O CONTEXTO DOS PONTOS TURÍSTICOS NO PROCESSO DE EVOLUÇÃO URBANA DE CUIABÁ/MT: UM OLHAR SOBRE SUA IMPORTÂNCIA HISTÓRICA E CULTURAL.

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1 O CONTEXTO DOS PONTOS TURÍSTICOS NO PROCESSO DE EVOLUÇÃO URBANA DE CUIABÁ/MT: UM OLHAR SOBRE SUA IMPORTÂNCIA HISTÓRICA E CULTURAL. Natalie Borges D Elia¹ Emerson Marques¹ Giseli Dalla Nora² 1 Bacharelandos em Geografia. Universidade Federal de Mato Grosso. Departamento de Geografia - Av. Fernando Correa da Costa Cidade Universitária, Boa Esperança Cuiabá, MT. kinzes@hotmail.com; emersonenter@gmail.com; 2 Professora Mestre Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Ciências Humanas e Sociais. Departamento de Geografia. Av. Fernando Correa da Costa Cidade Universitária, Boa Esperança Cuiabá, MT. giseli.nora@gmail.com; INTRODUÇÃO O processo de ocupação na região mato-grossense iniciou-se no período colonial por conta das expedições de bandeirantes paulistas que buscavam pedras preciosas e índios para usar como escravos. Sendo assim, na região que hoje é denominada Cuiabá, atual capital de Mato Grosso, os primeiros indícios de ocupação foram datados no ano de 1673 quando bandeirantes montaram acampamento nas margens do rio Coxipó, o qual deságua no Cuiabá. Mais tarde a bandeira de Pascoal Moreira Cabral que rondava por aquelas terras em busca de índios também adentrou a região, mas como não obteve sucesso na luta contra os índios acabou seguindo outro caminho e encontrando ouro, a bandeira de Pascoal ali se estabeleceu e foi assinada então a Ata de Fundação de Cuiabá no ano de 1719, conhecida por Arraial da Forquilha. Com a notícia da descoberta do Ouro no local, novos imigrantes se destinaram ao Arraial recente fundado com o objetivo de explorá-lo, foi aí então que no ano de 1722, Miguel Sutil bandeirante sorocabano, encontrou uma leva maior de ouro nas margens do Córrego da Prainha, estabelecendo assim um local com intenso fluxo onde as primeiras comunidades passaram a se alocar. Com tal importância estabelecida e com a forte influência do catolicismo na época, no mesmo ano da descoberta já se iniciaram as construções das primeiras igrejas, as quais moldaram o espaço inicial de ocupação, trazendo suporte,

2 valores e os costumes da época, que ainda hoje prevalecem na capital. Não muito distante dali, outro eixo de expansão se desenvolveu na margem esquerda do rio Cuiabá após a criação do Porto Geral, o qual servia de apoio a navegações nas bacias do Paraguai e do Plata, e teve importância fundamental na Guerra do Paraguai abrigando assentamentos militares. Hoje o arsenal de guerra construído na época se tornou ponto de visitação turística junto a outras obras históricas da região. Ruas paralelas às igrejas do centro foram surgindo e dando forma ao espaço urbano, em 1727 o povoado foi elevado a Vila, com o nome de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Já em 1818 foi elevada á cidade, tornando-se capital da província em 1836, fato que gerou grande intensificação na construção de praças e edifícios públicos que diversificaram e enriqueceram o repertório arquitetônico da cidade. No século XIX, o povoado de Cuiabá junto ao povoado do Porto contabilizavam habitantes. Ruas e avenidas foram instaladas para darem conta da expansão sentido Porto e Coxipó, o qual também se tornou aglomerado urbano posteriormente. Cuiabá se encontrava em constante crescimento, porém com a crise econômica do açúcar e da borracha a cidade passou por grande período de estagnação tanto econômica como populacional. Contudo o isolamento econômico da cidade foi compensado