OS EFEITOS DO MICROAGULHAMENTO ASSOCIADO AO FATOR DE CRESCIMENTO NO TRATAMENTO DE ESTRIAS ATRÓFICAS E BRANCAS NA REGIÃO GLÚTEA: ESTUDO DE CASO.
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- Marcela Mangueira Azevedo
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1 OS EFEITOS DO MICROAGULHAMENTO ASSOCIADO AO FATOR DE CRESCIMENTO NO TRATAMENTO DE ESTRIAS ATRÓFICAS E BRANCAS NA REGIÃO GLÚTEA: ESTUDO DE CASO. Sandra Knopik da Cruz 1, Neiva Cristina Lubi 2 1 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2 Farmacêutico, Msc. Prof. Adj. Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, PR. Endereço para correspondência: Sandra Knopik da Cruz, sandrinhaknopik@gmail.com RESUMO: Estrias são lesões atróficas lineares paralelas. Inicialmente são eritematovioláceas, para mais tarde se tornarem esbranquiçadas. Surgem com maior frequência na puberdade, sobretudo, no sexo feminino. O trabalho apresentado teve como objetivo analisar a eficácia do tratamento com microagulhamento associado ao fator de crescimento em estrias brancas e atróficas na região glútea. A pesquisa incluiu 3 pacientes, entre 24 e 32 anos, com estrias albas e atróficas na região glútea. Realizou-se 5 sessões, de aproximadamente 30 minutos cada e com intervalo entre 7 e 15 dias. Apesar do número limitado de sessões, obtiveram-se resultados satisfatórios, notando-se diminuição da espessura e profundidade das estrias e melhora na hidratação da pele. É provável que o aumento do número de sessões venha a proporcionar melhores resultados. Mais estudos com maior número de pacientes por mais tempo poderão corroborar os presentes achados. Palavras-chave: estrias, fator de crescimento, microagulhamento. ABSTRACT: Stretch marks are are parallel linear atrophic lesions, eritematous Violet in the begining, they become whitish along the time. Most often they appear in women of adolescent age. The purpose of this paper is to analyze the efficiency of two treatment: the use of very fine needles associated with the growth factor in whitish streaks on the buttocks.the study includes three patients between 24 and 32 years with this type of striae. Have benn realized five sections of 30 minuts with breaks of 7 to 15 days. Although a limited number of sessions yielded satisfactory results, noting a decrease in the thickness and depth of stretch marks and improves skin hydration.probably the best results will be increasing the number of sections. Other studies can confirm this thesis. Keywords: stretch marks, growth factor, small needles. 1
2 1. INTRODUÇÃO Estrias são lesões atróficas lineares paralelas. Inicialmente são eritematovioláceas, para mais tarde se tornarem esbranquiçadas. Surgem com maior freqüência na puberdade, sobretudo, no sexo feminino. Podem ocorrer em pessoas com obesidade grave, no período gestacional e nos estados infecciosos. Podem ainda estar relacionadas a alguns fatores como: comprometimento hormonal caracterizado pelo aumento de corticoides endógenos, atividades físicas vigorosas onde haja aumento excessivo de massa muscular, no crescimento intenso e rápido na adolescência (BORGES, 2006). Existem no mercado muitos tratamentos para amenizar as tão indesejadas estrias, entre eles, através de um estímulo mecânico, gerado pelo rolamento de um cilindro com microagulhas sobre a pele, o microagulhamento provoca um processo inflamatório em toda a extensão da estria tratada, induzindo a produção de colágeno (ZORTHEA, 2013). Para melhores resultados no tratamento com microagulhamento, existem vários produtos que associados potencializam sua ação. Os fatores de crescimento são substâncias, a maioria de origem proteica que desempenham grande importância na comunicação intercelular, controlando externamente o ciclo celular (ROTHE, 1989). O trabalho apresentado teve como objetivo analisar a eficácia do tratamento com microagulhamento associado ao fator de crescimento em estrias brancas e atróficas na região glútea. Estrias São lesões atróficas lineares paralelas. Inicialmente são vermelhas, mais tarde se tornam esbranquiçadas. Surgem geralmente na puberdade e em mulheres. Frequentemente observadas em pessoas obesas, durante a gravidez, nos tumores da suprarrenal, em infecções agudas e com o uso de esteroides. Podem ocorrer também em atividades físicas onde haja grande aumento de massa muscular, no crescimento intenso e rápido na adolescência (BORGES, 2006). Ocorrem principalmente em glúteos, pernas, coxas e mamas, ocorrendo também em abdome, axilas e braços (MAIO, 2011). 2
