ESTUDO DE CASO DA VIABILIDADE ECONÔMICA E ANÁLISE DE RISCO NA ATIVIDADE DE TRANSPORTE FLORESTAL RODOVIÁRIO
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- Danilo Azambuja Almada
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1 ESTUDO DE CASO DA VIABILIDADE ECONÔMICA E ANÁLISE DE RISCO NA ATIVIDADE DE TRANSPORTE FLORESTAL RODOVIÁRIO Aline Pereira das Virgens (1) ; Luis Carlos de Freitas (2) ; Danusia Silva Luz (1) ; Ana Paula Silva Barros (1) ; Roger Spósito das Virgens (1) (1) Mestrando (a) do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais; UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, apereira.aline@hotmail.com, danflorestal@hotmail.com; apsbarros_eng3@hotmail.com; rogerspositoief@gmail.com. (2) Professor, UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, luisfreitas@uesb.edu.br. RESUMO Mediante a expressividade econômica do setor de transporte florestal e das incertezas relacionadas à atividade, torna-se importante avaliar o contexto da viabilidade bem como projeção de riscos. O objetivo desse trabalho foi realizar uma análise econômica e simulação de risco no transporte florestal. O estudo foi realizado em uma empresa do segmento florestal, tomando como parâmetro uma composição veicular de carga conhecida Bitrem. Para análise de viabilidade utilizou-se os seguintes indicadores: VPL, TIR e VPE. Para simulação dos riscos e análise de sensibilidade utilizou-se os e TopRank. Os resultados mostraram que o projeto apresentou-se viável de acordo os indicadores avaliados, VPL= R$ ,55; TIR = 17,20 %; VPE= R$ ,53). Para a análise de risco foi possível observar que 30,9% dos dados apresentaram valores negativos o que confere certo grau de risco para a atividade de transporte de madeira, tendo como as variáveis mais influentes o número de viagens realizadas e o valor de aquisição do veículo. Bitrem, TopRank. INTRODUÇÃO O setor florestal vem se destacando como uma importante atividade no agronegócio em decorrência do seu desempenho na movimentação da balança comercial brasileira. O país é detentor de uma área de 7,84 milhões de hectares de reflorestamento sendo o respectivo setor responsável por 91% de toda a madeira produzida para fins industriais. Esses valores foram alcançadas em virtude das inovações tecnológicas e do planejamento estratégico na gestão e otimização dos recursos empregados aos diversos elos da cadeia produtiva deste segmento (IBÁ, 2017). Entre os elos dessa cadeia produtiva, o transporte de madeira representa um elemento importante na composição dos dispêndios inerentes a produção, podendo representar um percentual de até 60% dos custos totais da madeira posta no centro consumidor (MACHADO, 2000). Dado ao grande impacto econômico na cadeia produtiva, esta atividade merece uma atenção especial no que tange ao controle de custos. Um sistema de transporte que possui falhas pode proporcionar inviabilidade, assim, antes de serem implementados, tais empreendimentos necessitam de estudos visando otimização dos processos. Um empreendimento em que todos seus eventos aconteceram de forma integral e segura tem 100% de probabilidade de sucesso, porém, para aqueles que são possíveis quaisquer grau de
2 incerteza, sua probabilidade precisa ser estabelecida, configurando assim, certo grau de risco (SECURATO, 2007; MENDES e SOUZA 2007). O risco assume, portanto, um papel crucial para melhor entendimento dos impactos econômicos do transporte nos parâmetros de viabilidade, quando da análise de projetos florestais. Para minimizar o risco, o planejamento da atividade torna-se necessário e deve ser realizado criteriosamente a fim de assegurar a utilização dos recursos disponíveis. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi realizar análises econômicas, simulações de risco e análise de sensibilidade em um estudo de caso de transporte de madeira. MATERIAL E MÉTODOS Caracterização do estudo O estudo foi realizado com base nos dados de uma empresa do segmento florestal, localizada no litoral norte da Bahia coordenadas geográficas; latitude: 12º 25' 50" S e longitude: 38º 19' 40" W. Foram analisados modelos de veículos classificados como Bitrem, responsáveis pelo transporte de madeira da área do plantio até o centro de processamento (fornos de carvão). Custos e receitas A estimativa do custo operacional para a composição veicular de carga foi realizada segundo a metodologia da FAO (Food and agriculture Organization of the United Nations), 1956, que foi recomendado por