Universidade Independente Curso de Direito Exame final (Contratos em Especial)

Transcrição

1 Universidade Independente Curso de Direito Exame final (Contratos em Especial) I Depois de ler pausadamente o extracto do acórdão que segue, proponha uma via (justificada de direito) para encerramento do litígio, criticando a visão do problema aceite na sentença de 1ª instância ou, pelo contrário, e se assim o entender, demonstrando por que razão fez boa aplicação da lei. Acordam do Tribunal da Relação : 1. Ap.o pediu a condenação do Ap.e no pagamento do montante de PTE: $00, acrescidos de juros legais a partir da citação: (1) encarregou-o da construção da 2ª fase de uma moradia unifamiliar de 3 pisos, na Estrada de Miraventos, Lote 16, Palmela; (2) no prazo de 7 meses a partir da data da subscrição do contrato ( ); (3) continha este uma clausula de penalização, por atraso não justificado, de PTE: $00/ mês; (4) porém, ainda não chegado o termo, o empreiteiro abandonou a obra, até à data da propositura ( ); (5) logo, deve indemnizar segundo o acordado (PTE: $00 x 17 m.); (6) ficando por concluir variadíssimos acabamentos [vd., a seguir, 5.(7)], 2. O Ap.e contestou dizendo, em síntese: (1) não se trata de uma empreitada, mas de uma prestação de serviços; (2) o prazo para a conclusão das tarefas foi sendo prorrogado, por necessidade de alterações e novos trabalhos, que orçarão em PTE: $00; (3) só deixou de trabalhar para o A., em Julho de 1995, tendo este de imediato ajustado directamente com 2 pedreiros e um servente a ultimação das tarefas em falta, que duraram menos de 2 meses remontando a PTE: $00; (4) e abandonou, por não lhe terem sido pagos os trabalhos a mais, nem parte da última prestação do contrato 1, estando desta ainda em dívida o montante de PTE: $00; 1 Do contrato: cláusula 10ª (rescisão do contrato) A rescisão do presente contrato poderá partir da iniciativa do primeiro ou do segundo outorgante, nas circunstâncias previstas nos números seguintes: a. O segundo outorgante poderá rescindir o contrato nas seguintes condições : 1º - pelo não pagamento de qualquer prestação correspondente à prestação de honorários. 2. No caso de rescisão por parte do segundo outorgante, o primeiro outorgante será responsável pelo pagamento do já realizado à data da rescisão, conforme valores orçamentados, podendo para o efeito ser nomeado um perito por parte de cada um que, em relatório, definirão os valores em dívida. 1

2 (5) todavia, foi ultrapassado o prazo acordado de 20 dias para reclamações Em reconvenção, pediu que o Ap.o lhe prestasse a quantia de PTE: $00, do preço não pago dos trabalhos a mais e alterações [que virão descritos na sequencia, vd. 5.(10)ss], e do que ficou por satisfazer do preço da empreitada; [não pediu juros de mora] 4. Na resposta, o Ap.o sustentou que não tendo havido entrega da obra, não há que ter em conta o prazo de 20 dias, o mesmo sucedendo com o computo da última prestação, sendo certo que entregou ao R. mais PTE: $00 do que aquilo que estava estipulado; impugnou o valor das obras a mais, que no entanto aceitou, excepto uma delas (piscina); 5. Ficou provado: (1) em , A. e R. celebraram um contrato que teve por objecto a construção pelo R. da 2ª fase de uma moradia unifamiliar de 3 pisos, na Estrada de Miraventos, Lote 16, Palmela; (2) o prazo contratado para a execução dos trabalhos foi de 7 meses a partir da data de celebração do contrato; (3) ficou acordado que o A. pagaria ao R. PTE: $00, respeitando as seguintes datas: 1ª prestação, vencida no final do mês de Fevereiro - PTE: $00; 2ª prestação, vencida no final do mês de Março - PTE: $00; 3ª prestação, vencida no final do mês de Abril - PTE: $00; 4ª prestação, vencida no final do mês de Maio - PTE: $00; 5ª prestação, vencida no final do mês de Junho - PTE: $00; 6ª prestação, vencida no final do mês de Julho - PTE: $00; 7ª prestação, vencida no final do mês de Agosto - PTE: $00; (4) ficou acordado que o A. poderia rescindir o contrato quando por factos imputáveis ao R., o cumprimento dos prazos excedesse 90 dias, tornando-se efectiva a rescisão após ter sido recebida pela parte contrária comunicação escrita, e fundamentada, para o efeito, e rescisão que o eximiria de qualquer prestação do montante a retribuir; (5) ficou acordado que o incumprimento dos prazos estabelecidos para a execução da obra, sem força maior ou justificação aceite, determinaria a aplicação de penalidades mensais de PTE: $00, a suportar pelo R.; (6) o R. deixou de trabalhar na obra; (7) e nessa ocasião estavam por concluir: (a) na cave a electricidade exterior; (b) no R/C e 1º andar assentamento das louças sanitárias e torneiras; lacagem das portas interiores e dos roupeiros; 2 Do contrato: clausula 12ª (responsabilidade) A exigibilidade da responsabilidade imputável ao 2º outorgante [R:] caduca findo que seja o período de 20 dias contado a partir da entrega dos documentos correspondentes às diferentes fases da prestação de serviços, ou da data da prestação destes se não houver lugar à produção de documentos. 2