pelo avivamento das tradições cuiabanas diante da situação. A cidade só retornou a seu crescimento a partir dos anos 40 com a proposta de Julio Muller da intervenção do poder público no meio urbano. Importantes obras foram concretizadas nesse período como a Avenida Getúlio Vargas que abriga as praças Alencastro, 8 de Abril e Praça da República; a Ponte Júlio Muller que liga Cuiabá a cidade vizinha Várzea Grande; o Cine Teatro; além de elaborar um Plano de Expansão e Urbanização da cidade. Em 1960 a construção de Brasília viria impulsionar o desenvolvimento da região centro-oeste, Cuiabá tornou-se polo de abastecimento das áreas agricultáveis de Mato Grosso, e começou a sofrer desenfreado aumento populacional, dobrando o número de sua população em apenas uma década. Em 1964 foi construída outra ponte de ligamento entre Cuiabá e Várzea Grande, cidade vizinha da capital, a qual posteriormente tornouse parte de seu desenvolvimento visto num processo de cornubação. Com a ponte, se instalaram ruas e avenidas para melhorar seu acesso, dentre estas foi prolongada a Avenida Barão de Melgaço, a qual é circundada por importantes pontos turísticos, como a Casa do Artesão no Bairro do Porto, o Marco do Centro Geodésico e a Caixa D água Velha. Em 1968 o Córrego da Prainha foi canalizado, tornando-se a principal avenida do centro da cidade, rodeado de pontos históricos de importância turística como as praças Ipiranga, Bispo e Maria Taquara, o Morro da Luz, as igrejas do Rosário e São Benedito, a Igreja de São Gonçalo, e a Igreja do Bom Despacho localizada no morro do

3 Seminário. Foi nessa época também que foi demolida a antiga Catedral do Senhor Bom Jesus de Cuiabá que deu lugar a moderna Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. A modernização e o crescimento urbano da cidade também trouxe a valorização de sua memória com a construção dos famosos Calçadões cuiabanos no centro da cidade. Em 1970 a logística urbana da cidade passou por modificações significativas com a criação do CPA Centro Político Administrativo- pelo governador José Fragelli. A intenção era criar uma nova sede administrativa para as instalações do governo estadual, pois na época era alocada no centro da cidade no prédio Palácio Alencastro, que com o aumento da demanda de serviços tornou-se um local tumultuoso e sem infraestrutura adequada. A criação do CPA tirou um pouco do foco urbano do centro da cidade e o transferiu para local mais espaçoso junto de conjuntos habitacionais, os quais formaram um novo aglomerado que posteriormente desenvolveu estrutura de grande centro. O acesso do novo centro administrativo foi criado através de uma grande avenida, Historiador Rubens de Mendonça, ligada a principal avenida do centro Tenente-Coronel Duarte (Av. da Prainha), sendo ampliada na década de 90, época também da criação do Estádio de Futebol Governador José Fragelli, conhecido como Verdão. O plano diretor da cidade foi aprovado em 1992 a fim de ordenar o crescimento da cidade e estabelecer diretrizes para o seu desenvolvimento, junto com estes foram instituídas também leis complementares e de Gerenciamento Urbano. Com o centro histórico da capital basicamente preenchido, o crescimento da cidade nos últimos anos se caracterizou pela construção de condomínios mais afastados das áreas centrais. Atualmente, por ser uma das capitais escolhidas para receberem os jogos da Copa 2014, Cuiabá vem sofrendo intervenções estruturais, principalmente para a melhoria da mobilidade nos centros urbanos. Porém alguns problemas colocam em questão a funcionalidade, os orçamentos e a qualidade dessas obras realizadas na cidade. OBJETIVOS Este trabalho tem por objetivo, apresentar e contextualizar as principais obras e construções de diversos períodos, as quais atualmente exercem potencialidades turísticas, incluindo todas as modificações e transformações realizadas nas mesmas, destacando assim a influência e a história do processo da evolução urbana na cidade de Cuiabá, o qual culminou na mudança de logística da capital e na necessidade de obras de mobilidade urbana durante o passar dos anos. METODOLOGIA

