ADAPTAÇÃO CURRICULAR PARA O APRENDIZADO DE ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO PIBID DA UFSCAR.
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- Bento de Escobar Morais
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1 ADAPTAÇÃO CURRICULAR PARA O APRENDIZADO DE ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO PIBID DA UFSCAR. TATIANA CRISTINA PASSOS 1 CARLA ARIELA RIOS VILARONGA 2 DÉBORA LUCILA CARLOS 3 CARLA RENATA SEGATELLI FERNANDES 4 Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo relatar as experiências vivenciadas durante o 1º semestre de 2013, como bolsista da Licenciatura em Educação Especial, através do Programa Institucional de Iniciação de Bolsas à Docência PIBID. De acordo com o Subprojeto da Licenciatura em Educação Especial, a perspectiva do trabalho na escola é de inserir os alunos licenciandos em Educação Especial, de maneira organizada, nas atividades do professor da rede de ensino comum. Atividades estas que podem ser as de sala de aula, ou aquelas em que o professor realiza fora do contexto dela, tendo em vista o seu planejamento do ano letivo, semestre, bimestre, ou ainda, diário. Ou seja, mesmo trabalhando com o objetivo de aprendizagem do aluno alvo, se foca a colaboração com toda a equipe escolar. Diante dessa proposta, foram elencados os seguintes objetivos: Levantar as principais dificuldades da instituição a respeito dos alunos com necessidades educacionais especiais, interação com seus pares e ouvir relato do professor e demais agentes da escola. Elaborar junto com o professor adaptações curriculares, confeccionar materiais pedagógicos adaptados de acordo com a necessidade do aluno. Realizar verificações periódicas visando analisar o tipo de progresso apresentado e reavaliação dos planos de ensino. Fortalecer as relações família/escola Fortalecer as interações sociais entre: aluno com necessidade educacional especial x pares, aluno com necessidade educacional especial x professor, aluno com necessidade educacional especial x funcionários. A escola selecionada para o trabalho fica situada em bairro periférico do município de São Carlos, mantida pelo Governo do Estado de São Paulo. Conta com uma equipe gestora formada por diretor de escola, dois vices diretores de escola, dois coordenadores 1 Universidade Federal de São Carlos- taticpassos@hotmail.com. 2 Universidade Federal de São Carlos. 3 Universidade Federal de São Carlos. 4 Escola Estadual Professor Orlando Perez. 692
2 pedagógicos, (sendo um do Ensino Fundamental e outro do Ensino Médio e um secretário de escola. A referida escola possui 1498 alunos matriculados. A escola oferece o Ensino Fundamental Ciclo II de 5ª à 8ª séries (6º e 9º anos respectivamente) e no Ensino Médio de 1ª à 3ª séries com horários de aula nos três períodos, manhã, tarde e noite. Através de um questionário respondido pelos próprios alunos, foram obtidos os seguintes dados sobre esse alunado: A maioria dos alunos da escola tem um baixo poder aquisitivo e por isso contam com benefícios sociais, praticamente todas as casas possuem serviço de água, esgoto, luz elétrica e coleta de lixo. Desses 77% possuem casa própria, as famílias são formadas em média com quatro a cinco pessoas, foi constatado também que há uma baixa taxa de escolaridade entre os pais (pais e mães), todos esses dados foram obtidos através do estudo do Projeto Pedagógico da escola. A aluna acompanhada, identificada pela letra A. tem 16 anos e mora no mesmo bairro onde se localiza a escola. Ela mora com a mãe e o irmão,e pelo que relata, tem um ótimo relacionamento familiar. Embora o pai não viva junto, na mesma casa, ele se faz presente em sua vida, auxiliando nas atividades escolares e orientando na vida social. Ela se comunica bem, consegue verbalizar as situações ocorridas sem muita dificuldade e demonstra um empenho muito grande em querer aprender. Na sala de aula, ela se relaciona bem com os colegas, embora não demonstre muita interação com eles. Os professores se mostram interessados com o aprendizado da aluna, mas de acordo com suas próprias narrativas, muitas