EDUCAÇÃO INFANTIL: CUIDAR OU EDUCAR? AS ESPECIFICIDADES DO CURRÍCULO E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
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- Letícia Sales Taveira
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1 1 EDUCAÇÃO INFANTIL: CUIDAR OU EDUCAR? AS ESPECIFICIDADES DO CURRÍCULO E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES Adeilma Queiroz da Mota 1 (Uneb) Roselane Queiroz da Mota (Uneb) Heldina Pereira Pinto Fagundes 2 (Uneb) RESUMO Analisamos aqui como a formação de professor só faz sentido se for embasada a partir das concepções sinalizadas na proposta curricular. Destacamos, portanto, como objetivo geral a relação entre currículo e formação de professores no contexto da educação infantil. Como suporte teórico, recorremos aos conceitos de currículo de Silva (1999), formação de professores de Ortiz (2007), à concepção de Educação Infantil de Craidy (2006), entre outros. Trata-se de pesquisa bibliográfica que tem como foco a formação de professores e o currículo, já que ambos podem se tornar limitados, sem a devida atenção a esse vínculo orgânico. Realizamos o levantamento dos dados bibliográficos, ou seja, recorremos a fontes secundárias, buscando o contato com textos escritos, conforme destacam (MARCONI e LAKATOS, 1990, p.66). Foram analisados artigos de bases de dados e de livros, bem como textos oficiais. Os resultados apontam que o currículo e a formação de professores devem se assentar nessas novas concepções para atender a essa nova demanda. Nas considerações finais, apontamos que o professor é a ponte entre o currículo e o aluno. Isso exige formação qualificada para atender, às especificidades do pequeno infante já que o docente é o intérprete do que pensa e sente a criança, assim como interpretante do mundo que a rodeia. PALAVRAS CHAVE: Educação Infantil; Currículo; Formação de Professores. INTRODUÇÃO Atualmente há um novo olhar sobre o conceito de infância, que vem sendo ressignificado e reconhecido. A criança tem sido compreendida como compreendida como um sujeito social e histórico que partilha, interage e produz cultura na sociedade onde vive. Esse processo ocorreu somente após a promulgação da Constituição Federal de 1988, posteriormente com a vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 1 Graduandas do Curso de Pedagogia UNEB campus XII Adeilma. adepretta@hotmail.com e Roselane: rosephiedra.deyde@hotmail.com. 2 Orientadora. Dra. em Educação: Currículo, PUC-SP. Professora Adjunta da Universidade do Estado da Bahia Uneb. dinap6@hotmail.com
2 (LDB) e consolidado no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. A educação infantil ganha maior importância na medida em que a criança é reconhecida como um sujeito que também possui direitos que precisam ser respeitados, considerando a especificidade própria de sua idade, diferindo claramente da realidade do adulto. Além disso, exige-se que sua diversidade sociocultural e racial sejam consideradas para a melhoria da qualidade de sua educação. Nesse contexto, a formação do educador, a participação das famílias e as propostas educacionais devem ser veiculadas a essa nova concepção de criança. Nesta perspectiva faz-se necessário compreendermos o currículo e a formação de professores para atender a esse público. Isto porque, a experiência da criança no contexto educativo precisa ser muito mais qualificada. Ela deve incluir o acolhimento, a segurança, o lugar para a emoção, para o gosto e para o desenvolvimento da sensibilidade (BUJES, 2001), o que constitui um grande problema para a formação docente que, infelizmente, ainda impera sob a dicotomia teoria e prática. Outra dificuldade da proposta da Educação Infantil é a dissociação entre o cuidar e o educar. É preciso que haja integração entre esse binômio, uma vez que só se educa cuidando e só se cuida educando. E o professor precisa estar atento às especificidades da criança. Assim, não poderíamos deixar de pensar como deve ser específico o currículo da Educação Infantil. Para Silva (1999) currículo é lugar, é espaço, é território [...] é autobiografia, nossa vida: no currículo se forja identidade. O currículo é documento de identidade. Isto significa que o currículo é aquilo que é produzido na interação, nos sentidos e significação da atividade cultural e educacional e é por isso que o currículo da Educação Infantil não se restringe a listar conteúdos e orientações de trabalho, mas deve ser constituído de direitos fundamentais da criança priorizando seu desenvolvimento integral, considerando sua identidade cultural e social. 2 Metodologia Buscando compreender a dinâmica do tema Educação Infantil: cuidar ou educar? As especificidades do currículo e a formação de professores, optamos pelo levantamento dos dados bibliográficos, ou seja, recorremos à fontes secundárias, observando que a finalidade da mesma é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi
3 escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI e LAKATOS, 1990, p.66). O objetivo principal deste trabalho é destacar a relação entre currículo e formação de professores no contexto da educação infantil. Nesse sentido, pretendemos destacar brevemente a importância de se buscar o ponto de equilíbrio entre ambos os lados, já que sem a formação de professores o processo de desenvolvimento curricular pode se tornar limitado ao mesmo tempo em que a formação de professor só faz sentido se for embasada a partir das concepções sinalizadas na proposta curricular. O currículo e a formação são complementares. Entre os autores analisados, destacamos Silva (1999), que nos apresenta seu conceito de currículo destacando sua contribuição na formação da identidade cultural e social da criança, mostrando-nos que ser professor da Educação Infantil é muito mais que cumprir uma missão ou cuidar das crianças como parentes tias, conforme criticou Paulo Freire mas é o exercício de uma atividade profissional na qual várias questões estão em jogo, notadamente aquelas referentes à formação do sujeito, dentre outras coisas. Destacamos também, Craidy (2006), que nos fornece sua concepção de Educação Infantil, destacando o modo como podemos realizar essa articulação entre educar e cuidar nas atividades pedagógicas, sem reduzir essa ação ao treinamento para séries iniciais, tampouco restringir o cuidar ao assistencialismo. Recorremos ainda, à concepção de formação de professores de Ortiz (2007), que coloca como fundamental que o profissional de Educação Infantil deve ser especializado. Isto significa que esse profissional, além de bem preparado, deve ter uma atuação mediadora entre a experiência da criança pequena e o desenvolvimento e a aprendizagem, interagindo com as crianças e desempenhando ações de cuidado e educação. 3 Formação do professor da educação infantil Por um longo período devido ao papel assistencial e filantrópico da Educação Infantil, regido pelo esquema sopão e banho não se exigiam, para tal modalidade, profissionais especializados e, os únicos requisitos eram gostar e saber cuidar fisicamente das crianças (ORTIZ, 2007). Contemporaneamente, com as definições das legislações, principalmente da LDB, acerca da Educação Infantil, bem como os estudos sobre o desenvolvimento da infância, mostram o quanto bem preparado deve estar o profissional para atuar nesta área. Esse profissional é aquele que sabe mediar as experiências da criança pequena de modo
4 a contribuir positivamente para o seu desenvolvimento e aprendizagem (ORTIZ, 2007). É aquele que interage com a criança desempenhando ações de cuidado e educação. Deste modo é preciso que o professor de Educação Infantil esteja amparado em uma sólida formação básica advinda principalmente dos cursos de Pedagogia e magistério com condições de dar continuidade a um programa de formação permanente. Sabemos, no entanto, da inexistência de articulação entre formação inicial e continuada, uma vez que a proposta inicial se reduz à docência e a continuada a seminários e oficinas que não respondem as dificuldades educativas do professor (DELGADO, 2007). A formação oferecida aos professores da Educação Infantil deve dar-lhes subsídios para que comprometam com o bem estar e o desenvolvimento integral da criança, principalmente no contexto atual de multiplicidade de fatores sócio-político e econômico; de tecnologia, globalização. É esperado do professor, saber apoiar a criança, dar incentivos e novos desafios, tudo isso com qualidade e fazendo uma relação indissociável entre educar e cuidar (ORTIZ, 2007). Enfim, a prática pedagógica deve ser reflexiva por parte do professor, afim de que possa rever seus próprios modos de aprender e construir a experiência a partir da ação-reflexão-ação em favor do desenvolvimento autônomo dos educadores. 4 Considerações finais O professor é a ponte entre o currículo e o aluno logo, faz-se necessário que ele tenha uma formação qualificada para atender, principalmente, às especificidades do pequeno infante já que o docente é o intérprete do que pensa e sente a criança, assim como interpretante do mundo que a rodeia. Somente quem tem a vivência na sala de aula é capaz de adaptar o currículo às particularidades da educação infantil e este deve ser elaborado a partir das propostas dos docentes que se tornariam responsáveis pela programação curricular. O que a criança vivencia na escola terá repercussões por toda a vida, muitas vezes irreversíveis, nos aspectos cognitivos, afetivos e sociais e o docente precisa saber mediar isso através de um currículo flexível e humanístico para que a criança desenvolva sua integridade e autonomia. Por isso é que o binômio cuidar e educar devem permanecer indissociáveis.
5 Nesta perspectiva, currículo e formação não podem ser vistos de forma isolada, uma vez que a qualidade da atuação do educador depende, e muito, da organização curricular. Por isso é que procuramos buscar um ponto de equilíbrio entre o currículo e a formação de professores para que o fazer docente não resulte apenas em transmissão de conteúdos, mas que avance na perspectiva do respeito aos direitos da criança pequena. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAEIRO, Alcina Ramos; PEREIRA, Gionete Ione. Currículo na Educação Infantil: Avanços e Perspectivas. Digitado Cepex - Guanambi-Ba, CRAIDY, C. M; KAERCHER, G. E. P. S. (orgs). Educação Infantil: pra que te quero. Porto Alegre: Artmed Editora, FARIA, A. L. G. de; PALHARES, M. S. (orgs). Educação Infantil Pós-LDB: rumos e desafios. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associados FE/UNICAMP; São Carlos, Editora da UFScar. Florianópolis, SC: Editora da UFSC, (coleção polêmicas do nosso tempo; 62). MARCONI, Marino de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de pesquisa, amostragens e interpretação de dados. 2 ed. São Paulo;Atlas, PÁTIO, Educação Infantil: de que professor precisamos para a Educação Infantil. Agosto/novembro, PÁTIO, Educando Crianças de 0 a 3 anos. Março/junho, 2007.
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