4 Para a realização deste trabalho, utilizou-se material bibliográfico e pesquisas por meio eletrônico, assim como na escolha de fotos e imagens, além da consulta de acervos encontrados em museus históricos da cidade e a visitação in loco dos locais apresentados. RESULTADOS PRELIMINARES A ocupação inicial ocorrida no centro da cidade de Cuiabá teve início no ano de 1722, com a descoberta do ouro por Miguel Sutil, nas proximidades do córrego da Prainha. O povoamento se limitava no morro do Rosário e no do Morro da Boa morte. Sendo assim, sob forte influencia do catolicismo na época, as primeiras obras implantadas no local foram igrejas construídas no mesmo ano da descoberta do ouro; a Igreja Matriz dedicada ao Senhor Bom Jesus de Cuiabá, e a primeira capela dedicada a São Benedito construída por escravos. Ambas situadas em planos elevados se tornaram focos de povoamento durante os anos seguintes. Segundo Romancini (2008) as igrejas de Cuiabá se destacam como patrimônio cultural, estando algumas delas situadas em privilegiadas colinas que permitem aos transeuntes vislumbrá-las do centro principal da cidade. A origem das igrejas se confunde com a da própria cidade, segundo os registros realizados. A Igreja do Senhor Bom Jesus de Cuiabá ou Igreja Matriz foi construída pelo capitão Jacinto Barbosa no mesmo ano da descoberta de ouro por Miguel Sutil no córrego da Prainha, passando assim a ser referência pois localizava-se nas proximidades do Córrego. O material inicial utilizado para sua construção foi o pau a pique em taipa e pilão. Sofreu muitas alterações durante os períodos Colonial, Imperial e Republicano, porém a mais marcante foi no ano de 1968 quando foi demolida (Foto 1) por suas más condições. A sociedade da época considerou um feito errôneo com perca de um patrimônio histórico irrecuperável. No mesmo local foi construída uma nova igreja com design moderno tornando-se a Catedral de Cuiabá em 1974, nela foram postas duas torres, altares em talha dourada, vitrais e um relógio em sua fachada. Em sua cripta foram sepultados seus fundadores Miguel Sutil e Pascoal Moreira Cabral.

5 Figura 1- Demolição da Igreja Matriz,1968. Fonte: Já a Igreja do Rosário e São Benedito (foto 2) que também fora construída no mesmo ano da descoberta do ouro, representava as classes excluída, sendo sua capela inicial, uma construção bem simples de adobe e terra crua, feita por negros. Como era de material fraco, em pouco tempo se degradou, restando somente uma parede a qual serviu de apoio para nova construção. De estilo Colonial, passou por uma modernização aderindo o estilo neogótico nos anos 20, porém voltou aos seus aspectos primitivos nos anos 80. Atualmente a igreja é tombada como patrimônio e foi restaurada, por isso encontra-se em boas condições. Em seu interior encontramos três níveis de pisos que diferenciavam as pessoas que a frequentavam, por seu poder aquisitivo. Possuí grande valor para a cidade pois além de ser um dos marcos de sua fundação, todo ano abriga a tradicional Festa de São Benedito, que reúne devoção ao santo e um pouco da cultura cuiabana.