vezes não sabem como lidar com uma situação de deficiência e o tempo não colabora para que possam se dedicar mais. Portanto, ela ouve o que está sendo dito, copia as tarefas da lousa e dos livros. O ensino se torna algo sem significado, pois o aprendizado, que é essencial, não conseguiu ser internalizado. Sua principal dificuldade tem sido na área de leitura e escrita, a aluna é alfabetizada, pois conhece as letras e consegue escrever. Porém juntar as letras para ler e escrever se torna uma tarefa bastante complexa, que exige muito treino e dedicação. Os números também são de difícil assimilação e neste semestre foi trabalhado a importância dessa área para sua vida diária. Nesse caso, foram desenvolvidas adaptações de conteúdo e curriculares, que fizeram com que a aluna compreendesse as matérias que estavam sendo lecionadas. Foram acompanhadas disciplinas de português, matemática e artes, sendo que alguns professores aceitavam a bolsista na sala de aula e outras apresentavam resistência para uma parceria colaborativa. No início do semestre a aluna em questão participava das aulas no período vespertino e as professoras de português e matemática, embora relatassem inexperiência no ensino de pessoas com deficiência, se mostraram abertas para um trabalho conjunto. Por motivos pessoais, a aluna precisou mudar de período, finalizando o semestre no período matutino. Os professores acompanhados nesse período, embora se mostrassem preocupados com o aprendizado da aluna, ofereceram em alguns momentos, uma restrição para a execução de um planejamento conjunto. 693
3 Desse modo, os acompanhamentos foram um pouco limitados, devido à dificuldade de trabalho colaborativo entre a bolsista da educação especial e os professores do ensino regular, pois na devido à falta de acesso ao planejamento, não foi possível ter acesso aos conteúdos afim de preparar materiais específicos antecipadamente. Apoio do educador especial Nesse primeiro semestre de 2013 o objetivo foi dar continuidade ao trabalho que já estava sendo desenvolvido semestre passado com a aluna A. No início do semestre a aluna frequentou o 8º ano D, no período da tarde. Esta sala que a aluna frequentava era bastante numerosa e os alunos bastante agitados, além de A. havia um aluno com deficiência física na sala (cadeirante) e indícios de comprometimento intelectual leve. As aulas acompanhadas durante esse tempo foram de português e matemática. A maioria dos alunos que frequentava essa sala, era da turma anterior de A. então ela era amiga de uma grande parte dos alunos. Os acompanhamentos das aulas no período vespertino duraram um pouco mais de um mês. A pedido da própria aluna, ela foi transferida para o 8ª ano A no período da manhã. Segunda A. se ela acompanhasse as aulas matutinamente faltaria menos, pois cedo a mãe a traria à escola, o que facilitaria a sistematização de um trabalho específico com a aluna. No período da manhã funciona somente um 8º ano e o Ensino Médio, o que contribui para uma melhor organização da escola em virtude da maioria dos alunos estarem saindo da adolescência e entrando na juventude. Principalmente no momento do intervalo, pois estes alunos ficam sentados conversando e não correndo de um lado para o outro. Na sala atual de A. há alunos que estudaram com ela no ano passado, porém a maioria dos alunos ela relata que conhece do bairro. A classe é bastante numerosa, mas o espaço é amplo. A. se relaciona bem com os colegas. Durante o período do estágio nunca presenciei cenas de alguém a desrespeitando ou mesmo a desmerecendo por causa de sua capacidade intelectual. Pelo contrário, já vi alunos a elogiando pelo desempenho que apresentou em vários momentos. As aulas acompanhadas nesse período foram de português, matemática e artes, sendo que a disciplina de artes foi acompanhada somente uma vez porque nos demais dias a aluna havia faltado. Confeccionei um caderno atrativo para A. com divisões das matérias e com localizador, contendo as iniciais de cada disciplina, com o intuito de facilitar a localização das matéria. O professor de português era novo, tanto para mim, como para a aluna, mesmo tendo se mostrado aberto para conversa sobre o conteúdo e forma de avaliação, ele disse que seu critério é sempre o mesmo A terá sempre a média cinco. Durante as aulas da referida disciplina, na maioria das vezes, eram trabalhados conteúdos relacionados à redação. A partir de um tema proposto pelo próprio professor, os alunos iam construindo suas redações e em seguida alguns alunos liam suas ideias. 694
