SAÚDE NA VIDA ACTIVA
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- Antônia Valgueiro Barata
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1 1 SAÚDE NA VIDA ACTIVA Plano Nacional de Saúde Na fase de vida activa, em que as pessoas mais produzem bens, a autonomia é o verdadeiro suporte da saúde. Assim há que devolver autonomia aos utentes transformando-os em clientes incentivando-os a fazer uso da cidadania. O papel dos MEDIA é incontornável neste contexto (Quadro I). O factor decisivo radica na resposta às necessidades das populações por parte do Estado, das ISS, das Misericórdias, de instituições particulares. Falamos da água, da alimentação, da habitação, do ambiente, da segurança, do planeamento familiar, da educação básica e dos Cuidados de saúde primários. No reverso estão as modas e o consumo (Quadro I). Com essas necessidades ditas intermediárias por satisfazer, com consumos à solta, não se espere plena efectividade dos sistemas de saúde. A ignorância nas suas diversas formas, a ileteracia, a falta de oportunidades de emprego, a instabilidade, encarregam-se de anular a autonomia das pessoas excluindo-as, tornando-as vulneráveis perante os mais diversos factores de risco (Quadro II). Assim se reforça a carga alostática que leva ao dis-stress, cadinho da doença física e/ou mental (Quadro III). De facto existe uma interface entre o ambiente que nos rodeia por um lado e os órgãos dos sentidos, projecções do sistema nervoso central por outro. Certos estímulos, em terrenos genéticos favoráveis, contribuem para a activação de órgãos e sistemas traduzida nas doenças mais prevalentes da nossa sociedade: Hipertensão arterial, acidentes vasculares cerebrais, coronariopatias, obesidade, diabetes mellitus tipo 2, osteoporose, certas afecções
2 2 reumatismais, perda de memória precoce, alterações da resposta imune e agravamento de doenças crónicas (Quadro III). A satisfação das necessidades intermediárias, pelo menos em parte (Quadro IV), reforça a autonomia, afasta a exclusão. Evitam-se mais facilmente os factores de risco; superam-se os acontecimentos funestos, participa-se mais, reivindica-se menos, utilizam-se melhor os serviços. As pessoas consciencializam-se do seu papel insubstituível na conquista da sua própria saúde, outorgam-se de facto os seus direitos (Empowerment). Só as políticas dirigidas no sentido da valorização das pessoas e da sua cultura ajudam à racionalização sólida dos consumos. Terá apenas a ver com a Saúde? Falamos de verdadeiros acordos com os meios de comunicação e com forças económicas poderosas. Lado a lado estão as questões incontornáveis da educação e a da protecção do ambiente. Que resposta se espera dos profissionais de saúde neste contexto? Conhecimento dos dados epidemiológicos, clínicos, psicológicos da situação em cada momento. Ajuda nos momentos mais críticos. Desempenho de acordo com a sua posição influente na sociedade. Papel determinante nos cuidados continuados, assim como no seguimento das doenças crónicas, principal causa de morbilidade. Em ambos os casos espera-se que dinamizem equipas multidisciplinares a funcionar com novas formas de gestão baseada no seguimento próactivo. Cabe a essas equipas, paralelamente à administração de cuidados específicos relacionados com as patologias, incentivar os doentes à autonomia e à auto-regulação.
3 3 Essas formas de desempenho, porém, só se efectivarão se o paradigma da relação médico-doente se centrar na saúde das pessoas. Hélder Machado. Ciência e Humanismo. Novo paradigma da relação médicodoente. Livraria Almedina, Coimbra, O combate à alostase (dis-stress) (Quadro III), denominador comum de muitas afecções e do mau estar cada vez mais generalizado nas sociedades industrializadas, implica esforços e investimentos múltiplos. Começa pelo reforço da cidadania e da autonomia em cada um de nós, de laços culturais genuínos, da solidariedade na partilha de tarefas no seio da sociedade civil, onde o cidadão tem lugar eminente (Quadro I). Na esfera de interacção social composta por famílias, associações voluntárias, os profissionais de saúde podem ser muito úteis como defensores dos doentes a partir da base do sistema os cuidados primários e não dos secundários. Os cidadãos, tendo direitos, são igualmente responsáveis por deveres face à manutenção da sua saúde. Mais informados, dotados de maior autonomia, melhor defendem os seus direitos. Ao fazê-lo assumem as suas responsabilidades exercendo opções em benefício próprio, o que está em deficit na sociedade portuguesa. O objectivo central é de natureza ética - o respeito pelas pessoas e traduz-se na conquista de ganhos em saúde. Implica compromissos dos profissionais e das instituições. A relevância dos sistemas de saúde nesse contexto é indiscutível, mas só a autonomia e a emancipação progressiva das pessoas permitirá a sua plena rentabilização. Seminário do Vilar, Helder Machado
4 4 AUTONOMIA / SAÚDE AUTONOMIA SAÚDE CIDADANIA CULTURA Necessidades Ex. Cuidados de Saúde Quadro I
5 5 Riscos Quadro II
6 6 CARGA ALOSTÁTICA = Dis-stress ES TÍ MU SN AUTÓNOMO * LO Cardiovascular S S. IMUNE Cortisol Eixo H P S Adipocitos Músculo, Cartilagem Osso Ovário Estrogéneos Testosterona Tecidos alvo Hipocampo (memória) Quadro III
7 Quadro IV 7
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