6 Figura 2- Igreja do Rosário e Ponte sobre o Córrego da Prainha. Fonte: Também construída nas proximidades do córrego da Prainha, a Igreja Nossa Senhora do Bom Despacho localizada no Morro do Seminário teve sua data de construção a de 1918 porém naquele local se encontrava uma capela com relatos de existência dês de A igreja de influencia da engenharia francesa possui características neogóticas, e é considerada uma réplica menor da Catedral de Notre Dame. Sua construção foi interrompida diversas vezes por falta de recursos, mas sempre contava com apoios como o do bispo Dom Aquino, contudo a igreja não pode ser terminada, faltou-lhe uma das torres como eram as de modelo europeia. Foi tombada em 1977, sendo o primeiro tombamento do Estado de Mato Grosso, e foi restaurada em Nela também é encontrado o Museu de Arte Sacra da cidade. Paralelamente, um importante centro de expansão do núcleo urbano se deu nas margens do Rio Cuiabá com a criação do Porto Geral, o qual ligava Cuiabá ao centro politico e econômico do Brasil, através das bacias do Paraguai e do Plata. As Guerras também tiveram influencia sobre a configuração da cidade. Com a Guerra do Paraguai formou-se o acampamento militar Couto Magalhães, o qual deu origem a um bairro popular que abrigou grande parte da população na metade do século XX. Do outro lado do rio, foi instalado outro acampamento militar e uma prisão, fato que ocasionou na formação de um novo núcleo urbano, o qual se tornou a cidade de Várzea Grande, fundada em 1867 e desmembrada de Cuiabá em A construção de um Arsenal de Guerra e de uma Cadeia por conta da Guerra, influenciaram no ordenamento de vias como a 13 de junho e a 15 de novembro, contudo o crescimento do tecido urbano

7 apresentava muitos cortes pois não era contínuo, assim pequenos aglomerados de casas esboçavam novas vias. O bairro do porto atualmente é conhecido por ser um bairro antigo e de construções tradicionais, abrigando importantes pontos turísticos como o Sesc Arsenal, a Casa do Artesão e o Museu do Rio, além do famoso Mercadão do Porto e o restaurante Regionalíssimo, de comidas típicas da região. O Sesc Arsenal, inicialmente criado com o nome de Real Trem da Guerra no ano de 1819 e concluído em 1832, tinha por objetivo facilitar o abastecimento das tropas militares em região de fronteiras distantes. Utilizou-se de técnicas para erguer o edifício neoclássico que caracterizava as construções do Rio de Janeiro. O ambiente interno é protegido por um avarandado e suas reformas evitaram alterações em sua estrutura geral. Seu tombamento ocorreu em 1983 e em 2002 foi inaugurado o Sesc Arsenal que com 10 mil m² tornou-se hoje um grande centro cultural com biblioteca, bar, galeria, cinema, centro de difusão musical. As quintas ainda conta com o bulixo, famosa feirinha que revive aspectos culturais locais unindo os artistas e artesãos. A Casa do Artesão, antiga escola primaria, foi construída em 1910 no governo de Pedro Celestino com o nome de Grupo Escolar Senador Azeredo. Funcionou como escola ate 1975 quando passou a abrigar a casa do artesão sendo tombada em Sua linha de construção é o padrão das construções do inicio do sec XX, possui uma porta grande e única central, o prédio ainda conserva suas características primarias. Hoje possui 7 salas e um museu com produtos e peças regionais incluindo artigos indígenas da região e as famosas redes cuiabanas. Também possui uma lanchonete com alguns quitutes cuiabanos e o restaurante ao lado que serve comida típica. Em seu andar de baixo um museu com peças doadas pelos ribeirinhos. O Museu do Rio junto ao Aquário Municipal está instalado no antigo prédio do Mercado do Peixe, construído em Foi tombado em 1983 e reaberto em 1999 servindo como resgate da memória dando destaque a cultura do cuiabano ribeirinho. No ano de 1818 a Vila do Bom Jesus de Cuiabá é elevada a categoria de cidade, tornando-se a capital da província em Essas mudanças resultaram na construção de edifícios