4 A aluna A participava dessas atividades ouvindo as explicações do professor e para montar sua redação, eram feitas perguntas sobre o tema sugerido e com isso ia sendo formulado seu próprio texto. A participou oralmente das aulas, dando sua opinião sobre o assunto e sendo elogiada pelos colegas. Com a ajuda da bolsista, que ia auxiliando-a na junção das sílabas para formar as palavras, a aluna pode ler sua redação, participando igualmente das atividades como todos os alunos. Os conteúdos trabalhados nessa disciplina eram bastante avançados para a aluna, por isso, foi necessário pensar em uma matemática que atendesse as necessidades da menina que está na adolescência e precisa entender alguns conceitos para ser independente e ter autonomia nas suas tarefas. Primeiro foi feita uma explicação de onde usamos a matemática e que esta ciência é essencial para atividades simples do dia a dia, como ver as horas, ir ao supermercado, padaria, pegar o ônibus, saber os ingredientes de uma receita. De maneira lúdica e diferenciada, foram trabalhadas contas de adição e subtração. Para chegar ao resultado, eram utilizados materiais concretos, como lápis, canetas, bolinhas, onde a aluna tinha maior facilidade para contar e se concentrar naquilo que estava fazendo. Durante a execução de contas, eram dados problemas, pertinentes ao seu cotidiano, onde era necessário o raciocínio para chegar ao resultado final. Situações como, ir ao supermercado comprar dois biscoitos por R$ 2,00 cada e dois litros de leite por R$ 2,00 cada, quanto se gasta no total? Depois de chegar ao resultado da quantidade gasta, também foi levantada a seguinte questão: Se tenho R$ 10,00 dá para pagar a conta e quanto sobra? Para essa disciplina, além de trabalhar com a flexibilização do currículo, em alguns momentos foi trabalhado com a adaptação do conteúdo. Nesse caso, era verificado o que estava sendo estudado e com isso feito uma simplificação. A professora trabalhou quantidade média de valores e nesse conteúdo haviam problemas complexos, pois tinham contas extensas. Propus para a aluna que fizéssemos do mesmo jeito, mas com números reduzidos (ao invés de usar foi feito ). Desse modo A. conseguiu fazer as atividades e entendeu o que estava sendo pedido. As atividades trabalhadas foram essenciais para que a aluna entendesse alguns conceitos que a mesma julgava como não importante. Devido à sua dificuldade de abstração, trabalhar com situações cotidianas e materiais concretos foram essenciais para aquisição de um aprendizado significativo. O trabalho realizado com a aluna e professores De acordo com os objetivos iniciais propostos, foi possível observar uma melhora significativa no desenvolvimento da aluna acompanhada. A flexibilização do currículo, foi importante para que as atividades, principalmente àquelas relacionadas aos conceitos matemáticos, tivessem significado para o aprendizado da aluna, pois foi possível trabalhar conceitos básicos e essências, que talvez a adaptação somente de conteúdos, não conseguisse contemplar a situação como um todo. 695
