ECONOMIA AMBIENTAL. Avaliação económica do meio ambiente. Análise Custo-Benefício
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- Afonso Vidal de Santarém
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1 ECONOMIA AMBIENTAL Avaliação económica do meio ambiente Análise Custo-Benefício
2 Análise Custo-Benefício (fundamentos) Princípio de Pareto Se pelo menos um indivíduo na sociedade se sente melhor em resultado de uma alteração e ninguém se sente pior, então a alteração melhora o bem-estar social Critério de Kaldor-Hicks Um projecto melhora o bem-estar social se os ganhadores puderem compensar os perdedores e, mesmo assim, continuarem melhor do que estavam. I)Ganhos comparáveis às perdas (expressos na mesma unidade); II)Perdas compensáveis; III)Todos os indivíduos têm o mesmo peso na função de bem-estar social; IV)Podem transferir-se ganhos e perdas através do tempo
3 Objectivo da Análise Custo-Benefício Avaliar projectos e medidas de política ou comparar várias alternativas possíveis, de maneira a encontrar aquela que reverteria em maiores benefícios para a sociedade, com menores danos associados.
4 Avaliação de projectos A análise Custo-Benefício faz-se para comparar os custos (C) com os benefícios (B) que resultam de um projecto e determinar, entre projectos alternativos, quais os que dão um retorno mais interessante. B C B<C Projecto viável Projecto inviável
5 Custos e benefícios de um projecto Custo algo que reduz a possibilidade de obtenção de um objectivo Benefício algo que contribui para um objectivo
6 Exemplo: Produção Florestal Objectivo: Gerar lucro para os proprietários. Benefícios: Empregos, produtos para uso da população, matérias-primas para as indústrias, retenção de CO 2... Custos: Trabalho, consumos intermédios, destruição de ecossistemas, incêndios.
7 ACTUALIZAÇÃO Forma de incorporar a questão do tempo permitindo determinar o valor presente dos ganhos e perdas futuros, ou seja, comparar custos e benefícios que ocorrem em diferentes momentos do tempo. Os custos e as receitas correspondentes aos diversos anos do projecto só podem ser comparados e somados quando reportados ao mesmo ano de referência (normalmente o ano 0) O valor actual diz-nos qual o valor, no momento presente, de uma receita ou despesa a realizar no futuro.
8 ACTUALIZAÇÃO Fundamentos: Os agentes económicos preferem obter os seus benefícios no presente e não mais tarde; Os capitais quando investidos geram rendimento no futuro Custo de Oportunidade do Capital. TAXAS DE DESCONTO POSITIVAS CONTROVÉRSIA
9 CAPITALIZAÇÃO VERSUS ACTUALIZAÇÃO
10 Como escolher a taxa de actualização? As taxas de actualização devem estar associadas ao risco do investimento. A taxa de actualização é o custo de oportunidade do capital. O investidor exige receber pelo menos a taxa que obteria em investimentos alternativos com o mesmo grau de risco. Se o risco é mais elevado, os accionistas querem maior remuneração dos seus investimentos. Caso contrário desinvestem e vão comprar acções de outras empresas. As taxas de actualização devem corresponder à remuneração de activos sem risco (rendimentos previsíveis a priori com precisão, como a remuneração dos títulos de dívida do Estado, geralmente mais elevada que a dos depósitos bancários) acrescida de um prémio de risco inerente à actividade económica em causa e ao risco financeiro associado ao grau de endividamento da empresa.
11 Limitações da ACB convencional Normalmente considera-se o custo dos produtos composto por vários itens: materiais, energia, mão de obra, impostos, etc. Desconsidera-se o custo social da produção em termos, por exemplo, de aumento da poluição, destruição dos recursos naturais, Normalmente, apenas se incluem nos benefícios dos produtos o valor dos bens e serviços transacionados. Desconsidera-se frequentemente o benefício social da produção em termos, por exemplo, de retenção de carbono, conservação da biodiversidade e assim por diante.
12 Custo Total e Benefício Total Na avaliação do custo total de um produto deveriam somar-se o custo dos bens e serviços que o compõem com os custos sociais induzidos pela sua produção (externalidades negativas). Na avaliação do benefício total de um bem deveriam somar-se o benefício retirado do bem propriamente dito com os benefícios que a sua produção gera em termos sociais (externalidades positivas)
13 OUTRAS LIMITAÇÕES DA ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO Como atribuir um valor monetário a recursos ambientais tais como a vida selvagem ou a água potável? Como lidar com alterações irreversíveis na qualidade ambiental? Como incorporar a complexidade dos ecossistemas? Que taxa de desconto escolher? São os indivíduos capazes de definir correctamente as suas preferências? informação insuficiente sobre as consequências das alterações; incapacidade de analisar o efeito dessas consequências sobre si próprios; os verdadeiros interesses dos indivíduos podem estar camuflados pelo processo de socialização e pela publicidade; Devem as preocupações éticas restringir-se aos humanos?