3 A sua patogênese ainda não é conhecida completamente, estudos primários apontavam o problema como decorrente do estiramento cutâneo, atualmente, trabalhos científicos apontam multifatores implicados quanto a sua origem, fortes evidências indicam fatores endocrinológicos e mecânicos, além de predisposição genética e familiar (MAIO, 2011). Guirro e Guirro (2004) cita três teorias que tentam justificar a etiologia da estria: na teoria mecânica, há estiramento da pele e consequentemente ruptura ou perda de fibras elásticas dérmicas. Com a hipótese da teoria mecânica desgastada a teoria endocrinológica ganhou vez, todos os quadros em que se têm estrias (obesidade, adolescência, gestação) há presença de um hormônio esteroide atuante, o uso tópico de hormônios corticoides também está relacionado. A teoria infecciosa sugere que processos infecciosos provocam estrias porque causam danos às fibras elásticas, essa teoria não é muito aceita, já que pesquisadores da teoria endocrinológica conseguem explicar o aparecimento das estrias em decorrência a tratamentos à base de corticoides. Classificação das estrias As estrias podem ser classificadas em: vermelhas, atróficas e brancas. As vermelhas ou iniciais, possuem aspecto inflamatório e coloração rosada dada pela distensão das fibras elásticas e rompimento de alguns capilares sanguíneos. (GUIRRO, 2004). As atróficas possuem aspecto cicatricial, uma linha flácida central e hipocromia, com fibras elásticas enoveladas e algumas rompidas, com colágeno desorganizado e os anexos da pele preservados (LIMA, et al, 2005). Já as nacaradas, possuem flacidez central, recoberta por epitélio pregueado, sem anexos cutâneos, com fibras elásticas rompidas (KEDE, et al, 2004). Microagulhamento A técnica de microagulhamento surgiu na década de 90 na Alemanha sob a marca Dermarroler, porém apenas em 2006 a técnica começou a se difundir por todo o mundo. O roller é um aparelho, estéril e portátil com um cilindro cravejado com agulhas de aço inoxidável cirúrgico, em diferentes 3
4 milímetros de comprimento (0,5 a 3,0 mm), com variações conforme marca e modelo do dispositivo, posicionados em fileiras, paralelamente (DODDABALLAPEER, 2009). Através de microlesões provocadas na pele, o roller tem como ação, induzir a produção de colágeno via percutânea, gerando um processo inflamatório local, aumentando: a proliferação celular (principalmente dos fibroblastos), o metabolismo celular deste tecido (derme e epiderme), a síntese de colágeno, elastina e outras substâncias presentes no tecido, restituindo a integridade da pele (DODDABALLAPEER, 2009). A pressão do roller exercida sobre a pele não deve ultrapassar 6N, pois a força pode causar danos em estruturas anatômicas mais profundas. Os movimentos de vai e vem devem seguir um padrão em toda a área tratada, para isso é necessário o deslizamento do roller de 10 a 15 passadas numa mesma direção e em pelo menos quatro cruzamentos conforme a figura 1 abaixo (LIMA, et al, 2013). Figura 1: Desenho do tratamento com microagulhas Fonte: LIMA, et al, 2013 Pesquisadores observaram que a técnica promove uma melhora na permeação de vários ativos cosméticos e cosmecêuticos. Inicialmente, utilizavam esta técnica para potencializar a permeação de princípios ativos, para tratar o envelhecimento cutâneo. Com isso, concluiu-se que a mesma técnica também pode ser eficaz com ativos de uso corporal, permeando profundamente nas camadas da pele, fazendo com que os ativos que antes 4
5 eram praticamente impossíveis de chegar até estes locais, consigam permear facilmente, aumentando o seu poder de ação (TIWARI, et al, 2010). Contraindicações do microagulhamento Pode-se citar a presença de lesões cancerígenas, cicatrizes hipertróficas e queloide, fototipos elevados, verrugas, hiperqueratose solar, psoríase, rosácea, herpes ou acne ativa, uso de anticoagulantes e corticoides, diabetes, gravidez, doença neuromuscular e distúrbios hemorrágicos (NEGRÃO, 2014). Fatores de Crescimento Os fatores de crescimento são proteínas produzidas pelos ribossomos em todo o nosso organismo, inicialmente para ativar a proliferação, ou a diferenciação celular. Agem como mensageiros químicos entre as células ativando e desativado atividades celulares, aumentando a taxa de crescimento de células no corpo, contribuindo com a divisão celular, com o crescimento de células novas e vasos