5 A adaptação do currículo deve ser elaborada pelos professores envolvidos no contexto escolar. Em alguns momentos, não foi possível ter contato com a professora para uma parceria no trabalho com a aluna. A falta de contato direto com o planejamento dificultou um pouco o acesso aos conteúdos que de fato deveriam ser trabalhados, porém não foi um empecilho para que a aluna tivesse acesso ao que deveria ser ensinado. A mudança de período do vespertino para o matutino fez com que a aluna frequentasse mais as aulas, aumentado sua participação nas atividades propostas. A confecção de um caderno com capa e divisórias atrativas, fez com que a aluna tivesse um cuidado todo especial com seu material, dando atenção à letra e entendendo que cada disciplina é diferente e essencial para o seu aprendizado. Algumas avaliações escritas da aluna demonstraram um desempenho positivo diante daquilo que era esperado. Diante de uma prova com contas a serem resolvidas, a aluna conseguiu entender o que estava sendo pedido e executar de modo satisfatório a atividade. Mesmo com dificuldade para formar as palavras, A. teve uma melhora na aquisição desta habilidade, demonstrando conhecer nomes próprios na leitura de problemas e conhecendo algumas palavras que já haviam sido trabalhadas anteriormente. O ensino de conceitos matemáticos não foi totalmente assimilado, porém, a aluna conseguiu compreender a importância dos números para o seu cotidiano e a partir daí, se interessou por essa disciplina e quis aprender cada vez mais. Conquistar essa motivação é algo essencial para que o trabalho seja satisfatório para ambas as partes. A participação ativa da aluna nas aulas de português, fez com que sua auto-estima fosse elevada. A partir dos elogios que ela recebeu do professor e dos colegas por suas ideias e leitura, foi percebido uma maior confiança em si própria, o que a auxiliou na execução da resolução de problemas relacionados à matemática. A aluna possui um caderno com atividades que ela realiza em sua casa com a ajuda dos pais. Esse material foi fundamental para a construção do seu aprendizado, pois, além de demonstrar a interação da família com o ensino, a aluna pode dar continuidade das atividades que são feitas na escola. Análise das atividades realizadas As adaptações realizadas foram de extrema importância para esse processo de aquisição de conhecimento. Todas essas adaptações feitas são consideradas de pequeno porte, assim como sugere o Projeto Escola Viva, do Ministério da Educação (Brasil, 2000). Adaptações desse tipo podem ser realizadas diariamente pelo próprio professor com o intuito de uma melhor aprendizagem do aluno com necessidade específica. Considerando o processo de inclusão que a escola está vivenciando, é importante ressaltar que as adaptações dos elementos do currículo, se tornam estratégias básicas para atenção à diversidade (Heredero,1999). Essa pode ser uma forma de inserir o aluno, não apenas à sua participação na sala de aula, mas ao aprendizado real e significativo. 696
6 O trabalho realizado nesse semestre com a aluna A. foi baseado em adaptações de conteúdos e curriculares com o intuito de atender as especificidades da aluna e suprir sua dificuldade de abstração. O foco das análises foi a adaptação curricular na disciplina de matemática, onde na maioria das aulas trabalhou-se com conteúdos diferenciados daqueles do ensino regular. Para entender a dificuldade de abstração em pessoas com deficiência intelectual, o Projeto Escola Viva, do Ministério da Educação, define essa dificuldade da seguinte maneira: Geralmente constitui uma dificuldade de abstração, ou seja, uma dificuldade de operar no nível das ideias, do raciocínio, sem contar com a presença do estímulo concreto. Essa dificuldade pode se apresentar em vários níveis, desde as que resolvem com algum suporte do professor ou de algum colega, até as que necessitam de intenso e constante suporte em diferentes instâncias da vida: pessoal, social, educacional, profissional, etc. (BRASIL, 2000) A partir da dificuldade do aluno, é preciso estar atento àquilo que ele precisa para que se desenvolva e apresente um resultado positivo. É importante entender o contexto em que o aluno está para então, oferecer soluções eficazes para o seu aprendizado,assim como sugere Cagliari(1998): Ensinar não é repetir um modelo até que se aprenda o que ele quer dizer. Ensinar é compartilhar as dificuldades do aprendiz, analisá-las, entendê-las e sugerir soluções. Como, a cada momento, um indivíduo está numa situação histórica diferente da construção da sua vida e de seus conhecimentos, a cada momento o ensinar é diferente. (CAGLIARI, 1998) Essa dificuldade em abstrair