Freitas et al. (2004) como a metodologia mais eficiente na quantificação dos custos do transporte florestal e adaptado para a realidade do estudo. Foram analisados os seguintes custos: juros, seguros, impostos, depreciação, combustível, graxas e lubrificantes, manutenção, consertos, pneu, mão de obra e despesas administrativas. Em relação às receitas, considerou-se o valor pago para cada metro cúbico transportado (área florestal - centro de consumo). Análises Econômicas Considerado os custos e as receitas referentes à atividade do transporte florestal, procedeu-se uma análise econômica empregando como ferramenta os critérios: Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor Periódico Equivalente (VPE). Análise de Risco Com base nas informações geradas pelos custos e receitas, procedeu-se à análise de risco no transporte florestal. Foram utilizados dois programas para análise dos dados, o e o TopRank, ambos desenvolvidos para realizar simulações pelo método de Monte Carlo. A aplicação de tais ferramentas permite imitar a realidade na geração de modelos e cenários aleatórios, trabalhando de maneira integrada a planilha eletrônica (PALISADE CORPORATION, 2002). Foram realizadas iterações, considerando como variáveis de entrada o número de viagens, salário do motorista, taxa de juros, custos administrativos, valor do frete, carga transportada, valor de aquisição do veículo, custo de combustível, tempo de viagem, depreciação, todas com oscilações de -20% a +20%. Como variável de saída foi avaliado o indicador VPL por se tratar de um critério que compara projetos em diferentes horizontes de planejamento.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A distância média de transporte entre os talhões e os fornos são de 10 quilômetros. Foram realizadas, em média, 6 (seis) viagens por dia, para cada caminhão. Cada caminhão transporta em média 55 m³ de madeira por viagem, tendo um ciclo de 62 minutos em uma viagem completa, (15 minutos de carregamento, 20 minutos do talhão aos fornos, 12 minutos de descarregamento e 15 minutos no retorno dos fornos ao talhão). O valor do frete foi de R$ 7,33 por metro cúbico para cada 10 km percorrido, tendo um valor total de 403,14 R$/hora de receita. Para os custos totais foi possível obter os valores dispostos na Tabela 1 de acordo a metodologia aplicada. Tabela 1 Custos do transporte de madeira estimados pela metodologia da FAO. Custos fixos Custos variáveis Custo de pessoal Custos Administrativos J S I D Ccb GL Co Cp CMO CAD 12,69 1,72 1,32 25,37 66,15 13,23 50,07 3,72 32,29 16,71 Em que: J: Juros; S: seguro; I: Imposto; D; Depreciação; Ccb: combustível; GL: graxas e lubrificantes; Co: custos de consertos; Cp: custos de pneus; CMO: custo com mão de obra; CAD: custos administrativos Os custos totalizaram R$ 223,27/hora, sendo o lucro de R$ 179,88/hora. O custo de combustível foi a variável de maior expressividade, seguido pelo custo de consertos. Freitas et al. (2004), observou esta mesma tendência quando da análise dos custos operacionais para caminhão bitrem. Segundo Albuquerque (2013), a condução econômica é uma alternativa viável para diminuição destas despesas, dependendo, sobretudo, da correta utilização do veiculo pelo operador, assim como malha viária e da manutenção correta. Análises Econômicas Para a análise econômica os valores foram considerados em um horizonte de planejamento de 10 anos. As análises realizadas configuram viabilidade para a atividade de transporte florestal avaliada, o que pode ser constatado pelos indicadores VPL e VPE, maiores que zero R$ ,55 e R$ ,53 respectivamente e TIR maior que a Taxa Mínima de Atratividade TMA 17,20>7,50. Savi et al. (2013), analisando a viabilidade econômica do transporte de madeira realizada por três composições veiculares (Truck, Truck com Julieta e Carreta), obteve como melhor alternativa o sistema Truck com Julieta, porém, nenhuma apresentou viabilidade econômica para os critérios VPL, TIR e VPE. De acordo com os respectivos autores isto pode ser explicado pela maior capacidade de carga em relação as demais composições, atenuando os custos de combustível e manutenção. Análises de Risco Por intermédio dos e TopRank foram obtidos as simulações dos prováveis cenários e as respectivas probabilidades acumuladas para a atividade avaliada. A impressão deste resultado sobre o risco do investimento pôde ser observada na função de densidade de probabilidade simulada do VPL para o transporte florestal, conforme Figura 1.
