Elementos para o olhar da sociologia econômica sobre a crise
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- Manoel Lancastre da Mota
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1 Elementos para o olhar da sociologia econômica sobre a crise Grupo Estudos Comparados em Sociologia Econômica (CNPQ) CORECON-DF e Centro de Pesquisas e Pós-Graduação sobre as Américas (CEPPAC)
2 Raízes da crise - Lucros financeiros: nos anos 50 e 60, os lucros financeiros não respondiam por mais de 15% do total dos lucros na economia americana e em 2001 esse percentual passou para mais de 40% - Visão politica da elite corporativa: as elites corporativas nos EUA tinham uma visão menos conservadora em relação aos direitos e proteção social. Havia relativo apoio para programas federais anti-pobreza, programas para criação de emprego, entre outros. - Mudança a no papel do Estado: a habilidade do Estado em manter a estabilidade econômica bem como o alto nível de prosperidade do período pós-guerra tornava difícil opor o papel do Estado na economia. O alto grau de legitimidade do Estado agia como restrição à habilidade das corporações defenderam um retorno maior ao liberalismo de mercado.
3 Raízes da crise - Organização dos Trabalhadores: relativa acomodação nos conflitos entre capital e trabalho e maior grau de sindicalização dos trabalhadores - Comunidade financeira: os bancos tinham uma função da posição neutra em relação a determinadas indústrias. Os bancos estavam preocupados com a viabilidade do sistema corporativo como um todo. - Regulação ão: o mercado MBS (Mortgage Backed Securities) é um caso em que reguladores e bancos co-evoluíram de forma que colocaram o governo na posição de criar o mercado apoiando a expansão da produção de novos produtos financeiros.
4 Fundamentos institucionais e Agências de Risco cognitivos da crise - Conflito de interesse: a partir dos anos 70, as agências começaram a cobrar pelos seus serviços para os emissores dos bonus e títulos e não apenas para os tomadores. A escolha ocorria entre satisfazer o cliente ou obter maior precisão na avaliação. - Expansão do escopo de atuação ão: as agências entraram em uma gama muito ampla de produtos financeiros (muitos dos quais sem a série temporal confiável para estimar riscos). A entrada na avaliação de produtos financeiros complexos propiciou um aumento no lucro das agências de risco, mas também maior opacidade na análise. - Problema de mensuração da série s temporal: os empréstimos subprime foram uma inovação recente (últimos 10 anos) com conjuntos de dados de dez anos. Isso afeta o tamanho do n para estimativas mais robustas das probabilidades de default. Em contraste com dados dos bonus corporativos, as agências tinham menos dados para as hipotecas subprime. - Problema de mensuração de ativos correlacionados: havia correlação na probabilidade de default dos ativos
5 Fundamentos institucionais e Agências de Risco cognitivos da crise - Perfomatividade: As agências colocavam detalhes técnicos dos modelos de avaliação na internet de modo que os emissores reunir e fatiar os produtos para obter o valor máximo dos títulos mais bem avaliados para o menor valor mínimo dos ativos subjacentes aos títulos. A elevada concentração dos emissores tornava ainda mais difícil a não colaboração de parte das agências. - Legitimidade do rating: o rating foi uma parte importante da prática comercial dos EUA por um longo tempo. Ele foi reforçado porque fora adotado privada e publicamente por terceiras partes. - Redes sociais e decisão: a confiança generalizada nos métodos técnicos utilizados pelas agências de rating para avaliar produtos financeiros foi combinada com a integração social entre uma elite que acabou descobrindo que não sabia o que julgava saber. - Isomorfismo da decisão: os tomadores de decisão muitas vezes se baseiam nas decisões dos outros para tomar suas próprias decisões. Isso pode produzir um comportamento de manada. Assim, os considerados semelhante e não-semelhantes possuem poderosa influência.
6 Fundamentos institucionais e cognitivos da crise Comunidade Financeira - Fair value e mercado - Mudança a nos atores da comunidade financeira: A comunidade financeira é hoje uma mescla de investidores profissionais a serviço de acionistas institucionais, analistas financeiros, gestores de hedge funds e árbitros. Os bancos comerciais são hoje vendedores de produtos financeiros para clientes corporativos sem nenhuma pretensão de influenciar as atividades das firmas sem qualquer senso dos interesses coletivos da comunidade empresarial.
