DECISÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO

Transcrição

1 DECISÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO PROCESSO LICITATÓRIO Nº 041/2019 PMP CONCORRÊNCIA PÚBLICA Nº 001/ PMP OBJETO: CONTRATAÇÃO DE EMPRESA ESPECIALIZADA PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS CONTINUADO DE LIMPEZA DE LOGRADOUROS PÚBLICOS E PRAIAS DO MUNICÍPIO DE PENHA, COM FORNECIMENTO DE MÃO DE OBRA, MATERIAL, FERRAMENTAS E MAQUINÁRIOS. RECORRENTE: HMS TRANSPORTES E LOCAÇÃO DE CAÇAMBAS LTDA Trata-se de recurso interposto pela empresa Hms Transportes e Locação de Caçambas Ltda, questionando excesso de formalismo da Comissão de Licitações que decidiu por sua inabilitação por ofensa ao disposto no item a e b por não apresentar engenheiro com competência técnica especificada em edital e nos itens e por apresentar documentos em cópia simples sem autenticação exigida no edital. Alegou ilegalidade no item do Edital uma vez que o que determina a competência para desempenhar determinada atividade é a atribuição profissional, e não o título profissional como quer levar a crer o edital. Em relação aos documentos exigidos nos itens e alega que autenticidade de ambos é comprovada de forma eletrônica. Alegou excesso de rigor e impedimento de autenticação de documentos pela Comissão o que configuraria excesso de formalismo.

2 Por fim requereu a procedência do recurso, com a consequente habilitação da empresa recorrente. Após, foi aberto prazo para impugnação ao recurso aos demais licitantes nos termos do 3º do art. 109 da Lei 8.666/93. A empresa Orbenk Administração e Serviços Ltda apresentou contrarrazões. Vieram os autos conclusos para decisório. Preliminarmente, cabe esclarecer que a impugnação foi interposta tempestivamente nos termos do art. 109 I da Lei nº Lei 8.666/93, cumprindo assim o requisito temporallegal exigido para o processamento do presente recurso. Tempestivamente também foi interposta as contrarrazões. Passamos ao parecer decisório. Cabe aqui esclarecer que a recorrente interpôs impugnação ao edital questionando o item tendo sido o mesmo indeferido nos seguintes termos: Quanto ao mérito, no tocante à ilegalidade na exigência dos profissionais com formação específica temos a informar que foi realizada consulta ao CREA que emitiu ofício DRP OF (página 139) em que determinou os profissionais habilitados para os serviços especificados no objeto do Edital. Não pode a recorrente alegar ilegalidade de fato superado anteriormente à sessão de abertura de envelopes. A decisão da impugnação ao edital demonstrou que o item seria mantido com base em determinação do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Não pode a recorrente alegar qualquer ilegalidade sobre o tema já superado nessa fase do processo administrativo. A recorrente estava ciente de que esses seriam os termos editalícios, cumpridos por todos os demais licitantes.

3 Vale aqui explanar que referida exigência editalícia além de basear-se em determinação do CREA-SC foi determinada pelo Juízo da Comarca de Piçarras em sede do Mandado de Segurança nº Com relação aos itens e apresentados em cópia simples pela recorrente entendemos que não houve cumprimento às regras editalícias. O processo licitatório segue o rito formal dos procedimentos administrativos, face à necessidade, ainda atual, de mantê-los sob a forma de papel (processo), com vistas ao controle interno e externo dos atos governamentais. Não só os procedimentos administrativos, mas também os judiciais obrigam a formalização dos documentos, declarações, certidões etc. Para tanto, é necessário definir a formalidade que um documento deve revestir-se para que possua validade jurídica e produza os efeitos legais esperados. As cópias ou reproduções fotográficas sem a autenticação, mais chamadas de cópias simples, não geram efeitos legais para os procedimentos licitatórios, tendo em vista que as reproduções fotográficas não autenticadas não constituem documentos (STF, RTJ 108/156; STJ, RHC 3.446, DJU , p , in RBCCr 7/213; TJSP, RT 746/568). Com efeito, o art. 32, caput, da Lei Federal nº 8.666/93, determinou que os documentos necessários à habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquer processo de cópia autenticada por cartório competente ou por servidor da Administração,. (grifei) Da mesma sorte, resta claro que, para fins de habilitação, não serão aceitas as cópias simples ou reproduções fotográficas sem autenticação. A alegação de que a Comissão não quis autenticar os documentos e que isso seria excesso de rigor e irregular é falasiosa. O que realmente ocorreu é que o representante da recorrente apresentou os envelopes lacrados sem requerer a autenticação pela Comissão e posterior à sua abertura quis autenticá-los. O edital disciplina em seu item 6.2: A DOCUMENTAÇÃO para habilitação deverá ser apresentada em uma via, em original, ou por qualquer processo de cópia autenticada por cartório competente ou