foi evidente nas aulas de matemática. Como os conteúdos trabalhados nessa disciplina eram complexos para a aluna, optou-se em trabalhar em algumas aulas com a flexibilização do currículo, afim de que a aluna pudesse realizar funções básicas, como contar e nomear as representações numéricas. Heredero(2010), define as adaptações curriculares como: Adaptações Curriculares de Acesso ao Currículo são ajustes graduais que se promovem no planejamento escolar e pedagógico, bem como nas ações educacionais, em resposta às necessidades educacionais especiais dos alunos. As adaptações curriculares constituem, pois, possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldadesde atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adaptação do currículo regular, quando necessário, para torna lo apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. (HEREDERO, 2010) Partindo das necessidades que a aluna tinha para aprender o essencial para sua vida futura, foram propostos objetivos simples de serem alcançados. A partir de conversas com a aluna, ela pode contar sobre suas idas ao supermercado e como a mãe a auxilia 697
7 com os preços ou como ela vai sozinha à padaria para compra de algum alimento específico. Stainback&Stainback(1992), advertem para esses objetivos educacionais: Embora os objetivos educacionais básicos para todos os alunos possam continuar sendo os mesmos, os objetivos específicos da aprendizagem curricular podem precisar ser individualizados para serem adequados às necessidades, às habilidades, aos interesses e as competências singulares de cada aluno.( STAINBACK e STAINBACK, 1992). Estabelecido os objetivos educacionais a serem trabalhados, muitas vezes com base nos conteúdos que já estavam sendo trabalhados em sala para não se destoar muito do contexto, o próximo passo é definir que tipo de aprendizagem seria eficaz para uma aluna com deficiência intelectual, com grande dificuldade de abstração. Carmo, 2012, aponta para dois questionamentos para esse ensino: Qual matemática deveria ser ensinada? Quais os objetivos do ensino da matemática? Muitas vezes, a resposta parece ser muito óbvia, mas nem sempre esse ensino tem significação para o aluno com dificuldade no processo de aquisição de novos conhecimentos. Carmo, (2012),enfatiza que esse deve ter foco na resolução de problemas, principalmente aqueles vivenciados no cotidiano. Uma matemática que sirva como ferramenta nas atividades cotidianas e na solução de problemas. Seria mais apropriado nos referirmos a conceitos e habilidades matemáticas, uma vez que aprender conceitos e exercitar habilidades numéricas é parte integrante do que é conhecido por numeralização. Uma pessoa numeralizada deve ter o domínio do sistema numérico e ser capaz de realizar operações aritméticas básicas e aplicar esse conhecimento a situações cotidianas. O objetivo do ensino da matemática, portanto, deve ser o de estabelecer um repertório apropriado à aplicação de ferramentas conceituais da matemática a situações práticas. (CARMO, 2012). Com base nesse princípio, foi possível estabelecer uma aprendizagem eficaz. Através de materiais concretos, a aluna pode entender a importância dos números para o seu cotidiano. Saber quanto se gasta na padaria, quanto se paga e quanto de troco precisa ser devolvido, fez a aluna pensar em uma matemática funcional. Conseguir relacionar e nomear os numerais também foi essencial, além de realizar operações aritméticas simples. Por isso é necessário partir para a vivência cotidiana dos alunos, principalmente com aqueles que apresentam maior dificuldade, pois compreender conceitos não é algo simples e memorizar não significa necessariamente aprender, assim como aponta Ponte, 2003; Não é através da memorização e mecanização de definições e procedimentos que os alunos poderão atingir os principais objetivos visados por esta disciplina. Pelo contrário, será a compreensão e a apropriação dos conceitos e ideias matemáticas pelos alunos que terá de ser a estratégia fundamental. (PONTE, 2003) 698