3 (c) no anexo assentamento das louças sanitárias e torneiras; construção da churrasqueira; (d) no exterior pintura dos portões a tinta de água; (8) nenhuma das partes rescindiu o contrato; (9) não ocorrerão quaisquer factos de força maior, ou justificações aceites para atrasos; (10) a partir de Junho/Julho de 1994, o A. apresentou-se a exigir do R. a construção de um depósito térreo para a água, em betão armado; (11) e alterações no revestimento da escada de acesso da cave ao r/c, para ser de azulejo assente em diagonal, tanto como no revestimento de todo o muro à volta da casa, colocado ladrilho em vez de pedra rústica; (12) o R. procedeu à construção, alterações e revestimento referidos; (13) a partir de Junho/Julho de 1994, o A. apresentou-se a exigir ao R.: (a) a construção de um canil, com mais de 80m2; (b) a construção da casa das máquinas da piscina; (c) a construção de todas as floreiras exteriores; (d) a construção da piscina, exceptuado o arvinel e o betão armado; (e) a construção das divisões do sótão, com reboco, betonilha e instalação eléctrica; (14) o R. levou a cabo os trabalhos de acabamento dos telhados, que incumbiam a outrem; (15) o R. construiu as divisões do sótão, com reboco e betonilha; (16) o A. não pagou estes e aqueles trabalhos ao R.; (17) da retribuição acordada, o R. recebeu a quantia de PTE: $00, PTE: $00 através de cheques nominativos, emitidos entre e 95.05,12, e que rebateu; (18) entre e , o A. emitiu em nome do R. cheques no montante global de PTE: $00, que recebeu; (19) com a construção do depósito térreo, o R. gastou em materiais e mão de obra a quantia de PTE: $00; (20) o R. construiu o canil; (21) onde gastou, em material e mão de obra, PTE: $00; (22) o R. construiu a casa das máquinas da piscina; (23) onde gastou, em material e mão de obra, PTE: $00; (24) o R. construiu as floreiras exteriores; (25) onde gastou, em material e mão de obra, PTE: $00; (26) o A. apresentou-se a exigir ao R. os trabalhos de acabamento dos telhados; (27) os quais se prolongaram por mais de 2 meses; (28) o R. também procedeu à instalação eléctrica nas divisões do sótão; (29) o R. despendeu a quantia de PTE: $00 com a construção da escada de acesso à cave; (30) o R. despendeu com o revestimentos da escada de acesso à cave e do muro à volta da casa em mão de obra e materiais, excepto o ladrilho a quantia de PTE: $00; 3