públicos, o que diversificou o repertorio arquitetônico da cidade e configurou suas características urbanísticas. No século XIX Cuiabá chegou ao numero de habitantes, contando com o povoado do Porto. Sua malha viária começou a ganhar contorno com as Ruas de Baixo, do meio e de Cima, as quais correspondem hoje as Ruas Galdino Pimentel, Ricardo Franco e Pedro Celestino, além da Rua Bella do Juiz atual 13 de Junho. Os principais pontos de referencia das próximas ruas que surgiram, era o Córrego da Prainha, o Largo da Matriz e a Igreja da Boa Morte. Praças também começaram a surgir como pontos de atração, e novos pontos de referencia. Assim, no

8 inicio do século XX a cidade foi ganhando características de metrópole, por ter se tornado capital. O Edifício do Palácio Alencastro atual sede da Prefeitura de Cuiabá foi construído em 1819 no centro da capital, sendo utilizado primeiramente como Palácio Presidencial, na época do Império até o início da República. Situa-se na Praça de mesmo nome, ao lado da Catedral Metropolitana, passou por varias reformas, a maior no governo do coronel José Maria Alencastro, tendo seu nome em Foi demolido para dar lugar a uma nova edificação já na década de 60. È tombado pelo IPHAN- Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, responsável pelo tombamento do patrimônio cultural- e só é permitida a entrada no local em horário de expediente. A Praça Alencastro construída no início do séc. XIX, era a antiga praça real onde aconteciam apresentações teatrais na época além de servir também para a realização de touradas, diversão do Cuiabano. Abriga a sede da prefeitura e em 1986 ganhou jardim, bancos, coreto (transferido para a praça Ipiranga), chafariz e ainda 5 bustos de personalidades famosas, entre elas Arnaldo Estevão que canalizou a prainha, Marechal Rondon, Eurico Gaspar, Estevão de Mendonça e Joaquim Murtinho. Recentemente foi reformada, sua iluminação recuperada e serve de palco para eventos. A Praça da República por localizar-se em frente a Igreja do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, era conhecida como praça da Matriz ou Largo da Sé. Em seu oposto estão as estatuas das estações e estatua da justiça. Foi reformada junto a Igreja no ano de 1968 para dar um ar de modernidade. Abriga o Palácio da Instrução e junto dele, a Biblioteca Pública do Estado. A Praça Maria Taquara, localizada em frente a atual Avenida da Prainha, ficou famosa por abrigar uma estátua de 4,20 m de altura da lendária Maria Taquara. Esta, uma figura mitológica da cidade nascida no inicio do séc. XIX e famosa pois fugia aos padrões da época, foi a primeira mulher a usar calças em Cuiabá, e andava sempre com uma mala na cabeça. Foi apelidada de Taquara por ser alta e magra, e residia perto do batalhão do exército ao qual diziam não rejeitar o carinho dos aspirantes, por isso assim era chamada: de dia Maria Taquara e de noite Maria meu bem. A Praça 8 de abril que tem o nome da data de fundação da vila real do bom Jesus de Cuiabá, deu o nome a um bairro histórico da cidade, o bairro Lava Pés, pois existia ali um tanque de água onde os tropeiros paravam para lavar os pés e ir para Cuiabá. Restaurada em 2008 recebeu pisos novos e uma concha acústica para a realização de shows, alem de uma escultura em homenagem aos paus-rodados, moradores que não nasceram em Cuiabá. Localiza-se em frente ao 44º batalhão e em