7 Crise e regulação - A regulação de mercado é um processo político em constante disputa. As instituições reguladoras do mercado estão imbricadas em disputas políticas relacionadas com lutas de poder, negociação e compromisso. Elas refletem um equilíbrio de poder político. - A redução no teto dos empréstimos hipotecários das empresas patrocinadas pelo governo (Government Sponsored Enterprises) no mercado hipotecário tinha como objetivo incentivar a maior competição entre empresas privadas. Isto foi um claro movimento na direção neoliberal. - A legislação de 1986 permitiu uma dedução ilimitada de juros na compra tanto da primeira quanto da segunda casa. Isso criou incentivos adicionais para assumirem duas hipotecas, constituiu uma forma de financiar gastos e obter dedução de juros. - Os incentivos institucionalizados dentro das empresas de hipotecas estimulava empréstimo de parte dos corretores para tomadores com maior risco a fim de aumentar lucros e salários.
8 Considerações gerais sobre a crise - Apesar da urgência, a mudança político-institucional tende a ser mais incremental em função da resistência política e de outros mecanismos de dependência de trajetória institucional. - A liquidez dos mercados financeiros depende da produção de informação crível que fornece um sentido para os compradores e vendedores de como valorizar os produtos financeiros. Se a produção deste conhecimento falhar, os mercado também falharão. - Teoria do Acidente Normal e Neoinstitucionalismo: a complexidade interativa e estreita associação e características culturais tais como a ideologia do livre mercado e a dinâmica mais sutil da performatividade fornecem ferramentas que podem ser utilizadas.
9 Considerações gerais sobre a crise - Necessidade focar estudos sociológicos sobre as corporações sobre os atores cujas ações (ou não-ações) desempenharam um papel muito grande. Há necessidade de retornar o estudo das elites corporativas: sua estrutura, suas ideologias, sua organização interna e suas relações com os atores externos. - Por que, apesar das enormes perdas, os membros da indústria financeira continuam se opor à regulação? São problemas ideológicos? São problemas organizacionais com uma incapacidade de sustentar um esforço eficaz de ação coletiva? - Sem um estudo das corporações com essa abordagem, não será possível fornecer um entendimento claro da economia americana contemporânea.
10 Implicações para políticas públicas - Separação entre bancos comerciais e de investimento com uma parede que impeça o cruzamento entre ambos. - Resolver o conflito de interesse que as agências de rating encaram quando elas são pagas pelas mesmas empresas cujos produtos de investimento elas são contratadas para avaliar o risco. - Incentivar maior accountability de parte das agências de rating. Estabelecer responsabilidade legal sobre os erros de avaliação. - Os bancos deveriam ser regulados mais de perto para assegurar que o seu capital está adequado para cobrir perdas potenciais.
11 Fonte: Fligstein, N. et Goldstein, A. The anatomy of the Mortgage Securitization crisis in Lounsbury, M. and Hirsch, P. M. Markets on Trial: the economic sociology of the US Financial crisis, Bingley, Emerald Group Publishing, 2011.
12 Fonte: Fligstein, N. et Goldstein, A. The anatomy of the Mortgage Securitization crisis in Lounsbury, M. and Hirsch, P. M. Markets on Trial: the economic sociology of the US Financial crisis, Bingley, Emerald Group Publishing, 2011.
13 Fonte: Green and Wachter, 2007 Green, R. and S. Wachter, "The US Mortgage in Historical and International Contexts"; Journal of Economic Perspectives.
14 Fonte: Inside Mortgage Finance, Em
15 Fonte: Inside Mortgage Finance, Em
16 Fonte: Inside Mortgage Finance, Em
17 Referências Bibliográficas Carruthers, B. G. Knowledge and liquidity: Institutional and cognitive foundations of the Subprime Crisis in Lounsbury, M. and Hirsch, P. M. Markets on Trial: the economic sociology of the US Financial crisis, Bingley, Emerald Group Publishing, Campbell, J. L. Neoliberalism in crisis: regulatory roots of the US financial meltdown in Lounsbury, M. and Hirsch, P. M. Markets on Trial: the economic sociology of the US Financial crisis, Bingley, Emerald Group Publishing, Block, F. The future of economics, new circuits for capital and reenvisioning the relation between the state and market in Lounsbury, M. and Hirsch, P. M. Markets on Trial: the economic sociology of the US Financial crisis, Bingley, Emerald Group Publishing, Fligstein, N. et Goldstein, A. The anatomy of the Mortgage Securitization crisis in Lounsbury, M. and Hirsch, P. M. Markets on Trial: the economic sociology of the US Financial crisis, Bingley, Emerald Group Publishing, Mizruchi, M. S. The American Corporate Elite and the historical roots of the financial crisis of 2008 in Lounsbury, M. and Hirsch, P. M. Markets on Trial: the economic sociology of the US Financial crisis, Bingley, Emerald Group Publishing, 2011.
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