4 (31) parte da quantia de montante dos cheques passados ao R. entre e , e , destinou-se a pagar aos trabalhadores que o R. deixou na obra. 5.1 Na motivação foi escrito que as respostas dadas tiveram como fundamento os depoimentos das testemunhas, inquiridas e instadas em julgamento que, por terem trabalhado na obra, mostraram ter conhecimento dos factos sobre que depuseram, afigurando-se isentas, de forma a convencerem sobre a versão que apresentaram, bem como o relatório apresentado pelos srs. peritos 3 [foi requerida prova por arbitramento tanto pelo A. como pelo R.. 6. Com base nestes factos, a decisão recorrida, por um lado, condenou o R. a pagar ao A. a quantia que vier a ser liquidada em execução de sentença, e relativa ao prazo de conclusão da obra, considerado o montante de PTE: $00 mensais; Por outro, condenou o A. a pagar ao R. a quantia que vier a ser liquidada em execução de sentença relativa aos trabalhos efectuados e não incluído no contrato inicial, subtraída a parte já paga pelo A. aos trabalhadores. 3 Nas respostas aos quesitos, apresentados por A. e R, os peritos nomeados para a vistoria da obra.(1) quantificaram, por maioria, o custo do depósito de água em PTE: $00 (o perito nomeado pelo R.: PTE: $00); o custo do canil, por unanimidade, em PTE: $00; o custo da casa das máquinas da piscina, por unanimidade, em PTE: $00; o custo das floreiras exteriores, por unanimidade, em PTE: $00; o custo da escada de acesso à cave, por, em PTE: $0000 (o perito nomeado pelo R.: PTE: $00); o custo dos muros, por unanimidade, em PTE: $00; o custo do revestimento da escada de acesso da cave ao r/c, e do revestimento do muro à volta da casa, com excepção do ladrilho, por unanimidade, em PTE: $00; (2) o custo da piscina foi estabelecido provisionalmente, pela maioria, e de modo firme pelo perito do R., em PTE: $00; (3) disseram não estar habilitados a um cálculo do custo dos acabamentos dos telhados, por unanimidade, e por maioria, das empenas do sótão e electricidade (o perito nomeado pelo R.: PTE: $00) (4) no que diz respeito à alteração do revestimento da escada de acesso da cave ao o r/c.(mármore para azulejo em diagonal), e à alteração do revestimento do muro à volta da casa (ladrilho para pedra rústica), consideraram, por unanimidade, que houve um benefício para o R. de PTE: $00; (5) decompuseram o custo do depósito de água, por maioria, em PTE: $00 (mão de obra) e PTE: $00 (materiais) (o perito do R.: PTE: $00, id., PTE: $00, id.) o custo do canil, por unanimidade, em PTE: $00 (mão de obra) e PTE: $00 (materiais); o custo casa das máquinas da piscina, por unanimidade, em PTE: $00 (mão de obra) e PTE: $00 (materiais); o custo das floreiras, por unanimidade, em PTE: $00 (mão de obra) e PTE: $00 (materiais); o custo da piscina, por unanimidade, em PTE: $00 (mão de obra) e PTE: $00 (materiais); o custo casa dos muros, por unanimidade, em PTE: $00 (mão de obra) e PTE: $00 (materiais); (6) apenas o perito do R. decompôs o custo da instalação eléctrica nas divisões do sótão em PTE: $00 (mão de obra) e PTE: $00 (materiais), não tendo elementos para se pronunciarem os restantes; (7) os peritos, por unanimidade, e por não terem elementos bastantes, não se pronunciaram sobre o quantum do custo das obras de acabamento 4

5 Louvou-se na qualificação da troca de consentimento como contrato de empreitada, sendo lícita a cláusula penal, mas não tendo sido determinada a data em que o R. deixou de trabalhar na obra [que balizaria o inicio do computo indemnizatório]. E integrou os trabalhos a mais no objecto de um contrato oneroso de prestações de serviços (art. 1154, 1156 e 1158/1 CC), encontrando-se apurados alguns valores [de material e mão de obra], faltando determinar outros, enquanto há a deduzir os pagamentos prestados pelo A. ao R. a titulo de satisfação dos vencimentos dos trabalhadores, mas que, excedendo as datas dos cheques a data contratual de finalização da obra, nem se sabendo quando o empreiteiro abandonou, não podem desde já ser imputados aos trabalhos inicialmente acordados ou aos posteriores. 7. Concluiu o Ap.e: (1) (2) na reconvenção, alegou o R.: (a) levou a cabo determinadas obras, para além das contratadas, por exigência do A.; (b) gastou na feitura determinadas verbas, em material e mão de obra, que ainda não recebeu do A.; (c) não recebeu também o remanescente das prestações a que contratualmente o A. se obrigou; (3) o A., na réplica, não impugnou especificadamente a feitura daquelas obras; (4) em consequência, foram tais factos admitidos por acordo e levados à especificação; (5) quanto aos gastos, tanto o R. como o A. requereram arbitramento por vistoria, que só parcialmente resultou; (6) quanto ao remanescente (proveniente do contrato), ficou naturalmente apurado por subtracção dos montantes pagos pelo A. ao R. ao total acordado; (7) ora, deixou a decisão recorrida de se prenunciar sobre a questão posta na reconvenção quanto ao remanescente das prestações a que contratualmente o A. se obrigou; (8) ou seja há ainda a quantia de PTE: $00 por receber do A., proveniente das retribuições contratuais. (9) deve a sentença recorrida ser parcialmente revogada, condenando-se o A. a pagar ao R., com juros legais desde a notificação, a quantia de PTE: $00 por obras novas, alterações e arranjos não incluídos no contrato, e na quantia de PTE: $00, de remanescente das retribuições acordadas, ficando o restante relegado para excussão de sentença. 8. Não houve contra-alegações. 9. O recurso está pronto para julgamento. 10. II 5

6 Distinga mandato de prestação de serviços ou, se preferir, disserte breve e sinteticamente sobre o problema do preço usurário nos contratos de compra e venda de bens essenciais (pode limitar a resposta a apenas um sumário do texto que apresentaria). 6