14 ALTERNATIVAS À ANÁLISE CUSTO- BENEFÍCIO CONVENCIONAL Metodologias alternativas à ACB Standard Mínimo de Segurança Princípio da Precaução Análise multi-critério Análise Custo-eficácia Outros (custo de oportunidade, custo de reposição) Alterações na própria ACB Consideração de benefícios e custos associados a bens não transaccionados; Incorporação do valor económico total;
15 Standard Mínimo de Segurança Nível mínimo de um bem ambiental que deve ser preservado de modo a garantir a sua continuidade, desde que os custos daí resultantes, estimados com base no valor actualizado das oportunidades económicas perdidas, não sejam intoleravelmente elevados. Aplica-se sobretudo a situações de incerteza radical, ou seja, quando não se conhecem as consequências de todas as opções e, muito menos, as suas probabilidades de ocorrência.
16 O Princípio da Precaução No seu sentido mais estrito sugere que não deve ser desenvolvida qualquer acção se houver alguma possibilidade, por mais remota que seja, de que possam vir a ocorrer danos ambientais significativos. Nenhuma degradação do ambiente deve ser levada a cabo a não ser que os benefícios associados a essa deterioração ultrapassem largamente os seus custos.
17 Análise multicritério 17
18 Análise multi-critério Baseia-se na construção de uma matriz de avaliação onde se consideram, num eixo, os diversos critérios de avaliação e, no outro, as diferentes alternativas de desenvolvimento. Cada elemento da matriz representa a avaliação de uma dada alternativa, usando determinado critério. A decisão pode depois ser tomada recorrendo a várias técnicas qualitativas ou quantitativas. A mais frequente é a comparação da média ou da soma ponderada, pelo peso atribuído a cada um dos critérios, das diversas opções.
19 Análise multi-critério Análise multi-critério para comparação de 3 projetos alternativos Critérios Indicadores (variação percentual) Peso Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3 Nível de Emprego Taxa de desemprego 0, Rendimento PIB regional 0, Acessibilidade Km de estrada alcatroada 0, Emissões de CO2 Toneladas de CO2 emitido 0, Vida selvagem Área de habitats importantes 0, Avaliação 5,9 8,1 4,2
20 Conceito de indicador Medida, geralmente quantitativa, que pode ser usada para ilustrar e comunicar um conjunto de fenómenos complexos de uma forma simples, incluindo tendências e progressos ao longo do tempo (*). (*) Definição retirada de: European Environment Agency, EEA core set of indicators Guide: (EEA Technical report No 1/2005), Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities, 2005, p.7.
21 Características desejáveis nos indicadores Credibilidade, rastreabilidade, facilidade de acesso, em relação à informação de base Relevância para a sociedade e para as políticas Facilidade de compreensão e comunicação, tanto pelos decisores como pelo público Devem refletir cientificamente o estado da arte Eficiência (capacidade para caracterizar o fenómeno que se pretende analisar) Sensibilidade a prováveis e possíveis mudanças
22 Tipos de Indicadores: nomenclatura, fórmulas e operações Na sua maioria, os indicadores possuem baixa complexidade de cálculo, utilizando princípios básicos da divisão e multiplicação, de modo a que a maioria das pessoas, mesmo com um nível de conhecimento matemático pouco avançado, possam compreender facilmente sua construção.
23 Exemplos de tipos indicadores 1 Valor Absoluto: resultado de uma contagem ou estimativa. São dados comuns que, por terem sido dotados de um significado ou conceito, passam a ser considerados indicadores. Número de indivíduos com ensino superior Mediana: valor que separa a metade inferior da população da metade superior Mediana do rendimento disponível = Valor que separa a população em duas partes iguais de acordo com o seu rendimento disponível
24 Exemplos de tipos indicadores 2 Média Salário médio dos trabalhadores não qualificados Soma dos salários dos trabalhadores não qualificados Número de trabalhadores não qualificados Rácio ou razão Rácio entre homens e mulheres alfabetizados
25 Exemplos de tipos indicadores 3 Percentagem ou Proporção % de pessoas abaixo do limiar de pobreza Número de pessoas com rendimento disponível inferior a 60% da mediana do rendimento disponível % População Total Taxa Taxa de mortalidade infantil em 2007
26 Procedimento Antes de avaliar o projeto é necessário ter alguns cuidados prévios com os indicadores: 1. Tentar reduzir o seu número, atendendo ao seu significado e à eventual presença de correlações fortes entre as variáveis; 2. Eliminar os efeitos de dimensão do projeto- standardização ou padronização (percentagem, índice, valores per capita, valores por quilómetro quadrado) 3. Uniformizar o intervalo de variação normalização 4. Atribuir um peso a cada um dos indicadores para o cálculo do valor do Índice
27 Standardização de indicadores e variáveis Projetos Aumento do Rend. disponível/ hab ( ) Aumento do PIB (10 3 ) Aumento do VAB no Sector primário (%) Aumento da Taxa de Alfabetização (%) Projeto ,2 8,6 Projeto ,4 11,4 Projeto ,5 9,3 Projeto ,0 14,0 Projeto ,1 10,3
28 Standardização de indicadores e variáveis Projetos Aumento do Rend. disponível/ hab ( ) Aumento do PIB/hab. ( ) Aumento do VAB no Sector primário (%) Aumento da Taxa de Alfabetização (%) Projeto ,2 8,6 Projeto ,4 11,4 Projeto ,5 9,3 Projeto ,0 14,0 Projeto ,1 10,3
29 Normalização de indicadores e variáveis Se os indicadores selecionados são medidos em unidades ou escalas diferentes, torna-se fundamental expressá-los numa unidade de medida e numa escala comuns. A normalização serve este objetivo, expurgando as diferenças de valores entre indicadores das diferenças de unidades de medida e de escalas.