4 ainda por servidor da administração ou publicação em órgão da imprensa oficial, assim como a PROPOSTA que deve ser apresentada em uma via. Também dispõe o item 7.3 nos mesmos moldes: 7.3 Todas as certidões e/ou documentos comprobatórios, devem ter validade na data prevista para a abertura da documentação e propostas, e deverão ser apresentados em fotocópia autenticadas ou originais. Todas as certidões e/ou documentos em que não conste expressamente o seu prazo de validade, serão consideradas como válidas por 30 (trinta) dias da emissão, exceto aquelas previstas em lei e os atestados referentes à qualificação técnica. O item 6.3 disciplina que na data e hora indicadas no aviso deste Edital, as concorrentes, devidamente representadas por pessoa credenciada e identificada, munida do respectivo Contrato Social, apresentarão os envelopes fechados e lacrados. Entende-se claramente que quando da apresentação dos documentos os mesmos já deveriam ser autenticados por servidor da administração. Após a apresentação dos envelopes não há que se falar em autenticar documentos. A fase de autenticação é prévia. Assim como é a fase de credenciamento. A recorrente fez o credenciamento e nessa fase em momento algum solicitou a autenticação de documentos. E sua alegação de que um representante das licitantes estaria vistando os envelopes, quando quis autenticar documentos, é falsa uma vez que todas as empresas já haviam vistado os envelopes quando das fotografias apresentadas no recurso. As fotografias demonstram claramente que os envelopes já se encontravam abertos e estavam sim sendo analisados por uma das participantes, o que também foi feito pela recorrente na sequência e assim sucessivamente por todos participantes do certame. Quanto maior a preocupação do Direito com o modo de formação dos atos jurídicos, tanto mais intenso será o grau de formalismo jurídico. Ressalte-se que o formalismo jurídico não significa a ausência de forma para os atos jurídicos. A vontade se manifesta através de certos modos. Portanto, todo e qualquer ato jurídico apresenta uma forma. O formalismo consiste não na exigência de que os

5 atos jurídicos apresentem forma jurídica, mas se configura como a imposição de que sigam determinadas formas jurídicas como requisito para a produção dos efeitos buscados pelo sujeito. O formalismo se caracteriza pela previsão normativa de que a vontade do sujeito apenas será considerada juridicamente relevante quando adotados determinados modos de exteriorização. A graduação do formalismo se relaciona com a amplitude maior ou menor das exigências acerca da forma. A concorrência apresenta duas características marcantes, sendo a primeira o formalismo mais acentuado, razão por que é sempre exigível uma fase inicial de habilitação preliminar na qual são aferidas as condições de cada participante, e a segunda é a publicidade mais ampla, o que se traduz na participação de todos quantos estiverem interessados na contratação. Não se trata de formalismo rigoroso mas sim de cumprimento à legislação. Em razão do não atendimento ao exigido no Edital decido pelo não provimento do recurso e consequentemente mantêm inabilitada a empresa Hms Transportes e Locação de Caçambas Ltda. Penha, 24 de junho de 2019 Jaylon Jander Cordeiro da Silva Secretário de Administração