alegações, no sentido de tratar tão somente da capacidade técnicoprofissional, inclusive sob as determinações da Resolução n.1025/2009, não procedem e, conseqüentemente, não merecem acolhimento. É fato que a Resolução mencionada trata com maestria da capacidade técnicoprofissional da pessoa jurídica, discriminando toda a forma de agir dos interessados no que se refere à sua responsabilidade técnica. Todavia, conforme disposto pela própria Resolução, ela fixa os procedimentos necessários ao registro, baixa, cancelamento e anulação da Anotação de Responsabilidade Técnica ART, ao registro do atestado emitido por pessoa física e jurídica contratante e à emissão da Certidão de Acervo Técnico- CAT, bem como aprova os modelos de ART e de CAT, o Requerimento de ART e Acervo Técnico e os dados mínimos para registro do atestado, não tratado, portanto, de assuntos diretamente relacionados com a licitação e seus procedimentos, tampouco da capacidade técnico-operacional pelo Edital exigido.

5 Sob este aspecto, imperioso destacar palavras de Joel de Menezes Niebuhr, op. Cit: A Administração Publica não deve se curvar às decisões ilegítimas do CONFEA que se oponham à legislação sobre licitação publica e à própria consecução do interesse publico. Sendo assim, não há que se utilizar, no presente impasse, Resolução eminentemente técnica em detrimento das disposições legais e editalícias existentes. Isso porque, em primeiro lugar, a Resolução não é capaz de superar as disposições constantes na Lei 8.666/93 e, em seqüência, referida Resolução não pode ser oponível ao Edital que, de forma estrita, obedeceu aos preceitos legais pertinentes e aceito pelas partes. De forma a esclarecer e corroborar o juízo exposto, competem destacar dizeres do eminente jurista Jessé Torres Pereira Junior, em sua obra Comentários á Lei das Licitações e Contratações da Administração Publica (8. Ed. Rio de Janeiro: Renovar, Pg. 392/393): A qualificação técnica da pessoa jurídica resulta do seu conjunto de recursos organizacionais e humanos. Tanto que o inciso II do art. 30 cuida, em sua primeira parte, de elemento organizacional, deixando para a segunda parte a referencia ao pessoal técnico. Este sem estrutura empresarial apta a produzir os insumos e apoios, na medida e no tempo certo, não logra execução adequada. Por conseguinte, o edital pode e deve estabelecer as exigências, por meio de atestados, que sejam suficientes para que a Comissão Julgadora verifique se cada licitante dispõe daquele conjunto de recursos sob pena de inabilitação. Cristalina, portanto, não só a possibilidade como a própria necessidade de exigência de qualificação técnica a fim de se aferir a capacitação da pessoa jurídica no que tange a seus recursos organizacionais. Vale destacar que o próprio Tribunal de Contas da União, em sucessivos acórdãos, já tratou do tema da capacitação técnico-profissional x capacitação técnico-operacional, consolidando o entendimento de que a ausência de explicita referencia no art. 30 da Lei n. 8666/93, a requisitos de capacitação técnico-operacional, não significa vedação à sua previsão,

6 de modo que sua exigência no edital não fere o caráter competitivo do certame licitatório. (Acórdão n. 1524/2006 Plenário, Rel. Min. Walton Alencar Rodrigues). Por todo o exposto, insubsistentes os termos tratados pela impugnante no intento de afastar a capacidade técnico-operacional da análise do certame, seja por não encontrar guarida na doutrina e jurisprudência correlata, seja por contrariar os interesses e necessidades da Administração no que concerne à qualificação técnica. Da exigência de atestado emitido para execução de ramal de alimentação das instalações elétricas. Dando continuidade às explanações realizadas no sentido de adequabilidade de se exigir a capacidade técnico-operacional da licitante, frisa-se entendimento pertinente de Marçal Justen Filho Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, Editora Dialética, 11ª Edição, p Excluir a possibilidade de requisitos acerca da capacitação técnica operacional conduz, em ter mos gerais, a colocar em risco a execução satisfatória da futura contratação. A Administração Publica poderá contratar sujeito sem a experiência necessária a execução de certo objeto contratual. (Grifos nossos). Com base em tal ensinamento, fica clara a adequabilidade de se exigir que o atestado de capacidade técnica a ser apresentado nome da licitante, embora possam ser emitidos em nome da licitante em conjunto com os seus responsáveis técnicos, como apresentado para cumprimento do item do edital pela licitante recorrente e inabilitada no processo licitatório supra; Com objeto para a execução de ramal de alimentação das instalações elétricas. Isso porque, além de estar estritamente relacionada com a capacitação técnica da licitante para execução adequada do serviço, a existência ainda guarda relação direta com as peculiaridades que somente uma empresa especializada em construção de redes de Energia Elétrica enfrenta em seu dia-a-dia.

7 Por todo o exposto, irrefragável a manutenção e ao não atendimento a exigência editalícia que somente tem a finalidade de resguardar a boa execução serviço em observância à qualidade devidamente regulamentada por Órgão Competente e, em âmbito maior, proteger o próprio interesse publico. Ante a exposição dos fatos supracitados, e das razões apresentadas, relevante reiterar que os procedimentos adotados para a condução deste certame foram baseados na lisura, na transparência e sempre buscando atingir os objetivos e princípios propostos pela Administração Publica, ressaltando ainda o cumprimento às leis que norteiam a licitação, em especial a Lei n /93. ISSO POSTO, sem nada mais a evocar, requeremos e ratificamos a manutenção da decisão CPL do IFSUDESTE em inabilitar a empresa SCALLBERI CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA EPP, pelo não cumprimento do edital - item e seu subitem, não apresentando atestado de capacidade técnica emitido por pessoa jurídica de direito publico ou privado devidamente identificada em nome da licitante, relativo à execução de ramal de alimentação de instalações elétricas e NEGAR PROVIMENTO a impugnação apresentada pela empresa. N. Termos, P. Deferimento, De Passos p/juiz de Fora, 27 de novembro de 2013.

8 João Murilo de Siqueira Cardoso Diretor EPP CSC CONSTRUTORA SIQUEIRA CARDOSO LTDA -