sanguíneos e com a produção de colágeno e elastina (HILLING, 2010). Frequentemente, os fatores de crescimento controlam a divisão celular, por meio da intervenção na fase G1 do ciclo celular, ativam a transcrição de genes que codificam as principais moléculas controladoras deste processo, as ciclinas e CDK s (cyclin-dependent kinases). Regula também a síntese de degradação dos fatores de transcrição, capacitando a célula para iniciar a fase S de reprodução celular (LEHNINGER, 2006). Fatores de Crescimento e cicatrização A cicatrização depende de uma ação recíproca de vários fatores de crescimento. Após o dano, citocinas e fatores de crescimento mediam uma resposta inflamatória, promovendo o crescimento de novas células e diminuindo a contração da ferida (DRAELOS, 2009). O processo de cicatrização é dividido em três fases: 1. Fase inflamatória inicialmente, plaquetas liberam múltiplos mediadores, incluindo fatores de crescimento promovendo quimiotaxia e mitogênese, em seguida, neutrófilos e monócitos migram para o local da 5
6 ferida dando inicio a fagocitose para assim liberar fatores de crescimento complementares e atrair fibroblastos (DRAELOS, 2009). 2. Fase de proliferação constituída com quatro etapas fundamentais, a etapa de epitelização é alcançada através da migração de células epiteliais através da superfície da matriz extracelular da ferida formando uma barreira protetora. A angiogênese é estimulada pelo fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), onde há migração de células endoteliais e formação de capilares, os fibroblastos e as células endoteliais são as principais células da fase proliferativa, produzem o colágeno que é depositado no leito da ferida formando o tecido de granulação e a deposição do colágeno (CAMPOS, et al, 2007). 3. Fase de maturação ou remodelamento é durante essa fase que o tecido de cicatrização é formado, a ferida é reforçada, a matriz extracelular é reorganizada e o colágeno tipo III é substituído por colágeno tipo I, promovendo maior força tensora para a matriz. (DRAELOS, 2009). Entre os fatores de crescimento envolvidos no processo cicatricial podem ser citados o fator de crescimento derivado de plaquetas (induz a proliferação celular, a quimiotaxia e a síntese matricial); o fator epidérmico (estimula a epitelização); o fator transformador alfa (responsável pela angiogênese e pela epitelização); o fator fibroblástico (estimula a proliferação celular e angiogênese) e o fator transformador beta (responsável pelo aumento da síntese matricial) (CAMPOS, et al, 2007). Tabela1: Principais fatores de crescimento envolvidos no processo cicatricial Fator de crescimento Origem Função Fator de crescimento vascular endotelial (VEGF). Queratinócitos e macrófagos. Media a angiogênese, quimiotaxia para células endoteliais, proliferação de fibroblastos. Fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) Plaquetas. Quimiotaxia para fibroblastos e macrófagos, proliferação de fibroblastos e a produção de 6
7 matriz extracelular. Fator de crescimento epidérmico (EGF) Fibroblastos Media a angiogênese, quimiotaxia para células endoteliais, mitogênico para fibroblastos, células endoteliais e queratinócitos. Fator transformador de crescimento alfa TGF-α) Matriz extracelular da ferida cirúrgica. Proliferação celular, estimula a epitelização. Fator transformador de crescimento beta (TGF-β) Plaquetas, matriz extracelular da ferida cirúrgica. Mitogênicos para fibroblastos, formação do tecido de granulação. Fonte: Adaptado de Broughton and Attinger, MATERIAIS E MÉTODOS Utilizou-se para a realização desta pesquisa exploratória, aparelhos da marca Dr. Roller, devidamente registrado na Anvisa, composto por 192 agulhas de aço inoxidável, com 1,0 mm de comprimento, dispostas em oito fileiras na extensão do rolo de polietileno. Uma mistura de fatores de crescimento, TGF-β e EGF (2,5%), foram utilizados num estudo piloto para analisar seus efeitos juntamente com o microagulhamento no tratamento de estrias albas e atróficas. O estudo incluiu 3 indivíduos, sexo feminino, com idades entre 24 e 32 anos, com estrias albas e atróficas em região glútea. Foram realizadas 5 sessões, de aproximadamente 30 minutos cada e com intervalo entre 7 e 15 dias. 7