9 frente um conhecido restaurante muito famoso na cidade, o Chopão, este é um tradicional e bem frequentado restaurante onde os cuiabanos vão tomar um delicioso caldo após as noitadas. Na gestão de José de Alencastro, do ano de 1881 a 1883, além de ruas e do edifício que ganhou seu nome, o presidente da província de Mato Grosso, deixou outro importante legado na cidade, o Museu da Caixa D água construído no ano de Trata-se de um aqueduto de estilo romano construído em cima de um morro que abasteceu a população durante muitos anos e após desativado, tornou-se um museu bem frequentado na cidade aonde atualmente ocorrem exposições. Após demonstrar grande entusiasmo em seu desenvolvimento, a cidade de Cuiabá passou por grande período de estagnação econômica e de desenvolvimento por conta do declínio das usinas de cana-de-açúcar e da exportação da borracha. Contudo, foi nesse período que a cidade se desenvolveu culturalmente, pois de certa maneira a cultura compensara a estagnação da economia, sem contar que por carência de estradas, a cidade convivia em um meio de isolamento, o que aumentou as relações entre as comunidades. Talvez por isso a fama de um povo acolhedor. Steinen (op. cit., p. 84) apud Romancini, afirma que a vida social é o lado agradável de Cuiabá. Uma festa resgata a outra, e em toda parte se é bem acolhido. A cidade veio a retomar o seu crescimento a partir dos anos 40 com a intervenção de Julio Muller. Rompendo com os padrões tradicionais, foi construída uma rua larga dês de o Jardim Alencastro até a Rua Poconé, com o nome de Avenida Getúlio Vargas, e nela se instalaram grandes construções como o Grande Hotel, Cine- Teatro e as repartições do serviço público. Na região do Porto sobre o Rio Cuiabá construiu-se a ponte a Júlio Müller, primeira ponte de concreto, que ligou a cidade a seu município vizinho, Várzea Grande. Em 1945 a Avenida Getúlio Vargas foi prolongada até a Praça 8 de Abril, e em suas proximidades se instalaram famílias poder aquisitivo maior. A região Centro- Oeste foi impulsionada após a construção de Brasília em 1960, sendo assim a capital Cuiabá se tornou centro de captação e distribuição de recursos para as áreas que se desenvolviam nas atividades de agropecuária. Em 1964 foi construída a segunda Ponte que interligava os municípios de Cuiabá e Várzea Grande, o que aumentou a ligação entre as duas e prolongou a Rua Barão de Melgaço. Esta rua é circundada por diversos pontos turísticos, um que chama atenção é o Obelisco do Marco Geodésico da América do Sul, além desse alguns pontos no bairro do porto e ainda abriga a praça Rachid Jaudy onde está localizado o CAT- Centro de Atendimento ao Turista.

10 O Marco Geodésico situa-se na praça Pascoal Moreira, antigo campo do Ourique e palco de touradas. Trata-se de um ponto com coordenadas demarcadas por Marechal Rondon no ano de 1909, sendo o marco do centro geodésico da América do Sul, hoje representado por um Obelisco de 20 metros de altura revestido em mármore branco, preservando o marco original protegido por vidro. Foi em 1968 que várias medidas urbanísticas foram tomadas em função do rápido processo de expansão, são elas: a abertura a canalização do Córrego da Prainha, indo da Igreja do Rosário até o Porto, o asfaltamento da Avenida 15 de novembro próximo ao bairro do Porto, a construção da primeira rodoviária da capital. O crescimento da região sudeste da capital se deu após o asfaltamento da Avenida Fernando Correa que liga o Centro com o Coxipó, nela atualmente localiza-se a Universidade Federal de Mato Grosso. A Avenida Miguel Sutil e a Beira-Rio, hoje estão integradas à cidade como vias estruturais, porém na época, foram construídas com o intuito de se tornarem um anel rodoviário. Na Avenida Beira Rio localiza-se o Museu Dom Aquino, hoje museu Arqueológico e antigamente a casa onde o bispo viveu durante anos. Na Avenida Miguel Sutil, posteriormente foi construído o Parque Mãe Bonifácia, parque urbano com 77 hectares de vegetação típica do cerrado. Foi também nesta época de grande desenvolvimento que a memória urbana foi revalorizada com a construção dos Calçadões nas ruas do centro, um espaço tradicional à população, onde não transitam os carros, espaço que assumiu suas lembranças passadas realçadas no presente. Em 1970, um grande problema preocupava a cidade, o Palácio Alencastro não mantinha suporte para a demanda de serviços públicos, os quais se encontravam espalhados nos edifícios do centro da cidade, onde nesse momento já sofria com problemas no trânsito e prejudicava o acesso