Informe Técnico - Vigilância de Primatas não humanos
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- João Pedro Leveck Alves
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1 SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS SUPRINTENDÊNCIA DE EPIDEMIOLOGIA GERÊNCIA DE VIGILÃNCIA AMBIENTAL COORDENADORIA DE CONTROLE DE ZOONOSES Informe Técnico - Vigilância de Primatas não humanos A vigilância de epizootias de primatas não humanos é um dos componentes da vigilância epidemiológica da febre amarela, juntamente com a vigilância entomológica e de casos humanos. Por tratar-se de doença de notificação compulsória internacional, qualquer evento que sinalize a circulação do vírus da febre amarela em determinada área deve ser notificado ao Sistema Único de Saúde (SUS). A ocorrência de morte de macacos é considerada como um dos eventos que desencadeiam as medidas de controle da febre amarela isto porque há evidências de que, em geral, a ocorrência de casos humanos é precedida pela doença nos macacos. Com o objetivo de intensificar as ações de vigilância epidemiológica da febre amarela no estado, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) implementou, desde 2001, a vigilância de epizootias de primatas não humanos em Minas Gerais. Diante do exposto acima, a SES em conjunto com o CRMV-MG solicita a todos os médicos veterinários, que colaborem com a vigilância da febre amarela, conforme orientações que se seguem: 1- Notificar a Secretaria Municipal de Saúde: Quando observado primata nãohumano de qualquer espécie, encontrado morto (incluindo ossadas) ou doente, em qualquer local comunicar o fato a Secretaria de Saúde do município onde trabalha. A partir desse comunicado, mesmo sem a confirmação que a causa do evento seja febre amarela, a rede de saúde local adotará as medidas de proteção da população de forma antecipada. 2 - Realizar coleta de material biológico do cadáver do animal: Quando do encontro de macacos mortos, proceder da seguinte maneira, caso seja possível (Anexo 3): Coletar material para sorologia e/ou isolamento viral O material soro ou sangue total e vísceras deve ser colhido com rapidez e máxima assepsia, usando materiais esterilizados ou descartáveis. Soro e/ou sangue total: se a colheita ocorrer imediatamente após a morte do animal, colher o sangue e, se possível, separar o soro. Em animais encontrados mortos, sem decomposição, procurar colher o soro/sangue diretamente do coração ou dos grandes vasos, utilizando seringa e agulha. Vísceras: as amostras de tecidos do fígado, rim, baço, coração e cérebro devem ser coletadas com cerca de 0,5 cm de espessura x 2 cm de comprimento e acondicionadas individualmente, em frascos estéreis, com boa vedação, sem aditivos ou conservantes. Depois de colhidos os materiais acima mencionados, congelá-los imediatamente em nitrogênio líquido ou freezer que atinja a temperatura de 70 o C. Contudo,
2 considerando as adversidades existentes no campo, caso não haja a possibilidade de se dispor de algum destes métodos de congelamento a alternativa possível é utilizar um freezer comercial que atinja a temperatura de até 18 o C. Atenção: A coleta de material para isolamento viral deve ser realizada até 6 horas após o óbito do animal Coletar material para diagnóstico histopatológico O material destinado ao diagnóstico de febre amarela pode ser estudado pelos exames histopatológico (rotina), histoquímico ou imuno-histoquímico. As amostras de tecidos fígado, rim, baço, coração, pulmão e cérebro devem ser coletadas com cerca de 0,5 cm de espessura x 2 cm de comprimento e serem acondicionadas em frasco contendo solução fixadora (Anexo1) em temperatura ambiente, não devendo ser colocadas no congelador ou refrigerador, o que inviabilizaria sua análise. Os fragmentos de tecidos de um mesmo animal, enviados para diagnóstico histopatológico podem ser acondicionados em um único frasco, incluindo a amostra do cérebro. Atenção: A coleta de material para diagnóstico histopatológico deve ser realizada somente se o cadáver do animal não estiver em putrefação. Coletar material para realização de exame toxicológico Proceder a amarração das extremidades do estômago de maneira que não permita o extravasamento do conteúdo estomacal. Realizar a coleta do órgão inteiro e colocá-lo em recipiente ou saco plástico. Manter o material congelado até o envio ao laboratório. O(s) frasco(s) contendo as amostras coletadas deve(m) ser identificado(s) com uma etiqueta escrita a lápis ou caneta de tinta resistente a líquidos, onde devem constar as seguintes informações: Dados do animal: número do macaco, procedência, sexo Data da colheita do material Órgão(s) enviado Conservação Exemplo Animal n : 1 Cidade: Ananindeua/PA Sexo: Feminino Órgão(s): Figado, baço, rins, cérebro Conservação: Formalina a 10% ou congelado Data: Dia/mês/ano 3 - Coletar o cadáver inteiro Caso não tenha condições operacionais de realizar a coleta dos materiais biológicos, colocar o cadáver do animal em dois sacos plásticos bem fechados numa caixa térmica (por exemplo, isopor) com bastante gelo (também envolvido em saco plástico bem vedado) ou bobinas de gelo reciclável. Os materiais coletados deverão ser entregues a Secretaria Municipal de Saúde acompanhado da ficha de encaminhamento (Anexo 2) devidamente preenchida.