8 Seguindo um padrão de movimento, vai e vem, realizaram-se deslizamentos com o roller de 10 a 15 passadas numa mesma direção e em quatro cruzamentos. A formulação composta pelos fatores de crescimento foi aplicada a seguir em toda a área lesionada para acelerar o processo de cicatrização. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram realizadas 5 sessões de tratamento ao todo, com apenas 3 sessões notou-se melhora na aparência das estrias, como demonstradas abaixo na figura 2. Figura 2: resultado após 3 sessões do tratamento Fonte: a autora O microagulhamento é um tratamento inovador quando o objetivo é o estimulo da produção de colágeno, sem remover a epiderme, a pele torna-se mais espessa e resistente, além de ter um tempo de cicatrização mais curto em relação a outros tratamentos. Auxilia também na permeação de ativos, como o fator de crescimento, contribuindo assim para uma melhora significativa no tratamento (LIMA, et al, 2013). Nas figuras 3 e 4 tem-se o resultado após a realização das 5 sessões. Comparando a paciente de 24 anos (figura 3) a 32 anos (figura 4), obteve-se melhor resultado com a paciente mais nova. A pele mais jovem apresenta maior uniformidade na cor, textura e firmeza da pele, com o passar dos anos, há diminuição no nível de estrogênio e redução das fibras de colágeno, tornando a pele mais fina e sensível (BATISTELA, et al, 2007). 8
9 Figura 3 Paciente de 24 anos Fonte: a autora Figura 4 Paciente de 32 anos Fonte: a autora A função dos fatores de crescimento não é somente estimular a proliferação celular mediante a regulação do ciclo celular, iniciando a mitose, mas também tem a função de manter a sobrevivência celular, estimular a migração e a diferenciação celular no local lesionado (ROTHE, 1989). A melhoria da textura da pele, que antes tinha aspecto rugoso, agora mais lisa e uniforme é devido a um provável aumento do tecido de granulação local, estimulado pelo uso do microagulhamento e fatores de crescimento, sendo ele o marco no processo da cura. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerada uma técnica efetiva e segura, com bons resultados em poucas sessões, o microagulhamento é um tratamento inovador, estimula a produção de colágeno e age como veiculador de ativos como os fatores de 9
10 crescimento, que por sua vez aceleram o processo de cicatrização na área lesada. Apesar do número limitado de sessões, obtiveram-se resultados satisfatórios, notando-se diminuição da espessura e profundidade das estrias e melhora na hidratação da pele. É provável que o aumento do número de sessões venha a proporcionar melhores resultados. Mais estudos com maior número de pacientes por mais tempo poderão corroborar os presentes achados. 10
11 REFERÊNCIAS BATISTELA, M.A.; CHORILLI, M.; LEONARDI, G.R. Abordagens no estudo do envelhecimento cutâneo em diferentes etnias. Rev. Bras. Farm., v.88, n.2, p.59-62, BORGES, FS. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Editora Phorte, DODDABALLAPUR, Satish. Micronneding With Dermaroller. Journal of Cutaneus and Aesthetic Surgery. 2009; Jul-Dec; 2(2): Disponível em: Data de acesso: 24/05/2015 às 21h05min. DRAELOS, Z. D. Cosmecêuticos. Rio de Janeiro. Editora Saunders Elsevier, GUIRRO, E. C. O.; GUIRRO, R. R. J Fisioterapia Dermato-Funcional: fundamentos, recursos e patologias. 3.ed. São Paulo: Manole, HILLING, C. HGPs como cicatrizantes naturais. Cosmetics & Toiletries, v. 22, n. 5, p. 44-[47], Set/Out KEDE, M.P.V.; SABATOVICH, O.; Dermatologia Estética. ed Atheneu; São Paulo, LEHNINGER, A. L. Princípios de bioquímica. 4 Ed. São Paulo: Sarvier, 2006, 1202p. LIMA, E. V. A.; LIMA, M. A.; TAKANO, D. Microagulhamento: estudo experimental e classificação da injúria provocada. Surg Cosmet Dermatol, 2013; 5 (2): LIMA, K.S.; PRESSI, L. O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas: análise comparativa do trauma mecânico e da microcorrente. Disponível em: Data de acesso: 22/03/2015 às 13h24min. MAIO, M. Tratado de Medicina Estética, 1º ed.; Vol I; São Paulo. Editora Roca Ltda, NEGRÃO, M. C. P. Microagulhamento: bases fisiológicas e prática. CR8 Editora, ROTHE M, Falanga V. Growth factors. Their biology and promise in dermatologic diseases and tissue repair. Arch Dermatol. 1989; 125(10):
12 TIWARI, et. al. Microneedles and transdermal drug delivery: a review. Scholars Research Library. Der Pharmacia Lettre, 2010, 2 (2): Link: Data de M acesso: 24/05/2015 às 21h34min. ZORTHEA, A. Microagulhamento: indução percutânea de colágeno associada aos fatores de crescimento celular. Disponível em: f b2.pdf. Data de acesso: 21/09/2015 às 16h23min, 12
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