30 Normalização de indicadores e variáveis (procedimento expedito) Calcula-se a norma de cada variável e divide-se o valor de cada observação pela norma.
31 Normalização das variáveis Projetos Aumento do Rend. disponível/ hab ( ) Aumento do PIB/hab. ( ) Aumento do VAB no Sector primário (%) Aumento da Taxa de Alfabetização (%) Projeto 1 0,37 0,35 0,18 0,35 Projeto 2 0,40 0,37 0,36 0,47 Projeto 3 0,56 0,60 0,04 0,38 Projeto 4 0,41 0,42 0,82 0,58 Projeto 5 0,47 0,45 0,42 0,42
32 Classificação e hierarquização dos projetos Admite-se neste exemplo que todos os indicadores têm o mesmo peso e que, em todos eles, maiores valores traduzem maior desenvolvimento Projetos Aumento do Rend. disponível/ hab ( ) Aumento do PIB/hab. ( ) Aumento do VAB no Sector primário (%) Aumento da Taxa de Alfabetização (%) Índice Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve 0,37 0,35 0,18 0,35 0,31 0,40 0,37 0,36 0,47 0,40 0,56 0,60 0,04 0,38 0,40 0,41 0,43 0,82 0,58 0,56 0,47 0,45 0,42 0,42 0,44
33 Análise multi-critério vs ACB Metodologia mais flexível do que a análise custobenefício Tem simultaneamente em consideração vários critérios conflituais. Adapta-se melhor ao tratamento de questões que envolvem grupos em conflito, objetivos concorrentes e diferentes tipos de informação. Não há a necessidade de monetizar os impactos Tal como a análise custo-benefício, a AMC exige como input os pesos dos vários impactes originados, os quais terão que ser de alguma forma avaliados. Subjetividade na escolha dos critérios e sua ponderação
34 Análise custo-eficácia 34
35 Análise custo-eficácia (ACE) Aplica-se quando a medição dos benefícios em termos monetários se revela impossível ou a informação necessária é difícil de recolher, ou em qualquer outro caso em que uma tentativa de proceder a uma medida monetária precisa seria complicada ou seria potencialmente alvo de grande discórdia. Permite selecionar projetos alternativos com os mesmos objetivos, quantificados em termos físicos, com base na minimização dos custos para um determinado nível de resultados esperados, ou na maximização do nível dos resultados esperados, para um determinado custo. Pode contribuir para a aplicação eficiente de recursos e investimentos em sectores onde os benefícios são difíceis de avaliar monetariamente (saúde, educação.
36 Aspetos fundamentais da ACE Economia: custo dos recursos aplicados ou adquiridos gastar menos Eficiência: relação entre os níveis de produção dos bens ou serviços e os recursos usados na sua produção gastar bem Eficácia: relação entre os resultados esperados e os resultados efetivamente obtidos pelo projeto gastar com sensatez.
37 Fases de aplicação da ACE Identificação dos objetivos do programa (indicadores). Avaliação dos custos totais dos recursos aplicados Medição do impacte Cálculo a relação custo/eficácia
38 ACE (ex.) Projetos alternativos para melhorar as competências matemáticas Retirado de
39 Pontos fortes e limitações Constitui uma alternativa à análise custo-benefício, quando se revela difícil monetizar os benefícios e custos sociais. É um método dinâmico que pode apoiar as decisões à medida que o projeto vai evoluindo (avaliação ex-ante e ex-post e monitorização). Apresenta conclusões que são de fácil entendimento Não permite tomar uma decisão em relação a um projeto considerado isoladamente, nem decidir entre vários projetos realizados em contextos diferentes. Tende a centrar-se nos resultados diretos obtidos a curto e médio prazo, mas não contempla por norma impactos a um prazo mais longo Requer informação pormenorizada
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