A participação das comunidades na definição, implementação e na procura dos cuidados de saúde
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1 A participação das comunidades na definição, implementação e na procura dos cuidados de saúde Conferência A saúde comunitária na aceleração da redução da mortalidade materna e infantil 11 de Dezembro 2017 Patrícia Carvalho ONGD VIDA
2 S UM Á R I O 1. Introdução 2. Metodologias participativas em saúde (ONGD VIDA) 3. Intervenções de participação comunitária em saúde na Guiné-Bissau (ONGD VIDA) 4. Conclusões ou inquietações?
3 1. I N T RO D U Ç Ã O Conferência de Alma-Ata (WHO, 1978) Papel central da comunidade no desenvolvimento da saúde; Relação de associação entre as desigualdades em saúde e as desigualdades socioeconómicas.
4 1. I N T RO D U Ç Ã O Conferência de Otava (WHO, 1986) Níveis de intervenção da Promoção da Saúde Políticas públicas; Sociedade e ambiente; Acc ão comunitária; Aptidões individuais; Re-orientac ão dos servic os de saúde Política multissectorial interventiva nas mudanças sociais e incentivadora da participação activa dos indivíduos e dos grupos.
5 1. I N T RO D U Ç Ã O Ruptura com o modelo clínico (biomédico) Conceptualização de saúde global, implicada no processo de desenvolvimento e associada às dinâmicas do desenvolvimento social Integração dos profissionais da saúde com os outros sectores sociais (governo, autoridades locais, organizações não-governamentais, indústria e media). Partilha do poder dos servic os de saúde com os outros sectores, outras disciplinas e, sobretudo, com as próprias pessoas. (WHO, 1986)
6 1. I N T RO D U Ç Ã O Promoção da saúde Transformação População objecto dos cuidados Indivíduos ativos nos cuidados (WHO, 1994) É exigido que os cidadãos disponham de meios importantes, correctos e oportunos de informação e de educação. Valorização da opinião e opção dos cidadãos (no conteúdo dos cuidados, prestação de servic os, qualidade da interacc ão prestador/paciente, gestão das listas de espera e ao seguimento das reclamações). (WHO, 1996)
7 1. I N T RO D U Ç Ã O S A Ú DE E D OE N Ç A : CO N S T RU Ç Õ ES S O C I A I S Realidade biológica Saúde/Doenc a Construções sociais: - Variável com época histórica - Visão do mundo das sociedades - Modelo de organização sociedades Um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de enfermidades (WHO)
8 1. I N T RO D U Ç Ã O S A Ú DE E D OE N Ç A : CO N S T RU Ç Õ ES S O C I A I S Mal-estar (sentir-se doente) Raízes sociais da saúde/doença Adoecer (considerar-se doente) Assumir-se como doente (consultar a medicina ou tornar-se paciente) (Zempléni, 1985) Diferença no recurso aos cuidados médicos (Calnan et al., 1991; Blackburn, 1999) (Hannay, 1980) GRUPO SOCIAL
9 1. I N T RO D U Ç Ã O A CTORES S O C I A I S E M S A Ú DE / D OE N Ç A Saúde comunitária como promoção da saúde Capacidade de resposta positiva aos desafios do ambiente físico e social Nível do indivíduo Preservar o recurso pessoal de saúde e desenvolver as potencialidades de lidar com o stress biológico e psicológico. Nível comunitário Diminuir as desigualdades, melhorar os indicadores colectivos de mortalidade e morbilidade e diminuir risco nas condições ambientais. Conceito de empowerment das populações: - Exercício da autonomia pelo auto-controlo da própria saúde - Exercício da cidadania pela intervenção colectiva na definição de prioridades da micro-política (WHO 1986)
10 1. I N T RO D U Ç Ã O A D I ME N S Ã O PART I C I PAT I VA DA S A Ú DE COMU N I TÁ R I A Empowerment Participação Democratização do conhecimento Pensamento leigo/comunidade Grupos/instituições especialistas Capacidade de escuta e consideração Poder partilhado num processo de dinamização da capacidade organizativa da sociedade para intervenção consciente e responsável (Machado, 1990; Bass, 1994; Sturt, 1998; Silva, 2010)
11 1. I N T RO D U Ç Ã O A D I ME N S Ã O PART I C I PAT I VA DA S A Ú DE COMU N I TÁ R I A Envolvimento comunitário para a saúde Envolvimento activo das pessoas que vivem juntas, de forma organizada e coesa Planificação e implementação dos cuidados de saúde primários Responsabilização individual e comunitária Necessidade de mecanismos que garantam o envolvimento activo dos indivíduos, tornando-os: - Responsáveis pelas suas próprias decisões; - Capazes de desenvolver actividades conjuntas com os profissionais de saúde. (Rice & Candeias, 1989)
12 1. I N T RO D U Ç Ã O A D I ME N S Ã O PART I C I PAT I VA DA S A Ú DE COMU N I TÁ R I A A saúde comunitária é um princípio fundamental nos cuidados de saúde primários, com benefícios amplamente reconhecidos: Melhores resultados de saúde; Acesso aos serviços; Aceitabilidade; Qualidade; Capacidade de resposta.