8 Considerações finais Estar inserida no contexto escolar desde a formação inicial é sem dúvida a melhor maneira de conhecer a realidade da educação atualmente. O dia a dia na escola é fundamental para se aprofundar no universo dos alunos e partilhar experiências com bolsistas, professores e funcionários. O PIBID dentro da Escola Estadual foi de grande importância para minha formação. Vi a oportunidade de adquirir novos conhecimentos, aprendi com meus colegas do programa, com professores, gestores e toda equipe profissional. Ser uma PIBIDIANA me trouxe crescimento, amadurecimento, amor e coragem pela profissão docente. Estar na sala de aula e conhecer as particularidades dos alunos foi essencial, pois nessa interação pude ver as diferenças existentes dentro desse contexto. Aprendi que cada aluno é único e merece ter sua diferença compreendida e respeitada. Esse semestre, senti falta do trabalho colaborativo, da parceria com o professor do ensino regular, pois essa colaboração reflete positivamente no desempenho do aluno, que consegue perceber as qualidades e os esforços que o aluno têm para alcançar os objetivos propostos. Esse momento foi importante para refletir sobre as necessidades da escola para que a inclusão não seja feita apenas de alunos com deficiência, matriculados na rede regular de ensino e sim um movimento com foco também nos professores e não pautado somente no aluno. Zanata, 2004, aponta para essa mudança de foco: a inclusão escolar pressupõe mudança no foco que, até então, estava centrado no aluno e que deve passar a se centrar no professor, na escola e no sistema escolar, em busca de caminhos e mecanismos que venham garantir o acesso, a permanência, o sucesso e a qualidade de ensino para o aluno na classe comum. (...) Os esforços deverão então, ser centrados para transformar as escolas em espaços inclusivos, de forma que os professores propiciem um ambiente de aprendizagem adequado ao aluno. (ZANATA, 2004). Acredito que essas particularidades vivenciadas no contexto escolar são necessárias para o licenciando em formação, para mim especificamente, foi importante ter esse olhar enquanto futura educadora especial, pois profissionais atuando separadamente não conseguem obter uma aprendizagem satisfatória de todos os alunos. Quero enaltecer o aprendizado que tenho a cada semana com a aluna A. Esta me proporciona momentos de alegria, de reflexão e principalmente, de acreditar no público alvo da educação especial. Suas histórias me encorajam e me fazem querer buscar o novo para proporcionar a ela o sentido de ir à escola. Novamente quero trazer uma citação de Paulo Freire, que relata de maneira muito sábia o que a educação proporciona para todos que estão envolvidos nesse meio ninguémeduca ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens educam se entre si, mediados pelo mundo. ( Freire, 1981) Referências Bibliográficas 699
9 BRASIL. Ministério da Educação: Projeto escola Viva- garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola. Brasília: secretaria de educação especial, CAGLIARI, L. C. A respeito de alguns fatos do ensino e da aprendizagem da leitura e da escrita pelas crianças na alfabetização. In: Rojo, Roxane: Alfabetização e letramento: perspectivas linguísticas. Campinas, SP: Mercado das Letras, P CARMO, J. S. Aprendizagem de conceitos matemáticos em pessoas com deficiência intelectual. Revista DI, n 3, agosto/dezembro, FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 9ª ed. Rio de Janeiro. Editora Paz e Terra, HEREDERO, E. S. A escola inclusiva e as estratégias para fazer frente a ela: as adaptações curriculares. Maringá, v 32, n 2, p , STAINBACK, W. et al. A aprendizagem nas escolas inclusivas: e o currículo?stainback&stainback, PONTE, J. P. O ensino da Matemática em Portugal: Uma prioridade educativa? In O ensino da Matemática: Situação e perspectivas(pp ). Lisboa: Conselho Nacional de Educação, ZANATA, E. M.Práticas pedagógicas inclusivas para alunos surdos numa perspectiva colaborativa. São Carlos: UFSCAR, 2005, 198 p. Tese (doutorado) UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS,
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