4 Média Mediana Moda Figura 1 Probabilidade de distribuição relativa e acumulada do VPL para o transporte florestal Na figura 1 é possível observar a presença da curva de frequência acumulada, a probabilidade de existirem valores positivos e negativos para o VPL, sendo a probabilidade dos valores do VPL serem menores que zero de 30,9. O círculo presente na curva de frequência acumulada aponta a interseção entre o VPL igual à zero e sua probabilidade de ocorrência na curva de frequência acumulada. De acordo com os resultados pode-se perceber que as distribuições de probabilidade do indicador economico VPL foram simétricas ao redor da média e mediana, não apresentando inclinação acentuada para nenhum dos lados. Agregando-se os resultados aos valores encontrados pela análise econômica tradicional pode se afirmar que, o projeto possui potencial de risco na atividade em não suportar as variações do valor pago pelo transporte do metro cúbico da madeira. Para Hacura et al. (2001), frequentemente, quando a probabilidade de se obter Valor Presente Líquido (VPL) negativo é maior que 20%, o projeto é bastante inseguro. Porém, torna-se necessário considerar que o valor crítico dessa medida de risco é subjetivo, pois cada atividade tem um grau diferente de aversão ao risco e deve ser analisada mediante series de variação do mercado. O gráfico Spiderplot, Figura 2, ilustra o impacto no VPL, pela variação de 20% para mais e para menos, em relação as variáveis aquisição do veículo, salário do motorista, número de viagens, valor de combustível, taxa de juros e benefício do motorista.
5 Figura 2 Gráfico Spiderplot influência nas variáveis de saída No gráfico Spiderplot, as curvas que apresentam maiores inclinações merecem especial atenção, uma vez que pequena variação no valor esperado tem maiores reflexos no resultado final (SILVA; BELDERRAIN, 2004). Para a análise em questão foi observado que o número de viagens foi a variável que mais influenciou no valor final do VPL, seguido pelas variáveis valor de aquisição do veículo e custo do combustível. Tais variáveis apresentaram-se de forma negativa, diferentemente do que foi observado para variável número de viagens. O benefício e o salário do motorista, bem com a taxa de juros não apresentaram muita influência nos valores de VPL (Figura 2). CONCLUSÕES O projeto mostrou-se viável economicamente de acordo os critérios VPL, TIR e VPE. Para a análise de risco foi possível observar que 30,9% dos dados apresentaram valores negativos para o indicador analisado (VPL), demostrando evidências de risco para a atividade de transporte florestal avaliada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, J. M. R. Avaliação econômica de diferentes composições veiculares empregadas no transporte rodoviário de madeira: estudo de caso. Universidade Estadual Paulista / UNESP Itapeva, Trabalho de Conclusão de Curso. FREITAS, L. C; MARQUES, G. M; SILVA, M. L; MACHADO, R; MACHADO, C. C. Estudo comparativo envolvendo três métodos de cálculo de custo operacional do caminhão bitrem. Revista Árvore, v.28, n.6, p , IBÁ, Indústria Brasileira de Árvores. Relatório anual p. Disponível em: Acesso em: 20/06/2017 HACURA, A.; JAMADUS-HACURA, M.; KOTOT, A. Risk analysis in investment appraisal based on the Monte Carlo simulation technique. European Physical Journal B, New York, v. 20, n. 4, p , Apr
6 MACHADO, C. C. Elementos básicos do transporte florestal rodoviário. Viçosa, MG: Editora UFV, p. MENDES, M. H.; SOUZA, R. C. Análise quantitativa de risco: um guia para modelagem pela simulação de Monte Carlo. Rio de Janeiro: PUC-RJ, p. PALISADE CORPORATION. Top Rank: automated what-if analysis for spreadsheets. (guide to using). Newfiel, NY: Palisade Corporation, July p. REZENDE, J. L. P.; OLIVEIRA, A. D. Análise Econômica e Social de Projetos Florestais. Editora UFV. Terceira Edição. Viçosa-MG SAVI, A. F.; Caneppele, F. Oliveira, M.R.G. Custeio de Diferentes Tipos de Transporte Rodoviário no Setor Madeireiro de Itapeva. Floresta e Ambiente, v. 19, p , 2012 SILVA, R. M. BELDERRAIN, M. C. N. Considerações sobre Análise de Sensibilidade em Análise de Decisão. In: XXXVI Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional, 2004, São João del Rei. Anais, v. 1. SILVA, M. L.; JACOVINE, L. A. G.; VALVERDE, S. R. Economia Florestal. Editora UFV. Segunda Edição. Viçosa-MG SECURATO, J. R. Decisões financeiras em condições de risco. São Paulo: Saint Paul, p.
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