do publico aos serviços administrativos. O governador José Fragelli criou então, o CPA- Centro Político Administrativo, criando nova sede para a cidade e incorporando áreas que até então eram distantes, essa intercepção foi um fator importante que alterou o plano urbanístico da cidade. Segundo Freitas (2003) Apud Facchinetto, a mudança: colocaria as coisas em seus devidos lugares e, aos poucos, veríamos uma cidade deixar sua primeira fase de existência, a cidadezinha, cujas casas rodeiam a tradicional praça matriz. Estava na hora de mostrar a ela seu novo rumo como cidade capital, seu perpetuo destino. A Avenida, conhecida como Av. Historiador Rubens de Mendonça, prolongou a Avenida Tenente-Coronel Duarte (Av. da Prainha), causando uma descentralização urbana. Áreas estavam livres e dotadas de infraestrutura, assim atraíram o

11 desenvolvimento para aqueles arredores. Junto a isso, foram construídos conjuntos Habitacionais para população de baixa renda sendo os bairros CPA I, II, III, IV e Morada do Ouro que se adequava mais à classe média. Esses locais tiveram uma ocupação constante dês de 1979 e hoje representam os maiores bairros da cidade, com infraestrutura quase que independente do centro. Essa demanda ocasionou: na construção de viadutos, na pavimentação do anel rodoviário Av. Miguel Sutil, ampliação e cobertura do Córrego da Prainha em 1990, e na mesma época a construção do Estádio de Futebol Governador José Fragelli (Verdão). Atualmente a cidade de Cuiabá preserva seu Centro Histórico, tombado pelo IPHAN, aonde ruas e casas tradicionais são preservadas em sua forma estrutural original, sendo realizadas apenas algumas revitalizações como forma de manter sua arquitetura. Por ser uma das capitais escolhidas para sediar os jogos da Copa do Mundo 2014, a cidade passou por grandes intervenções estruturais, principalmente para a melhoria da mobilidade nos centros urbanos, como a reconstrução do estádio José Fragelli, o qual daria lugar a Arena Pantanal, a ampliação de ruas e avenidas, a construção de trincheiras e viadutos para acelerar o fluxo dos automóveis, além da implantação de um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). O Grande problema dessas obras, foram os atrasos, o aumento orçamentário, a má qualidade, como visto nos noticiários, e além de tudo no caso de algumas, o que se implica é com relação a sua funcionalidade após o período dos jogos da Copa. BIBLIOGRAFIA ROMANCINI, Sonia. Paisagens da fé: perspectivas para o turismo cultural em Cuiabá- MT. Ateliê Geográfico, Revista Eletrônica. Goiania DELIA, Natalie; SILVA, Julyanne; SIQUEIRA, Jéssica; NORA, Giseli. Um Olhar do Turismo Histórico Sobre as Principais Igrejas Católicas em Cuiabá MT. NEER 2013.UFMT, Cuiabá BERNARDINO, Ana de Cássia Moraes Abdalla. O Processo de Urbanização de

12 Cuiabá: A Expansão Urbana de 1970 a In: II Encontro de Geografia de Mato Grosso/ I Seminário da Pós- Graduação em Geografia, 2004, Cuiabá-MT. Anais. Mato Grosso: Departamento de Geografia/ICHS/UFMT, COVEZZI, Marinete. Lembranças do Porto: Um Estudo Sobre o Trabalho e os Trabalhadores do Porto de Cuiabá ( ), Tese (Doutorado em Sociologia), Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho Campus Araraquara, MAITELLI, Gilda Tomasini. Interações Amosfera-Superfície. In: MORENO, Gislaene; HIGA, Tereza Cristina Souza (orgs.). Geografia de Mato Grosso: Território, Sociedade. Cuiabá: Entrelinhas, FACCHINETTO, Janaína. Transformações Urbanas em Cuiabá. Disponível em: < Acesso em: Março.2014 PREFEITURA DE CUIABÁ. Evolução Urbana de Cuiabá. Disponível em: < f> Acesso em Marrço PORTAL MATO GROSSO BRASIL. Pontos Turísticos de Cuiabá. Disponível em: < Acesso em: Março VITRUVIUS. Modernidade e primitivismo na arquitetura de Mato Grosso. Disponivel em: < Acesso em: Março A COPA DO PANTANAL. Panorama sobre as obras da Copa do Mundo em Cuiabá. Disponível em: < em: Março.2014 ACHE TUDO E REGIÃO. História de Cuiabá. Disponível em: < Acesso em : Março. 2014