13 Tabela 1. O contínuo da participação comunitária Consulta Participação como meio Participação substancial (trad. Substantive participation ) Participação estrutural Inquirir opiniões e Participação como meio para Comunidade ativamente envolvida Participação como processo Estratégias reações à implementação das atingir um fim na determinação das prioridades e implementação mas a iniciativa é de envolvimento e desenvolvimento em que políticas controlada externamente predomina controlo da comunidade Exemplos de mecanismos de participação - Encontros da comunidade - Grupos focais - Inquéritos satisfação - Entrevistas pessoais ou por telefone - Encontros da comunidade - Grupos focais - Entrevistas - Comité representantes locais - Sessões brainstorming stakeholders - Grupos mulheres - Grupos participação-ação - Encontros da comunidade - Grupos focais - Inquéritos - Comité - Equipa local planeamento em saúde - Grupos de referência comunidade - Comité de stakeholders - Quadro eleito de governança - Acordos de transferência de saúde Tabela adaptada: Bath, J. & Wakerman, J. (2015) Impact of community participation in primary health care: what is the evidence?
14 1. I N T RO D U Ç Ã O Comunidade Termo amplo que inclui grupos locais, nacionais ou internacionais de pessoas, que podem ou não estar conectadas espacialmente, mas que compartilham interesses, preocupações ou identidades. Estratégia global para a saúde das mulheres, das crianças e dos adolescentes ( ) Sustainable Development Goals
15 2. METO DOLOGIAS PARTICIPATIVAS EM SAÚDE ( ONG VI DA ) - Articulação com os parceiros internacionais - Liderança do MINSAP e das DRS - Reforço das políticas e estratégias - Trabalho de equipa e apoio implementação processos com DRS - Formação e liderança de todos os processos - Apoio às actividades definidas no PNDS para a promoção do PMA - Facilitação do processo de reflexão e redefinição de estratégias MINSAP Direções Regionais Saúde ONG VIDA CICL/FCG/UNICEF Responsáveis das AS Coordenação SOT e Dinamizadores Comunitários Equipa VIDA Facilitação do processo bidirecional de uma liderança consciente e responsável entre comunidades - Formação (nível central e regional) em actividades de prevenção e algumas curativas para sensibilização e divulgação de pares Apoio técnico/qualidade - Envolvimento da comunidade em todos os processos, desde o desenho das intervenções, à sua implementação e avaliação Agentes de Saúde Comunitária Comunidade Organizações Comunitárias e Associações Apoio técnico e mobilização de recursos
16 3. I N T E RV E N Ç Õ ES D E PART I C I PA Ç Ã O CO MU N I TÁ R I A E M S A Ú D E N A G U I N É - B I SS A U
17 4. CONCLUSÕES ou INQUIETAÇÕES? Intervenção comunitária em saúde, através da democratização do conhecimento técnico, para além de responsabilizar e envolver as comunidades locais contribui para o reforço do sistema de saúde (ASC, mutualidades de saúde: medicamentos, incentivos TS,...) Estado forte promove o desenvolvimento e a melhoria dos cuidados de saúde (Mutualidades: melhor funcionamento dos CS) Processo bidirecional de uma liderança consciente entre as comunidades leva à responsabilização do estado pelo direitos dos indivíduos à saúde (Casas das mães, Gestão tripartida CCSMI, ASC, Mutualidades de Saúde) Comunidades como entidade reguladora da saúde (Gestão Tripartida: CCSMI, ASC, Mutualidades) Desenvolvimento de outras competências (leitura, escrita, sistematização) Conhecimento leigo aceitação dos cuidados O Estado frágil e o contexto cultural da Guiné-Bissau com elevada participação comunitária facilita os processos de participação comunitária no sector da saúde
18 4. CO N C LU S Õ ES o u I N Q U I ETA Ç Õ ES? A comunidade: local, política e internacional (articulação entre os diferentes níveis para fortalecimento e confiança das e nas comunidades) A implementação dos programas é de todas as comunidades, o que facilita a implementação das estratégias sem problemas de adesão às mesmas (DRS; comunidades) Continuidade e permanência nas continuidades processo contínuo as mudanças estruturais não acontecem em ciclos curtos de intervenção (equipas locais maioritariamente) Estratégias a médio prazo (a todos os níveis) mudança de paradigma Tendo em conta a evidência documentada e o conhecimento empírico, porque é a saúde comunitária e a participação dos indivíduos negligenciada e, muitas vezes, questionada a sua importância? Na Guiné-Bissau, qualquer alteração no quadro epidemiológico (epidemias, p.ex.) a comunidade é a chave da resposta? Ter serviços disponíveis, e quem os vai utilizar? Pagamento de salários? Participação comunitária ou pessoal de saúde vs. comunidade local?
19 Obrigada!
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