3 A Secretaria Municipal de Saúde se encarregará de enviar a amostra para a Fundação Ezequiel Dias (FUNED) Laboratório Estadual de Saúde Pública de Minas Gerais. IMPORTANTE Todos os procedimentos que envolvam primatas não-humanos requerem a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) tais como luvas, avental, máscara e óculos de proteção e atenção às normas de biossegurança. O uso do EPI previne o contato de líquidos do cadáver com a roupa e/ou mucosas ocular ou oronasal do necropsista. Caso ocorra ferimento, o profissional deve lavar o local imediatamente com bastante água e sabão e, posteriormente, com soluções anti-sépticas. O profissional médico-veterinário deve sempre estar vacinado contra febre amarela, hepatite B, tétano e concluído o esquema de pré-exposição contra raiva (com titulação anual de anticorpos para raiva). Para se informar mais e/ou realizar as vacinações recomendadas procure a Secretaria de Saúde do seu município. Anexo 1: Orientações para elaboração de fixadores para material biológico Há grande variedade de fórmulas de fixadores e todas visam preservar o tecido, inibindo a autólise, e seus constituintes celulares e intersticiais. O volume de fixador deve ser 10 vezes superior ao volume do tecido a ser examinado. Jamais deve-se utilizar álcool ou gelo para conservar material destinado a exame histopatológico, pois estes agentes não permitem uma correta fixação, prejudicando seu processamento e análise. A solução fixadora ideal é a de formalina tamponada a 10%. Para o preparo de um litro da mesma deve-se usar a seguinte fórmula: Formaldeído a 37%-40% ml Água destilada ml Fosfato de sódio monobásico ,0g Fosfato de sódio dibásico (anidro) ,5g Como alternativa, pode-se utilizar a solução de formalina a 10%, de fácil preparo no campo e baixo custo. Para obter um litro deste fixador deve-se usar uma parte de formol para nove partes de água, conforme a fórmula abaixo: Formaldeído a 37%-40% ml Água de torneira ou da chuva ml Para maiores informações consultar a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais pelo zoonoses@saude.mg.gov.br e o Manual de Vigilância de Epizootias em Primatas Não-Humanos (fonte de consulta para elaboração deste informe) disponível em
4 Anexo 2: Ficha de Encaminhamento de material biológico
5 Anexo 3: Orientações para coleta de amostras biológicas de primatas não humanos. Material Finalidade Conservação Sangue total Isolamento viral Coletar material em até 6h pós morte. Após a colheita, colocar 0,5 a 1 ml de sangue total em um tubo de (isolamento) vidro ou plástico, preferencialmente do tipo criogênico. Congelar as amostras em N líquido ou freezer a 70 C. O restante deve ser colocado em um tubo de en saio para obtenção do soro. Soro Isolamento viral Sorologia Deixar o sangue total em temperatura ambiente por cerca de 20 a 30 minutos, ou centrifugá-lo a rpm durante 10 minutos. Se o exame for realizado após um período de 6h, congelar as amostras em N líquido ou freezer a 70 C. Caso não haja a possibi lidade de se realizar algum destes métodos, pode-se utilizar freezer comercial a 18oC. Vísceras (Cérebro, Pulmão, coração, fígado, baço, rim) Estômago Isolamento viral Histopatológico Imunohistoquímico Toxicologia (Metais Pesados, organoclorados, Organofosforados, Clorofosforados, Carbamatos, Piretróides, Rodenticidas anticoagulantes -cumarínicos- e estricnina Devem ser acondicionadas individualmente, em frascos estéreis, com boa vedação, sem aditivos ou conservantes, identificadas por orgão. Congelar as amostras em N líquido ou freezer a 70 C. Colocar os fragmentos do mesmo animal em um único frasco (tipo coletor universal) estéril, com boa vedação, contendo solução fixadora de formalina 10% (1 parte formol 37-40% para 9 de água). Deve permanecer em temperatura ambiente. No caso de suspeita de intoxicação por produtos químicos. Proceder amarração das extremidades do estômago de maneira que não permita o extravasamento do conteúdo estomacal. Realizar a coleta do órgão inteiro e colocá-lo em recipiente ou saco plástico. Manter o material congelado até o envio ao laboratório.
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